sábado, 18 de novembro de 2023

Santana Lopes convidou eleitos locais a visitarem o Paço de Maiorca limpo

 Via Município da Figueira da Foz

"O presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, conduziu na manhã deste sábado, 18 de novembro, uma comitiva composta por eleitos locais de vários quadrantes políticos, técnicos e chefias municipais numa visita de avaliação ao Paço de Maiorca. O objetivo foi revelar a atual situação do edifício e dar início ao debate sobre as possíveis soluções para revitalizar este importante património histórico-cultural do município.

O Paço enfrenta agora a expectativa de um futuro renovado, à medida se que têm início as reflexões sobre os caminhos a seguir para a sua preservação e reabilitação.
“O propósito de estarmos todos aqui é de juntos, participarmos e ajudarmos na decisão sobre o que fazer de agora em diante, porque é uma decisão dificílima a vários níveis. São várias as opções que se colocam, dentro das dificuldades que todas ela tem”, enfatizou Santana Lopes.
Previamente à visita ao imóvel, foram visualizados dois vídeos. Um, que deu a conhecer a situação do edifício ao ano de 2008 - quando foi celebrado o contrato de exploração turística com a empresa hoteleira que acabou por abandonar a obra. O outro, de 2021, que apresentou o resultado do longo processo de abandono e deterioração a que foi votado o edifício.
Já este ano, o presidente da Câmara Municipal determinou a realização da limpeza do imóvel e das áreas exteriores – jardins.
Santana Lopes salientou que a orientação que deu foi no sentido de não serem realizadas obras estruturais. Por orientação dos arquitetos prevê-se uma intervenção no telhado, contudo considerou que “agora temos de resolver” o destino a dar ao imóvel, decisão cuja unanimidade assumiu “ser difícil”, mas que no caso em apreço considera que “ que é desejável um entendimento tão amplo quanto possível”.
No final da visita foi distribuído à comitiva o resumo de uma auditoria técnica realizada em 2022, que estima que para a recuperação do imóvel seja necessário um investimento na ordem dos 3.708.000,00 €."

Os moderados — os bagageiros e os vendedores de banha de cobra dos neoliberais

Carlos Matos Gomes

"Nos próximos tempos vamos ouvir falar muitas vezes de moderados e de radicais extremistas. Convém falarmos acerca das propriedades e dos êxitos dos moderados. Do contributo que deram à humanidade e que pretendem continuar a dar.

Vários livros ao longo dos tempos têm referido a “hora dos lobos” — Um, de Harald Jahner: A Alemanha depois da guerra. Um país em dissolução. Pessoas dispersas, desalojados, ocupantes, culpados. Pilha-se, rouba-se, inventam-se novas identidades. Outro, Alcateia, de Carlos de Oliveira.

Moderado é um título valioso nesta hora de lobos. O moderado é um género de canivete suíço da política ou um daqueles bonés americanos de basebol: one size fits all. Serve a todas as cabeças. Qual é a razão do sucesso dos moderados? O êxito dos moderados é que eles contribuem para a redução do ser humano à condição de animal doméstico, afável, obediente, crente no que lhe é fornecido como alimento espiritual pelos grandes meios de manipulação ao serviço dos poderes de facto, as grandes corporações e os seus clubes. É um ser acrítico e banal. É neste produto devidamente embalado que os políticos moderados propõem transformar os seus eleitores, os seus clientes, em troca de umas promessas de prosperidade quanto baste. O moderado passa a mensagem de que não há alternativa à sujeição, ao destino para garantir a segurança dos eleitores. Prega a imobilidade como a melhor escolha para a salvação. Defende a especulação bancária como o motor da sociedade e do progresso. E exige ética aos outros.

