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sexta-feira, 23 de junho de 2023

Não brinquem com coisas sérias...

Em Agosto de 2021, véspera de eleições autárquicas, o Governo antecipou a divulgação do estudo sobre a transposição de areias na barra da Figueira da Foz, prevista para setembro. O documento foi apresentado no dia 12 de Agosto de 2021.

Recorde-se que o estudo do by pass foi adiado durante anos.
Um estudo no valor de cem mil euros contra os milhões constantes que se despendem em dragagens.
Em Setembro de 2018,  a Vereadora Ana Carvalho não só não se mostrou muito preocupada com a situação como até afirmou: "não sou grande defensora dessa solução".

Na edição do Jornal Público de 12 de Agosto de 2021, pode ler-se:

A solução para resolver o problema de areias na Figueira da Foz? Um bypass fixo, conclui estudo.

Análise encomendada pela Agência Portuguesa do Ambiente aponta para viabilidade de sistema de transposição de sedimentos entre as praias a norte e a sul do porto da foz do Mondego.


Meus caros Amigos do Forum, não se façam de ingénuos, muito menos andem a espalhar a confusão, muitos menos ainda ousem brincar com coisa muito sérias.

A Figueira da Foz tem um problema de sedimentos: acumulam-se em frente à cidade, a Norte da foz do rio Mondego, e estão em falta nas praias imediatamente a Sul, numa zona em que a erosão costeira ameaça populações e equipamentos. A solução passa por instalar um sistema fixo que transponha as areias do Norte para Sul.

Quem o conclui foi um um estudo encomendado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e que foi apresentado, na Figueira da Foz, numa cerimónia com a presença do ministro do Ambiente e da Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes no dia 12 de Agosto de 2021.


Nota de rodapé.

sábado, 17 de junho de 2023

Calamidades figueirenses

Para quem ainda não conseguiu perceber a importância de um executivo de maioria absoluta socialista, apeado em 21 de Setembro de 2021, depois de 12 anos no poder na Figueira da Foz, 9 dos quais em maioria absoluta, aqui está um bom exemplo: a criação e manutenção de espaços públicos ao serviço das populações. Um parque de merendas, instalado em plena Praia, em cima do coberto vegetal, entre pinheiros ressequidos e raquíticos. 
A outrora Praia da Claridade no seu melhor: transformada em praia da calamidade
Foto de 23 de Maio de 2017 por Clara Gil
O Município da Figueira da Foz tornou público o parecer elaborado pelos serviços técnicos municipais, relativo à remoção da camada vegetal do areal da praia de Buarcos/ Figueira da Foz, intervenção para a qual a ARH do Centro emitiu, recentemente, parecer positivo.
A determinado passo consta o seguinte:
Ter razão antes do tempo tem custos e é tramado.
A propósito, recorde-se uma postagem OUTRA MARGEM, de 11 DE ABRIL DE 2008, antes do acrescento dos 400 metros do molhe norte:
Mas, será que alguém sabe, porque estudou, as REPERCUSSÕES QUE MAIS 400 METROS NO MOLHE NORTE terão na zona costeira na margem a sul do Mondego?

Esta pergunta, colocada pelo OUTRA MARGEM antes do início da obra, foi ignorada por quem tinha o poder de decisão. A obra foi, na altura, apoiada pela Câmara Municipal da Figueira da Foz e pela Junta e Assembleia de Freguesia de S. Pedro. Há 15 anos estava tudo de acordo. 
O Kilas, o mau da fita, era o António Agostinho: foi caluniado, foi perseguido (até porrada lhe prometeram), foi isolado. Valeu-lhe, como ainda hoje, o grande ego e saber que a razão estava do seu lado. Como, infelizmente, se está a comprovar.
Contudo, estive sempre bem acompanhado. 
O meu Amigo Manuel Luís Pata, fartava-se de me dizer: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Passados 15 anos de desperdícios de recursos financeiros, os resultados estão à vista de todos no Quinto Molhe, Costa e Lavos, Leirosa e mais além...
Onde é que andavam os ambientalistas locais quando foi anunciada esta obra que facilmente se adivinhava ir contribuir para o que temos frente à Figueira: o maior desastre ambiental da Europa.

Outro assunto abordado pelo parecer elaborado pelos serviços técnicos municipais foi a intervenção na frente de praia:
Em janeiro de 2016, o executivo socialista fez o anúncio de uma obra “milagrosa”.
Na Obra de Requalificação do Areal/Valorização de Frente Mar e Praia - Figueira/Buarcos foram gastos cerca de 3 milhões de Euros na empreitada, com a obrigação do empreiteiro fazer a manutenção durante 5 anos.
Onde estavam os ambientalistas quando se "plantou" cimento na Praia da Figueira entre coberto vegetal, pinherinhos, camarinhas (ou camarinheiras)?
Quem, como eu, por lá passou hoje,  viu uma ciclovia a degradar-se de dia para dia, quase vegetação e árvores mortas. Para não referir aquela alarvidade que são as mesas e bancos em cimento plantada no areal, em cima de florzinhas, pinheirinhos secos e coberto vegetal.
Em 6 de Janeiro de 2020, há mais de 3 anos, o vereador na oposição Ricardo Silva do PSD, neste momento vereador executivo com o pelouro do Ambiente, solicitou um relatório sobre o estado em que se encontrava a praia e se está de acordo com o projeto elaborado. 
Alguém sabe se essa iniciativa, na altura muito badalada na comunicação social, teve alguma consequência?
Pode ser que agora com Ricardo Silva vereador executivo com o pelouro do Ambiente, dado que o problema se mantem, apareça o relatório.

A Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade. 
O extenso areal da Praia da Figueira continua a ser um problema.
Os ambientalistas estão aí prontos para o combate e para o que der e vier.
Importante é salvar uma camarinha, também designada por camarinheira, uma espécie que existe a rodos no pinhal a sul do quinto molhe até à Nazaré.
A erosão a sul pode esperar.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Mais um contributo para atiçar o ódio dos florzinhas, passarinhos políticos, comunicação social deficiente, população desatenta e intectuais totós...

Ninguém me pediu, mas vou fundamentar porque não vou assinar a petição que por aí anda a circular "Pela manutenção da vegetação dunar na praia da Figueira da Foz."

Em 15 de Dezembro de 2014, "foi apresentado, em reunião de câmara, o projecto para o reordenamento do areal urbano da Figueira da Foz e Buarcos, apresentado pelo arquitecto Ricardo Vieira de Melo, vencedor do concurso de ideias para esta zona de praia, lançado pela autarquia em 2011".
Este era, segundo sublinhou o presidente João Ataíde, um ponto de partida para a municipalização desta zona tutelada por várias entidades
Saliente-se que o projecto vencedor do concurso implicava um investimento de 110 milhões de euros, entre investimentos púbicos e privados. 
Parecia que estávamos a retornar aos saudosos tempos de Aguiar de Carvalho e de Santana Lopes, dos objectivos grandiosos de um magnífico aeroporto, de um moderníssimo comboio TGV em monocarril a ligar Figueira a Fátima ou de um grandioso estádio para o europeu de futebol de 2004... 

Entretanto, foram introduzidas várias alterações.
Como sabemos, a intervenção que estava na ideia da Câmara realizar, "ficou reduzida à ciclovia, via pedonal, pista de atletismo, reparação dos espaços desportivos e dos passadiços (e construção de outros) e intervenção nas valas de Buarcos que atravessa o areal". 
Mesmo assim, foram gastos cerca 3 milhões de euros.
A ideia da autarquia de deixar crescer a vegetação na antepraia vem daí.
O plano seguia, com a municipalização da praia da Figueira e a implantação de cimento em cima de dunas.
A erosão a sul do estuário do Mondego podia esperar. O projecto do bypass, ficava liquidado e a rapaziada do sul do concelho que aprendesse a nadar.
Como escrevi um dia destes - e isso atiçou ódios contra mim - a comunidade citadina “preocupa-se mais com questões pessoais, de maledicência, de desejar o mal aos outros, do que com o que é importante”.
Por isso é que na Figueira, quando alguém aponta para a lua, olham para o dedo de quem aponta, esquecendo o resto.
Cabecinhas pensadoras...

Fica uma crónica publicada no Diário as Beiras em 17 de Maio de 2019, com o título Um favor ao “ex”?.

O problema estrutural da Figueira

"Desde o prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto comercial, um investimento de 14,6 milhões de euros, inaugurado em 2011, a erosão nas praias a sul acentuou-se, com destruição da duna de protecção costeira em vários locais, com especial ênfase na praia da Cova, alvo de duas intervenções de emergência nos últimos anos.
No concelho da Figueira da Foz, a erosão costeira é o verdadeiro problema estrutural, mas a três dimensões.
A saber: a erosão costeira que afecta as praias a sul da Figueira da Foz é um problema mais vasto, pois tem origem na retenção e acumulação de areia no areal da cidade e condiciona a navegabilidade na barra do Mondego."
Para continuar a ler o texto, clicar aqui.

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Posto de vigia

FOTO: antónio agostinho

É espantosa a forma como são tratadas na comunicação social e nas redes sociais as notícias sobre certos acontecimentos na Figueira. 
A forma como se elegem alguns casos e casinhos e se faz tudo por ignorar outros...
Acham que esta diferença de critérios é inocente?
A agitação criada em torno do caso da "camada vegetal que cobre o areal da praia da nossa cidade", e de outros que hão-de aparecer, não é inocente. 
Deve-se a um simples facto: quem tem intersse nisso inunda o circuito noticioso figueirinhas com questões menores, polémicas e popularuchas, mas que permitam desviar as atenções dos casos importantes.
Por exemplo, do maior desastre ambiental e ecológico de Portugal - que é o extenso areal da Praia da Figueira e a consequente erosão a sul, os problemas da barra e do porto comercial. 
Ou um acordo político tripartido, que foi ao encontro dos interesses das partes envolvidas, que bem esmiuçado poderia beliscar a imagem dos intervenientes, em especial de quem está a tentar posicionar-se no tabuleiro do espectro político à direita, às presidenciais de 2026, e que já anda em campanha eleitoral há muito...
Como diria a minha saudosa avó Rosa Maia que, já lá vão muitos anos, costumava contar-me histórias do tempo em que "os animais falavam", "quem  não sabe ser moleiro fecha a porta".

segunda-feira, 1 de maio de 2023

As obras na linha costeira da Figueira da Foz criaram um desequilíbrio brutal na costa

Hoje, no Jornal Público
Erosão costeira na Figueira da Foz: “O mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”.

