A AUTARQUIA E OS PREGOS, uma crónica de Carlos Tenreiro.
..."em clara atmosfera propagandista, com a realização da cerimonia de atribuição do Prego de Ouro, o dito, foi cravado na presença de altas individualidades da comunidade científica internacional e nacional, sendo encontrado, mais tarde, caído, junto ao local, por alegadamente ter sido objecto duma tentativa de furto, gorada, em face do mesmo ser tão somente dourado e não de ouro (!?) , segundo reza a nota de imprensa da CMFF.
Atento à inabilidade que venho constatando por parte da autarquia em lidar com iniciativas que envolvam pregos, atrevo-me a discordar da referida notícia, inclinando-me mais para a tese do prego ter caído porque, simplesmente, foi mal pregado.
Já não é a primeira vez, nestes últimos tempos, que se assiste a pregos mal pregados por parte da autarquia, como é o flagrante exemplo dos novos passadiços colocados na praia da Figueira. Não que estes pregos tenham caído como o do Cabo Mondego, mas antes, porque não podiam ser ali pregados por razões de ordem legal, devido a normas actuais de segurança e saúde pública, precisamente, por não serem de ouro, nem dourados, mas sim de cobre e, enferrujarem pela acção do tempo(potenciais transmissores do tétano), assim como, encontrando-se sujeitos a grandes amplitudes de ordem térmica, tendem a despregar-se, fazendo com que as ripas dos passadiços se soltem, ao ponto de já terem causado, durante o corrente Verão, graves acidentes nos transeuntes com menor poder de locomoção – crianças e idosos –.
O caderno de encargos daquela obra impõe (e bem) a fixação dos passadiços com parafusos em inox, não só pelas referidas razões de segurança e defesa de saúde publica mas também como forma de assegurar a sua manutenção periódica, por reaperto.
Contudo, em manifesto desrespeito pela Lei em vigor e do supra indicado requisito concursal, cada uma das múltiplas ripas que se estendem pelos novos passadiços da praia, encontram-se, todas elas, pregadas com vulgos pregos...
Depois de ter perdido todo o seu esplendor por não ver limpo o areal, a Rainha das Praias arrisca-se agora a ficar conhecida pela praia dos pregos ferrugentos, pagos a peso de ouro!"
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
Numa cidade turística, o pormenor faz a diferença: "em agosto fechado!.. Em setembro aberto!.."
A da direita, ontem, dia 1 de setembro, sensivelmente à mesma hora...
Entretanto, houve um um post no facebook de Teo Cavaco, muitos "like", alguns comentários.
Alguém ouviu e decidiu reparar o erro.
Quando nos esquecemos de coisas... Do mal o menos...
O pior é quando nos esquecemos das pessoas...
Será, certamente, uma das piores crueldades que podemos fazer a alguém.
Pescódromo de Lavos, uma mais valia turística para a Figueira e toda a região centro
foto António Agostinho |
Situa-se a cerca de 500 metros do Museu do Sal.
Tal como tive oportunidade de constatar ontem de manhã, numa visita guiada pelo meu Amigo Jorge Camarneiro, o Pescódromo de Lavos é um espaço de animação, inovador e de grande potencial, que pretende "acrescentar valor à oferta turística figueirense envolvente e ofertará uma nova valência à economia local, isto é, à Economia do Mar”.
Gostei muito da visita ao primeiro grande pescódromo de água salgada do país. Sobretudo, da animada conversa que tive com o Jorge Camarneiro...
Bom, mas falemos do pescódromo.
Está dotado de 30 plataformas para pescadores (dois por cada uma) e uma cozinha para auto-confecção do produto pescado, sendo um local ideal para passar bons momentos de lazer com a famílias e grupos de amigos.
“O Pescódromo de Lavos é, com toda a certeza, não só na área do Turismo do Centro como a nível nacional, o empreendimento mais moderno e original de pesca turística”.