A natureza apresenta vários resultados da moderação, um dos mais conhecidos é o das trilobites, que se extinguiram porque não se movimentaram, não reagiram à mudança da temperatura das águas e fossilizaram. Na Europa, no Ocidente, os políticos moderados condenaram Galileu e Nicolau Copérnico pela heresia de terem afirmado que era a Terra que circulava à volta do Sol. Os moderados defendiam o geocentrismo, uma doutrina com milénios de aceitação. E os moderados também condenaram a teoria da evolução das espécies de Darwin. Na política, ao longo dos séculos e no Ocidente, os moderados defenderam o poder divino dos monarcas, as monarquias absolutas e a hierarquização dos seres humanos em classes e ordens, e os privilégios resultantes do nascimento como naturais. Sempre houve senhores e servos, patrões e empregados, ricos e pobres. A moderação política é um misto de resignação e de imobilismo. Violar esta moderação é colocar em causa a ordem que defendem, de seres superiores e inferiores, de desprezo instintivo por tudo o que lhe parece inferior. Os moderados pretendem a imposição da verdade das massas. A política do moderado é a “política venal.”

A política venal é a que resulta da “venda” de propostas que legitimam o exercício do poder com uma sucessão infinita de regras — o que conduz ao domínio da política pelo aparelho judicial que, na melhor hipótese, aplica as regras/leis de modo mecânico e, no pior, castra a capacidade da política se antecipar a crises e agir no terreno ainda não normalizado. Os moderados retiraram a visão do futuro da área da ação política, reduziram a política à administração de regras, os políticos ao funcionalismo, os povos a utentes e clientes de serviços. Para os moderados o progresso é a alienação através de vários meios, mais importante dos quais é o infoentretenimento, a informação apresentada enquanto espetáculo com um guião e intermezzos com cómicos adaptados das stand up comedies, a cargo de comentadores convidados. Comediantes.

A moderação é sempre apresentada como uma virtude, já na Bíblia a temperança é uma atitude recomendável, mesmo quando parece ser de contestação. Os movimentos populistas e neofascistas que surgem com a bandeira de regeneração e de transformação são na realidade proponentes da restauração de uma velha ordem e não uma nova ordem O nazismo é o caso mais conhecido. Os moderados europeus, em particular as duas grandes potências vencedoras da Grande Guerra, a Inglaterra e a França relacionaram-se com a Alemanha de Hitler através de políticos e políticas moderadas. E foram também os moderados que impuseram a moderação nas relações com os franquistas antes de durante a Guerra Civil. A relação natural dos moderados é como acompanhamento de radicais reacionários!

Os moderados das sociedades ocidentais consideram-se modernos porque entendem que já foi atingido um ponto de equilíbrio nas relações de poder e de direitos do homem. O Fim da História, de Fukuyama, é um manifesto dos moderados. Pelo seu lado, os movimentos restauracionistas agora em expansão no Ocidente, dos Estados Unidos à Austria e à Alemanha, defendem que se ultrapassou a ordem natural, a ordem da superioridade de umas raças sobre outras — por isso são racistas; — defendem a ordem da superioridade natural de uns grupos sociais sobre outros — por isso são elitistas e promovem os governos de ditadura — e entendem que o papel do Estado é impor a Ordem e não a de prestar serviços aos cidadãos — por isso são a favor do reforço de verbas para a “segurança” e a retirada de recursos aos apoios sociais públicos, desde as pensões de reforma ao serviço público de saúde. A conjugação destas duas ideologias, a dos moderados, que entendem já ter sido atingido o máximo de contratualização política e social desejável e a dos restauracionistas, tem como consequência a facilidade com que estabelecem alianças para o exercício do poder: no caso português a questão do PSD é a da aliança com o Chega, que está a ser normalizado e em experiências nos Açores; o mesmo acontece em Espanha entre o PP e o VOX e pela Europa.

Entre os moderados, vindos na sua maioria das sociais-democracias e das democracias cristãs, a ideia base é que com estas duas ideologias se esgotou a “modernidade” iniciada com a Revolução Francesa e com as guerras entre absolutistas e liberais. O pós modernismo dos movimentos radicais a propósito da revisionismo histórico, do acientifismo radical sobre o ambiente, as lutas sobre o género, entre outras, são, na realidade fugas reacionárias contra a mudança indispensável à adaptação das sociedades ocidentais às novas realidades do aparecimento de novos poderes no planeta (os Brics), da necessidade de gestão e partilha de recursos limitados, de novas bases de relacionamento entre civilizações.

