Via Diário as Beiras
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quinta-feira, 18 de abril de 2024
segunda-feira, 18 de março de 2024
domingo, 21 de janeiro de 2024
Uma reportagem RTP, quase com 50 anos, que nos faz recordar que o problema da erosão costeira na Aldeia já vem de longe...
A reportagem RTP, sobre erosão costeira nas povoações de Cova e Costa de Lavos, que podem ver clicando aqui, foca um tema que me tem acompanhado ao longo da vida.
Na altura, já lá vão quase 50 anos, a Cova estava ameaçada, muito devido à construção dos molhes que definiram a barra da Figueira tal como a conhecemos hoje.
No final dos anos 50, as muito pequenas profundidades do canal externo da foz do Mondego dificultavam a utilização do porto. Vários navios começaram a evitá-lo (Abecasis et al, 1962). Por forma a solucionar este problema, teve início em 1959 a construção das infra-estruturas actuais, com projecto de Carlos Krus Abecasis.
Estas consistiram em dois molhes convergentes, um a norte e outro a sul, com comprimentos respectivamente de 900m e 950m. A distância entre os centros das cabeças dos molhes fixou a largura da embocadura em 325m, ou seja, mais 25m do que fora fixado em 1929. A cabeça dos molhes ficava a cerca de 8m de profundidade abaixo da maré baixa. O molhe norte ficou concluído em 1965 (Abecasis et al, 1970).
Como consequência da implantação destas estruturas, inicia-se, a partir de 1960, um período de acentuado avanço da linha de costa, a norte da embocadura (Figura. 10.26 e 10.29 a 10.31). Este avanço resultou da acumulação de sedimentos, transportados longilitoralmente, de encontro ao molhe norte do porto da Figueira da Foz. Tais sedimentos são sobretudo provenientes da zona costeira a norte do cabo Mondego. Abecasis et al. (1992) apresentam resultados de estudos que, recorrendo à marcação de areias através de radioisótopos, permitiram verificar a existência de transporte sedimentar ao longo do Cabo Mondego.
Em contrapartida, meia dúzia de anos depois, a sul da foz do Mondego começaram a sentir-se os primeiros efeitos da erosão, logo após a edificação dos molhes. Junto a Cova, registou-se um Estudo Sintético de Diagnóstico da Geomorfologia e da Dinâmica Sedimentar dos Troços Costeiros entre Espinho e Nazaré, registando-se um agravamento acentuado do recuo da linha de costa (Figura. 10.32), sendo inclusive apontados valores extremos de erosão da ordem dos 30m/ano em 1976 (Duarte & Reis,1992).
Os molhes, embora essenciais para recuperar o porto da Figueira, não foram suficientes, só por si, para lhe dar a operacionalidade necessária. Sempre foi necessário proceder a dragagens regulares na zona da barra, no anteporto e no canal anterior desde a povoação da Gala (no braço sul) até montante da ponte rodoviária.
Posteriormente, foram construídos dois paredões, em 1975 (Duarte & Reis, 1992) e vários molhes perpendiculares à costa, em 1977, tentando fechar o mais possível a embocadura à entrada de sedimentos provenientes da deriva litoral.
Nos anos 70 realizaram-se várias obras na bacia do Mondego, com o objectivo de reter e regularizar os caudais sólidos e líquidos, no âmbito de um vasto projecto para defesa e irrigação dos férteis terrenos desta planície aluvial, para o que era necessário, tanto quanto possível, minimizar as cheias do rio (Hidroprojecto, 1983). Estas obras tiveram como consequência uma ainda maior diminuição dos caudais do rio, deixando este de apresentar força de corrente para se opor à entrada da maré. Assim, a circulação interna do estuário tornou-se ainda mais dependente do regime mareal. Desde essa altura, até à actualidade, continuaram as múltiplas intervenções quer na bacia do Mondego, quer no estuário, as quais prosseguem nos dias de hoje.