A propósito, recorde-se uma postagem OUTRA MARGEM, de 11 DE ABRIL DE 2008, antes do acrescento dos 400 metros do molhe norte:
Mas, será que alguém sabe, porque estudou, as REPERCUSSÕES QUE MAIS 400 METROS NO MOLHE NORTE terão na zona costeira na margem a sul do Mondego?

Esta pergunta, colocada antes do início da obra, foi ignorada por quem tinha o poder de decisão. A obra foi, na altura, apoiada pela Câmara Municipal da Figueira da Foz e pela Junta e Assembleia de Freguesia de S. Pedro. Há 15 anos estava tudo de acordo. 
O Kilas, o mau da fita, era o António Agostinho: foi caluniado, foi perseguido (até porrada lhe prometeram), foi isolado. Valeu-lhe, como ainda hoje, o grande ego e saber que a razão estava do seu lado. Como, infelizmente, se está a comprovar.
Contudo, esteve sempre bem acompanhado. 
O seu Amigo Manuel Luís Pata, fartava-se de lhe dizer: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Passados 15 anos os desperdícios de recursos financeiros, os resultados estão à vista de todos no Quinto Molhe, Costa e Lavos, Leirosa e mais além...
Como afirma Miguel Figueira na edição de hoje do Público, «a última reposição de areias, trazidas do zona do porto, terminou “há um mês” (e aponta para um enorme buraco na zona mais próxima do local onde os banhistas solitários se instalaram). E acrescenta: “Já está a ser completamente comida. Este buraco não existia, já está aberto. A duna está fragilizada e acabamos de gastar aqui um milhão de euros.”»
Como muitos também me recordo que  “quando éramos miúdos, descíamos as dunas a sul do Quinto Molhe com pranchas, pois isto era uma coisa colossal”. Agora, esse monstro de areia é só uma memória. Ali em frente, estão sacos enormes de sedimentos colocados na base do que resta da duna, que a APA instalou no local há alguns anos, na tentativa de reter parte da areia que tem sido reposta, pontualmente, no local. Sobre a duna há um tubo, que serve para transportar areia para ali, alimentando artificialmente a costa.

A APA continua a desvalorizar a avaliação de Miguel Figueira. Primeiro, garante em resposta escrita ao PÚBLICO, «a intervenção naquela zona não está concluída — foram depositados 45 mil metros cúbicos (m3) de areia e faltam ainda outros 55 mil m3, ou seja, só foi concluída 45% da operação prevista e a restante, se a agitação marítima deixar, deverá ser concluída até ao final do mês.
Quanto aos danos visíveis indica: “A APA e o empreiteiro estão a monitorizar a evolução da intervenção, estando a decorrer como esperado. Este tipo de intervenções de alimentação artificial tem normalmente associadas perdas iniciais de curto prazo associadas aos fenómenos de reajuste do perfil (até atingir o perfil de equilíbrio) e compactação da areia após deposição”, além de alguma “dispersão lateral por processos longitudinais para fora da zona de deposição.”
Segundo o Público, a palavra "monitorizar” anda a irritar sobremaneira Miguel Figueira e Eurico Gonçalves, antigo campeão de surf e o outro rosto do SOS Cabedelo. 
O que está mais do que provado, é tal como previmos antes da execução da sua execução, as obras na linha costeira da Figueira da Foz — incluindo a extensão em 400 metros do Molhe Norte do porto marítimo, uma obra iniciada em 2008 — criaram um desequilíbrio brutal na costa. O areal da praia da Claridade, na cidade, a norte do porto e da foz do Mondego, cresceu tanto que fez com que esta se tornasse a maior praia urbana da Europa.
A sul de tudo isto o cenário é o oposto — a falta de sedimentos, impedidos de passar pelo extenso molhe, fez recuar a costa vários metros, fazendo desaparecer praticamente o areal em várias zonas da Cova-Gala e criando uma meia-lua bem pronunciada ainda mais para sul, onde antes não existia, porque a linha da costa estava muito mais à frente. 
Como afirma Migueira: “não há falta de areia. Ela está é mal distribuída”

