A sociedade portuguesa está cheia de mitos urbanos, preconceitos e ignorância.
Esta crónica de Miguel Almeida, hoje publicada no jornal AS BEIRAS, vem no sentido de alimentar essa situação.
Portugal não estava habituado a discutir cenários eleitorais com a possibilidade de coligações à esquerda.
O que se passou depois das eleições de 4 de outubro, a meu ver, contribuiu para abrir espaço a uma mudança importante, salutar e enriquecedora para a democracia.
Caiu por terra a desculpa dos que não votam por que dizem que o seu voto não conta.
“Um governo PSD+CDS e PS não te[ria] nenhumas condições para funcionar”, quem o afirmou foi Pedro Passos Coelho, antes da eleições, em entrevista ao jornal SOL.
Segundo o Expresso, depois das eleições, porém, "Passos perguntou a Costa se quer entrar num Governo com a coligação".
Afinal quem é que anda trair o seu eleitorado?..
Já sei: ainda vão por acabar de dizer que é "pelo superior interesse nacional"...
O discurso do “não há alternativa” é, por definição, uma forma de negar a possibilidade de existir uma sociedade livre e democrática.
Como escreveu no jornal Público JOÃO MARIA DE FREITAS-BRANCO, "a esperançosa unidade de esquerda pode acabar por não se concretizar; mas a tentativa de a edificar teve já este grande mérito: fazer cair as máscaras. Um belo contributo para o premente combate ao kitsch político."
A realidade, porém, é esta.
"Estamos a viver um tempo politicamente interessante, mobilizador, cheio de atractivos, mas também muito perigoso, porque se adensam os riscos de total definhamento da democracia. Como pano de fundo temos uma séria crise da democracia que se tem vindo a intensificar com assustadora celeridade. A estruturação de uma ditadura financeira na Europa tornou-se evidente com o caso Grécia. Já não é necessária grande perspicácia política para compreender que a perda de soberania desagua na extinção da democracia efectiva no interior de cada pátria europeia."
O Miguel e os da sua área política têm de se habituar à democracia. Por mim, se a PàF ganhou como o Miguel e os da sua área política afirmam, que forme e apresente um governo no Parlamento. Qual é o problema Miguel?
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
Solidariedade e futebol
foto sacada daqui |
A sociedade organizada, dos indivíduos às famílias, das empresas, dos clubes de futebol e organizações sociais ao Estado, não pode desistir de tecer, e manter activos, os laços de cooperação e solidariedade que, no seu conjunto, dão pelo nome de estado social.
domingo, 18 de outubro de 2015
A barra da Figueira está assim por vontade dos homens
O meu Amigo Manuel Luís Pata, farta-se de dizer o seguinte: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".
Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados 12 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra".
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira". Porém, e espero que isso seja tido em conta no disparate que é a projectada obra a levar a cabo pela Câmara Municipal da nossa cidade, "essa área de areia será sempre propriedade do mar, que este quando assim o entender, virá buscar o que lhe pertence".
O projecto do Engº. Baldaque da Silva
Existe um estudo sobre como melhorar o Porto da Figueira. Quem estiver interessado pode consultá-lo na Biblioteca Municipal, num dos jornais locais de 1914.
Esse precioso e importante trabalho, refere a construção de um "paredão a partir do Cabo Mondego em direcção ao quadrante sul".
Esse projecto, da autoria do Eng. Baldaque da Silva, para a construção da obra de um "Porto Oceânico", foi aprovado na Assembleia de Deputados para ser posto a concurso, o que nunca aconteceu, pois foi colocado numa gaveta.
Neste momento, como as coisas estão na enseada de Buarcos, já não deverá ser possível colocar ali o "Porto Oceânico", uma vez que as construções ocuparam os terrenos necessários ao acesso àquilo que seria um porto daquela envergadura.
