"Estiveram presentes na nossa manifestação figuras de diversos quadrantes políticos, Bloco de Esquerda, PCP e PSD. Notou-se a ausência de figuras do PS, minha área política. Infelizmente a minha pessoa não sentiu a solidariedade da minha área política, apenas de uns quantos a nível local, o que é de lamentar.
A ausência da concelhia do PS, enquanto tal, é altamente preocupante e demonstra que está municipalizada. Parece um rebanho onde, como dizia Miguel Torga, é preciso ser-se homem no meio de carneiros. Tenho razões de sobra para estar fulo com muitos camaradas de partido, não me calo.
Existe um certo narcisismo e voyeurismo na mentalidade dessas pessoas.
Bem sei que sou uma carta fora do baralho, que incomoda muita gente, mas não me esquivo nem evito dizer o que penso. Penso pela minha cabeça, não sou “paroquiano” político que diz ámen a tudo, tenho coluna vertebral e tenho a cerviz no sítio.
Sei dizer não, quando o devo fazer. Não alinho nem nunca alinharei no politicamente correcto, dispenso essas grilhetas, sou homem livre. Prefiro o combate de ideias do que a submissão ou subserviência ao poder municipal e político."
A manifestação de domingo foi a prova cabal que, quando queremos, podemos estar fortemente unidos. Ontem estivemos muito bem contra tudo e contra todos, contra todos aqueles que querem lixar a nossa vida!"
Manuel Cintrão
* Liberdade
— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.