A norte do porto, o areal não pára de aumentar, mas a sul a linha de costa está cada vez mais recuada, porque os sedimentos não conseguem passar.
Dúvidas há?
Sem esquecer o perigo na barra do porto,  onde já morreram 15 pessoas em acidentes, desde 2009...
«O Estudo de Viabilidade da Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz, encomendado pela APA a um consórcio, que incluía a Universidade de Aveiro (UA), analisou diferentes soluções e concluiu que o bypass era a solução “economicamente mais viável”, para uma zona que, a sul da Cova-Gala, já apresentava taxas de recuo da costa de 3,5 metros ao ano.
Para os responsáveis do movimento cívico, parecia o início do fim de um longo processo, uma percepção reforçada pelo anúncio do então ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, de que o bypass era mesmo para ser feito. O país já não queria voltar as costas ao mar — algo que nunca se faz, dizem, e que aprenderam muito cedo com os pescadores —, nem fazer dele o inimigo, mas aprender a adaptar-se às mudanças que ele próprio sofria, fruto, em grande parte, da intervenção humana.
Só que o balde de água fria veio logo a seguir: ao contrário do que o SOS Cabedelo esperava, a APA não tem qualquer intenção de avançar com a obra do bypass num futuro imediato e isso desespera os dois activistas. “Neste momento, a nossa maior preocupação é a urgência em avançar com a obra”, diz Eurico Gonçalves. “Queremos que se despachem”, reforça Miguel Figueira.»

Mais uma vez, as coisas estão a acontecer como o responsável do OUTRA MARGEM temia. Lembram-se das nossas conversas nos últimos dois anos sobre o assunto Miguel Figueira e Eurico Gonçalves? 
Percebem agora as minhas inquietações perante o vosso optimismo? 
Recordo Maio de 2021. De acordo com Carlos Monteiro, na altura presidente da câmara, que citou informação que lhe foi transmitida pela APA, o concurso para elaboração do projecto e estudo de impacte ambiental “ainda está para adjudicação”. Tendo um prazo de 12 meses para ser elaborado, só estará concluído em meados de 2022, a que acrescem os procedimentos de eventual aprovação, lançamento do concurso da obra propriamente dita e adjudicação dos trabalhos, que, se tudo correr bem, só deverão começar em 2023.
«Não será isso que vai acontecer. Em resposta escrita ao PÚBLICO, a APA explica que quando foi conhecido o resultado do estudo que apontou para o bypass como a melhor solução, já estavam em curso os procedimentos burocráticos para a operação de alimentação artificial do troço Cova-Gala/Costa de Lavos, a sul do porto marítimo, com 3,3 milhões de m3 de areia. “Só após a concretização dessa intervenção e a sua monitorização (fundamental para se avaliar a sua evolução, comportamento e eficácia) será possível avançar com a eventual solução de bypass fixo”, refere a APA.
E para que a “eventual” obra do bypass avance, terá ainda de ser precedida do seu próprio processo burocrático, acrescenta. Ou seja, concursos públicos, estudo de impacte ambiental, candidatura a financiamento...

A APA olha para o bypass — uma obra com validade mínima de 30 anos e custos de construção e operação para esse período estimados em 53 milhões de euros — como uma operação de “mitigação da erosão costeira” de “longo prazo”. Até lá, há a colocação de areia como a que está a decorrer a sul de Cova-Gala, com recurso a dragagem das areias do porto (solução de “curto prazo”) e a “alimentação artificial de elevada magnitude”, dos tais 3,3 milhões de m3, com um custo de 25 milhões de euros, e que é olhada como uma intervenção de “médio prazo”.
Miguel Figueira e Eurico Gonçalves não entendem por que não se avança já para o bypass. Nem porque querem monitorizar uma intervenção de colocação de areias que, acreditam, acabará por não ter sucesso, por não ser um processo contínuo. “Uma solução pontual não faz sentido. O mar trabalha todos os dias e nunca se cansa”, diz Miguel Figueira. “Então está tudo a arder e querem monitorizar a desgraça?”, questiona Eurico Gonçalves.»
Contudo, «Carlos Coelho, especialista em erosão costeira e coordenador dos investigadores da UA que participaram no estudo responsável pela identificação do bypass como a solução mais viável para a Figueira da Foz, defende a posição da APA. “Há alguns fenómenos e pressupostos admitidos durante este estudo que é possível que sejam discutíveis. Portanto, se pudermos aumentar o grau de confiança nos resultados, será o ideal”, diz.
E isso, defende, poderá ser conseguido monitorizando a operação que a APA tem prevista de colocação de 3,3 milhões de m3 de areia — um volume “muito mais alargado” do que o que tem sido colocado em operações mais pequenas e que, por isso, acredita, vale a pena acompanhar e avaliar. “Diria que a posição da APA faz sentido, sim. É um investimento muito alargado e tudo o que vier contribuir para aumentar o grau de certeza nos resultados deve ser feito”, defende.
E não se corre o risco de, daqui a alguns anos, quando se avançar de facto para o bypass, o estudo que o escolheu seja considerado desactualizado e se defenda a necessidade de um novo? Ouve-se Carlos Coelho rir ao telefone. “Podemos eventualmente correr o risco de ter de actualizar os resultados do estudo. Mas diria que este estudo do bypass acaba por ser válido num período mais longo”, diz o investigador.