Para ficarem a saber mais sobre mais este moderno e original empreendimento de Jorge Camarneiro, fica o link para uma reportagem recentemente realizada pela RTP. Basta, para o efeito, clicar aqui.
quinta-feira, 1 de setembro de 2016
A importância do (bom) nome...
"Os nomes são mais importantes do que parecem. Algumas pessoas, por exemplo, assumem o apelido de família como lema de vida, procurando honrar quem as precedeu e criando a esperança de que os vindouros possam também encontrar nesse apelido algum motivo de orgulho."
Citação de uma crónica de José Augusto Cardoso Bernardes.
Nota de rodapé.
Agostinho: o trabalho ignorado e realizado, a gosto, por gente sem nome, mas com alma!..
Imposto, é outra coisa.
Tem esse nome, porque de outro modo ninguém queria...
Volto a citar José Augusto Cardoso Bernardes.
"Como é sabido, uma das consequências do programa de ajustamento a que Portugal esteve sujeito entre 2011 e 2014 foi a reestruturação administrativa do território. Entre muitas outras condições, o Memorando assinado com a chamada “Troika” referia a necessidade de proceder à diminuição do número de autarquias. Tendo ficado em aberto a possibilidade de extinguir ou agregar indistintamente câmaras ou freguesias, o governo acabou por se fixar apenas nas unidades administrativas mais pequenas, dando cumprimento expedito a uma imposição que, se tivesse abrangido as câmaras municipais, poderia ter sido politicamente bem mais delicada. Importava que o processo fosse rápido e foi isso que aconteceu. Quase não houve debate (a não ser entre uma minoria de protagonistas políticos) e as populações não tiveram tempo suficiente para se aperceber do que estava em causa. Foi assim também no concelho da Figueira da Foz. Depois de algumas hesitações e de não poucas reviravoltas, o balanço viria a traduzir-se no apagamento puro e simples de quatro das dezoito freguesias então existentes. Recorro a este termo e não a outro de conteúdo mais suave porque, na prática, foi isso que aconteceu: apagaram-se nomes e, num dos casos (Brenha), chegou ao ponto de se ter fragmentado, em poucos dias, um território que permanecia unido há vários séculos. No final, quatro freguesias foram sacrificadas: Brenha, Borda do Campo, Santana e São Julião. Todas perderam a sua autonomia administrativa. Mas, como se isso não bastasse, viram-se desapossadas do seu nome, uma vez que as novas unidades autárquicas passaram a designar-se apenas pelo nome da entidade agregadora. É certo que a proposta não obteve aprovação unânime na Assembleia Municipal mas, na altura, os protestos pareceram bastante débeis e inconsequentes. Só mais tarde o descontentamento começou a tomar forma entre as populações. Avançou São Julião, a maior de todas as freguesias “agregadas”. Graças à iniciativa de alguns cidadãos e à esperada concordância de todos os órgãos autárquicos e da própria Assembleia da República, a freguesia urbana conseguiu, para já, ver o seu nome reposto na designação da nova autarquia, em paridade com o nome de “Buarcos”. Trata-se de uma solução razoável e justa, que deveria ser imediatamente alargada às restantes freguesias, cujo nome foi apagado. Nenhum partido, nenhum agente político confessou entusiasmo pela maneira como o processo foi conduzido há três anos. Mesmo os responsáveis diretos pelo processo afiançaram então (e têm-no vindo a repetir) que a sua iniciativa visou apenas evitar males maiores. Pois bem: é o momento de todos serem consequentes, corrigindo agora, até onde for possível, uma atitude na qual felizmente ninguém se revê. Tal como sucedeu já com São Julião, também Brenha, Borda do Campo e Santana merecem um gesto uniforme de reparação, que consistiria, para já, em repor o seu nome na designação das freguesias agregadas. Estas passariam a chamar-se, respetivamente, “União das freguesias de Alhadas e Brenha”, “União das freguesias de Ferreira-a-Nova e Santana” e “União das freguesias de Paião e Borda do Campo”."
