domingo, 13 de novembro de 2022

Conferência Nacional do PCP

 Intervenção de Paulo Raimundo

"As questões a que é preciso responder abrangem toda a vida." 

Marcelo...

Nos idos de sessenta, época em que andei na Escola Bernardino Machado, disse a muitos "valentões", os que já lá andavam há muitos anos, por terem vários chumbos no currículo, “mete-te com os do teu tamanho!”
Por causa do meu sentimentalismo, que me leva a optar pelo lado do mais fraco, dei e levei uma belas murraças. 

Lembrei-me disto quando, recentemente, assisti – como todo o país – à ameaça pública de Marcelo Rebelo de Sousa, dirigida à Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, durante um evento oficial – na inauguração dos novos Paços do Concelho da Trofa.
Sentindo-se astro no "laranjal", na presença de Luís Montenegro, o presidente Marcelo resolveu mostrar que no sangue ainda corre qualquer coisa de PSD.
Vai daí, resolveu dar um aperto ao Governo.
Desta vez, não fez o papel de amuado, como quando se queixou à comunicação social de que não foi atempadamente informado da composição deste Governo. 
A raposa politica Marcelo soube escolher o momento e a vítima. 
Teve oportunidades anteriores. Poderia ter feito igual ameaça a António Costa ou mesmo a Mariana Vieira da Silva. Contudo, sabe que uma coisa é ameaçar Costa ou Mariana, outra é ameaçar Ana Abrunhosa.
Meter-se com Mariana Vieira da Silva, seria meter-se com o PS. Meter-se com António Costa, seria meter-se com o PS. E que sem se mete com o PS: leva
Este, foi o momento: terreno e assistência a condizer.

Após isto, foi interessante ver a reacção da Direita portuguesa – da liberal até à facha -  feliz e contente por pensar que o presidente foi capaz de pôr estes socialistas na linha.
Não importa se a execução do PRR está sob a tutela de Mariana Vieira da Silva e não de Ana Abrunhosa. Ou se sobre a execução do Portugal 2020 há muito que Marcelo Rebelo de Sousa tem feito vista grossa. 
Nada disto interessa, porque a fome tolhe a razão. E a fome da Direita por um Marcelo justiceiro e castigador de socialistas, teve um pequeno “snack” que soube a banquete.
Marcelo vai ser sempre o mesmo: comentador político e desportivo até ao fim do seu mandato.

A Figueira, por vezes, é estranhamente ingrata...

"Não tem outro remédio, senão vir à Figueira quem quiser ver a mais linda praia de Portugal!” 
Esta frase foi escrita por  Ramalho Ortigão, em finais do século XIX. 
Este «SLOGAN», deste paladino da liberdade de pensamento, da discussão crítica e do estudo fundamentado dos problemas, serviu durante muitas décadas para propagandear a nossa cidade.
Porém, nunca o seu criador foi alvo de qualquer prova de reconhecimento por parte da Figueira e dos figueirenses.
Há coisas estranhas que acontecem na Figueira. Esta, parece-me uma delas.
Nada seria mais natural e mais merecido do que o reconhecimento dos figueirenses. Ramalho é um escritor de prestígio, observador perspicaz, cuidadoso e atento dos fenómenos do seu tempo. Coisas e gentes com interesse, não escaparam ao seu talento. Por isso, justamente, ficou na história da nossa literatura.
Não haver na Figueira um busto ou uma lápide numa esquina de uma rua, abona pouco, em matéria de gratidão, dos figueirenses de inúmeras gerações, perante uma figura cimeira da literatura portuguesa, que numa crónica escreveu sobre a nossa cidade, com o talento, o poder de observação e o espírito que caracterizou a sua obra.
Porém, para se ser grato, nunca é tarde...

sábado, 12 de novembro de 2022

Dias 16 e 17 trânsito vai estar condicionado na Ponte da Figueira

 Via Diário as Beiras

No próximo dia 15 APA vai falar sobre erosão costeira

 Diário as Beiras

Santana "sensível" aos problemas dos concessionários de praia

Via Diário as Beiras

 

A SEMANA DE 4 DIAS, A BAIXA PRODUTIVIDADE E OS BAIXOS SALÁRIOS CAUSADOS PELO REDUZIDO INVESTIMENTO, A FALTA DE EFICIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DEVIDO À FALTA DE INVESTIMENTO E DE TRABALHADORES


 Para ler, clicar aqui.