Porém, o estudo do Eng. Baldaque da Silva poderia servir de base para a construção de um paredão com cerca de 1 800 metros, que serviria para obstruir o acesso das areias à enseada de Buarcos, traria benefícios consideráveis: acabaria o depósito de areias na enseada, barra, rio e praia; ficaria protegida a zona do Cabo Mondego e Buarcos, evitando a erosão das praias da zona e os constantes prejuízos na Avenida Marginal; serviria de abrigo à própria barra, quando a ondulação predominasse de Oeste ou O/N.
A sustentabilidade do porto da Figueira da Foz
Um dia destes, tive acesso a uns sub- capítulos duma tese do arquitecto figueirense Manuel Traveira, sobre a questão dos molhes.
Em 2011, na cerimónia de inauguração das obras do prolongamento do molhe norte, o Engenheiro José Luís Cacho, então Presidente da Administração do Porto da Figueira da Foz, sublinhou que “o porto da Figueira da Foz, que os pessimistas de serviço já viam com certidão de óbito passada, estava, afinal, pujante, de boa saúde e, agora, com estes avultados investimentos, mais preparado para enfrentar os desafios que se avizinham”.
No entanto, em 2013, o mesmo Engenheiro José Luís Cacho já demonstrava uma grande preocupação com a futura sustentabilidade do porto comercial.
"A quebra de receitas da administração do porto, devido à redução das taxas portuárias, é um facto preocupante", considerou, referindo ainda que tal situação é agravada por um "aumento futuro da despesa com as dragagens".
Por sua vez, o Dr. Hermano Sousa, Presidente da Comunidade Portuária da Figueira da Foz, referia que “a capacidade instalada, de 3 milhões de toneladas/ano, está longe de ser atingida. Apesar da admirável evolução, não podemos dormir à sombra destes resultados..." Do seu ponto de vista, para maximizar a utilização do porto, "era preciso consolidar o estado da barra, fixando o calado, ao longo de todo o ano, primeiro nos 6,5 metros e, posterior e idealmente, nos 7,5 metros, já a pensar nos navios de nova geração, que estão agora a sair dos estaleiros e chegarão em breve ao mercado".
Estudar e entender a dinâmica que cria o assoreamento de inverno é um dos requisitos para que o calado do porto figueirense possa receber embarcações de grande porte. A solução apontada, porém, tem sempre passado por dragagens, que custam muito dinheiro.
Bypass
O bypass proposto pelo movimento SOS Cabedelo, poderia ajudar a atenuar as sucessivas dragagens que o porto tem vindo a efectuar e, ao mesmo tempo, atenuar os efeitos da erosão a sul.
Manuel Traveira na elaboração da sua tese consultou os relatórios que acompanharam as obras do porto da Figueira da Foz desde 1953 até 1972, elaborados pelo LNEC. Solicitou, também, os estudos mais recentes na Biblioteca do LNEC, mas o acesso público está vedado por lei pelo período de 20 anos a contar da data da sua realização. Apesar destes condicionalismos, a análise dos relatórios do “Estudo em Modelo Reduzido do Porto da Figueira da Foz”, demonstraram-se bastante esclarecedores para a compreensão das dinâmicas de assoreamento a que o porto está sujeito.
1º Fase de estudos, 1953-1961
Segundo Manuel Traveira, até à construção dos molhes exteriores do porto comercial (1960-1966), os estudos do LNEC incidiram a sua atenção na análise do regime fisiográfico desta zona da costa portuguesa, ensaiando em modelo reduzido o esquema de obras inicialmente proposto na procura do esquema ideal para as obras exteriores do porto.
Quanto ao estudo fisiográfico desta zona, concluiu-se que:
1- A direcção da ondulação mais frequente e mais forte, é proveniente de oeste e noroeste.
“O Laboratório realizou o traçado dos planos de ondulação […] mostraram que […] o seu rumo é para norte do W (oeste) e apenas raramente, para o sul daquela direcção. Do mesmo modo se verificou que as amplitudes mais fortes correspondem a rumos entre o W (oeste) e o NW (noroeste).”
2- As areias que causam os problemas de assoreamento da foz do Mondego são provenientes maioritariamente do mar.