Citação de uma crónica de José Augusto Cardoso Bernardes.
Nota de rodapé.
Agostinho: o trabalho ignorado e realizado, a gosto, por gente sem nome, mas com alma!..
Imposto, é outra coisa.
Tem esse nome, porque de outro modo ninguém queria...
Volto a citar José Augusto Cardoso Bernardes.
"Como é sabido, uma das consequências do programa de ajustamento a que Portugal esteve sujeito entre 2011 e 2014 foi a reestruturação administrativa do território. Entre muitas outras condições, o Memorando assinado com a chamada “Troika” referia a necessidade de proceder à diminuição do número de autarquias. Tendo ficado em aberto a possibilidade de extinguir ou agregar indistintamente câmaras ou freguesias, o governo acabou por se fixar apenas nas unidades administrativas mais pequenas, dando cumprimento expedito a uma imposição que, se tivesse abrangido as câmaras municipais, poderia ter sido politicamente bem mais delicada. Importava que o processo fosse rápido e foi isso que aconteceu. Quase não houve debate (a não ser entre uma minoria de protagonistas políticos) e as populações não tiveram tempo suficiente para se aperceber do que estava em causa. Foi assim também no concelho da Figueira da Foz. Depois de algumas hesitações e de não poucas reviravoltas, o balanço viria a traduzir-se no apagamento puro e simples de quatro das dezoito freguesias então existentes. Recorro a este termo e não a outro de conteúdo mais suave porque, na prática, foi isso que aconteceu: apagaram-se nomes e, num dos casos (Brenha), chegou ao ponto de se ter fragmentado, em poucos dias, um território que permanecia unido há vários séculos. No final, quatro freguesias foram sacrificadas: Brenha, Borda do Campo, Santana e São Julião. Todas perderam a sua autonomia administrativa. Mas, como se isso não bastasse, viram-se desapossadas do seu nome, uma vez que as novas unidades autárquicas passaram a designar-se apenas pelo nome da entidade agregadora. É certo que a proposta não obteve aprovação unânime na Assembleia Municipal mas, na altura, os protestos pareceram bastante débeis e inconsequentes. Só mais tarde o descontentamento começou a tomar forma entre as populações. Avançou São Julião, a maior de todas as freguesias “agregadas”. Graças à iniciativa de alguns cidadãos e à esperada concordância de todos os órgãos autárquicos e da própria Assembleia da República, a freguesia urbana conseguiu, para já, ver o seu nome reposto na designação da nova autarquia, em paridade com o nome de “Buarcos”. Trata-se de uma solução razoável e justa, que deveria ser imediatamente alargada às restantes freguesias, cujo nome foi apagado. Nenhum partido, nenhum agente político confessou entusiasmo pela maneira como o processo foi conduzido há três anos. Mesmo os responsáveis diretos pelo processo afiançaram então (e têm-no vindo a repetir) que a sua iniciativa visou apenas evitar males maiores. Pois bem: é o momento de todos serem consequentes, corrigindo agora, até onde for possível, uma atitude na qual felizmente ninguém se revê. Tal como sucedeu já com São Julião, também Brenha, Borda do Campo e Santana merecem um gesto uniforme de reparação, que consistiria, para já, em repor o seu nome na designação das freguesias agregadas. Estas passariam a chamar-se, respetivamente, “União das freguesias de Alhadas e Brenha”, “União das freguesias de Ferreira-a-Nova e Santana” e “União das freguesias de Paião e Borda do Campo”."
"un certain regard"
Duas anedotas. Sem moral e sem sentido (trata-se de humor cruel).
"A primeira anedota mostra como um homem decente e digno pode ser enxovalhado em público aos noventa anos por cretinos que o desprezam e lhe ignoram a obra.