Olhando o mar revolto da Figueira da Foz, de onde saíram há poucas horas, depois de mais uma manhã a surfar as suas ondas, os dois fundadores do SOS Cabedelo não se conformam com estes argumentos. Não se convencem que valha a pena avançar para uma operação intermédia, com um custo do m3 de areia que dizem ser dez vezes superior ao que é previsto para o bypass, e com o ónus ambiental “da queima dos combustíveis fósseis, com as dragagens”.
“Toda a gente já concordou com o bypass. É o que está inscrito na política do Governo, nos estudos da universidade, é o que defende a cidadania. Mas depois dizem-nos que isto é só para daqui a sete anos, para 2030. Isto é absolutamente insensato”, acusa Miguel Figueira.
O PÚBLICO questionou o MAAC, que remeteu quaisquer esclarecimentos para a APA. O presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, em resposta escrita, refere: "Nunca foi admitido nem faz sentido dizer que uma acção, importante mas conjuntural, como a da transposição de 3 milhões de metros cúbicos possa pôr em causa a intervenção estrutural do bypass. E os calendários foram estipulados e ditos. A nosso ver, demasiado longos mas, de qualquer modo, assumidos."
O SOS Cabedelo vai continuar a insistir numa mudança de posição de quem decide as intervenções na costa. “A transição que falta fazer é desta atitude da APA, que continua numa lógica reactiva. De cada vez que há um acidente na costa, lá vêm eles gastar mais uns milhões. Têm de inverter esta lógica de “correr atrás do prejuízo”, para passar a correr atrás da solução. Hoje em dia é disso que se trata. Sabendo qual é a solução, têm de se pôr ao caminho”

Nota de rodapé.
Para ver o video com a entrevista de Miguel Figueira, clicar aqui.

quinta-feira, 2 de março de 2023

Fica o registo...

Tal como escrevemos em 11 de dezembro de 2006, já lá vão quase 17 anos, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe, a nosso ver, era já então uma prioridadeContinua a ser...

Neste momento, está-se a fazer alguma coisa...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Já ontem era tarde: a erosão costeira é o tema mais estruturante do concelho da Figueira da Foz, a nível da gestão territorial

Santana Lopes defende intervenção do Presidente da República na defesa da costa

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Arquivo(Foto de Pedro Agostinho Cruz

«O presidente da Câmara da Figueira da Foz, no distrito de Coimbra, defendeu hoje que Marcelo Rebelo de Sousa devia efetuar um roteiro pela costa portuguesa a alertar para a necessidade do combate à erosão costeira.

Em declarações aos jornalistas, Pedro Santana Lopes, eleito pelo movimento Figueira a Primeira, considerou que se trata de uma “questão tão lancinante”, que o Presidente da República “devia chamar a si o tema”.

O autarca, que falava no final da sessão de Câmara, entende que o combate à erosão da costa portuguesa “é uma causa” e que o Estado devia adotar procedimentos para que a administração central intervenha de forma mais célere.

O Presidente da República devia efetuar um roteiro pela costa para sensibilizar o país e os decisores que gerem os fundos europeus, porque há muito dinheiro para aplicar, mas não se ouve falar da sua aplicação na defesa da costa, que não faz parte do discurso e da preocupação [nacional]”, sustentou.

Salientando que já houve “um Presidente que fez presidência aberta a calcorrear as riquezas geológicas do Cabo Mondego [na Figueira da Foz], Santana Lopes disse, “sem ironia nenhuma”, que a presidência de Marcelo Rebelo de Sousa “está sempre aberta, pelo país”, e que devia fazer um roteiro pela costa portuguesa.

A erosão costeira e o assoreamento do porto da Figueira da Foz têm sido uma preocupação de Santana Lopes desde o início deste mandato, com o autarca a defender “intervenções integradas” e em tempo útil para não se esbanjarem recursos.

Na reunião de hoje, o presidente do município figueirense disse que recebeu, por escrito, a garantia de que a Agência Portuguesa de Ambiente (APA) vai iniciar este mês a transposição de 100 mil metros cúbicos de areia na área costeira para reforço do cordão dunar, que já esteve prevista para maio e posteriormente para outubro.

A partir deste ano, estava previsto a transferência de 3,2 milhões de metros cúbicos na praia a sul na Cova Gala e dentro do mar, num investimento de cerca de 20 milhões de euros, mas essa intervenção foi adiada pela APA por dois anos.»

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Apesar de todas "as peregrinações" anteriores, a situação no Quinto Molhe continua "IMPRESSIONANTE"... (continuação)

Jot’Alves, na edição de hoje do Diário as Beiras
:
«Peregrinação sem milagre.
Sobretudo nos últimos 10 anos, a Praia da Cova tem sido lugar de peregrinação para políticos e decisores, mas o milagre ainda não aconteceu. Entretanto, as populações junto à costa vivem com o coração nas mãos, temendo que, um dia destes, o mar lhes entre em casa. “Sim, é um local de peregrinação, mas o doutor Luís Montenegro disse que iria estar pelo país, uma semana em cada distrito e está a cumprir. Já é um bom sinal. Espero que aquilo que ele leva desta realidade da costa e dos problemas da economia da Figueira o ajudem a preparar-se para as funções a que se candidata”, ressalvou Santana Lopes. “Conhecendo o doutor Luís Montenegro como conheço, tenho a certeza que vai passar das palavras aos atos”, acrescentou. “Numa altura em que o país tem tantos fundos e há tantos problemas de execução, como é compreensível que o Estado não tenha estas intervenções, aqui, na primeira linha das suas prioridades e que isto não esteja no discurso político de quem decide, de quem comanda, de quem executa? Porque este é um problema das pessoas, do território, do país, da economia”.» 

