segunda-feira, 30 de maio de 2022
Um pormenor delicioso, pelo ridículo, do tempo do salazarismo
Atenção ao preciosismo: não era uma licença por isqueiro, mas sim por utilizador.
Por exemplo, uma família de oito elementos que partilhasse um único isqueiro, para estar legal, precisaria de oito licenças! Para legitimar tal aberração foi publicado em Novembro de 1937, o Decreto-lei nº 28219, que estabelecia que qualquer cidadão, para poder utilizar isqueiros em público, tinha que possuir uma licença. Este documento tinha de ser passado por uma Repartição de Finanças.
Até ao 25 de Abril de 1974 era obrigatória essa licença anual de uso de isqueiros. Já nesse tempo, os governos tinham maneiras estranhas de sacar dinheiro ao pessoal. Mas o mais, digamos assim, interessante, é o que está escrito no próprio documento: o apelo à denúncia, premiando o acto com 15% do valor da multa!.. Para os que não têm memória, cá está, no seu melhor, a pureza do regime salazarista-caetanista: o incentivo à bufaria.
Será que o uso do isqueiro era subversivo?..
Claro que não: a licença para usar o isqueiro visava algo muito simples: era uma medida protecionista implementada pelo regime do Estado Novo, visando a proteção do monopólio da indústria fosforeira nacional face à importação de isqueiros e acendedores.
Como se dizia na minha juventude: "com as calças do meu pai também eu era um homem"!
Morreu Carlos Cidade, antigo sindicalista coordenador, político e vereador em Coimbra
Na altura em que, de forma acidental, tomei conhecimento da notícia, estava na cavaqueira com uma pessoa amiga numa esplanada. Fiquei, naturalmente, mais do que admirado, verdadeiramente chocado.
Depois do choque, fiz buscas na internet para tentar perceber o que tinha acontecido. Segundo o presidente da Federação Distrital de Coimbra do PS, Nuno Moita, também presidente da Câmara de Condeixa-a-Nova, «na sexta-feira, Carlos Manuel Dias Cidade foi internado numa unidade do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), tendo sido vitimado pela covid-19, com “outras complicações” de saúde associadas.»
No actual executivo municipal presidido por José Manuel Silva, eleito em 2021 pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS/NC/PPM/Aliança/RIR/VOLT), Carlos Cidade, antigo vice-presidente da Câmara, exercia a função de vereador sem pelouros atribuídos.
No anterior mandato autárquico (2017-2021), com o socialista Manuel Machado na presidência, ocupou o cargo de vice-presidente da Câmara Municipal.
Segundo a página do município na Internet, Carlos Cidade era membro da Comissão Nacional e da Comissão Política Distrital de Coimbra do PS, tendo ainda presidido em mandatos sucessivos à Comissão Política Concelhia.
Em dezembro, Carlos Cidade demitiu-se da liderança local do partido na sequência da escolha dos candidatos a deputados do PS por Coimbra às legislativas de janeiro, processo em que foi preterido e cuja lista seria encabeçada pela ministra da Saúde, Marta Temido, tal como nas eleições de 2019.
Carlos Cidade era licenciado em Direito pelo Instituto Superior Bissaya Barreto, de Coimbra.
Pós-graduado em Direito do Ordenamento do Território, Urbanismo e Ambiente pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, exercia a atividade profissional no Departamento Jurídico da Águas do Centro Litoral.
Entre outros cargos públicos, no plano autárquico, exerceu igualmente as funções de adjunto e de chefe de gabinete do então presidente da Câmara de Coimbra Manuel Machado, entre 1994 e 2002.
Antigo militante do PCP, do qual se afastou na década de 1990, Carlos Cidade exerceu também funções de dirigente sindical da CGTP, entre 1980 e 1993, tendo assumido a coordenação da União dos Sindicatos de Coimbra (USC) durante vários anos.
Carlos Cidade fez parte comigo de uma direcção do então Sindicato dos Empregados de Escritório de Coimbra, nos idos anos da década de 80 do século passado. Mantivemos o contacto durante vários anos. Depois, a vida afastou-nos.