O aumento da praia da Figueira
Já em 1958, antes do início das obras dos molhes, o LNEC antevia o que posteriormente se veio a comprovar: o enorme aumento da praia da Figueira da Foz devido à construção do molhe norte, uma vez que funciona como uma barreira ao forte transporte de areias que se faz sentir ao longo da costa de norte para sul.
O excessivo crescimento da praia de banhos da Figueira, em todas as soluções ensaiadas, tornou-se altamente prejudicial à manutenção de boas profundidades no canal da barra, referindo-se que “no caso da Figueira da Foz, qualquer canal que venha a ser dragado, e de que resulte uma secção molhada muito superior à que actualmente existe, não se manterá logo que as areias comecem a contornar o molhe norte".
Este fenómeno de assoreamento do estuário é facilmente compreendido através da análise da passagem de areias que ocorre da praia a norte para a praia a sul do rio Mondego e pela explicação de como se forma o banco da barra (banco de areia que se forma em frente à Foz do rio Mondego, altamente prejudicial para a navegabilidade do porto).
Passagem de areias de norte para sul do rio
Na enchente as areias entram dentro do estuário donde são em parte ou na totalidade expelidas na vazante para fora do estuário depositando-se a uma distância maior ou menor consoante o coeficiente da maré e a amplitude da vaga. Só após o banco da barra ter atingido uma certa cota é que se começa a dar a passagem para as praias a sul. Neste caso, as areias expelidas pela vazante para o banco da barra caminham sob a acção das correntes de maré e da vaga para a praia a sul.
Uma vez que a areia tenha contornado a testa do molhe norte começará a caminhar ao longo da face interior do molhe. Forma-se, assim, um princípio de cabedelo que se vai pouco a pouco desenvolvendo até que as correntes de vazante começam a erodi-lo e a transportar o material arrancado para fora das testas do molhes depositando-o na zona do futuro banco da barra.
Por razões desconhecidas para Manuel Traveira, eventualmente explicadas pelo conteúdo de outros estudos aos quais não teve acesso, a construção dos molhes não seguiu importantes recomendações apontadas pelo LNEC.
A saber: o traçado curvo do molhe norte com a sua testa no alinhamento do antigo molhe sul (molhe velho), possibilitando uma maior protecção do estuário contra a penetração da vaga no seu interior; o molhe sul recuado (250 metros) em relação ao molhe norte com vista a facilitar a transposição natural das aluviões da margem norte do rio para as praias a sul; a construção de uma guia submersa no prolongamento do molhe velho, a fim de assegurar um traçado mais regular e com melhores profundidades.
2º Fase de estudos, 1968-1972
Durante as obras exteriores dos molhes concluídas em 1966, assistiu-se a um rápido crescimento da praia da Figueira, o que levou ao assoreamento do anteporto e necessária acção de dragagem já em 1967. Confirmadas as previsões do LNEC de que as obras exteriores por si só seriam incapazes de resolver o problema, este realizou, em 1967, uma reunião entre engenheiros da Direcção dos Serviços Marítimos (DSM) com o objectivo de procurar conhecer as possíveis soluções que a DSM previa encarar para a resolução do principal problema do porto da Figueira da Foz: o seu assoreamento a partir do mar.
Nesta reunião, ainda de harmonia com o estudo de Manuel Traveira, foi possível constatar que o caudal sólido litoral tinha assumido valores muito superiores aos dos estudos realizados até à construção dos molhes, e que seria urgente precisar esses valores com “a certeza antecipada de que serão elevados, pelo que este problema se irá sobrepor a todos os demais que condicionam a exploração do porto.”
Como possível solução do problema foi considerada novamente a possibilidade de “instalação de uma estação de bombagem de areias com conduta de repulsão submersa, conjugada com um quebra-mar paralelo à praia, em posição a definir." Como a transposição artificial da totalidade do volume sólido afluente à praia da Figueira deveria conduzir a encargos dificilmente comportáveis pela exploração do porto, foi posta em evidência a necessidade de conseguir que parte da transposição se faça naturalmente por acção da onda e das correntes de maré. Foi, porém, reconhecido que a orientação actual da entrada do porto é muito pouco propícia a esta transposição natural, pelo que se admitiu a hipótese de a alterar por um prolongamento do molhe norte.”