Nota de rodapé.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Apesar de todas "as peregrinações" anteriores, a situação no Quinto Molhe continua "IMPRESSIONANTE"...

Vídeo sacado daqui
Não pude estar presente na "peregrinação" desta manhã ao Quinto Molhe do presidente do PSD. Na qualidade de habitante de uma freguesia das mais afectadas pela erosão costeira, dado que o que está em causa e em risco, é a segurança de pessoas e bens, quero alertar para o seguinte: o momento não está para politiquices. A erosão costeira a sul da barra do Mondego é um assunto muito sério...

Desde 2006 que ando a alertar para o essencial. Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Recordo o meu saudoso Amigo e Mestre nestas coisas de entender o mar, Manuel Luís Pata: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa, deputado PSD - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".

Em vez disso, optou-se por defender o acrescento do molhe norte - e nisso o PSD tem muitas culpas: Duarte Silva, então presidente da câmara foi um acérrimo defensor desta aberração.
Passados estes anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra".
Mais: o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia a norte, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira"
E não foi por falta de avisos que foram cometidos tantos erros de planeamento territorial e urbanístico na Figueira da Foz.

Voltando ao saudoso Mestre  Manuel Luís Pata, uma das vozes discordantes do prolongamento do molhe norte que os decisores políticos não ouviram, como ele aliás, sabia. Um dia, já distante, em finais de janeiro de 2008,  confessou-me: "ninguém ouve".
Como, desde 2006, ninguém tem ouvido, espero, tal como o Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, que Luís Montenegro, se chegar algum dia a formar Governo, "passe das palavras aos actos."

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Erosão costeira: uma preocupação que há muito deveria ser de todos

Via Campeão das Províncias

"O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda quer saber por que razão a solução para os problemas de transposição sedimentar da foz do Mondego, na Figueira da Foz, foi adiada para 2030.

Numa pergunta dirigida ao ministro do Ambiente e da Acção Climática, os deputados salientaram que, em Agosto de 2021, o ‘bypass’ foi mais uma vez reconhecido como a solução necessária para os problemas da foz do Mondego, por um estudo encomendado pela Agência Portuguesa de Ambiente (APA).

“A implementação do sistema de ‘bypass’ chegou a estar prevista para 2024, porém, recentemente, a APA, numa sessão de esclarecimento promovida na Figueira da Foz a 15 de Novembro, informou do adiamento do ‘bigshot’ de areia, para 2025, e do ‘bypass’, que passa a estar previsto apenas para 2030”.


Como andamos a alertar há muito (OUTRA MARGEM, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006), a protecção da Orla Costeira Portuguesa é uma necessidade de primeira ordem...

O processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental. Atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.
Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perdeu-se a oportunidade de resolver o essencial...

A foto de Pedro Agostinho Cruz, dispensa  as palavras...
Por aqui, durante quase 17 anos, tudo foi dito e pode ser consultado... 

Só temos, portanto, de nos congratular com iniciativas parlamentares como a do BE.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Freguesia de S. Pedro está a ser engolida pelo mar há muitos anos

Quase todos sabemos:
- que o processo de erosão costeira assume aspectos preocupantes numa percentagem significativa do litoral continental.

- que a protecção da Orla Costeira Portuguesa sempre deveria ter sido uma necessidade de primeira ordem...

Citando Miguel Figueira: "... a população está numa roleta russa, isto é uma roda da sorte, ou se quisermos de azar. E não pode ser: um dos direitos constitucionais é este direito ao ambiente, à qualidade de vida e à segurança."

Como se os problemas do Quinto Molhe não fossem mais do que suficientes (aqui no OUTRA MARGEM andamos a alertar desde Dezembro de 2006) a Câmara Municipal da Figueira da Foz, em 2019, resolveu do alto da sua maioria absoluta e da sua douta sabedoria, brincar às construções na areia da Praia do Cabedelo...

Eu sei que a memória é curta. E o importante, para certa gente, é sacudir a água do capote. O que foi feito não interessa nada. As responsabilidades, do que foi "obrado" nos últimos 4 anos no Cabedelo, apesar de todos os alertas e avisos, sobram agora para quem veio a seguir. Quem veio a seguir que feche a porta. Quem fez o mal há-de saber fazer a caramunha.

Em política, na Figueira, é assim que as coisas se fazem.

Contudo, vamos ao foco: «atente-se, no estado em que se encontra a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova.»

Por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...»

Isto, já alertava um "velho do restelo" chamado António Agostinho, em 11 de dezembro de 2006Recorde-se Camões. "O Velho do Restelo chamou de vaidosos aqueles que, por cobiça ou ânsia de glória, por sua audácia ou coragem, se lançam às aventuras ultramarinas. Simboliza a preocupação daqueles que anteveem um futuro sombrio para a Pátria." 

