Hoje, realiza-se uma Assembleia Municipal.
Pedido aos membros deste órgão autárquico: assumam-se. Não continuem a brincar aos políticos.
Hoje, realiza-se uma Assembleia Municipal.
Pedido aos membros deste órgão autárquico: assumam-se. Não continuem a brincar aos políticos.
Vamos ao essencial:
1. Em 20 de Outubro de 2017 tomou posse a presidente da junta de freguesia de Quiaios, Fernanda Lorigo, que perdeu o mandato, com efeitos a partir do passado 25 de Setembro, por decisão do Tribunal da Relação de Coimbra, que confirmou a decisão da primeira instância.
2. A CDU permitiu a tomada de posse em 20 de Outubro de 2017 mediante as seguintes condições.
"- Efectivação de concursos públicos para o preenchimento das vagas existentes no quadro de pessoal da Junta de Freguesia de Quiaios, começando pelo coveiro, de necessidade extrema. Espaço temporal: primeiro ano do mandato.
- Projecto e realização da obra do prolongamento da Rua da Fonte Velha (posto da GNR) Murtinheira, a entroncar na Rua de Poiares, a Norte, com a extensão de 300m e cujo croqui foi entregue à Câmara Municipal no início do mandato findo. Espaço temporal; primeiro, segundo anos do mandato.
- Ligação costeira entre o Cabo Mondego e a Murtinheira. Da conclusão do projecto deverá constar a não passagem de trânsito por dentro da Murtinheira. O Executivo da Junta de Freguesia de Quiaios fica obrigado à defesa desta solução. Espaço temporal: terceiro ano do mandato.
- Projecto da Circular Externa a Quiaios (rotunda do Ervedal na EN109/P. Quiaios via M. Nacionais). Com a execução deste projecto pretendemos também a requalificação da Av. Manuel Bento, a continuação das duas vias a partir da ex. Guarda-Fiscal para Sul, até ao estacionamento junto ao bar existente (ISN). Espaço temporal; terceiro ano do mandato.
Estes são os requisitos mínimos que a CDU apresenta para a aceitação da eleição do Executivo da Junta de Quiaios para o quadriénio 2017/21 formado pelo PS. Requisitos que fazem parte dos programas eleitorais das duas forças em questão. Não nos parece de todo inexequível dado que em conversa com a Srª Presidente Fernanda Lorigo e o seu camarada Ricardo dos Santos, sabemos que lhes foi garantido por parte da Autarquia/C.M., para além do compromisso, o financiamento do conjunto das propostas.
Srª Presidente.
A política faz-se com palavras e actos, pela nossa parte aqui tem as palavras ficamos à espera das acções."
3. Às "palavras e actos" da CDU, o PS não correspondeu com "acções", pelo que a CDU está livre do compromisso assumido em 20 de Outubro de 2017.
4. Os vogais da Junta são aprovados por quem? Pela maioria dos membros da Assembleia de Freguesia eleitos.
5. A “autonomia” do MP e a independência dos Tribunais, não é um privilégio de magistraturas.
6. A autonomia, tem um significado preciso que todos entendem, se lhes for explicado. O MP, tal como as polícias, lidam em primeira mão, com assuntos delicados relativos a crimes. É essa a essência do seu trabalho: descobrir criminosos e conduzi-los ao julgamento onde se deverá aplicar a justiça.
7. O problema, agora, na minha opinião deverá ser resolvido pelo Povo de Quiaios, pois só ele, neste momento, tem legitimidade democrática eleitoral.
8. Os “políticos” têm a obrigação e o dever de se portar como gente capaz de entender o funcionamento da democracia e honrar os compromissos assumidos. O que não aconteceu com o PS em Quiaios.
9. O exercício de um cargo político é um serviço público, em prol da comunidade geral, e não dos interesses particulares, de grupo, ou dos interesses do partido.
10. Quando, como aconteceu neste caso, se vê a cúpula partidária do PS Figueira apoiar um condenado pelos Tribunais por crimes graves, e prestar-lhe publicamente em manifestação de desagravo, agradecimentos e estranhas solidariedades, ficamos com a certeza que a democracia na Figueira está doente.
11. Sempre, mas numa democracia doente ainda mais, é importante a autonomia do MP e a independência dos juízes. Não só é importante, como é imprescindível. Não entender isto, como aconteceu com a cúpula partidária e os notáveis do PS figueirense, neste caso concreto, para mim era impensável.