Porque não foi seguido o rumo que o LNEC sugeriu?
Devido à impossibilidade de aceder aos estudos mais recentes sobre o Porto Comercial, pelas razões anteriormente mencionadas, não foi possível a Manuel Traveira conhecer a razão pela qual, tanto nas obras interiores, realizadas na década de 1980 e 1990 do século XX, como nas obras exteriores do prolongamento do molhe norte iniciadas em 2008, se tenha optado por rumos diferentes dos sugeridos no plano geral de melhoramentos realizado pelo LNEC.
Todavia, segundo o SOS Cabedelo, o relatório do Grupo de Trabalho do Litoral (GTL) prevê a adopção de sistemas de transposição sedimentar" na barra da Figueira - 1,1Mm3 em cada ano - um circuito altenativo à passagem das areias na frente da barra que provocam a rebentação na entrada do Porto Comercial.
O Programa da Orla Costeira (POC), agora em discussão à porta fechada, em vez de avançar para a solução refugia-se na intenção das avaliações custo-benefício agravando o prejuízo a cada dia que passa.
Actualização às 10 horas e 18 minutos.
Acabei de inserir duas imagens que me foram disponibilizadas pelo Arquitecto Manuel Traveira, a quem aproveito para agradecer.
"É urgente demonstrar às pessoas que existe um problema muito grave mas que tem solução. Basta de tanta mentira."
De realçar o papel deste figueirense nesta importante e cada vez mais urgente missão.
Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".
Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados 12 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra".
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira". Porém, e espero que isso seja tido em conta no disparate que é a projectada obra a levar a cabo pela Câmara Municipal da nossa cidade, "essa área de areia será sempre propriedade do mar, que este quando assim o entender, virá buscar o que lhe pertence".
O projecto do Engº. Baldaque da Silva
Existe um estudo sobre como melhorar o Porto da Figueira. Quem estiver interessado pode consultá-lo na Biblioteca Municipal, num dos jornais locais de 1914.
Esse precioso e importante trabalho, refere a construção de um "paredão a partir do Cabo Mondego em direcção ao quadrante sul".
Esse projecto, da autoria do Eng. Baldaque da Silva, para a construção da obra de um "Porto Oceânico", foi aprovado na Assembleia de Deputados para ser posto a concurso, o que nunca aconteceu, pois foi colocado numa gaveta.
Neste momento, como as coisas estão na enseada de Buarcos, já não deverá ser possível colocar ali o "Porto Oceânico", uma vez que as construções ocuparam os terrenos necessários ao acesso àquilo que seria um porto daquela envergadura.
Porém, o estudo do Eng. Baldaque da Silva poderia servir de base para a construção de um paredão com cerca de 1 800 metros, que serviria para obstruir o acesso das areias à enseada de Buarcos, traria benefícios consideráveis: acabaria o depósito de areias na enseada, barra, rio e praia; ficaria protegida a zona do Cabo Mondego e Buarcos, evitando a erosão das praias da zona e os constantes prejuízos na Avenida Marginal; serviria de abrigo à própria barra, quando a ondulação predominasse de Oeste ou O/N.
A sustentabilidade do porto da Figueira da Foz
Um dia destes, tive acesso a uns sub- capítulos duma tese do arquitecto figueirense Manuel Traveira, sobre a questão dos molhes.
Em 2011, na cerimónia de inauguração das obras do prolongamento do molhe norte, o Engenheiro José Luís Cacho, então Presidente da Administração do Porto da Figueira da Foz, sublinhou que “o porto da Figueira da Foz, que os pessimistas de serviço já viam com certidão de óbito passada, estava, afinal, pujante, de boa saúde e, agora, com estes avultados investimentos, mais preparado para enfrentar os desafios que se avizinham”.
No entanto, em 2013, o mesmo Engenheiro José Luís Cacho já demonstrava uma grande preocupação com a futura sustentabilidade do porto comercial.
