sexta-feira, 17 de julho de 2015

A beleza existe



Tudo é precário e efémero. Por isso, a meu ver, tudo na vida deve ser muito bem aproveitado.
Não há um destino a determinar as nossas vidas.
Sendo certo que todos estamos sujeitos  a  momentos menos felizes, a sorte – a boa sorte – não está apenas  ao alcance de  alguns.

A vida é composta de muitos acasos.
É a maneira como conseguimos lidar com os acasos da vida, que determinaram o nosso passado, condicionam o nosso presente e hão-de definir o nosso futuro.
Das duas uma: ou nos entregamos ao fatalismo; ou  lutamos para conseguir encontrar soluções para os problemas.
Para aqueles problemas impossíveis de resolver - que também existem - temos de aprender a contorná-los e seguir em frente.
A felicidade existe e está sempre lá mais à frente - ao nosso alcance.

Considero que a minha vida tem sido quase sempre muito boa.
No entanto,  já me aconteceram contratempos que deixariam muito boa gente por terra.
Poderia ter desistido, atirado a toalha ao chão. 
Confesso que nos primeiros momentos – foram várias as situações que nesse âmbito me aconteceram – senti e acusei o toque.
Mas sempre, até hoje, consegui dar a volta por cima.

Como descendente de homens do mar, sei que há sempre mais marés que marinheiros. 
A beleza existe. Como o vídeo acima demonstra - espero que o tenham ouvido - a vitória é sempre do espírito sobre o corpo.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Obrigado

Há dias de que nunca esquecemos, mesmo quando os dias se esquecerem de nós.
Talvez por ser homem, apesar de ter mais duas irmãs, fui sempre “o filhinho da mamã”.
A minha Mãe gostava muitos de todos os filhos, mas a mim guardava-me e protegia-me como um tesouro.
Hoje, no dia em que o seu corpo sofrido e desgastado por uma doença que não perdoa a ninguém desceu à terra e ficou a repousar no cemitério de Lavos junto aos seus Pais, Irmãos e ao seu único Homem – o meu Pai – olho para trás e sinto que não lhe agradeci tal amor e dedicação o suficiente.
Sempre me senti acompanhado pela família, mesmo quando rodeado de silêncio. A família sempre foi o reduto inexpugnável da minha esperança. E vai continuar a ser. Ficámos mais pobres, mas continuamos “possantes”.
É isso que a minha Mãe, onde estiver, exige de nós – que nos mantenhamos fortes e unidos.
Somos feitos da mesma massa, do mesmo sangue. Há algo que nos une: as mesmas origens, a mesma pobreza, o mesmo orgulho, os mesmos sonhos - a mesma honradez.
Logo que possível este espaço vai retomar a normalidade. Para já, em nome da família, fica o agradecimento a todos – e muitos foram – os que estiveram e estão connosco nos momentos difíceis que ainda estamos a atravessar.
Obrigado pela solidariedade demonstrada. Jamais esqueceremos.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Dorati da Conceição, uma vida de “trabalhos” que valeu a pena (4 de Agosto de 1928/14 de Julho de 2015)

A minha Mãe foi baptizada de Dorati da Conceição, nasceu na freguesia de Lavos, Figueira da Foz, descendente de uma família de pescadores naturais de Ílhavo, que desceram a costa portuguesa à procura de peixe e água potável que lhes permitisse a sobrevivência, que se vieram a sediar na cova de uma duna, um local a que passaram a chamar de Cova por volta de 1750/1770.
A Gala, onde a minha Mãe nasceu, é uma povoação mais recente, nasceu cerca de 40 anos depois, quando alguns dos pescadores se deslocaram para nascente e ergueram pequenas barracas ribeirinhas, para recolha de redes e apetrechos de pesca.
Os familiares que me antecederam eram gente com mãos rugosas do trabalho  e faces marcadas pelo sol e pelo mar, onde arriscaram a vida para continuar a viver.