O avanço da linha de costa a barlamar do molhe norte continuou na década de 70, ainda que em meados dessa década já só se registasse uma acreção de cerca de 2m/ano junto ao Forte de Santa Catarina, enquanto que, em Buarcos, o avanço se situava em cerca de 20m/ano (Duarte &Reis, 1992). Segundo Vicente (1990), desde 1962 até 1980, a largura da praia aumentou cerca de 440m (24,4m/ano) junto ao molhe da Figueira da Foz e cerca de 180m (10m/ano) na zona de Buarcos, tendo a área total emersa aumentado, em maré alta viva, cerca de 60ha. A partir de 1980 a posição da linha de costa tende a estabilizar, sendo inclusive registados, no final dos anos oitenta, taxas de recuo da ordem dos 3m/ano a 5m/ano (Duarte & Reis, 1992). Esta inflexão no comportamento do litoral adjacente, por barlamar, aos molhes do porto da Figueira está seguramente relacionada, pelos menos parcialmente, com as explorações de areias que Santana Lopes pôs termo na sua primeira passagem como presidente de câmara da Figueira da Foz.
Na zona a sotamar dos molhes de entrada do porto registou-se, desde o início dos anos 60, erosão costeira acelerada, nomeadamente na zona a sul do molhe sul, onde se verificou profundo corte na duna primária, a qual, segundo Castanho & Simões (1978), foi mais tarde refeita artificialmente.
Esta situação chegou a ser muito grave nos anos 70. Com efeito, nos anos a seguir à construção dos molhes (1960/65) verificou-se intensa erosão costeira, "no lanço imediatamente a sul da embocadura do rio Mondego e em outros localizados mais a sul, especialmente no lanço fronteiro à povoação de Leirosa.
Quando esta reportagem foi feita tinha eu 20 anos. Lembro-me bem, pois a seguir ao 25 de Abril de 1974 foi eleita uma Comissão de Moradores e fui um dos membros.
Não foi possível salvar a casa da Guarda Fiscal. Todavia, a outra casa que aparece na reportacem foi salva graças à engenharia militar, que fez deslocar de Espinho uma brigada que teve um actação rápida e eficaz. A tal pornto que a casa ainda lá está.
Foi com os homens que apareceram na repostagem que eu aprendi a dar a atenção que os problemas da erosão costeira deveriam merecer dos figueirenses e do poder político.
A partir de 2010 mais um erro. Apesar de todos os avisos que, devido tempo, foram feitos, a que ninguém com responsabilidades, ligou. Apesar de algumas vozes discordantes – principalmente de homens ligados e conhecedores do mar e da barra da Figueira – foi concluído o prolongamento do molhe norte.
sexta-feira, 19 de janeiro de 2024
Mais um “outdoor” vandalizado: PSD/FIGUEIRA denúncia e lamenta
segunda-feira, 15 de janeiro de 2024
Estudo para as marinas
O prazo máximo de execução deste estudo é de 130 dias, sendo o valor de adjudicação de 45.000,01€."
sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
BYPASS: Assembleia de Freguesia de S. Pedro aprovou por unanimidade "moção de repúdio da tomada de posição dos deputados do Partido Socialista eleitos pelo círculo eleitoral de Coimbra"
"No dia 17 de Novembro do corrente ano, fomos surpreendidos pelo voto contra dos deputados do Partido Socialista a uma proposta de aditamento em sede de Orçamento de Estado para 2024: “lançar o concurso de concessão/construção e respectiva obra do sistema fixo de transposição sedimentar (Bypass) da barra da Figueira da Foz”.
Recordamos que a três meses das eleições autárquicas de 2021 o Ministro do Ambiente em funções, João Pedro Matos Fernandes, acompanhado pelo candidato e ex-presidente de Câmara da Figueira da Foz, Carlos Monteiro, assumiram publicamente que o sistema supracitado era a solução mais indicada e mais viável para a mitigação do grave problema que invade o nosso concelho, os efeitos da erosão costeira.
Tal como o actual Ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, considerou o “bypass” de areias “um projeto inovador” e de “extraordinária importância”.
Posto isto, e sem colocar em causa a legitimidade dos Senhores Deputados na votação que entenderam fazer, não podemos aceitar ou deixar passar em branco, a falta de explicação à população, por parte dos mesmos, para tal mudança de opinião. Daí acharmos ser imperativo que os Senhores Deputados do Partido Socialista, em particular os eleitos pelo circulo eleitoral de Coimbra, nos expliquem qual a razão que os levou a tal mudança de opinião que vai contra à anterior tão afincadamente defendida e promovida pelo Governo Socialista e o seu candidato à Câmara Municipal da Figueira da Foz nas últimas eleições autárquicas.
Pondo assim em causa os interesses e segurança da nossa comunidade e da nossa Terra.