A última vez em que nos cruzámos foi no Tribunal de Coimbra, já lá vão uns anos. Na altura, perguntei-lhe, em jeito de brincadeira, se faltava muito para a inauguração do Aeroporto Manuel Machado, ao que o Carlos Cidade respondeu "que já tinha faltado mais"...
E, assim, sem o saber, nos despedimos.
Para a família e amigos, aos seus companheiros e camaradas, fica o meu pesar pelo súbito falecimento do Carlos Cidade.
domingo, 29 de maio de 2022
"A vida continua. O tempo encarrega-se sempre de repor a verdade!" E agora PSD Figueira?
Via Paulo Pinto, Presidente da mesa do Plenário de secção...
Na foto (sacada daqui) Ricardo Silva, único vereador PSD na Figueira da Foz em 2022. |
sábado, 28 de maio de 2022
Quem eram os informadores da PIDE, onde estavam e porque delatavam?
Se o Milhazes vivesse na Figueira tinha coragem de dizer o que disse em directo na SIC?..
"Em horário nobre, perante a incredulidade de Clara de Sousa, mas mantendo uma expressão deliciosamente neutra, José Milhazes traduziu em direto o que milhares de jovens num concerto punk estavam a gritar.
Foi um momento extraordinário.
Por ter provado da forma menos subtil o quanto estamos formatados a uma comunicação sem rasgo.
Todos nós dizemos a mesma coisa.
Todos nós alinhamos os mesmos alinhamentos.
Todos nós escolhemos as mesmas palavras, a mesma retórica, a mesma estratégia de comunicação, o mesmo modo de chegar a quem nos lê, ouve ou vê.
O “caralho” dito por José Milhazes em direto na SIC foi, por tudo isso, um momento revelador.
E isso é importante que seja dito.
Também eu me ri muito.
Também eu revi o momento mais de dez vezes.
Também eu mostrei a amigos e aos filhos mais velhos.
Também eu partilhei.
Também eu vi os memes, os bordados de ponto cruz, as canecas, as t-shirts.
Também eu vi a inconfundível cara do Milhazes plasmada um pouco por todo o lado.
Foi como se uma panela de pressão tivesse esgotado a sua capacidade de aguentar mais. O país descomprimiu da guerra e da pressão de carregarmos todos os dias o mundo às costas, os portugueses respiraram fundo e abraçaram a autenticidade e a rutura com o que todos os dias nos entra por um ouvido e nos sai por outro.
Ouvimos, mas deixámos de ouvir.
Olhamos, mas não vemos.
Banalizámos as imagens.
Não tropeçamos no que nos dizem porque as palavras são uma música com uma batida igual todos os dias.
Foi um momento alto da carreira de José Milhazes por nos ter provado o que já sabíamos, mas não conseguíamos explicar.
Queremos comunicadores que nos desinquietem os sentidos, que nos abanem, que nos virem do avesso e nos retirem da zona de conforto.
Ao dizer um palavrão em prime time percebemos o quanto estávamos precisados de ser despertos.
Que a metáfora seja o princípio para algumas mudanças.
Que se inventem novas palavras que nos expliquem o mundo.
Que surjam pessoas com a capacidade de não dizerem o óbvio, de não soletrarem o abecedário das cartilhas que nos adormecem.
E que este “caralho” revelador possa transformar-se no futuro em novos modos de comunicar que não precisem de usar asneiras para nos despertarem os sentidos.
Esse será o desafio.
Novas palavras.
Novos protagonistas.
Novos modos de comunicar, de pensar, de contar sobre o mundo.
Se isso for conseguido o país ficará mais desperto para o que se diz e para o modo como se diz."
Só para lembrar, pois poucos vão dar por isso...
Imagem via Diário de Notícias
Vai confirmar-se que o PSD "caminha a passos láparos para um futuro montenegro, onde haverá choro e rangel de dentes"?..