A segunda não tem sentido nenhum, mas também é humor negro. Ou seja, também faz o riso amarelo."
Em todo o caso ambas ilustram uma certa visão da cultura na Figueira da Foz.
Via o sítio dos desenhos
"A primeira anedota mostra como um homem decente e digno pode ser enxovalhado em público aos noventa anos por cretinos que o desprezam e lhe ignoram a obra.
A segunda não tem sentido nenhum, mas também é humor negro. Ou seja, também faz o riso amarelo."
Em todo o caso ambas ilustram uma certa visão da cultura na Figueira da Foz.
Via o sítio dos desenhos
Contributo para a compreensão da degradação ética do poder no nosso concelho...
Para ler melhor clicar na imagem |
UMA PRIMEIRA PÁGINA, DE FEVEREIRO DE 1981, SOBRE UM EPISÓDIO CHUNGA, QUE AJUDA A PERCEBER A POLITIQUICE FIGUEIRENSE NOS ÚLTIMOS 40 ANOS...
Nota de rodapé.
“O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. O povo está na miséria. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. O tédio invadiu as almas. A ruína económica cresce. O comércio definha. A indústria enfraquece. O salário diminui. O Estado tem que ser considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo”.
Citei Eça de Queiroz, um escritor que se notabilizou pela originalidade e riqueza do seu estilo e linguagem, nomeadamente pelo realismo descritivo e pela crítica social constantes nos seus romances.
Como o crítico literário, Jacinto Prado Coelho disse: "foi mais analista social do que psicólogo; ironizou Portugal porque muito o amava e o queria melhor."
Um jornal onde as piadas acontecem em editorial!
"Sem jornalismo, ninguém conseguirá destrinçar as notícias dos boatos."
Octávio Ribeiro, Director do Correio da Manhã!
Octávio Ribeiro, Director do Correio da Manhã!
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
A blogosfera é uma chatice para os políticos na Figueira?
Comigo é assim: bloguista escreve o que realmente ouve e não aquilo que os políticos gostariam que se pensasse que houve...
Nota de rodapé.
Há alguns anos atrás as pessoas sabiam o que significava o lápis azul...
Era o sinistro e odiado, pelos verdadeiros jornalistas, lápis utilizado pela censura para cortar e truncar os textos editados pelos jornais.
Antes de saírem para o público, todos eles tinham que enviar a essa comissão um exemplar e, só depois de devidamente visados pela censura, poderiam sair para as ruas!..
Outros tempos e ainda não muito afastados!..
Nota de rodapé.
Há alguns anos atrás as pessoas sabiam o que significava o lápis azul...
Era o sinistro e odiado, pelos verdadeiros jornalistas, lápis utilizado pela censura para cortar e truncar os textos editados pelos jornais.
Antes de saírem para o público, todos eles tinham que enviar a essa comissão um exemplar e, só depois de devidamente visados pela censura, poderiam sair para as ruas!..
Outros tempos e ainda não muito afastados!..
De burrada, em burrada até à borrada...
Conforme tornámos público, algo aconteceu, para que a sinalização no novo pavimento da Estrada de Coimbra, nas traseiras da Estação do Caminho de Ferro - uma das entradas da cidade - ter ficado no estado que as fotos mostram clicando aqui.
Hoje, conforme confirma a imagem abaixo, ficámos a saber que "a borrada" ia ser corrigida.
Hoje, conforme confirma a imagem abaixo, ficámos a saber que "a borrada" ia ser corrigida.
Entretanto, já está.
"E a ausência de antigos autarcas (tal como, no futuro, os actuais faltarão)." - eles não vão lá por dever de cidadania, vão lá para a fotografia...
"Manuel Fernandes Thomaz, vereador da câmara, deputado às Cortes da Nação, arauto da liberdade e dos valores da democracia, redactor do texto constitucional de 1882, exemplo de comportamento cívico exemplar, anualmente homenageado em cerimónia pública por iniciativa do município, foi o inspirador dos discursos das entidades presentes.
