Crónica publicada na edição de Setembro de 2022 da Revista ÓBVIA
A novela da nomeação da nova administração do porto chegou ao fim: o vereador do PS Carlos Monteiro foi confirmado como elemento da nova administração dos portos da Figueira da Foz e Aveiro.Recorde-se: o nome do ex-presidente da autarquia figueirense para ocupar o cargo, foi sugerido pelo seu sucessor, o independente Santana Lopes, ao ministro Pedro Nuno Santos.
O conselho de administração será liderado por um professor universitário, Eduardo Feio.
Carlos Monteiro, até agora vereador sem funções executivas na Câmara Municipal da Figueira da Foz, autarquia que liderou entre 2019 e 2021, e Andreia Queirós, desde 2014 directora financeira e de desenvolvimento organizacional na Administração do Porto de Aveiro, completam a equipa que vai liderar a gestão dos portos de Aveiro e Figueira da Foz nos próximos tempos.
Cumpriu-se o desejo de Santana Lopes – e de outros políticos e agentes económicos locais – de ver na administração portuária um figueirense.
Para a Figueira e para Santana Lopes, a decisão do ministro das Infraestruturas e Habitação de nomear uma nova administração portuária, “é de uma importância política enorme”, já que poderá trazer “mais operacionalidade” nos contactos entre a autarquia e a nova administração do porto da Figueira da Foz.
Recorde-se, que tanto os portos de Aveiro como o da Figueira estavam sem administração, mantendo-se apenas em funções Isabel Moura Ramos, na qualidade de presidente em suplência.
Desde sempre que a Figueira anda à procura de uma solução para a barra.
Existe um estudo, com mais de 100 anos, sobre como melhorar o Porto da Figueira. Quem estiver interessado pode consultá-lo na Biblioteca Municipal, num dos jornais locais de 1914. Esse precioso e importante trabalho, refere a construção de um "paredão a partir do Cabo Mondego em direcção ao quadrante sul". Esse projecto, da autoria do Eng. Baldaque da Silva, para a construção da obra de um "Porto Oceânico", foi aprovado na Assembleia de Deputados para ser posto a concurso, o que nunca aconteceu, pois foi colocado numa gaveta.
Neste momento, como as coisas estão na enseada de Buarcos, já não deverá ser possível colocar ali o "Porto Oceânico", uma vez que as construções ocuparam os terrenos necessários ao acesso àquilo que seria um porto daquela envergadura. Porém, o estudo do Eng. Baldaque da Silva poderia servir de base para a construção de um paredão com cerca de 1 800 metros, que serviria para obstruir o acesso das areias à enseada de Buarcos, traria benefícios consideráveis: acabaria o depósito de areias na enseada, barra, rio e praia; ficaria protegida a zona do Cabo Mondego e Buarcos, evitando a erosão das praias da zona e os constantes prejuízos na ida Marginal; serviria de abrigo à própria barra, quando a ondulação predominasse de Oeste ou O/N.
O extenso areal urbano localizado entre o molhe norte e a vila piscatória de Buarcos tem 110 hectares (o equivalente a 154 relvados de futebol), o que significa que metade da cidade caberia na praia.
A quantidade de areia ali depositada nunca foi medida – a praia tem vários metros de altura a nascente e a sul, mas essa altura não é uniforme ao longo do areal – sabendo-se, apenas, que a distância da avenida ao mar ultrapassa os 800 metros no seu ponto mais largo e continua a aumentar.
Se o bypass passar da fase dos estudos e chegar a funcionar, haverá alguma possibilidade dos habitantes da margem sul do estuário do Mondego viverem com mais alguma tranquilidade e da praia da Claridade voltar a viver tempos mais positivos.
A a barra e o porto comercial continuam a ser uma enorme preocupação para os figueirenses e para os responsáveis autárquicos. Numa notícia publicada no Diário as Beiras, no passado dia 9 do corrente mês de Setembro, o presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Dr. Santana Lopes, dizia-se “muito preocupado” com a falta de interlocutores no porto no Porto Comercial da Figueira da Foz.
Santana Lopes lembrou que há investimentos anunciados que devem cumprir calendários. As dragagens de 100 mil metros cúbicos de areia, na barra e no canal de navegação, que serão injectados nas praias do sul do concelho afectadas pela erosão costeira, agendadas para o corrente mês, é um deles.
“A informação que tenho, [através] das conversas com a Administração Central e regional, é a de que não há interlocução. Neste momento, há um funcionário que está lá, mas a administração demitiu-se. Não sei pormenores, [mas] a administração vai ser substituída”, disse Santana Lopes aos jornalistas.
De acodo com a notícia do Diário as Beiras que temos vindo a citar, "há vários meses que a presidente do conselho de administração, Fátima Alves, informou a tutela que pretendia sair, o que acabou por acontecer recentemente."
Apesar de não querer criar problemas ao Governo, em 9 do corrente mês, era intenção do Dr. Santana Lopes falar com o ministro da tutela sobre as consequências da falta de administração portuária. “Não posso deixar de dizer, e vou transmitir, de novo, ao ministro Pedro Nuno Santos, as consequências que isto está a ter. Nomeadamente, a intervenção [dragagem de 100 mil metros cúbicos de areia] que está prevista para setembro”.
“Para nós, é incompreensível, e já chega de peripécias no Porto da Figueira da Foz e à volta do Porto da Figueira da Foz. Espero que a situação se resolva muito depressa”.
A nova administração já está nomeada. A vida prossegue. O porto comercial, desde sempre, foi fundamental para o desenvolvimento da Figueira. No futuro, também será assim. A composição da futura administração do Porto da Figueira da Foz, que já estava a demorar a ser conhecida, pode vir a clarificar muita coisa.
Em termos políticos, Carlos Monteiro, que é membro da nova administração dos portos de Aveiro e da Figueira desde o passado dia 19 , suspendeu o mandato de vereador, não devendo optar pela renúncia.
Contudo, segundo os elementos disponíveis no momento em que estou a escrever esta crónica (madrugada de 20), Carlos Monteiro, líder local do PS, manterá a sua recandidatura à liderança da Concelhia do PS.
Como sabemos, na corrida à presidência do Secretariado da Concelhia socialista figueirense, além do antigo presidente da Câmara da Figueira da Foz, está também a deputada à Assembleia da República Raquel Ferreira.
As eleições internas do PS realizam-se a 8 de outubro próximo.
Nota de rodapé.
Entretanto, no passado dia 8 do corrente mês de outubro, Raquel Ferreira venceu o antigo Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Carlos Monteiro, na corrida à liderança da Concelhia do Partido Socialista figueirense. Carlos Monteiro, que se recandidatava depois de ter perdido a autarquia para Pedro Santana Lopes, e ter recentemente pedido a suspensão do mandato de vereador para assumir o cargo de vogal do conselho de administração do Porto de Aveiro e Figueira da Foz, conquistou 45% dos votos em urna, enquanto Raquel Ferreira obteve os restantes 55%. Votaram cerca de 500 dos 730 militantes com capacidade eleitoral activa (quotas pagas).