Homenagem e Evocação da Vida, Obra e Legado de Manuel Fernandes Thomaz

A Câmara Municipal da Figueira da Foz vai evocar a vida, a obra e o legado de Manuel Fernandes Thomaz no dia 19 deste mês, por ocasião do bicentenário da sua morte.

As raízes do moderno constitucionalismo português estão na Revolução Liberal de 1820 e na Constituição de 1822. Na recusa do absolutismo, o novo regime liberal inicia um período de desenvolvimento de direitos cívicos e liberdades políticas, continuado pela I República, ainda que de forma insuficiente e contraditória, mas claramente interrompido a partir de 1926 e só retomado, de forma democrática, em 25 de abril de 1974.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Figueira Champions Classic/Casino Figueira: “gostava de ter um evento destes pelo menos uma vez por mês”, disse Santana Lopes

Via Diário de Coimbra

"É de ciclismo «o maior evento desportivo de sempre na Figueira da Foz», agendado para 12 e 13 de fevereiro de 2023. «É um evento que tem tudo, pela sua dimensão e até pela fotogenia da Figueira da Foz, para ser um sucesso económico e mediático, com retorno para os patrocinadores e para a marca “Figueira da Foz”, para além do enorme impacto na economia local, ao longo de uma semana»."

Via Diário as Beiras

"Santana Lopes elogiou o papel desempenhado por Rui Ramos Lopes, o assessor que teve ideia da realização da prova de ciclismo, cuja equipa local da organização coordena. O autarca estendeu os elogios aos vereadores da oposição, por terem permitido que a proposta fosse aprovada por unanimidade."

Filiação no PS "nunca foi critério de recrutamento", diz gabinete de Mariana Vieira da Silva

«Em causa está a contratação de Tiago Cunha, recém-licenciado em Direito de 21 anos, filiado na juventude do Partido Socialista. Escolha foi baseada na "adequação do perfil do nomeado"

Manuel Fernandes Tomás: 200 anos depois da sua morte

Na Figueira, talvez mais do que em qualquer outra cidade, os génios são quase todos póstumos.
Jurisconsulto e político, Manuel Fernandes Tomás, n
asceu na Figueira da Foz, em 7 de agosto de 1770 (outras fontes indicam 30 de junho de 1771), e morreu em Lisboa, a 19 de novembro de 1822. 
É biografia recorrente aquela que acaba por concluir que, em vida, a excelsa pessoa nunca foi compreendida ou admirada. Manuel Fernandes Tomás foi preciso morrer na miséria e na amargura para, postumamente, lhe reconhecerem o devido valor.
Vivemos na Figueira, uma cidade em que, no ano de 2022, a realidade continua a não coincidir com a representação da realidade. Isto, não obstante a realidade da representação da realidade.
O que significa que, enquanto realidade, nos encontramos algures, menos na cidade chamada Figueira da Foz, onde em 31 de julho de 1771 nasceu Manuel Fernandes Tomás, e onde todos devíamos abertamente falar de liberdade...

Bacharel em Cânones pela Universidade de Coimbra, exerceu advocacia em Lisboa, entre 1791 e 1792. Nesse ano, foi nomeado síndico e procurador fiscal da Figueira da Foz, onde foi vereador entre 1795 e 1798. 

Ingressou na magistratura em 1801, como juiz de fora de Arganil, passando a exercer, em 1805, a superintendência das Alfândegas e Tabaco nas comarcas de Aveiro, Coimbra e Leiria. Em 1808, era provedor da comarca de Coimbra.

Durante as invasões francesas, prestou valiosa colaboração ao exército luso-britânico, sendo um dos membros da Junta do Governo da Figueira, ocupando, em 1810, o cargo de intendente dos mantimentos do quartel general.