Aprova esta Assembleia de Freguesia uma moção de repudio sobre a tomada de posição dos Senhores Deputados do Partido Socialista."
Nota de rodapé.
A sessão da Assembleia de Freguesia onde esta moção foi aprovada, realizou-se no passado dia 28 (ontem), pelas 21 horas na Junta de Freguesia de S. Pedro.
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
PSD/FIGUEIRA DENÚNCIA E LAMENTA ACTO DE VANDALISMO
Em comunicado tornado público hoje, o Partido Social Democrata da Figueira da Foz "manifesta o seu desagrado" e lamenta o acto de vandalismo que fez desaparecer a mensagem política colocada num “outdoor” na praia da Leirosa.
Essa mensagem, tem a ver com "o voto contra dos deputados à Assembleia da República do Partido Socialista, na proposta de aditamento que refletia a implementação do mecanismo fixo de transposição de areias (Bypass), para a mitigação dos efeitos da erosão costeira."
"Vivendo nós, num país democrático e pluralista, parece-nos que a este tipo de atitudes devem ser repudiadas, pois atentam contra o direito da livre expressão de opinião."
O PSD Figueira da Foz informa ainda no comunicado que irá tomar as devidas diligências junto das entidades competentes, tendo em vista apurar quem foram os os responsáveis.
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
A luta pelo BY PASS continua
Em 8 de Dezembro próximo passado, a propósito do voto contra do PS, publiquei uma postagem no OUTRA MARGEM que pode ser lida clicando aqui.
Sempre tive a esperança de ver algo vindo da Assembleia Municipal da Figueira da Foz, da Câmara Municipal da Figueira da Foz ou da Junta de Freguesia de S. Pedro.
Até à data de hoje, nada vi oriundo destas entidades.
Hoje, deparei-me com o seguite:
"O PSD Figueira da Foz lançou 4 “Outdoors” que se vão localizar junto às praias da Figueira da Foz, S. Pedro, Costa de Lavos e Leirosa.
Em causa estão os votos contra, em sede de orçamento de estado, dos deputados do Partido Socialista relativamente a uma proposta de aditamento “lançar o concurso de concessão/construção e respetiva obra do sistema fixo de transposição sedimentar (bypass) da Barra da Figueira da Foz”.
A mensagem exposta por nós reforça a pergunta: “Porquê o voto contra do PS?”
Relembrando que a 3 meses antes das eleições autárquicas/2021, o candidato e ex-Presidente de Câmara, Carlos Monteiro e o anterior Ministro do ambiente, Matos Fernandes, numa ação de campanha(propaganda), assumiram que o “Bypass” era a solução para a diminuição dos efeitos da erosão costeira no nosso concelho.
Enquanto esta irresponsabilidade do Partido Socialista continuar, o mar avança ameaçando as populações.
O PSD da Figueira da Foz recusa-se a compactuar com estas opções políticas que colocam em causa a segurança das nossas comunidades."
Pus-me em campo e ficam as fotos dos 4 “Outdoors” colocados no terreno pelo PSD Figueira.
domingo, 10 de dezembro de 2023
As lógicas partidárias no recrutamento político numa democracia que sucedeu a uma "boa ditadura"
Estende-se do Minho ao Algarve.
Portanto, porque carga de água é que uma deputada figueirense, representante de todo o país e não apenas dos cidadãos do círculo eleitoral pelo qual foi eleita, não deveria respeitar a disciplina de voto numa votação, embora tendo acompanhado a análise dos guiões de votações no dia 17 de novembro, guião onde constava a proposta de aditamento «lançar o concurso de concessão/construção e respetiva obra do sistema fixo de transposição sedimentar (bypass) da Barra da Figueira da Foz» e teria de votar a favor de uma solução “já avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”, que apenas iria resolver um problema do concelho da Figueira, quando em todo o País existe o mesmo problema?
Há, apenas a sublinhar o seguinte:
1. Porque é que o Governo do partido da senhora deputada Raquel Ferreira, em Agosto de 2021, antecipou a divulgação do estudo sobre a transposição de areias na barra da Figueira da Foz, prevista para setembro, mês de eleições autárquicas, quando o estudo do by pass tinha sido adiado durante 20 anos?
2. Porque é que o ministro do Ambiente, na altura Matos Fernandes, de um governo do partido da senhora deputada, disse o que disse?
“Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”.
O “Estudo de Viabilidade de Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz”, apresentado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), avalia quatro soluções distintas de transposição de areias e conclui, para a Figueira da Foz, que embora todas as soluções sejam “técnica e economicamente viáveis”, o sistema fixo é aquele “que apresenta melhores resultados num horizonte temporal a 30 anos”.
Recorde-se: o estudo situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros.
Portanto, a deputada Raquel Ferreira (sublinhe-se, eleita por uma lista apresentada pelo círculo eleitoral por Coimbra, mas que na Assembleia da República da República representa todo o país, e não apenas os cidadãos do círculo eleitoral pelo qual foi eleita), esteve muito bem ao acompanhar o PS na votação de uma proposta que apenas iria beneficiar uma parte ínfima de eleitorado necessário para manter a senhora deputada na Assembleia da República (eu sei que terá de passar ainda pelo crivo do partido, mas com este desempenho penso que não haverá dificuldade na sua continuidade nas listas candidatos a deputados do PS à Assembleia da República na próxima lista).
Repito: esteve bem a deputada Raquel Ferreira, pois a erosão costeira é um problema nacional. Estenda-se: do Minho ao Algarve.
Por conseguinte, enquanto não houver uma solução nacional, o quinto molhe irá continuar a servir como zona de peregrigação de todos os partidos na caça ao voto em períodos eleitorais, como o que está à porta.
Parvo é o Zé Povinho, que só olha para o seu umbigo.
Penso que já todos percebemos que se o Partido do Poder fosse o PSD e o deputado ou deputada da Figueira, a disciplina de voto funcionaria na mesma.
Vivemos num País onde o respeitinho é muito bonito, onde, neste momento, o "exemplo de «fucked up dad» é o senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa".
Para mim já é tarde.
sábado, 2 de dezembro de 2023
Erosão costeira e o(s) inverno(s) que se aproxima(m) no Quinto Molhe
Pimenta Machado, vice-presidente da APA, foi claro há um ano e 16 dias no Auditório Municipal: como estratégia de longo prazo apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
A memória serve mesmo para isto: para recordar a verdade.Há um ano e 16 dias, a 15 de Novembro de 2022, realizou-se no Auditório do Museu Municipal uma reunião sobre a problemática da erosão costeira.
Para quem acompanha, atentamente e com preocupação, há dezenas de anos, o problema da erosão costeira no concelho da Figueira da Foz, se apreensivo e preocupado foi para a sessão, mais apreensivo e preocupado ficou depois da realização dessa reunião.
Mais uma vez, depois de ouvir os oradores verificou o óbvio: de erro em erro, estamos onde estamos em 2023.
Pior que em 2022.
Não chegámos ao ponto crítico em que nos encontramos por mero acaso: foi causa, efeito e consequência de erros sucessivos - alguns deles estratégicos -, cometidos por responsáveis políticos e técnicos, durante décadas no concelho da Figueira da Foz.
Para não nos alongarmos muito, lembramos um, alertado por nós há mais de 20 anos - que nem sequer foi referido na citada reunião.
Planeamento do concelho: Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização.
O último grande erro cometido, que foi ventilado na reunião de 15 de Novembro do ano passado, o que está mais presente e acelerou a erosão costeira a sul do concelho, que só aconteceu para tentar remediar o erro anterior, foi o acrescento dos 400 metros no molhe norte.
Na altura, o Dr. Pedro Santana Lopes , presidente da Câmara da Figueira da Foz, exigiu celeridade à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou tomar formas de luta se os processos não avançarem.
Nessa sessão de esclarecimento com a APA relativa à orla costeira, o Dr. Pedro Santana Lopes defendeu que a situação no concelho apresenta “circunstâncias excepcionais”, que podem ser usadas diminuir para prazos dos procedimentos legais.
Recordemos as suas palavras.
“Estamos em circunstâncias excepcionais, que a lei prevê quando estão em causa vidas humanas, habitações, segurança e risco. Há circunstâncias mais do que ponderosas”, sublinhou na altura o autarca figueirense, salientando que o problema da erosão se arrasta há anos, afetando a marina, o porto marítimo e as populações das praias a sul do concelho.
Santana Lopes defendeu mesmo que a APA crie uma comissão para esta “sub-região do baixo Mondego para tudo o que está implicado: erosão costeira, porto e transposição de areias”.