O moderado não se quer interveniente nos riscos desta disputa, tal como não esteve interessado na ascensão dos movimentos nazis e fascistas da primeira metade do século XX, nem nos desafios colocados pelo final da Segunda Guerra Mundial, com a divisão do mundo em áreas de influência das superpotências, o desenvolvimento do movimento descolonizador e do sionismo, da implosão da URSS e da necessidade de intervir na substituição do comunismo por uma alternativa viável em termos de justiça social e de partilha de poderes. Os moderados ausentaram-se deste tempo de mudança e estiveram sempre ao lado dos poderes que talharam o mundo, como fiadores sensatos de decisões que contrariavam o senso e o futuro, mas proporcionavam lucros imediatos. Os moderados europeus aceitaram a nova ordem que os colocou de fora das transformações no seu espaço de influência histórico: o Médio Oriente, a Ásia Central e a margem sul do Mediterrâneo.

Os moderados de hoje são os que seguem a tradição de sacristãos dos oficiantes quando apoiam os Estados Unidos na guerra contra a Rússia e a China, e também quando apoiaram os Estados Unidos nas várias guerras no Médio Oriente e na Ásia, Iraque Afeganistão, Siria, Irão, Libano, Egito, Israel. Blair, Aznar, Barroso, Zapatero, Passos Coelho, Mario Draghi, Hollande, Lagarde, Cameron, são exemplos de grandes moderados. Foram os moderados que destruíram a única real mudança na Europa do pós-guerra, a criação da União Europeia com autonomia política e financeira. Os radicais neoliberais ingleses Tatcher e Blair fizeram o trabalho encomendado pelos EUA, os europeus moderados aliaram-se a eles. O resultado da moderação europeia é o que temos: uma União Europeia como estado vassalo dos EUA.

O moderado é um errante politico, um pedaço de cortiça que vai ao ritmo do tempo e é amoral. Para o moderado a liberdade e a justiça dependem da circunstância e da análise que fazem de como o bem e o mal são tidos em conta pela sociedade num dado tempo e deitam contas às vantagens que podem obter situando-se num lado ou noutro.

Resta uma tentativa de justificação para o êxito do político moderado: o seu êxito radica nas suas limitações, de a sua existência se processar entre águas, de ter a vantagem das metamorfoses dos anfíbios, dos sapos e das rãs, de uma vez larva, de outras vezes girino, de outras um produto que respira através de pulmões e coaxa. O êxito do moderado advém da sua adaptabilidade e elasticidade de princípios, de ser programaticamente impotente, mas útil como caucionador de radicais políticas reacionárias. A sua força reside em não se bater por única ideia, mas as credibilizar, porque é um moderado! Vamos vê-los a abençoar vários radicais restauracionistas, vigaristas e vendedores de promessas de pechisbeque.

Vamos ver e ouvir nos ecrãs de televisão muitos comentadores radicais a abençoar e promover moderados nos partidos adversários e a acusar de radicais aqueles que propõem medidas de simples bom senso, mas que não geram acumulação de riqueza e privilégios nos velhos senhores. O moderado é o neoliberal que serve de bagageiro ao radical fascista e lhe vende a banha de cobra sem assustar a clientela."

Da série "Grandes Títulos da Imprensa"

Apesar da solidão não ser só um problema dos velhos. 

Adoecer é cada vez mais um risco....

"Sobe para 36 o número de hospitais com urgências limitadas na próxima semana.

Entre os dias 19 e 25 deste mês, dos 80 pontos de urgência que existem no país, quase metade vai ter constrangimentos. Segundo a deliberação da Direcção Executiva do SNS (DE-SNS), divulgada nesta sexta-feira, são 37 os serviços de urgência – um deles num centro de saúde – que apresentarão limitações em diversas especialidades, entre as quais ginecologia/obstetrícia, pediatria, cirurgia geral, mas também na resposta de algumas Vias Verdes."
A Figueira não é excepção, como a notícia plasmada no Diário as Beiras dá conta.

PS Figueira: as coisas, apesar de uma aparência de normalidade, parecem não serem fáceis de gerir... (2)

Entre outras considerações, Glória Pinto (vereadora PS) disse que vê em Diana Rodrigues "mais um pivô entre a comunicação da câmara e os vereadores do PS do que líder” da vereação socialista. 
Reagindo às declarações da vereadora Glória Pinto, publicadas ontem no DIÁRIO AS BEIRAS, a Concelhia da Figueira da Foz do PS, em nota de imprensa, manifesta “apoio e total confiança política na direção da vereação do PS”, liderada por Diana Rodrigues. 
Na nota de imprensa que publicamos na íntegra, "a Concelhia do PS da Figueira da Foz, manifesta o completo e inequívoco repúdio pelo teor das declarações da vereadora Glória Pinto, que só se compreendem num quadro de tentativa de denegrir a imagem do PS, contrárias à ética partidária e às necessidades de coesão que a governabilidade do projeto municipal exigem".