Da pobreza de espírito dos ricos de cá
«O país tem que ter uma estratégia. Todos concordam que temos que qualificar o turismo. Ninguém quer turismo de mochila. Queremos qualificar o turismo. Se queremos qualificar o turismo, não vamos querer turistas que queiram andar de Metro. Porque ninguém vai à Louis Vuitton de Metro»
Álvaro Covões, sobre o fecho da Avenida da Liberdade ao trânsito nos domingos e feriados, recentemente aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa.«Somos um país tão pobre, tão pobre, que, a falar de "ricos", parecemos os copistas na idade média a desenhar os povos do fim do mundo com três cabeças e cauda. Nem fazem ideia que a classe média-alta anda toda de metro nos países ricos. A coisa é de tal modo ignorante que só conseguem imaginar os "ricos" com os hábitos das gentes de cá, que andam de carro no trânsito das grandes cidades e, cheios de ansiedade social, compram Louis Vuitton para que ninguém os confunda com os mais pobres que eles».
Luís Gaspar (facebook), via Ladrões de Bicicletas
sexta-feira, 27 de maio de 2022
"Manuel Pereira da Costa, acredita que, em 2025, Santana Lopes será o candidato do PSD à Câmara da Figueira da Foz"
Via Diário as Beiras
Nota de rodapé.quinta-feira, 26 de maio de 2022
“Sem-abrigo” ou “pessoa em situação de sem-abrigo”?
A Resolução do Conselho de Ministros nº107/2017, de 25 de julho, define o que é uma "pessoa em situação de sem-abrigo".
"Considera-se PESSOA EM SITUAÇÃO DE SEM-ABRIGO aquela que, independentemente da sua nacionalidade, origem racial ou étnica, religião, idade, sexo, orientação sexual, condição socioeconómica e condição de saúde física e mental, se encontre:
Sem teto, vivendo no espaço público, alojada em abrigo de emergência ou com paradeiro em local precário;
Espaço público – espaços de utilização pública como jardins, estações de metro/camionagem, paragens de autocarro, estacionamentos, passeios, viadutos, pontes ou outros;
Abrigo de emergência – qualquer equipamento que acolha, de imediato, gratuitamente e por períodos de curta duração, pessoas que não tenham acesso a outro local de pernoita;
Local precário – local que, devido às condições em que se encontra permita uma utilização pública, tais como: carros abandonados, vãos de escada, entradas de prédios, fábricas e prédios abandonados, casas abandonadas ou outros.
ou
Sem casa, encontrando-se em alojamento temporário destinado para o efeito:
Alojamento temporário – equipamento que acolha pessoas que não tenham acesso a um alojamento permanente e que promova a sua inserção. Corresponde, por exemplo, à resposta social da nomenclatura da Segurança Social ou outras de natureza similar, designada por Centro de Alojamento Temporário: “resposta social, desenvolvida em equipamento, que visa o acolhimento, por um período de tempo limitado, de pessoas adultas em situação de carência, tendo em vista o encaminhamento para a resposta social mais adequada.”
A pandemia, no passado recente, foi também a culpada pelo aumento de pessoas sem-abrigo. Quando o país se viu obrigado ao confinamento, a economia fechou e muitas pessoas que já estavam em situação de vulnerabilidade e em precariedade laboral, acabaram numa situação de sem-abrigo.
Os pedidos de ajuda multiplicaram-se, sobretudo de famílias, num ano de 2020 apelidado de "dramático" pelas associações que prestam auxílio. Os dados oficiais, que reportam a 2020, indicam 8107 pessoas na condição de sem-abrigo em Portugal.
O director-geral do Centro de Acolhimento de Sem-Abrigo (CASA) admitiu em Janeiro passado, «que nos últimos dois anos houve um aumento em cerca de 40% do número de pessoas que foram pedir ajuda à associação, sobretudo famílias, uma percentagem que chegou aos 75% entre as pessoas sem-abrigo.
"Apareceram pessoas com características novas, muito mais estrangeiros, pessoas que trabalhavam na hotelaria, por exemplo, e que ficaram desprovidas de apoios e foram à procura de ajuda noutros locais".
Neste momento, o número de pessoas sem-abrigo anda próximo da realidade antes da pandemia.
Via o Diário as Beiras, fica uma notícia sobre o assunto na Figueira. Assunto, esse, que talvez por nos ser incomodo, nem sempre está muito presente na nossa realidade e no nosso pensamento.