A vida da minha Mãe, até ao último dia, foi, sobretudo, uma vida de “trabalhos”.
Normalmente, este blogue serve para tudo, menos para falar de mim ou da minha família.
Hoje, é uma dessas raras excepções… Mas, como é que se escreve sobre uma Mãe que teve uma dura e difícil vida e que acaba de me deixar?
Neste momento, não sei se não sei, não sei se não consigo.
Sei que foram quase oitenta e sete anos, uma longa vida, ainda por cima, vivida com muitas dificuldades, inúmeros desgostos e algumas amarguras.
Não conheceu o Pai, soldado na I Grande Guerra. Ficou viúva, aos 46 anos de idade, no tempo em que não havia reformas, com 3 filhos e uma Mãe de idade já avançada para cuidar.
A vida é tão difícil para alguns… Contudo, a minha Mãe deu a volta por cima e foi sempre uma mulher lutadora e uma filha, mãe,  avó e bisavó dedicada.

Nunca desistiu: e isso foi o mais importante.
Viveu muitas alegrias no seio familiar –  toda a família a rodeou de cuidados, amor, carinho e atenções até ao último dia.
Porém, as consequências de uma vida longa, dura e difícil pesaram no final – as últimas semanas foram penosas, muito penosas mesmo.  
Ao longo do percurso aconteceu de tudo: chuva e sol, sorrisos e lágrimas, chegadas e partidas – e, sobretudo, trabalho, muito trabalho e muita luta pela sobrevivência com honra e dignidade – o maior e mais importante legado que deixou à família.
Quase oitenta e sete anos deram para descobrir o que é verdadeiramente importante na vida - as pessoas que nos rodeiam e que amamos.
E, disso, a Dona Dora, minha Mãe, não se pode queixar.

Hoje perdi a minha Mãe – que, durante mais de 41 anos, foi, também, o pai que me restava. Lembro-me de tudo. De como ela era bonita. E bem disposta e divertida, como esta  foto de 2012 mostra.
É assim que a vou recordar. Sinto a sua partida e o que teve de sofrer nos últimos meses, como uma profunda injustiça. Como a pior traição que se faz a um filho.
“Consola-me” um pouco, porém que, hoje, a morte vai ser a primeira noite sossegada que vai ter de há largos meses a esta parte…
Até um dia Mãe.
Um beijo.

Na vida temos de estar preparados para tudo

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A vida é um milagre !..

Vejam bem!..
Nem sequer foi Portugal, foi ele, Pedro Passos Coelho, o grande líder, que se suplantou a ele próprio e conseguiu ajudar quem ele, poucos dias antes,  julgava e condenava por não querer ser ajudado:
“Passos assume autoria da ideia que desbloqueou crise grega”.

A corrupção não é a mais gravosa e corrosiva doença da República?..

X&Q, nº1245


Depois da excitação, estamos de volta à realidade….

O evento terminou esta madrugada, mas o balanço já está(va) feito. 
Nada de mais: vivemos numa sociedade ficcionada, alicerçada na propaganda e irresponsabilidade que todos continuaremos a pagar.
As eleições deveriam ser uma coisa digna e séria, porque é a gente que se escolhe que determina o nosso futuro. Infelizmente, as coisas não são assim. Vota-se num regedor porque este passa convenientes atestados de pobreza, num presidente de câmara porque nos emprega um familiar, num governo por simpatia, ou fé no partido. 
Mas, vamos ao que interessa: ao balanço.
 “Nunca a Figueirada Foz havia recebidotanta gente em dois dias.O RFM SOMNII – O MaiorSunset de Sempre! registoua maior enchente detodas edições, com 40 milpessoas no sábado e cercade outras tantas, ontem.Vieram de várias regiões dePortugal e da Europa, paradançar ao ritmo de algunsdos melhores djs do mundo.Este foi o terceiro anoconsecutivo que o eventose realizou na Praia daClaridade – está garantidoaté 2017.Este foi mesmoo mais concorrido festivalde sempre. As falhas dasduas anteriores ediçõesforam corrigidas e a cidademostrou-se preparadapara receber tanta gente” .
E pronto. Parece que, pelo menos até 2017, a Figueira está salva do naufrágio. Entretanto, passados estes dois dias de euforia, retomamos a normalidade do carnaval quotidiano da nossa Figueira .... 
Temos líderes a olhar o horizonte do seu próprio umbigo que sabem bem para onde nos conduzir... 
Somos uns felizardos e queixamo-nos de tudo é o que é!.. 
As próximas semanas prometem ser particularmente interessantes.

