A arte xávega é um dos mais antigos e característicos processos de pesca artesanal, em toda a faixa litoral, entre Nazaré e Espinho.
Os seus elementos identificativos são inúmeros, começando pela embarcação – fundo chato, proa em bico elevado, decoração simples. Também a rede possui características próprias, sendo constituída pelo saco (onde se acumula o peixe) e pelas cordas, cuja extensão varia conforme a dimensão da rede e dos lances.A companha, variável, era, na generalidade composta por 8 homens: o arrais, à ré; 3 remadores no banco do meio, os "revezeiros", os que "vão de caras p´ró mar", 2 no banco da proa e outros tantos no "banco" sobre a coberta; embora esta disposição não fosse rígida, labutavam, tantas vezes estoicamente, num remar vigoroso e cadenciado, a caminho dos lances dos lances que lhe davam o sustento.
Noutros tempos, quando a pesca era sustento de muitas famílias, a chegada do saco a terra era saudada com entusiasmo, se vinha cheio (“aboiado”), ou com tristeza, se vinha vazio (“estremado”). O peixe era posteriormente tirado para os xalavares (tipo de cesto), a fim de se proceder à sua venda. A lota era na praia. A licitação do peixe era feita com o tradicional “chui” – sinal que o peixe foi arrematado pela melhor oferta.
A rede era, assim, lançada de acordo com os sinais de terra e mar, a cerca de 300 braças da praia e ocupando uma extensão de cerca de 200 metros de largura.Cada lan
ce, tinha a duração de hora e meia para a permanência da rede na água, e meia hora para a alagem (puxar a rede). Na borda d’água, estavam os camaradas de terra, para o alar da rede. Com um ritual próprio, lento e cadenciado, dois “cordões humanos” puxavam as cordas dos dois lados – mão esquerda agarrada à corda junto ao pescoço, braço direito estendido.
Agora tudo é diferente e menos penoso.
Os remos, que davam andamento ao barco, foram substituídos pelo motor fora de borda.. No areal, as redes vão sendo recolhidas com a ajuda de tractores. Antigamente este trabalho, penoso, estava reservado a junta de bois e aos homens.
Na Praia da Cova, tivemos oportunidade de reviver, em versão turística, este processo de pesca artesanal.
A Cova tem tradições na Xávega. Só que, ninguém no postal ilustrado que foi mostrado, teve o cuidado de relembrar.
Já que ninguém o fez, vamos relembrar Joaquim Silva, que tinha uma “albergaria” (barracão), do lado sul, entre o antigo posto da Guarda Fiscal e a casa da T’ Maria Lala, onde alojava a companha e o gado (as juntas de bois).
A norte do posto da Guarda fiscal, eram as instalações do T’ Luís Bio.
Mas a nossa Terra teve outros armadores: o Febra, o Tarraco, o António Félix, o Manuel Fidalgo, entre outros. O nosso mar, entre o Cabedelo e o Campismo era muito rico em carapau, robalo, peixe-espada, sardinha lula, salmonete, linguarão.
Ao contrário de agora, a acreditar na amostra colhida na demonstração: tanto trabalho para uma “teca”.