Daqui a 16 dias já passaram 17 anos. E vamos a ver: nada. Pior: tudo se agravou.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

SOS Cabedelo (e outros) anda há muito a alertar para os problemas da erosão a sul do Mondego


Conforme provam as imagens - e muitos exemplos podem ser conferidos aqui -  as preocupações do SOS Cabedelo, assim como as de mais alguns, com a problemática da erosão a sul do estuário do Mondego, já vêm de muito longe e os alertas e avisos aconteceram antes das obras.
Portanto, essa conversa de "treinadores de bancada" pode servir para tudo, menos neste caso em concreto. A cidadania, arrostando até com ameaças, cumpriu o seu papel. Se, quem de direito, ignorou o contributo dos cidadãos, isso não é culpa de quem tentou evitar este atentado ambiental. 
Continuando a cumprir o seu papel, mais uma vez, "o movimento cívico SOS Cabedelo, da Figueira da Foz, alertou para o risco em que se encontram as praias da costa sul do concelho na madrugada face à previsão de forte agitação marítima para hoje, conjugada com a maré alta que foi às 02H36 da madrugada e volta a registar-se às14H57."
Citando a edição de hoje do Diário as Beiras.
"Estão previstas ondas de seis a 11 metros, disse ontem, na reunião da câmara, o presidente Pedro Santana Lopes, que foi ontem ao terreno de forma preventiva, tendo contactado, ontem, Pimenta Machado, vice-presidente da APA (Agência Portuguesa do Ambiente), juntas de freguesia daquela área e a proteção civil. 
Em declarações à agência Lusa, Miguel Figueira, do movimento cívico SOS Cabedelo, deu conta de que as previsões para o estado do mar indiciam uma situação preocupante, que vai afetar as praias do Cabedelo, Cova-Gala, Leirosa e Costa de Lavos. Miguel Figueira lamentou que as praias da costa sul da Figueira da Foz estejam “vulneráveis e desprotegidas” para resistir a fenómenos normais do mar.
Uma política que “vê o mar como inimigo” 
“Estamos fartos desta política costeira, que vê o mar como inimigo e se apronta a atirar-lhes com pedra. A única maneira que temos de fazer proteção costeira é perceber como o mar funciona e trabalhar com ele”, sublinhou. No caso do Cabedelo, cuja intervenção o movimento SOS contesta desde a sua execução, Miguel Figueira defendeu que os galgamentos vão continuar a existir enquanto não for colocada areia à frente da duna primária. 
Críticas também dirigidas à APA
 “A APA deu cobertura a uma intervenção nunca vista em lado nenhum, ao meter areia atrás da duna, que não faz nada, pois tem de ser colocada na praia à frente da duna”, explicou. O SOS Cabedelo tem defendido a construção de um bypass, que faça transferências contínuas de areia, “para que a praia esteja bem nutrida e a dissipação de energias (do mar) se faça muito antes do mar atacar a duna primária”
Outro dos pontos críticos apontados por Miguel Figueira é a praia da Cova- -Gala, que sofreu “intervenções erradas há muitos anos” e que devia receber alimentações de areia no fim do verão, que já não são efetuadas desde 2019. 
O problema da erosão costeira tem sido uma temática bastante discutida na Figueira da Foz, tendo-se realizado no dia 15 uma sessão de esclarecimento com a APA sobre as intervenções previstas para o concelho. Na reunião, o presidente da câmara exigiu celeridade nas intervenções de combate à erosão da costa e ameaçou com formas de luta se os processos não avançarem."

Tudo foi dito e escrito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar... Resta-nos a promessa dos paquetes de passageiros e os números das toneladas dos cargueiros...
Espero que, ao menos, perante a realidade possam compreender o porquê das coisas...

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Milagres

Crónica publicada na Revista Óbvia no mês de Outubro

O milagre de Joaquim Namorado

"Onde o santo punha o pé nasciam rosas.

 ... e o povo lamentava

que não fizesse o mesmo com as batatas."

O milagre da sobrevivência dos reformados em 2023

Para viver em Portugal e na Figueira sempre foi necessário um enorme sentido de humor.

Entretanto, vamos andando ensarilhados em dívidas, públicas e privadas, sem se  vislumbrar como vamos sair da situação de escravos endividados, soterrados vivos por politicas e políticos incompetentes ao longo de dezenas de anos.

Sabemos que isto não vai acabar tudo bem, mas dá jeito acreditar que está a correr mais ou menos...

"Com uma inflação galopante, que o governo estima em 7,4% este ano, embora o Conselho das Finanças Públicas aponte para 7,8%, os pensionistas com prestações de 650 euros brutos vão ter de viver com apenas mais 5,58 euros nos bolsos todos os meses, segundo os cálculos do Dinheiro Vivo com base nas simulações da Ernest & Young (E&Y) para 2023. Significa que cerca de 1,6 milhões de reformados, ou seja, mais de metade dos que irão beneficiar de uma atualização entre 4,43% e 3,53% em 2023, terão um acréscimo líquido mensal de 0,8%. Mais 5,58 euros, portanto."