domingo, 12 de julho de 2015

O essencial e o que realmente importa

foto sacada daqui
O dr. António Costa, pelo método de todos conhecido, chegou à presidência do PS, um dos partidos – a par do PSD e do CDS - que nos conduziu ao resgate da Primavera de 2011.
Numa altura – estamos a pouco mais de 2 meses de um importante acto eleitoral – em que o que se exige ao dr. António Costa é que corporize uma política objectiva e evoluída, que tem de passar pelo humanismo, pela liberdade e pela democracia, os tais valores  fundamentais para Portugal tentar sair da cauda da Europa, em vez disso, porém, verificamos que António Costa e a máquina partidária anda a conduzir o PS por um caminho caminho de ninguém, sem ideias fortes (más ou boas) ou um desígnio claro para tirar os portugueses do atoleiro.
Foi o que aconteceu ontem com o percurso de “António Costa desde o Sweet Hotel até ao maior sunset de sempre!” e que eu, aqui, me limitei a registar, tal como fez, por exemplo Carlos Cidade e Mário Ruivo.
Ainda bem que as pessoas estão atentas e interventivas.
De António Costa espero outra coisa, não esta  "dramática ilustração" de tudo o que o país agora menos precisa. Foi esse o móbil principal da minha postagem, num blogue projectado, escrito, financiado, realizado, sustentado e mantido por António Agostinho - que sou eu -  óbvia e naturalmente dedicado, em primeiro lugar, a si próprio.

Vivemos numa Europa de sentido único, onde os povos se encontram subjugados à definição política e económica imposta pelo governo de direita da Alemanha. Estar no Euro implica seguir a política neoliberal de baixos salários que a chanceler Merkel decide sem qualquer respeito pelo voto dos povos nem pela soberania dos países que não alinharem com a visão partidária da direita alemã.
Onde ficou a União Europeia construída para lidar com as feridas do pós-guerra?
Neste momento, temos  outra vez  a hegemonia da Alemanha na Europa.
Já vimos este filme e sabemos que não pode acabar bem.

Para terminar.
Quanto a António Costa: tem melhor imagem e fala melhor do que António José Seguro, isso não ponho em causa.
Quanto ao resto, ou seja, o essencial e o que realmente importa, a ver vamos.
Pela minha parte, e espero estar errado, não deposito nele qualquer esperança.

PUBLICIDADE INSTITUCIONAL: “António Costa desde o Sweet Hotel até ao maior sunset de sempre!”

Já que estamos em campanha eleitoral…
“Grande recepção a António Costa na Figueira da Foz!”- Carlos Cidade
“António Costa na Figueira da Foz. No Sunset. Mar de gente . Grande adesão .” - Mário Manuel Ruivo
Mais fotos aqui.

Em tempo.
A Vereadora Ana Carvalho, tem direito ao prémio para o político(a) com mais talento na Figueira em 2014/2015…
Na Figueira é  carnaval quando a vereadora quer...
Ontem já passava da 1 da matina, em cima da erva da renaturalizada da Praia da Figueira, os meninos e meninas mastigavam alegrias e os moradores - pelo menos por aqui, nesta outra margem - tinham de esconder os ouvidos. 
O ruído da desilusão não passava de barulho e era violento. 
O vento de norte embrutecia-o…
Era um barulho forte, que fazia estremecer, que me fez custar a adormecer, que me fez perceber que o direito ao silêncio é um engano, uma mentira, porque a sua essência altera-se conforme as necessidades ou apetites de qualquer um ou de qualquer coisa. Mas a malta desta outra margem é fixe!..
Não é de estranhar que algumas fachadas fiquem algo descoloridas!
Qualquer semelhança com a realidade, não é pura coincidência.

sábado, 11 de julho de 2015

Já que estamos em campanha eleitoral, não esqueçam a cereja no topo do bolo: uns bilhetinhos à borla, prá malta da corda...

