terça-feira, 3 de novembro de 2015

A propósito da imbecilidade...

De vez em quando, há quem elogie o que vou deixando escrito ao correr do teclado por aqui...
Eu, claro, por um lado, aprecio, mesmo colocando a hipótese de esses raros elogios poderem vir dos únicos a pensar assim dos meus escritos e, por outro lado, admitindo que todos os outros que não se manifestam pensarão o contrário. 
Vamos supor, porém, que um destes dias, alguém vem até aqui discordar e, ainda por cima, considera que não passo de um imbecil. 
Como devo reagir?
Primeiro: não encarar isso como um insulto?
Segundo: considerar que esse alguém, apenas, está a chamar-me "imbecil" apenas porque discorda de mim?

Vamos lá tentar raciocinar: se eu aceito o elogio, devo também aceitar a posição contrária. 
Seria absurdo aceitar apenas o que elogia, impedindo todos os outros de manifestarem a sua opinião. 
É uma questão da mais elementar justiça, a qual pressupõe um equilíbrio entre duas posições simétricas. 
Permitir apenas uma delas, desequilibraria por completo a ordem das coisas. 
Por outro lado, mas ainda na sequência do anterior, permitir apenas elogios anula o valor desses elogios, envolvidos que ficam num desolador embrulho de pensamento único. 

Se alguém acredita mesmo que sou um imbecil, como poderei eu obrigá-lo a acreditar que não o sou? 
Sem deixar de ter razões para me sentir desconfortável pela possibilidade de alguém me considerar imbecil, como posso ter a certeza de que o sou, ou não o sou?
Desde já garanto que sou a pessoa mais imparcial do mundo para julgar as minhas capacidades, sobretudo, quando mexem com uma minha putativa imbecilidade. 
E, admito, que por haver quem me elogia não anula a realidade de poder ser verdade o contrário.
Independentemente dos comentaristas terem ou não razão, beneficiei do facto de alguém me ter chamado imbecil. 
Por um lado, obrigou-me a pensar sobre o assunto, através de um exercício introspectivo, e indagando pessoas que considero e respeito, que me disseram de sua justiça sobre o assunto.

Se tivesse motivos para acreditar que podia ser mesmo imbecil, devia agradecer ao comentarista ter-me dado a oportunidade de o saber, abrindo assim a possibilidade de deixar de o ser. 
Como cheguei à conclusão de que não sou imbecil, fique sabendo que, a meu respeito, existem verdades mais razoáveis do que a sua. 
Resta-me, doravante, continuar no mesmo caminho: continuar a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para impedir qualquer possibilidade de algum anónimo imbecil, ter a imbecil covardia de me considerar imbecil a mim.

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