"O Partido Socialista da Figueira da Foz vem publicamente manifestar apoio e total confiança política na direção da Vereação do PS, na Câmara Municipal da Figueira da Foz, na vereadora Diana Rodrigues.
Diana Rodrigues é a Vereadora politicamente mais bem preparada para esta função. Sabe diferenciar os poderes do Executivo e da Assembleia Municipal, estuda todos os "dossiers" e é a artífice de todo o dialogo institucional e a discussão interna entre os eleitos locais das Freguesias, Assembleia Municipal e Vereação.
Todas as decisões e posições da vereação do Partido Socialista são discutidas e articuladas entre todos os vereadores e a direção política. O PS é um partido plural, onde todas as diferenças de opinião são livres, e as suas posições são sempre tomadas por deliberação da maioria.
Lamentamos e vimos manifestar o completo e inequívoco repúdio pelo teor das declarações da Vereadora Glória Pinto na entrevista ao diário "As Beiras", de hoje, que só se compreendem num quadro de tentativa de denegrir a imagem do Partido Socialista, contrárias à ética partidária e às necessidades de coesão que a governabilidade do projeto municipal exigem.
O Partido Socialista não vai colaborar nesse desiderato e os figueirenses, contam com o PS para um trabalho de oposição transparente, rigoroso, participado e aberto a todos, tendo como base o seu programa e os princípios do nosso partido.
A Política não pode ser um exercício leviano, mas sim uma nobre, consistente e ponderada intervenção pautada por elevação cívica e reitera a sua total confiança no trabalho, coragem e empenho demonstrado - e amplamente reconhecido pelos Figueirenses - pela Vereadora Diana Rodrigues."

Abençoadas eleições....

No fundo vai ser isto.
Convém, talvez, é esperar sentados... 
Ou se preferirem em inglês: "don’t hold your breath"...
"O PSD vai resolver o problema dos professores e da escola pública quando se alçar ao poder;
O PSD vai resolver o problema dos médicos e do Serviço Nacional de Saúde quando se alçar ao poder, e o militante Jorge Roque da Cunha,  e dirigente sindical vitalício, vai deixar de convocar greves na tradição de que quando o partido em que milita é Governo a coisa é para deixar andar;
O PSD vai resolver o problema de toda t-o-d-a a administração pública quando se alçar ao poder; o PSD vai aumentar as pensões abaixo do salário mínimo quando se alçar ao poder; o PSD vai resolver o problema das forças de segurança quando se alçar ao poder;
O PSD vai fazer isto tudo e ainda baixar os impostos e fazer tudo aquilo que sempre disse que não fazia quando foi Governo e de caminho diminuir a dívida pública e manter as contas certas.
O problema é que ninguém, dos professores ao médicos passando pelos polícias e enfermeiros e forças armadas e administração pública em geral quer esperar sentada pela chegada do PSD ao poder para lhes resolver os problemas e quer a coisa já para ontem, ainda com os socialistas mesmo com o Governo demissionário. Se calhar por haver uma diferença entre fé e fezada."

Aquisição do Cabo Mondego pela Câmara da Figueira da Foz novamente adiada

Via Notícias de Coimbra

«A falta de respostas a questões contratuais levou hoje o município da Figueira da Foz a adiar, mais uma vez, a aquisição do cabo Mondego, cujo negócio está acertado por 2,1 milhões de euros.

“Enviámos uma alteração para a advogada dos vendedores relacionada com as cláusulas do contrato, que ainda não respondeu”, justificou aos jornalistas o presidente da autarquia, Pedro Santana Lopes, no final da sessão de Câmara de hoje.

Salientando que se mantém o interesse do município na aquisição, o autarca eleito pelo movimento “Figueira a Primeira” disse que falta acertar com a promitente vendedora o prazo “findo o qual as questões que estão por regularizar têm de estar prontas”.