“Que a APA perceba que a Figueira da Foz está em emergência nessas matérias”, frisou o presidente da autarquia figueirense, reconhecendo que existe “estudo e trabalho feito”, mas que falta passar à acção.
Na sua intervenção final na sessão, o autarca disse que o município não quer utilizar “outras formas de luta”, mas que se for preciso serão usadas, arrancando uma grande salva de palmas do público que quase lotou o auditório municipal da cidade.
Na mesma reunião, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, como estratégia de longo prazo apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
Percebem agora o motivo pela qual o Orçamento da República para 2024, com tantos milhões da Europa, não teve estofo para acomodar a solução proposta, que “já foi avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”?
Pimenta Machado, foi claro há um ano e dezasseis dias no Auditório Municipal da Figueira da Foz: "como estratégia de longo prazo apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões."
A sessão ficou marcada por várias queixas de autarcas das freguesias afetadas pela erosão, preocupados com os efeitos do mar no Inverno, operadores comerciais e o movimento SOS Cabedelo, que acusou a APA de estar com uma década de atraso.
A deputada Raquel Ferreira, que já decidiu, "com os seus mais fortes sentidos de ponderação, humildade e responsabilidade, anunciar a recandidatura à Concelhia do PS da Figueira da Foz", foi apanhada na curva apertada que o PS está a percorrer.
Pois.
sexta-feira, 1 de dezembro de 2023
Deputada Raquel Ferreira: a Senhora votou contra
Cito o Figueira na Hora:
«A deputada socialista figueirense, Raquel Ferreira, face às últimas noticias em relação à questão do bypass, salienta que acompanhou a análise dos guiões de votações no dia 17 de novembro, guião onde constava a proposta de aditamento «lançar o concurso de concessão/construção e respetiva obra do sistema fixo de transposição sedimentar (bypass) da Barra da Figueira da Foz».
Tendo, em local próprio, indicado no seu sentido de voto «favorável» “por concordar com a dita proposta”, Raquel Ferreira recorda que este “problema maior” da erosão costeira da Figueira da Foz tem sido por si, desde a anterior legislatura, abordado em vários trabalhos parlamentares, quer na Comissão do Ambiente, quer em Plenário, quer em Audições Regimentais do Ministro do Ambiente e Acção Climática.
Em comunicado, a parlamentar indica que “o governo do Partido Socialista tem estado atento a esta questão da erosão costeira a sul do Concelho da Figueira da Foz.»
Drª. Raquel Ferreira:
Como sabe, tenho estima pessoal pela Senhora Deputada.
Sei que na campanha eleitoral de 2022, era a favor do Bypass. Mesmo hoje, a parlamentar Raquel Ferreira, diz defender importância do bypass.
Contudo, no momento em que seu voto contava efectivamente, votou contra.
Aliás, todos os deputados do Partido Socialista votaram contra: não houve nenhuma excepção.
Para que conste, por ser verdade, ficam os nomes e as caras dos deputados por Coimbra, do PS, que votaram contra a implementação do sitema sedimentar (bypass) da barra da Figueira da Foz, no Orçamento geral do Estado para 2024: Marta Temido; Pedro Coimbra; Tiago Estêvão Martins; Raquel Ferreira; José Carlos Alexandrino; Ricardo Lino.
Isto, em tempo de "vacas gordas" (para o Estado)...
Quando existe dinheiro da Europa a rodos e excedentes orçamentais.
Drª.Raquel Ferreira: acredito que a Senhora até tivesse vontade de votar a favor. Mas votou contra. E a Senhora e eu sabemos porquê.
Os deputados não são eleitos para defender quem os elege, mas para serem úteis ao Partido.
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
Entre o aprofundanto do rio e a invasão há muito anunciada do mar
Ao que parece, mesmo em fim de linha, o ex-ministro das Infraestruturas João Galamba deixou uma grande notícia aos figueirenses: "o concurso público para o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial e da barra deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano."
“É uma obra importantíssima para a economia da Figueira da Foz e da região”, sublinhou ontem no decorrer de uma reunião de câmara o presidente de câmara da Figueira da Foz, manifestando-se “muito contente” por avançar uma das suas reivindicações desde que iniciou o mandato.
