Via Diário as Beiras
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«[Esta] é uma maioria que nasce já com o desgaste de seis anos de governo (...) numa legislatura um pouco patológica.»
«Foi um ano praticamente perdido.»
«Estamos a gerir o dia-a-dia e a olhar para o curto prazo e não para o médio prazo.»
«Isto [trapalhadas em série na TAP] marcou o Governo. É como a TAC, que cria radiações irreversíveis no corpo. É uma ilusão pensar que não deixa efeitos políticos.»
«Temos um PRR que, na minha visão, está atrasado.»
«É preciso corrigir as desigualdades entre professores.»
«É preciso uma reconstituição sistémica do Serviço Nacional de Saúde, que tem de ser repensado rapidamente.»
«Dar sete dias para discutir um diploma sobre habitação depois de sete anos de espera é uma coisa do outro mundo.»
«Já se percebeu que os municípios não têm capacidade para descobrir as casas devolutas.»
«A pior coisa que podia haver era votar leis a correr no Parlamento, numa matéria desta natureza e com esta incidência no futuro.»
«O Governo tem de ter a noção que vai ser, daqui até ao fim das suas funções, alvo de um escrutínio rigorosíssimo neste tipo de questões, na escolha do pessoal político. E bem. E que há, naturalmente, personalidades cimeiras: a seguir ao primeiro-ministro, o ministro das Finanças é porventura o ministro mais importante do Governo neste momento. Portanto, vai haver obviamente uma concentração de foco sobre ele.»
«Mantenho esse princípio de manter a legislatura até ao fim, mas não peçam para renunciar ao poder de dissolver [a Assembleia da República].»
«O Presidente da República, até ao dia 9 de Setembro de 2025, tem o poder de dissolução.»
"A ilegalidade, confirmada por uma perícia da Inspeção-Geral das Finanças, do pagamento de uma indemnização de 500 mil euros pela saída da administradora Alexandra Reis da TAP está a servir para alguns partidos e vários comentadores sentenciarem a incapacidade do Estado para gerir a companhia de aviação e reivindicarem a sua privatização total.
O pressuposto dessa argumentação é que, com uma governação privada, este tipo de problemas não aconteceria na TAP ou, se acontecesse, afetava apenas os investidores privados, não os contribuintes.
Bem, a história da TAP prova exatamente o contrário.
A TAP foi privatizada pelo governo de 19 dias de Passos Coelho, em junho 2015. David Neeleman e Humberto Pedrosa ficaram com 61% do capital da empresa e liberdade para a gerirem, pagando, diz-se, 270 milhões de euros. O Estado ficou com 34%, os trabalhadores com 5%.
Suspeita-se, porém, que na prática quem pagou o aumento de capital com que os privados entraram na TAP foi a própria TAP, através de um negócio de compra de aviões da Airbus cuja arquitetura financeira "criou" uma circulação de dinheiro que está a ser investigada pelo Ministério Público.
Essa investigação só está a ocorrer porque, quando em 2021 o Estado voltou a controlar a gestão da empresa, foi feita uma auditoria a esses contratos. Antes a empresa privada TAP mantinha tudo sob segredo e nada se sabia.
Ou seja, a privatização, a confirmarem-se estes factos, terá, na prática, sido paga pelo contribuinte.
Quando o governo de Passos Coelho caiu, António Costa negociou com os acionistas privados da TAP novas posições na empresa: em junho de 2017 o Estado ficaria com 50% da empresa e os privados com 45%. Mesmo assim David Neeleman e Humberto Pedrosa manteriam o controlo, livre, da gestão da empresa. O governo pagou aos privados para concretizar esta alteração mais de 2 milhões de euros.
Ou seja, apesar dos contribuintes passarem a ter metade da empresa, não a controlavam e anda pagaram "mais uns trocos" por isso.
Os privados continuaram a governar a TAP. Começaram a acumular prejuízos e, em vez de os suportarem do seu bolso, viraram-se para o Estado e pediram financiamento.
A 10 de junho de 2020 a Comissão Europeia, argumentando que esses prejuízos em 2018 e 2019 já eram superiores a 220 milhões de euros (em 2020, com a pandemia, o Grupo TAP contaria 1 418 milhões de prejuízo) exigiu uma reestruturação da empresa (leia-se despedimentos e redução de atividade) para autorizar o governo português a emprestar à companhia aérea mil e 200 milhões de euros.
Ou seja, a gestão privada da TAP não livrou os contribuintes de despesas. O país, pelo meio, ficou com uma companhia aérea mais pequena e o Estado com os custos sociais criados pelos despedimentos.
A 30 de junho de 2020, com o tráfego aéreo paralisado por causa da covid-19 e o acionista privado indisponível para capitalizar a empresa (apesar de ter recebido o empréstimo de mil e 200 milhões), o governo, para salvar a companhia, decidiu, resgatá-la.
Em julho de 2020, o Estado chegou a acordo com David Neeleman para ficar com a sua posição, pagando 55 milhões de euros. A TAP passou a ser 72,5% pública e o Estado começou a governá-la - curiosamente obtendo, posteriormente, resultados positivos, ao contrário do que conseguiram os privados.
Em 21 de dezembro de 2021 o Estado fez um aumento de capital na TAP SA e passou a controlar a totalidade da empresa. Os mil e 200 milhões emprestados em 2020 foram convertidos em capital, e 536 milhões, entretanto emprestados em 2021, também.
O contribuinte voltou a pagar, é verdade, mas a partir daqui ocorreu uma grande diferença em relação aos seis anos de gestão privada e que o caso Alexandra Reis veio comprovar: é que a boa ou má gestão da empresa passou a poder estar sujeita a avaliação pública, a ser analisada, debatida e criticada pela comunicação social, pelo Parlamento e, até, pelos tribunais.
Cada ato duvidoso na gestão pública da TAP passou a ser escrutinado, mesmo com um governo de maioria absoluta - quando a gestão pública corre mal o contribuinte é que paga, é verdade, mas fica-se a saber como tudo aconteceu, quem foram os responsáveis e eles, como se vê no caso de Alexandra Reis, também pagam por isso.
Cada ato duvidoso da gestão privada da TAP, como a história comprova, é escondido, disfarçado, diluído numa opacidade financeira a que se chama "segredo empresarial" - e, quando corre mal, os privados saem, sem o devido exame público à sua atuação e o contribuinte paga esses erros sem saber porquê.
Privatizar uma empresa de serviço público implica impedir que o público, o contribuinte, a possa fiscalizar - mas não impede que o mesmo contribuinte pague os desmandos da gestão privada. A história da TAP comprova-o."
... "bispo de Beja sugere que padres suspeitos possam ser perdoados"...
Para comemorar o Dia, o Grupo Unitário de Mulheres da Figueira da Foz promove a projeção de um filme – “A costa dos murmúrios”, de Margarida Cardoso, no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz, pelas 21H15 –, seguindo-se um debate.
“A costa dos murmúrios” é uma adaptação do romance homónimo de Lídia Jorge, que aborda um momento ainda doloroso e com muitas feridas abertas da História de Portugal.
Filmado entre Lisboa e Maputo, "A Costa dos Murmúrios" não é um filme de guerra, mas uma alegoria ao amor e à redenção. Também é um retrato autêntico da sociedade portuguesa dos anos 60 com a predominância tácita do machismo e os primeiros passos em direção à libertação das mulheres.