A exaltação dos valores e dos princípios praticados pelo ilustre figueirense percorreu a generalidade das intervenções. Mas, pergunta-se, terá a mensagem chegado à população menos conhecedora do seu pensamento, da sua acção e dos seus objectivos? Que deve alcançar e inspirar. Quando olhamos à volta, encontramos todos os anos os mesmos rostos. E a ausência de antigos autarcas (tal como, no futuro, os actuais faltarão).
Se queremos que se alterem comportamentos condenáveis na “política”, é fundamental criar as condições para fazer chegar à mensagem a todos. Saúdam-se as intervenções, mesmo as frases repetidas anualmente (como não poderia deixar de acontecer), mas também a abordagem didáctica sobre a Constituição de 1882 e a proposta da Associação 24 de agosto para que se centrem na Figueira as comemorações do duplo centenário da revolução de 1820."
Texto extraído da crónica "24 de agosto", hoje públicada por Daniel Santos, no jornal AS BEIRAS
A exaltação dos valores e dos princípios praticados pelo ilustre figueirense percorreu a generalidade das intervenções. Mas, pergunta-se, terá a mensagem chegado à população menos conhecedora do seu pensamento, da sua acção e dos seus objectivos? Que deve alcançar e inspirar. Quando olhamos à volta, encontramos todos os anos os mesmos rostos. E a ausência de antigos autarcas (tal como, no futuro, os actuais faltarão).
Se queremos que se alterem comportamentos condenáveis na “política”, é fundamental criar as condições para fazer chegar à mensagem a todos. Saúdam-se as intervenções, mesmo as frases repetidas anualmente (como não poderia deixar de acontecer), mas também a abordagem didáctica sobre a Constituição de 1882 e a proposta da Associação 24 de agosto para que se centrem na Figueira as comemorações do duplo centenário da revolução de 1820."
Texto extraído da crónica "24 de agosto", hoje públicada por Daniel Santos, no jornal AS BEIRAS
Passos e o PàF de saudosa memória..
Marques Mendes, limita-se a registar, numa dose q.b, a incompetência de Passos e restante equipa do saudoso Pàf, em matéria de sistema financeiro.
Marques Mendes, porém, não esquece que até são amigos e que ainda jogam na mesma equipa.
Contudo, não deixa de ser um momento para mais tarde recordar, assinado por Marques Mendes, esse "guru do comentário político e da consultoria privada".
É bom conhecer o passado, ter boa memória e não esquecer este covagalense e grande Senhor: se há figueirense que merece a atribuição de uma Medalha de Mérito Cultural, esse cidadão chama-se Manuel Luís Pata.
Não foi por acaso que, na semana passada, coloquei esta imagem como foto de capa no meu facebook.
Contudo, sejamos, desde já, claros.
A nostalgia não é boa companheira, se não for acompanhada de lucidez.
Sem lucidez a nostalgia é perigosa.
A lucidez é que permite que a memória esteja no sítio que deve ocupar.
A memória nostálgica é perigosa. Significa imobilismo, significa amargura, significa sempre dor.
A lucidez permite-nos assumir a memória voltando a dar-lhe vida como período do nosso passado que é útil e bom recordar.
Vamos então tentar olhar para este quadro, pintado pelo recentemente falecido pintor Cunha Rocha para a família Gaia Braz, com lucidez.
A imagem que desenterrei da minha memória ao olhar para este quadro, já desapareceu há anos.
Foi levada, nos anos 80 do século passado, por culpa e responsabilidade da Junta Autónoma das Estradas, com a conivência do poder autárquico figueirense.
O presidente da câmara da Figueira da Foz, nessa altura, era Joaquim Manuel Barros de Sousa.