“Propusemos seis meses, que pode ser prorrogado por mais seis, se houver acordo das duas partes. A partir daí pode haver a obrigação de efetuar escritura ou de indemnização de quem estiver em falta”, explicou.

Depois de vários meses “adormecido”, o assunto voltou no início do mês à ordem de trabalhos da autarquia, que tinha adiado [novamente] a decisão para hoje, depois do presidente da Câmara ter aceitado que o contrato de compra e venda inclua um prazo para o negócio se efetivar, já que a promitente vendedora ainda tem de regularizar o registo dos bens imóveis, depois dos reparos do PS.

O município da Figueira da Foz tem desde 2022 um acordo para a aquisição de 76 hectares no Cabo Mondego, por 2,1 milhões de euros, que inclui antigas instalações fabris, uma pedreira e terrenos.

O negócio já esteve várias vezes agendado, mas como o executivo de Santana Lopes era minoritário nunca chegou a ser votado devido a várias dúvidas levantadas pela oposição, que estava em maioria.

No início de junho, o antigo primeiro-ministro garantiu maioria no executivo com um acordo com PSD nacional e Ricardo Silva, único vereador social-democrata na Câmara da Figueira da Foz.

Na última sessão, no dia 3 de novembro, os vereadores da oposição (PS) manifestaram-se a favor da compra e afastaram qualquer responsabilidade no atraso do processo de aquisição, salientando que pretendem votar “em consciência e com certezas”.»

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

A nossa crise política explicada às crianças

É nossa obrigação ajudar as crianças e os adolescentes que temos lá em casa a entender as crises políticas. Até porque a convicção de que os políticos são todos uns vigaristas é o slogan dos populistas que mais contribui para desacreditar o bem mais preciosa que temos - a democracia. Vamos lá explicar-lhes o que é a presunção da inocência, a importância da prova, e porque é que a justiça dos tribunais é mais lenta do que aquela que é feita à mesa do café e nalguma comunicação social."

Desventuras do jornalismo

Os directos uma arma agressiva do jornalismo televisivo

António Guerreiro no Público

«João Galamba, a mulher e os filhos tiveram de avançar a custo por entre milícias de repórteres. O que sentiram naquele momento aquelas crianças?» (...)

«Mas sob esta forma de violência, há outra que é invisível. Refiro-me à violência exercida sobre os jornalistas, os repórteres que ficam com um microfone na mão, durante horas, à espera de um acontecimento que, mesmo que aconteça, não é acontecimento nenhum, à espera de que um gesto ou uma palavra insignificantes se transformem em notícia igualmente insignificante.

Estes “proletários” do jornalismo têm com certeza consciência da sua condição profissional e do trabalho sujo ou pelo menos inócuo a que estão obrigados. Por isso, devemos pensar que abominam esse trabalho e que o sentem como uma corveia ou mesmo como uma coisa indigna. Os que assim não pensam nem sentem, os que se atropelam sem reserva à porta da casa do ministro, quando este tenta entrar com a mulher e as crianças, são desprovidos da faculdade mais indispensável à sua profissão: o espírito crítico. Em contraste com esta forçada proletarização (que é uma característica fundamental de todo o campo do jornalismo, não apenas o da televisão), está a condição privilegiada da classe do editorialismo, que tem uma função de entretenimento e goza da prerrogativa da autonomia. Esta classe que administra lições contra o populismo é a maior aliada do tecnopopulismo que prospera mais do que nunca nos momentos de crise política».

"O parágrafo assassino"...

 

Em devido tempo foi afixado, para mais tarde ser recordado.
Certamente que algum dia iremos saber o que aconteceu no palácio de Belém no dia 7 de Novembro de 2023,  entre as dez e meia da manhã, hora da saída de António Costa, e o meio-dia e vinte, hora da saída de Lucília Gago, 50 minutos depois de ter entrado para falar com Marcelo.
Entretanto, vão-se sabendo algumas coisas avulsas.

Continua em curso o processo de "normalização" do Chega...