12. Todos os partidos, "têm primeiro de pensar na população e depois no partido". Que foi o que o PS não fez em todo este triste e penoso processo. E, pelos vistos, continua a não fazer. O que se lamenta.
IMAGEM CEDIDA PELO GABINETE DO PM - FOTO DE CLARA AZEVEDO |
1. A confirmação da pena atribuída pelo Tribunal Judicial de Coimbra aos autarcas da Junta de Freguesia de Quiaios, Fernanda Lorigo e Carlos Patrão, não é coisa de somenos tanto mais que não é somente apenas a perda do mandato, pois à mesma estão associadas penas de prisão consideráveis, embora suspensas e a devolução ao Estado de cerca de 8 mil euros.
2. A manutenção por parte do PS, quer a nível local, quer Concelhio, mesmo após a decisão do Tribunal, de total confiança e solidariedade para com as pessoas em causa, não deixa de ser sinal inquietante, num país onde a fraude e a utilização de bens públicos em beneficio próprio ou de grupo é quase um “ direito adquirido” por vários detentores de poder corrompendo assim aquilo que deve ser o exercício dos cargos públicos, onde as pessoas devem servir e não servir-se.
3. Assim, considera a Comissão Concelhia da Fig Foz do PCP, que aqueles que agora querem ocupar os lugares e que sempre se mantiveram solidários com os réus agora finalmente condenados, não reúnem as condições políticas e morais para continuarem, como se nada tivesse acontecido, à frente da autarquia de Quiaios, aliás como o demonstrou a sensata demissão da Tesoureira da Junta de Freguesia.
A preocupação do Sr Ricardo Santos acerca das possíveis duas eleições seguidas(?) não é mais do que “torcer” uma vez mais a situação de forma a facilitar-lhe a sua indisfarçável apetência de poder.
Figueira da Foz, 28 de Setembro de 2020
De acordo com a convocatória e nos termos da Lei, realizou-se a Sessão Extraordinária da A. F. de Quiaios na sede do Quiaios Club. Da ordem de trabalhos constava a eleição, por escrutínio secreto, dos vogais para a Junta de Freguesia.
Os nomes propostos foram: Armando Nascimento e António Nascimento. A proposta foi rejeitada: resultado da votação - 5 votos contra e 4 votos a favor.
Coube ao Presidente em exercício a marcação de nova A F. no prazo de 48 h de acordo com a Lei. Alertou-se para a necessidade de encurtar tempo para bem da Freguesia. O Sr. Presidente mostrou-se inflexível, no cumprimento da Lei.
(Informação recolhida via Agostinho Cruz)
PRÓS & CONTRAS, ao fim de 18 anos, acaba com esta edição. Nem tudo foi mau em 2020...
Foto Pedro Agostinho Cruz |
O que se passou na Junta de Quiaios, foi um caso de polícia que seguiu para julgamento em tribunal.
Em 6 de Dezembro de 2019, a presidente da Junta de Freguesia de Quiaios, Maria Fernanda Lorigo, e o secretário, Carlos Alberto Patrão, foram condenados pela prática de um crime de prevaricação de titular de cargo público a penas de prisão, suspensas, e à perda de mandato. À ex-tesoureira, Ana Raquel Correia, também foi decretada uma pena de prisão suspensa.
Os três arguidos foram julgados por terem favorecido o pai da autarca, Manuel Lorigo, para que este fizesse os serviços de manutenção das Piscinas da Praia de Quiaios. O tribunal considerou que Fernanda Lorigo foi quem teve “o papel mais activo” e aplicou-lhe uma pena de três anos e nove meses de prisão. Já Carlos Patrão foi condenado a dois anos e 10 meses e Ana Correia a dois anos e seis meses de prisão. Todas as penas foram suspensas por igual período.
Os três arguidos terão ainda de pagar ao Estado 8.700 euros em partes iguais.
Fernanda Lorigo recorreu para o Tribunal da Relação de Coimbra que confirmou a decisão da primeira instância e obrigou a presidente da Junta de Quiaios, Fernanda Lorigo, a perder o mandato, com efeitos a partir do passado 25 de Setembro, dia em que foi notificada sobre a decisão do acórdão.
Este, foi mais dos casos de polícia envolvendo personalidades que se tornaram conhecidas por via da política.
Isto tem acontecido, sobretudo nos dois partidos do chamado arco da governação, PS e PSD, e no agora quase moribundo CDS.
Na guerrilha política, os partidos usam esses casos. É o que está acontecer na Figueira.