O Secretário Geral do Partido Socialista, António Costa, estará na Figueira da Foz. no próximo dia 11 de Julho, sábado, para visitar o “RFM Somnii – O maior sunset de sempre”, a convite do Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, João Ataíde e do Presidente da Federação de Coimbra do PS, Pedro Coimbra. 
A visita ao festival de música electrónica terá inicio às 17:00, junto ao Sweet Hotel SPA, na marginal da Figueira da Foz.

Vinte anos de publicação de “A MALDIÇÃO DA MEMÓRIA DO INFANTE DOM PEDRO E AS ORIGENS DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES”

No próximo dia 15  comemoram-se VINTE ANOS da publicação do livro maldito de Alfredo Pinheiro Marques - o livro que “mudou para sempre a História dos Descobrimentos Portugueses e a História de Portugal”: “A MALDIÇÃO DA MEMÓRIA DO INFANTE DOM PEDRO E AS ORIGENS DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES”, a mais importante de todas as obras do seu autor…
Esta obra -  o primeiro de todos os livros que, depois, vieram a ser editados pelo Centro de Estudos do Mar [CEMAR], ao longo dos vinte anos seguintes - esgotou rapidamente.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Decretada a prisão domiciliária para Armando Vara

Depois de ter sido detido ontem, o ex-ministro do PS esteve esta sexta-feira, dia 10, a ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre, no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa, no âmbito da Operação Marquês. O antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos é suspeito dos crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
A Operação Marquês já conta com nove arguidos, sendo que o ex-primeiro ministro José Sócrates é o único que se encontra preso preventivamente, indiciado por fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais.
Recorde-se que em setembro do ano passado, Armando Vara foi condenado a cinco anos de prisão efectiva, no processo Face Oculta, por tráfico de influências. No entanto, esta decisão ainda está em recurso no Tribunal da Relação do Porto.

Em tempo.
Depois de Carlos Cruz e Jorge Ritto, Armando Vara poderá ser o próximo a ser expulso da Ordem do Infante D. Henrique

Em memória da resistência à ditadura e da liberdade conquistada em 25 de Abril de 1974

"A palavra vem do árabe “aljubb” e significa cárcere, prisão, espaço sem luz, nem ar. Em Lisboa havia a prisão do Aljube, entre 1926 e 1965 “adaptada” a prisão política onde ficavam, em “curros” ou “gavetas”, os presos políticos, um espaço de 1,5 por 2 metros, sem luz e que apenas era arejado quando era aberto o postigo, ou para lhes dar pão rijo, café aguado, ou a água que lhes servia de alimento, ou o telefone tocava e era o habitante da cela que era aberta o escolhido para ir ser interrogado, torturado, na sede da pide. 
Lá estiveram presos Álvaro Cunhal, Mário Soares, Domingos Abrantes, Palma Inácio, entre outros. Alguns por escassos meses, outros em trânsito para Peniche ou Caxias. A prisão foi encerrada em 1965, por razões de salubridade, pois nem aos carrascos já servia. Presentemente, encontra-se lá o Museu da Resistência e da Liberdade, dirigido pelo professor Luís Farinha, que tem patente uma exposição sobre aqueles tempos de repressão, obscurantismo e falta de liberdade, cuja visita aproveitará a todos. 
Para que não nos esqueçamos."

Em tempo.
No passado dia 25 de Abril, uma data apropriada,  o presidente da CML, Fernando Medina, inaugurou o Museu do Aljube — Resistência e Liberdade no edifício da antiga cadeia de presos políticos, do Aljube, situada ao lado da Sé de Lisboa, a que se refere a crónica de hoje de António Augusto Menano publicada no jornal AS BEIRAS.
Para quem o desejar pode ficar a saber clicando aqui os principais momentos do caminho para o Museu do Aljube.