Como se pode ler no Expresso  "duas ‘bombas atómicas’ (dissoluções do Parlamento) em apenas dois anos não garantem ao Presidente da República que a alternância política funcione e que o Partido Socialista não continue a governar. Apesar de a maioria absoluta de António Costa ter sido decapitada após um terramoto judicial que abalou o coração do Governo, a convicção de Marcelo Rebelo de Sousa é que sem uma coligação pré-eleitoral que junte PSD, IL e CDS, é incerto que a alternância se cumpra. A enorme fragmentação deste lado da barricada, o Chega a ultrapassar os 15% em sondagens e um caldo de degradação institucional que é vitamina para os mais radicais, levam o Presidente a não dar nada como certo. A não ser que, ganhe quem ganhar, serão pouco prováveis soluções estáveis, quer à direita quer à esquerda."

Como escrevi esta manhã no facebook, "vivemos num País assustador.
Tivemos fake news, mandadas cirurgicamente para a comunicação social, propaladas e aumentadas pelos comentadores, o Rocha e o Ventura com presença quase constante nos écrans a gritar histericamente e a exigir demissões sobre demisssões, pois segundo eles tudo era expectável, a esquerda não passa de uma cambada...
Afinal, depois de dezenas de polícias terem invadido a casa de pessoas, esmiuçarem as gavetas, prendê-las, aparecerem na opinião pública pormenores ridículos e desnecessários (o caso do haxixe em casa de Galamba é anedótico), até agora, o que sobrou, foi o derrube de um governo de maioria absoluta.
Acham isto normal?
Eu não.
E, sim, também não gosto desta governação de maioria absoluta PS, como não gosto do Costa, do Galamba, do Cordeiro, da Mariana, da Abrunhosa, etc.
Mas, isso é outro departamento...
E, neste momento, o animal que há em mim, está exaurido."

Vamos sair disto pior do que entrámos. E não entrámos bem...

PS Figueira: as coisas, apesar de uma aparência de normalidade, parecem não serem fáceis de gerir...

 Via Diário as Beiras

Cabo Mondego....

 

Imagem via Diário as Beiras

Ordem de Trabalhos para a reunião de hoje: aqui.

Link para assistir à reunião de Câmara ON-Line

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

"A draga custa cerca de 15 milhões de euros"...

 Via Diário as Beiras

“Portugal é um país onde as desigualdades estão a crescer de uma forma muito rápida”

Eugénio Rosa, Economista

O GANHO MÉDIO ANUAL EM PORTUGAL ESTÁ MUITO ABAIXO DO GANHO MÉDIO NA U.E. E NA ZONA EURO E DE MUITOS PAÍSES EUROPEUS. COM O PASSAR DOS ANOS A SITUAÇÃO NO LUGAR DE CONVERGIR TEM DIVERGIDO AINDA MAIS.

"Portugal é um país onde as desigualdades estão a crescer de uma forma muito rápida causando um aumento enorme da pobreza, o empobrecimento da classe média, e o enriquecimento crescente de uma minoria. Estas desigualdades são ainda agravadas pela degradação crescente do SNS e da Escola Pública que são dois instrumentos fundamentais no combate às desigualdades. Apesar dos enormes(auto) elogios à politica das “contas certas”, o governo do PS/Costa deixa um país com uma economia frágil a caminho da recessão (-0,2% no 3ºT.2023), com uma taxa de investimento, nomeadamente publico, muito baixa e inferior à média da U.E., com uma Administração Pública degradada e sem meios, e incapaz de responder aos desafios que o país enfrenta; um país de baixos salários e de baixos custos de mão de obra muito inferiores à média dos países da U.E., Portugal um país baseado em atividades de baixa produtividade."

Tanto anti-sistema também já chateava...