Neste caso da presidente de Quiaios foi destituída pelo Tribunal. Nem sequer está em causa se as acusações e suspeitas são ou não são verdadeiras, estão ou não provadas, nem esquecer a presunção da inocência.
O Tribunal julgou e aplicou a pena.
O que interessa, neste momento, é que o Tribunal condenou comportamentos eticamente inaceitáveis. Neste caso houve condenação. Logo, a meu ver, o PS foi atingido, pois tem responsabilidades. Os partidos políticos individual e colectivamente têm responsabilidade naquilo que de ilegal fazem alguns dos seus altos dirigentes, em particular nos crimes que envolvem o exercício do poder, ou a influência adquirida pelo poder, porque não criaram no seu seio uma cultura de intransigência face a estes crimes, principalmente com todas as formas de tráfico de influência e corrupção, e convivem sem dificuldades com práticas que dão origem a verdadeiras carreiras, com algumas a desembocar no crime.
No actual estado de degradação das estruturas partidárias, em que a militância desinteressada e a adesão político-ideológica é quase irrelevante em relação à carreira no aparelho partidário, os partidos no seu interior são verdadeiras escolas de tráfico de influência, de práticas pouco democráticas como os sindicatos de voto, de caciquismo, de fraudes eleitorais, de corrupção.
Um jovem que chegue hoje a um partido político por via das "jotas" entra numa secção e encontra imediatamente um mundo de conflitos internos em que as partes o vão tentar arregimentar. Quando entra, ele pode esperar vir para fazer política, mas vai imediatamente para um contínuo e duro confronto entre uma ou outra lista para delegados a um congresso, para a presidência de uma secção, para uma assembleia distrital, em que os que já lá estão coleccionaram uma soma de ódios. Ele entra para um mundo de confrontação pelos lugares, que se torna imediatamente obsessivo. Não se fala doutra coisa, não se faz outra coisa do que procurar "protagonismo" e "espaço político".
Se tem apetência para este tipo de vida, passa a ter uma sucessão de reuniões e começa a pertencer a uma qualquer tribo, herdando os conflitos dos dirigentes dessa tribo e participando do tráfico de lugares e promessas e expectativas de carreira. Não lhe custa muito perceber que neste meio circulam várias possibilidades de ter funções cujo estatuto, salário e poder são muito maiores e com menos dificuldades do que se tiver que competir no mercado do trabalho, e tiver que melhorar as suas qualificações com estudos e cursos mais árduos. Por via partidária, ele acede à possibilidade de ser muita coisa: por exemplo, presidente de junta, assessor, entrar para uma empresa municipalizada, ir para os lugares do Estado que as estruturas partidárias consideram "seus" como sejam as administrações regionais de saúde, hospitais, escolares, da segurança social. Etc...
Tudo isto ainda na faixa dos vinte, trinta anos. O grosso da sua actividade tem a ver com um contínuo entre o poder no partido e o poder na câmara municipal, ou no governo, um alimentando o outro. Com a ascensão na carreira, tornou-se ele próprio um chefe de tribo. Pode empregar, fazer favores, patrocinar negócios, e inicia-se quase sempre aqui no financiamento partidário e no perigoso jogo de influências que ele move. Como dirigente partidário ele é o chefe de um grupo que dele depende e que o apoia ou ataca em função dos resultados que tiver, em apoios, prebendas, lugares, empregos, oportunidades de negócios.
Depois é sempre a somar. Entretanto, já se habituou a ter carro, telemóvel, almoços pagos... Paga do seu bolso muito pouca coisa e conhece todas as formas de viver com o dispêndio do menor esforço. O seu prestígio social é nulo. Contudo, o seu poder partidário cresceu. Entra nos combates partidários a favor dos seus e aliando-se com outros que considera de confiança, ou seja gente com o mesmo perfil. Como sabe que o seu "protagonismo" vem do seu poder interno, é a esse poder que dá a máxima atenção. Distribui favores. E quem quiser um favor tem que falar com ele no seu território.
O seu sentimento de arrogância e de impunidade cresce...
Até um dia. E é nessa altura que alguns, muito, muito poucos, caem de um dia para o outro, embora ainda menos sejam condenados. E alguns deles, os mais populistas, ainda conseguem voltar a eleger-se, mantendo os mecanismos do seu poder. A justiça conta pouco, mas, de vez em quando, há um acidente de percurso.
E é assim, como se viu a propósito do caso de Quiaios, e as reações corporativistas e de tribo, que se degrada a democracia.
Imagem via Diário as Beiras A Ordem de Trabalhos pode ser consultada clicando aqui. |