“Parabéns Dr. João e restante equipa”…

“O fim-de-semana de 11 e 12 de Julho promete momentos inesquecíveis.
Vão ser dois dias sem igual, onde o RFM - O Maior Sunset de Sempre e o Figueira Beach Rugby vão ser reis.
A temperatura vai subir, aproveite e visite-nos.”
Com o Herman e os Gato Fedorento perdidos por aí,  o País atravessa uma enorme crise de humor.
Na Figueira, porém,  o humor está em alta…
Portanto, livrem-se de deixar sair este Presidente!..


Em tempo.
Eu sei que às vezes o excesso de ruído nos torna patetas...
Mas, para a Aldeia do Mar, como era “fixolas” o vento, este fim de semana, soprar do sul para norte…

PS (salvo seja).
Agora digam que sou eu que sou mauzinho.

“Que «actividade» pode ser mais desgastante, mais exasperante pelo sentimento de impotência que faz nascer, do que submeter-se permanentemente aos passes, às mediações, às esperas infindáveis da burocracia” *


* José Gil

Casa dos Pescadores da Costa de Lavos, um ano depois...


"Operação Marquês" - continuação...

Vara  foi detido mesmo em cima da entrevista da TVI24 a António Costa…

Em tempo.
A maioria destes democratas pós 25, entraram no negócio da política pela porta da “esquerda democrática”  ou da "extrema esquerda", de acordo com o que o seu estatuto social da altura lhes permitia, por entre manifestações agitadas, palavras de ordem rimadas e licenciaturas obtidas em RGA(s).
Gente desenrascada e sem constrangimentos morais ou grandes apegos a problemas de consciência, não se coíbem de arrotar postas de pescada, na cara de quem os sustenta, à custa da sua  própria condição de pobreza.
Estes insignes democratas continuam a andar por aí ao sabor dos seus interesses pessoais.
Eu que nada tenho contra o enriquecimento, lamento as algibeiras cada vez mais rotas pelas fortunas que foram e são feitas, também, à conta do meu trabalho.

Pré-campanha (O Governo corrigiu “desequilíbrios herdados”, mas falta agora travar uma "guerra sem quartel às desigualdades de natureza económica e social", disse o primeiro-ministro!)

Depois de lançar no desemprego centenas de milhares de pessoas, de convidar jovens e adultos a emigrar, de cortar nos salários, em pensões e prestações sociais, Pedro Passos Coelho diz que é chegada a hora de travar uma «guerra sem quartel às desigualdades de natureza económica e social». Não estranhem: o primeiro ministro que apresenta esta promessa eleitoral é o mesmo primeiro ministro que acha que não foram as medidas de austeridade que «aumentaram o risco de pobreza» e que os mais pobres «não foram afectados por cortes nenhuns». E de nada serve que organizações insuspeitas, como a OCDE, critiquem as políticas sociais do governo, reprovando os cortes efectuados no RSI ou o facto de a austeridade pesar muito mais para as famílias de menores rendimentos.
Do que talvez a OCDE não se aperceba, em matéria de políticas de combate, «sem quartel», à pobreza e às desigualdades, é que não se trata apenas de uma questão de cortes orçamentais mas sim, e sobretudo, do regresso à miséria moral da caridade e à sopa como política social. Os números são claros: se tomarmos como base o ano de 2010, os beneficiários do RSI passaram a representar 61% do número de beneficiários existentes naquele ano, ao mesmo tempo que as pessoas assistidas pelo Banco Alimentar Contra a Fome (BACF) aumentaram em 29 pontos percentuais. Em 2014, aliás, ocorre um facto inédito: o número de pessoas apoiadas pelo BACF (384 mil) supera o total de beneficiários de RSI (321 mil).
Via Ladrões de Bicicletas

Um tractor na praia do orbitur

foto António Agostinho