Aos jornalistas, o autarca lembrou que se trata de uma obra “com dinheiro desde o período anterior à pandemia da covid-19” e que tinha sido retirado.
“É dinheiro que volta à Figueira da Foz”, sublinhou.
O aprofundamento do canal de navegação vai permitir a atracagem de navios de maior calado no porto, que nos primeiros nove meses deste ano movimentou 1.535.500 toneladas, menos 9,1% relativamente ao período homólogo de 2022.
A intervenção prevista vai permitir a entrada de navios até 140 metros de comprimento e oito metros de calado, quando actualmente só permite a acostagem de navios com 120 metros de comprimento e 6,5 metros de calado.
No mesmo concelho da Figueira da Foz, uns 4 ou 5 quilómetros para sul, existe um enorme desastre ambiental, que faz andar com o "coração nas mãos", há muitos anos, os moradores da zona.
Sim estou a referir-me ao "Quinto Molhe" que, até Março, vai ser local de peregrinação dos políticos que certamente irão a andar por aí em campanha eleitoral.
Todos sabemos, que a ocupação desordenada do litoral contribuiu para situações de desequilíbrios e fenómenos de erosão costeira que têm vindo a pôr em causa a segurança de pessoas e bens.
Foi o que aconteceu, a sul do porto da Figueira da Foz, depois das obras do prolongamento do molhe norte em 400 metros, onde nos últimos anos se agravaram os efeitos erosivos.
A obra, considerada fundamental pelas cabeças pensadoras da tutela e da comunidade portuária, visava a melhoria das condições de acessibilidade ao porto da Figueira da Foz.
Porém, isso não aconteceu. Os acidentes entretanto ocorridos à entrada da barra, depois de 2011, provam isso. A agravar, desde o prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto comercial, um investimento de 14,6 milhões de euros, inaugurado em 2011, a erosão nas praias a sul acentuou-se, com destruição da duna de proteção costeira em vários locais, com especial ênfase na praia da Cova, alvo de duas intervenções de emergência nos últimos anos.
O prolongamento do molhe norte e a erosão a sul tem sido um brutal sorvedouro de dinheiros públicos. Com o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial da barra, que deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano, lá irão mais uns milhões.
Entretanto, ao que parece, a panaceia para atenuar sustentavelmente a erosão a sul existe, já foi estudada e alvo de consenso: chama-se bypass.
Sabe-se, porque foi estudado, que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz, com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada.
“Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, veio dizer aos figueirenses o então ministro João Pedro Matos Fernandes, em meados do mês de Agosto de 2021, curiosamente a mês de umas eleições autárquicas que se advinhavam difíceis para o PS, o que acabou por se concretizar.
Carlos Monteiro foi derrotado por Santana Lopes.
De palpável, passados mais de dois anos, tirando o estudo que situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros, nada mais aconteceu.
“Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, disse o ministro em Agosto de 2021.
E assim ficámos: o sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz continua a ser uma miragem.
E assim vai continuar. A prova disso é que, há poucos dias, O Livre viu “chumbada” a proposta sobre a inscrição da instalação do bypass (sistema mecânico de transposição de areia) na barra da Figueira da Foz no Orçamento do Estado de 2024.
Penso que presumem quem evitou isso: os votos contra da maioria absoluta do PS na Assembleia da República. O PAN absteve-se e os restantes grupos parlamentares votaram a favor.Passadores de moeda falsa... "São a favor do Bypass mas votam contra a sua implementação..."
Imagem via Sos Cabedelo
Se o Orçamento da República para 2024, com tantos milhões da Europa, não teve estofo para acomodar a solução proposta, que “já foi avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”, quando é que isso poderá acontecer?
Como parece que ninguém se importa com o assunto, como morador a sul do Mondego, resta-me a tristeza de constatar que a merda grossa, merda da boa, a bela cagada obrada pelos cagões da Figueira e de Lisboa, não vai ser limpa.
A enorme borrada (que a foto mostra) vai continuar a poder ser vista.
É triste presumir que, maioritariamente, ao votar em Março próximo, os eleitores do sul, com o seu voto, como tem acontecido, vão continuar a comprometer um bocado a possibilidade de resolução do problema, que o mesmo é dizer, vão perpetuar a enorme cagada que torna este País difícil de habitar, tal é o cheiro.
Apesar deste texto terminar um tanto ou quanto brejeiro e brincalhão, o assunto é sério.