Na altura, ainda não existia a freguesia de S. Pedro e a única e perseverante voz que se levantou, lutou e protestou contra esta mal feitoria que foi feita à nossa Terra foi Manuel Luís Pata.
Foi (mais...) uma luta perdida. Mas, agora, passados todos estes anos, como todos temos oportunidade de constatar, Manuel Luís Pata tinha razão.
A variante levou este postal magnifico da nossa Terra.
Ainda bem que o artista, em boa hora, pintou esta obra que ficou para a posteridade...
Era tão bonita a antiga borda do rio da minha Aldeia.
Ficámos sem poder reconstruir aquilo que seria hoje o ex-libris da Aldeia.
A reconstrução nem sempre é possível...
Contudo, por vezes, a única forma de começar de novo é precisamente esta - crescer do nada, já que absolutamente nada se tem a perder.
Numa situação destas ou surge o maior dos desânimos ou a maior das forças.
E Manuel Luís Pata nunca desanimou.
O maior exemplo que Manuel Luís Pata nos deu e continua a dar, apesar dos seus mais de noventa anos e de todas as mazelas e incompreensões que o seu corpo e a sua alma tiveram de suportar ao longo da vida, e que as pessoas pensam que é a teimosia - que é força de vontade dos pobres - para mim, é outra coisa: é sim, do meu ponto de vista, um dos raros exemplos de verdadeira perseverança que conheço...
Os figueirenses sempre tiveram medo de assumir as suas posições.
Antes do 25 de Abril, por razões óbvias. E, agora, no tempo que nos dizem ser da democracia, continuo a conhecer muito pouca gente que arrisque tornar-se cidadã de corpo inteiro.
E todos sabemos porquê.
Continuam a existir represálias, mais ou menos encapotadas.
Por isso é que, numa sociedade como a figueirense, são tão importantes e decisivos cidadãos como Manuel Luís Pata.
Todos nascemos completos. Contudo, só poucos conseguem viver assim.
A coluna vertebral permite que caminhemos de forma erecta.
Utilizar a coluna para andarmos levantados, fazendo frente a quem não quer que a usemos para esse fim, é um dever de cidadania.
Manuel Luís Pata é um desses raros cidadãos: continua erecto e consequente...
Contudo, sejamos, desde já, claros.
A nostalgia não é boa companheira, se não for acompanhada de lucidez.
Sem lucidez a nostalgia é perigosa.
A lucidez é que permite que a memória esteja no sítio que deve ocupar.
A memória nostálgica é perigosa. Significa imobilismo, significa amargura, significa sempre dor.
A lucidez permite-nos assumir a memória voltando a dar-lhe vida como período do nosso passado que é útil e bom recordar.
Vamos então tentar olhar para este quadro, pintado pelo recentemente falecido pintor Cunha Rocha para a família Gaia Braz, com lucidez.
A imagem que desenterrei da minha memória ao olhar para este quadro, já desapareceu há anos.
Foi levada, nos anos 80 do século passado, por culpa e responsabilidade da Junta Autónoma das Estradas, com a conivência do poder autárquico figueirense.
O presidente da câmara da Figueira da Foz, nessa altura, era Joaquim Manuel Barros de Sousa.
Na altura, ainda não existia a freguesia de S. Pedro e a única e perseverante voz que se levantou, lutou e protestou contra esta mal feitoria que foi feita à nossa Terra foi Manuel Luís Pata.
Foi (mais...) uma luta perdida. Mas, agora, passados todos estes anos, como todos temos oportunidade de constatar, Manuel Luís Pata tinha razão.
A variante levou este postal magnifico da nossa Terra.
Ainda bem que o artista, em boa hora, pintou esta obra que ficou para a posteridade...
Era tão bonita a antiga borda do rio da minha Aldeia.
Ficámos sem poder reconstruir aquilo que seria hoje o ex-libris da Aldeia.
A reconstrução nem sempre é possível...