Como diria a minha avó, "andam a comer-nos as papas na cabeça". Detesto ser tratado como um tolo. Foi como este governo com aquela rábula do adiantamento fez. 

Para já, além de estar tudo cada vez mais caro, o pessoal ter cada vez menos dinheiro disponível, os contextos europeus e mundiais estarem cada vez mais perigosos e  ameaçadores, a  ansiedade vai dar mais lucros às farmacêuticas e às clinicas da psique, e os  livros de tangas de auto ajuda vão subir as tiragens!

Preparem-se para o devir. Em 2023 vamos ter mais do mesmo. Ou pior... 

Para acabar com a politiquice, num assunto tão sério, será preciso acontecer um milagre?

Não sei como é com você, mas a  mim vai-me safando a essência.

E a minha essência esteve, está e estará sempre no mar... 

O mar tranquiliza-me. Como gente do mar que sou, caminhar em direcção a ele, é uma atitude intrínseca. Quase tudo se descortina ao olhá-lo. É um saber de experiências feito, que me foi transmitido pelos mais velhos.

Gosto da orla marítima, sobretudo fora da chamada “época alta”.

Para quem não “vive” o mar, as imagens parecem sempre iguais.

Contudo, garanto que não! Para quem o conhece bem, o mar é sempre diferente. E, também, sempre imprevisível!

Santana Lopes, acusou no final da reunião camarária realizada no passado dia 12 «a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de estar a gozar com a Figueira, ao protelar no tempo intervenções de transposição de areias na zona costeira do concelho: depois do que foi dito [pela APA], tomar uma decisão dessas é gozar com a cara dos figueirenses». Segundo Santana Lopes, «a APA não tem intenção de executar antes de 2025 a transferência de 3,2 milhões de metros cúbicos de areia para sul da Cova Gala, que estava prevista para 2023.»

O efeito não se fez esperar. Horas depois, ainda nesse mesmo dia 12 de outubro de 2022, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, deslocou-se à Figueira da Foz para se reunir com o autarca.

Fonte da autarquia avançou ao DIÁRIO AS BEIRAS que, afinal, aquilo que a APA havia protelado para 2025 será realizado em 2024. 

Por mim, limito-me a lembrar o que ando dizer há vários anos sobre este assunto: dado que o que está em causa e em risco, é a segurança de pessoas e bens, apenas  quero alertar que o momento não está para politiquices. A erosão costeira a sul da barra do Mondego é um assunto muito sério. E o inverno está à porta.

Concedam ao rejeitado o milagre de descansar em paz

Em Abril de 2019, quando o falecido João Ataíde deixou a Figueira, para o seu lugar, avançou Carlos Monteiro. 

Politicamente, Carlos Monteiro antes de 2009, de 2001 a 2005, foi membro da Assembleia de Freguesia de S. Julião da Figueira da Foz.  E, de 2005 a 2009, tinha sido membro da Assembleia Municipal da Figueira da Foz. Depois foi vereador do executivo presidido por João Ataíde.

Com a ascensão de Carlos Monteiro a presidente, o provincianismo figueirinhas delirou com a ideia de ser um dos seus a limpar o que foi feito por quem realmente mandou na Figueira, entre outubro de 2009 e abril de 2019.

O resultado de pôr quem não serviu para a freguesia de S. Julião a presidir um concelho viu-se na Figueira nos dois anos que se seguiram.

Com a ida de Ataíde para Lisboa, Monteiro teve o seu momento de deslumbramento. Foi um daqueles momentos raros, um golpe de sorte (se bem me lembro, até houve foguetes...) que acontecem por vezes às pessoas e também aos políticos. Daqueles momentos que fazem tudo ganhar objectivo e sentido - toda a espera, toda a paciência, os sapos engolidos e todo o trabalho, finalmente,  a valerem a pena. 

Contudo, acabou por ser o seu maior momento de azar. Faltou uma coisa: quando foi a votos, mais uma vez, Monteiro não foi validado pelos votantes do concelho. 

O verdadeiro objectivo do medíocre percurso político de Monteiro - ser aceite por uma sociedade figueirense que sempre o rejeitou - não foi alcançado. 

A derradeira meta era vencer essa rejeição. Não o conseguiu.

Que continue o milagre de continuar a haver lugar para o sonho

Escrever é ficar. Se continuo a  escrever, é porque ainda não fui. Ainda aqui estou. 

Já me disseram, olhos nos olhos: "o meu trabalho de sonho era fazer o que você faz".

Os melhores projectos de todos são aqueles que nos põem a pensar e a mexer. Os únicos projectos que vale a pena prosseguir, são os que não nos deixam dormir. 

É o caso do único projecto que sempre tive e continuo a ter: a minha vida, apesar de já terem passado mais de 68 anos.

Basta tão pouco e é tão tanto.

Não sei se me assusto, se me espanto, se me regozijo, se sonho: alguns de vocês conseguem  saber de mim o que eu ainda estou a tentar descobrir. 

Obrigada por me lerem. 

Tal como Martin Luther King "não tenho um plano: tenho um sonho."

Que continua. 

"Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só. Mas, sonho que se sonha junto, é realidade."