E, sobretudo, inquietante.
segunda-feira, 2 de outubro de 2023
Porque nunca perdi tempo com blogues anónimos
Por nada de especial.
Apenas porque a minha maneira de ser não é compatível com esse tipo de espaços. Portanto, para mim, pura e simplesmente, não existem.
Nunca tive idade, tempo ou pachorra, para desperdiçar com fofocas de meninos e lavagens de roupa suja.
A net, sem dúvidas, é um espaço de liberdade. Mas, será este tipo de comportamento irresponsável, um reflexo da liberdade ou será antes o reflexo da sociedade sem valores e princípios em que vivemos?..
Anonimamente, pode dizer-se o que se quiser, para quem quiser.
Mas, só mesmo, para quem quiser escutar...
Desde que OUTRA MARGEM viu a luz do dia - já lá vão quase 18 anos - ficou bem patente a minha independência, que muitos - ainda hoje - não conseguem perceber e muito menos aceitar.
Ganhei alguns "ódios de estimação".
Contudo, o que me move é fácil de explicar: não sou filiado em nenhum partido, não tenho amigos bem posicionados na politica local ou nacional, não tenho interesses partidários nem económicos ou financeiros, portanto, OUTRA MARGEM, foi sempre para mim o meio de participar activamente na discussão em redor da actualidade covagalense, figueirense e nacional.
Podem acusar-me do que quiserem - o mais habitual não é rebater os meus argumentos sobre o que posto (alguém é capaz de contestar que não tenho razão nos alertas que tenho vindo a fazer ao longo dos anos sobre a erosão costeira a sul da barra ou o aumento em 400 metros do molhe norte?..) mas que sou sempre do contra, o que não é verdade.
A esses digo, apenas, isto: quando conseguirem perceber a minha independência, perceberão todo o resto.
Enquanto morar em mim a esperança de que há uma possibilidade de ser possível viver numa Aldeia, num Concelho e num País melhor do que isto que temos, vou continuar por aqui.
Quando perder totalmente essa esperança, meto o teclado no saco...
Nos dias que correm um gajo como eu, quase com 70 anos, tem tantos problemas, que qualquer coisa que contribua para o seu divertimento diário é bem vinda.
Continuo optimista por natureza.
Optimismo para mim é simples: é somar a + b na máquina de calcular e esperar obter c.
Este país do faz de conta, onde é mais importante ter e parecer do que ser, continua a precisar é de estilo: sobretudo, de sinais exteriores de modernidade e estatuto comuns aos que não sendo, querem parecer que são.
Sobre a triste figura que vi fazer em directo na Assembleia Municipal da Figueira da Foz, na passada sexta-feira, o "deputado" municipal do BE, continuo a preferir levantar-me cedo e ir "larear a pevide".
Via Diário as Beiras, fica o registo do acontecimento.
terça-feira, 18 de julho de 2023
"A erosão costeira é o mais urgente dos problemas, a mais premente das preocupações, a prioridade mais consensual no nosso concelho"....
Imagem via Diário as Beiras
E a realidade é mesmo esta: "a erosão costeira é o mais urgente dos problemas, a mais premente das preocupações, a prioridade mais consensual no nosso concelho".
A realidade da erosão costeira, há muitos anos, que deveria ter sido dos principais assuntos a preocupar os que receberam o mandato popular para cuidar da polis figueirense.
Basta uma simples deslocação a esta parte do território para verificar que o avanço do mar sobre a terra assume aspectos preocupantes.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial. E não foi por falta de alertas.
Esses, são os que devem ser lembrados, sem esquecer as grandiosas obras que a mediocridade instalada legou ao futuro.
O extenso areal já existia em 2008. Existia e todos sabíamos qual a razão.
quinta-feira, 13 de julho de 2023
Se a cidade da Figueira estivesse localizada a sul do Rio Mondego continuaríamos a adiar o inevitável? (3)
Via Diário as Beiras
quarta-feira, 12 de julho de 2023
Se a cidade da Figueira estivesse localizada a sul do Rio Mondego continuaríamos a adiar o inevitável? (2)
Via Diário as Beiras
terça-feira, 11 de julho de 2023
Se a cidade da Figueira estivesse localizada a sul do Rio Mondego continuaríamos a adiar o inevitável?
Via Diário as Beiras