Contudo, por vezes, a única forma de começar de novo é precisamente esta - crescer do nada, já que absolutamente nada se tem a perder.
Numa situação destas ou surge o maior dos desânimos ou a maior das forças.
E Manuel Luís Pata nunca desanimou.
O maior exemplo que Manuel Luís Pata nos deu e continua a dar, apesar dos seus mais de noventa anos e de todas as mazelas e incompreensões que o seu corpo e a sua alma tiveram de suportar ao longo da vida, e que as pessoas pensam que é a teimosia - que é força de vontade dos pobres - para mim, é outra coisa: é sim, do meu ponto de vista, um dos raros exemplos de verdadeira perseverança que conheço...
Foto Bela Coutinho, obtida via Cemar |
Os figueirenses sempre tiveram medo de assumir as suas posições.
Antes do 25 de Abril, por razões óbvias. E, agora, no tempo que nos dizem ser da democracia, continuo a conhecer muito pouca gente que arrisque tornar-se cidadã de corpo inteiro.
E todos sabemos porquê.
Continuam a existir represálias, mais ou menos encapotadas.
Por isso é que, numa sociedade como a figueirense, são tão importantes e decisivos cidadãos como Manuel Luís Pata.
Todos nascemos completos. Contudo, só poucos conseguem viver assim.
A coluna vertebral permite que caminhemos de forma erecta.
Utilizar a coluna para andarmos levantados, fazendo frente a quem não quer que a usemos para esse fim, é um dever de cidadania.
Manuel Luís Pata é um desses raros cidadãos: continua erecto e consequente...
terça-feira, 30 de agosto de 2016
"Vila Verde quer recuperar território retirado pela reforma administrativa"
"A reorganização da administração do território, levada a cabo pelo anterior Governo, começou e acabou nas freguesias.
Ainda hoje os autarcas locais criticam que os governantes de Lisboa só tivessem coragem para atingir “o elo mais fraco”.
Quando Paulo Júlio, secretário de Estado do ministério tutelado por Miguel Relvas, apresentou o contestado Livro Branco da Reforma da Administração Local no Casino Figueira ouviram-se vozes de indignação.
José Elísio, presidente da Junta de Lavos, foi dos mais fervorosos contestatários, entre as centenas de pessoas que se encontravam no Salão Caffé do Casino Figueira.
O político figueirense chegou, até, a advertir que o fim da freguesia de Lavos poderia levara ao derramamento de sangue.
O que o histórico autarca do PS e do PSD – independente desde 2009 – não imaginava naquele dia é que iria ter direito a um jackpot, oferecido em bandeja pela reforma administrativa. E foi particularmente generoso." - Via AS BEIRAS
Nota de rodapé, sacada daqui.
Ainda hoje os autarcas locais criticam que os governantes de Lisboa só tivessem coragem para atingir “o elo mais fraco”.
Quando Paulo Júlio, secretário de Estado do ministério tutelado por Miguel Relvas, apresentou o contestado Livro Branco da Reforma da Administração Local no Casino Figueira ouviram-se vozes de indignação.
José Elísio, presidente da Junta de Lavos, foi dos mais fervorosos contestatários, entre as centenas de pessoas que se encontravam no Salão Caffé do Casino Figueira.
O político figueirense chegou, até, a advertir que o fim da freguesia de Lavos poderia levara ao derramamento de sangue.
O que o histórico autarca do PS e do PSD – independente desde 2009 – não imaginava naquele dia é que iria ter direito a um jackpot, oferecido em bandeja pela reforma administrativa. E foi particularmente generoso." - Via AS BEIRAS
Nota de rodapé, sacada daqui.
Como é diferente a noite na Aldeia!..
"Esperava um debate sobre a “noite”! Sobre as regras de funcionamento dos estabelecimentos nocturnos, de comercialização de bebidas, do horário de encerramento, da limpeza e segurança no seu funcionamento e toda uma parafernália de normas adoptadas, essas sim, acessíveis a uma discussão e reflexão pública importante para os cidadãos.
