"Em 23 de Fevereiro deste ano, publiquei nesta coluna um texto intitulado
“Abaixo a leitura, diz ele”. Nele, tecia considerações a propósito de responsável do Sporting que parecia não ter miolos enriquecidos com o conhecimento. Citei Flaubert, em oposição à ignorância manifestada por quem deveria ser se não um estudioso da literatura, pelo menos, um homem elucidado. A barbárie, o
“holiganismo”, a falta de cultura democrítica, de desportivismo, produziram uma horda a fazer-nos recordar as palavras do coronel Kurtz, do livro de Joseph Conrad que esteve na base de
“Apocalipse Now”.
Estamos todos a pensar em
“O horror, o horror”. O
“Coração das trevas” tem ocupado muitas cabeças, dos membros do Daesh aos soldados que atiram balas reais sobre os manifestantes
”armados” com paus e pedras chamados de
“terroristas”, à mãe que se faz explodir com duas filhas, na Indonésia, em frente de uma igreja cristã.
Estamos perante sintomas preocupantes de manifestações larvares de fascismo, de autoritarismo, de quem acredita ter toda a verdade. Qual a causa destes procedimentos, quem os semeou, quem os irrigou, quem com eles aproveita? Como sportinguista, sinto-me salpicado de lama; como português, sinto-me na obrigação de os denunciar. A questão não está nem é verde. É de todos, não é só de Alcochete."
A brutalidade, a ignorância e a falta de cultura desportiva, uma crónica de António Augusto Menano, via jornal AS BEIRAS.