Regressado à magistratura em 1811, em 1816 ocupou o cargo de juiz desembargador da Relação do Porto, cidade onde privou com Ferreira Borges e Silva Carvalho. Com estes e Ferreira Viana fundou, em 1818, o Sinédrio, de que é considerado o primeiro membro.

Integrou a Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, como vogal representante da magistratura, sendo de sua autoria o Manifesto da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino aos Portugueses.

Na Junta de Lisboa, foi deputado encarregado dos Negócios do Reino e da Fazenda, e depois administrador do Erário, tendo redigido o Relatório sobre o estado e administração do reino, durante o tempo da Junta Provisional do Supremo Governo do Reino.

Foi membro da Junta Provisional Preparatória das Cortes, para as quais foi eleito deputado pela Beira, e onde integrou a comissão que elaborou as bases da Constituição, a qual, por delegação das Cortes, apresentou ao rei. Nesse mandato, foi eleito vice-presidente e depois presidente da Câmara dos Deputados, lugar que ocupou até março de 1821.

Foi reeleito deputado em 1822, embora já não tenha tomado posse. Neste mesmo ano, colaborou com Joaquim Ferreira Moura na redação do periódico liberal O Independente.

Maçon, com o nome simbólico de Valério Publícola, pertenceu às lojas Fortaleza (1821) e Patriotismo (1821), de Lisboa, da qual foi Venerável.

Deixou publicado, como sua obra maior, o Repertório geral das leis extravagantes do Reino de Portugal, publicadas depois da Ordenações compreendendo também algumas anteriores que se acham em observância (Coimbra, Imprensa da Universidade, 1815).

Ficou conhecido como o “patriarca da liberdade portuguesa”.

Quase 200 anos depois da morte de Fernandes Tomás, figura cimeira do Constitucionalismo português, que levou à revolução de 24 de agosto de 1820, que transformou a  sociedade portuguesa e que teve uma grande influência também na Europa, não podemos esquecer que a ambição de implantar em Portugal um regime constitucional e representativo alimentou e esteve presente em toda  a acção de Fernandes Tomás, Ferreira Borges, Silva Carvalho e Ferreira Viana.

As raízes do moderno constitucionalismo português estão na Revolução Liberal de 1820 e na Constituição de 1822. Na recusa do absolutismo, o novo regime liberal inicia um período de desenvolvimento de direitos cívicos e liberdades políticas, continuado pela I República, ainda que de forma insuficiente e contraditória, mas claramente interrompido a partir de 1926 e só retomado, de forma democrática, em 25 de abril de 1974.

A divulgação pública dos ideais liberais, republicanos e democráticos, que estiveram presentes na actividade política de Fernandes Tomás é uma tarefa que compete ao exercício da cidadania. Em Novembro de 2022, a poucos dias da passagem dos 200 anos da sua morte, evocar aquele que é o filho mais notável da terra, Manuel Fernandes Tomás, é recordar um homem público que poucos poderão igualar. Oxalá que no país, e em especial na sua terra, nos tempos actuais, haja quem lhe siga as pisadas no amor à causa pública. Se formos capazes disso, honraremos não só a nossa cidade, como também o importante e extraordinário legado do figueirense Manuel Fernandes Tomás.

Quanto mais distantes estamos do passado, mais a memória colectiva tem tendência a ir desvanecendo. Como podemos salvaguardar, ou até mesmo fortalecer, a memória e «os últimos instantes de um homem grande, para que os presentes e os vindouros aprendam o modo heróico de afrontar a morte»Na "oração fúnebre", lida a 27 de novembro de 1822, em sessão extraordinária da Sociedade Literária Patriótica, Almeida Garret considera Fernandes Tomás "o patriarca da regeração portuguesa""E quem choramos nós: quem lamentam os portugueses? Um cidadão extremado; um homem único; um benemérito da Pátria, um libertador dum povo escravo".

Em 2022, a poucos dias da passagem de 200 anos da morte de Fernandes Tomás, "um homem que honrou a natureza e como cidadão a Pátria", qual o olhar dos jovens sobre "o libertador dos Portugueses, que salvou a Pátria e morreu pobre"?

quinta-feira, 10 de novembro de 2022