Considero a “noite” perniciosa, onde se torna fácil acontecerem episódios indesejáveis, e nunca compreendi as brandas leis nacionais que a regulam.
Além disso, a noite é cara para as famílias e nociva para os jovens. Afirmo: a noite é má para todos – pais, educadores, forças de segurança, brigadas de limpeza urbana, bombeiros, responsáveis políticos, etc.
Pergunto: que fazem adolescentes na “noite” filhos ou não de diplomatas? É urgente mudar comportamentos, e já diziam os antigos – a noite é má conselheira!"
Isabel Maranha Cardoso, na sua habitual crónica das terças, no jornal AS BEIRAS.
Nota de rodapé.
Aqui, nesta outra margem, à noite, estou longe dos grandes potentados turísticos, do bulício, do barulho irritante, da procura incessante de um lugar para aparcar, do tomar as refeições à pressa, de ter que dar a moedinha...
Aqui a noite ainda é noite. E o dia continua a valer a pena!..
Aqui, nesta outra margem, a noite ainda não é “a má conselheira”...
Gosto da noite na Aldeia!
Para mim, continua a ser a melhor parte do dia.
Considero a “noite” perniciosa, onde se torna fácil acontecerem episódios indesejáveis, e nunca compreendi as brandas leis nacionais que a regulam.
Além disso, a noite é cara para as famílias e nociva para os jovens. Afirmo: a noite é má para todos – pais, educadores, forças de segurança, brigadas de limpeza urbana, bombeiros, responsáveis políticos, etc.
Pergunto: que fazem adolescentes na “noite” filhos ou não de diplomatas? É urgente mudar comportamentos, e já diziam os antigos – a noite é má conselheira!"
Isabel Maranha Cardoso, na sua habitual crónica das terças, no jornal AS BEIRAS.
Nota de rodapé.
Aqui a noite ainda é noite. E o dia continua a valer a pena!..
Aqui, nesta outra margem, a noite ainda não é “a má conselheira”...
Gosto da noite na Aldeia!
Para mim, continua a ser a melhor parte do dia.
Pessoas que vivem com uma deficiência, são a maior minoria... E se ao longo da vida não tivermos outra deficiência, todos temos a possibilidade de chegar a velho... Que o mesmo é dizer: na Figueira, é capaz de ser pior que morrer...
Pergunta do jornalista:
Como é ser atleta cego na Figueira da Foz, sem infraestruturas de atletismo?
Resposta de Carlos Cordeiro:
A minha vida de atleta é muito complicada, porque temos de gostar mesmo daquilo que temos e focarmo-nos em vencer. Não temos infraestruturas adequadas para que possamos treinar mais afincadamente e de forma mais profissional. Quando fui campeão da Europa em atletismo e medalha de bronze na Polónia, o meu treino foi todo na praia: lançamento do peso, salto em comprimento… As corridas eram feitas no passeio. Foi assim que me preparei.
Outra pergunta do jornalista:
Não há comendas para os atletas com deficiência?
Resposta do entrevistado:
Nunca as “vi”. Quando conquistamos medalhas no estrangeiro, temos direito a um prémio em dinheiro da Secretaria de Estado do Desporto: ainda estou à espera do meu [relativo à medalha de bronze conquistada na Polónia]. Como eu, há muitos outros atletas deficientes que, se calhar, ainda não receberam esse prémio.
E e terminar esta citação (o bom mesmo seria ouvirem o vídeo acima) ainda outra pergunta do jornalista:
Sente a falta de semáforos com sinais sonoros na cidade?
Sem comentários, fica a resposta de Carlos Cordeiro:
Não temos, mas fazem muita falta. Há [muitas] barreiras arquitetónicas na Figueira da Foz.
Via Figueira TV e AS BEIRAS
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