Todos sabemos de onde vem André Ventura.
Nasceu para a política no PSD. Depois, fundou um partido com quadros vindos do CDS. Tem, entre os principais doadores, membros das famílias Mello e Champalimaud. Reúne-se em hotéis de luxo com milionários. Agora, a julgar por aquilo que é noticiado pelo Expresso, a cereja em cima do bolo: vai renovar o Parlamento com quadros vindos do PS e do PSD.
O líder do Chega afirmou em conferência de imprensa na sede do partido que estava pronto para governar o país, mesmo que, para isso, ele próprio ficasse de fora do Executivo por exigência do Presidente da República.
Questionado sobre se teria quadros para preencher tantos assentos parlamentares, o líder do Chega garantiu que sim: tem “muitos” que vieram do CDS, garantiu, e uma maioria que chega ao partido vinda do PSD e do PS – “os que governaram este país nos últimos 50 anos”, lembrou, desta vez como argumento para atestar a competência da governação.
Foto Paulo Novais
A terminar, mais uma dose de "anti-sistema". Não lhe cabe “defender” o Ministério Público, mas a acabou a sublinhar que “esteve bem a dizer que há um inquérito”. Entre críticas à “imoralidade” do processo Marquês e acusações a António Costa por ter “posto em causa o trabalho da justiça e da polícia” com a declaração em São Bento, Ventura garantiu que não tem preferência pelo seu opositor socialista. Mas se for Pedro Nuno Santos, avisa, garante que vai continuar a lembrar que “ele é tão responsável quanto António Costa pelo estado a que o país chegou.”

A situação no médio oriente tem mais cenários...

“A situação no Médio Oriente: Possíveis cenários”, foi o tema da sessão deste mês dos Encontros da Claridade.

Como habitualmente, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, foi o anfitrião e moderador. "O leque de palestrantes - Diana Soller; Luís Tomé e Paulo Sande - foi composto por oradores cuja formação/ experiência profissional se reflete em torno da vertente política internacional."

Na edição de hoje do Diário as Beiras, pode ler-se que «Luís Tomé frisou que “Israel é imparável”. Nem os Estados Unidos conseguem convencer o Governo israelita a parar a guerra enquanto não destruir a capacidade militar e política do Hamas.»

Por sua vez, a investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais, Diana Soller, proferiu esta afirmação: “Israel está disponível para perder alguns reféns”

Acerca da duração do conflito, Paulo Sande, o outro participante na sessão, sustentou que “pode acabar com uma vitória rápida de Israel”.


Como sabemos, a violência gera violência.

Citando o escritor Eduardo Galeano (1940-2015), num artigo dedicado aos seus amigos judeus, assassinados pelas ditaduras militares latino-americanas que Israel assessorou: "Quem deu a Israel o direito de negar todos os direitos?"

"Para se justificar, o terrorismo de Estado Israel fabrica terroristas: semeia ódio e colhe álibis. Tudo indica que essa carnificina de Gaza, que, segundo os seus autores, pretende acabar com os terroristas, logrará multiplicá-los. Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, as suas terras, a sua água, a sua liberdade, o seu tudo. Nem sequer têm direito de eleger seus governantes. Quando votam em quem não se deve votar, são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma ratoeira sem saída desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições de 2006. Algo parecido ocorreu em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições em El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem. São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com nenhuma pontaria sobre as terras que haviam sido palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E, ao desespero, ao ponto mesmo da loucura suicida, é a mãe de todas as bravatas a que nega o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto as muito eficazes guerras de extermínio estão negando, há anos, o direito de existência da Palestina. Já resta pouca Palestina. Israel a está apagando do mapa.

Os colonos invadem e, atrás deles, os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam o despojo, em legítima defesa. Não há guerra agressiva que não diga ser uma guerra defensiva. Hitler invadiu a Polónia para evitar que a Polónia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel traga outro pedaço da Palestina e os almoços seguem. O devoramento justifica-se pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu e pelo pânico que geram os palestinos que observam.

Israel é um país que jamais cumpre as recomendações e as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que zomba das leis internacionais. É também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros. Quem lhes deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com a qual Israel está executando a matança de Gaza? 

O exército israelense, o mais moderno e sofisticado do mundo, sabe quem mata. Não mata por erro. Mata para causar horror. Às vítimas civis, chamam de danos colaterais, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez danos colaterais, três são crianças. E somam-se aos milhares os multilados, vítimas da tecnologia de despedaçamento humano que a indústria militar está ensaiando exitosamente nesta operação de limpeza étnica.

A chamada comunidade internacional existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e belicistas? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos se atribuem quando fazem teatro? Ante a tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial vem à luz uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.

Ante a tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E, como sempre, os países europeus esfregam as mãos.

A velha Europa, tão capaz de beleza como de perversidade, derrama uma ou outra lágrima enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caça aos judeus sempre foi um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinos, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antissemitas. Eles estão pagando, com sangue, uma conta alheia. Merecem."