"A quebra de receitas da administração do porto, devido à redução das taxas portuárias, é um facto preocupante", considerou, referindo ainda que tal situação é agravada por um "aumento futuro da despesa com as dragagens".
Por sua vez, o Dr. Hermano Sousa, Presidente da Comunidade Portuária da Figueira da Foz, referia que “a capacidade instalada, de 3 milhões de toneladas/ano, está longe de ser atingida. Apesar da admirável evolução, não podemos dormir à sombra destes resultados..." Do seu ponto de vista, para maximizar a utilização do porto, "era preciso consolidar o estado da barra, fixando o calado, ao longo de todo o ano, primeiro nos 6,5 metros e, posterior e idealmente, nos 7,5 metros, já a pensar nos navios de nova geração, que estão agora a sair dos estaleiros e chegarão em breve ao mercado".
Estudar e entender a dinâmica que cria o assoreamento de inverno é um dos requisitos para que o calado do porto figueirense possa receber embarcações de grande porte. A solução apontada, porém, tem sempre passado por dragagens, que custam muito dinheiro.
Imagem, entretanto, cedida pelo arquitecto Manuel Traveira |
Bypass
O bypass proposto pelo movimento SOS Cabedelo, poderia ajudar a atenuar as sucessivas dragagens que o porto tem vindo a efectuar e, ao mesmo tempo, atenuar os efeitos da erosão a sul.
Manuel Traveira na elaboração da sua tese consultou os relatórios que acompanharam as obras do porto da Figueira da Foz desde 1953 até 1972, elaborados pelo LNEC. Solicitou, também, os estudos mais recentes na Biblioteca do LNEC, mas o acesso público está vedado por lei pelo período de 20 anos a contar da data da sua realização. Apesar destes condicionalismos, a análise dos relatórios do “Estudo em Modelo Reduzido do Porto da Figueira da Foz”, demonstraram-se bastante esclarecedores para a compreensão das dinâmicas de assoreamento a que o porto está sujeito.
1º Fase de estudos, 1953-1961
Segundo Manuel Traveira, até à construção dos molhes exteriores do porto comercial (1960-1966), os estudos do LNEC incidiram a sua atenção na análise do regime fisiográfico desta zona da costa portuguesa, ensaiando em modelo reduzido o esquema de obras inicialmente proposto na procura do esquema ideal para as obras exteriores do porto.
Quanto ao estudo fisiográfico desta zona, concluiu-se que:
1- A direcção da ondulação mais frequente e mais forte, é proveniente de oeste e noroeste.
“O Laboratório realizou o traçado dos planos de ondulação […] mostraram que […] o seu rumo é para norte do W (oeste) e apenas raramente, para o sul daquela direcção. Do mesmo modo se verificou que as amplitudes mais fortes correspondem a rumos entre o W (oeste) e o NW (noroeste).”
2- As areias que causam os problemas de assoreamento da foz do Mondego são provenientes maioritariamente do mar.
O aumento da praia da Figueira
Já em 1958, antes do início das obras dos molhes, o LNEC antevia o que posteriormente se veio a comprovar: o enorme aumento da praia da Figueira da Foz devido à construção do molhe norte, uma vez que funciona como uma barreira ao forte transporte de areias que se faz sentir ao longo da costa de norte para sul.
O excessivo crescimento da praia de banhos da Figueira, em todas as soluções ensaiadas, tornou-se altamente prejudicial à manutenção de boas profundidades no canal da barra, referindo-se que “no caso da Figueira da Foz, qualquer canal que venha a ser dragado, e de que resulte uma secção molhada muito superior à que actualmente existe, não se manterá logo que as areias comecem a contornar o molhe norte".
Este fenómeno de assoreamento do estuário é facilmente compreendido através da análise da passagem de areias que ocorre da praia a norte para a praia a sul do rio Mondego e pela explicação de como se forma o banco da barra (banco de areia que se forma em frente à Foz do rio Mondego, altamente prejudicial para a navegabilidade do porto).
Passagem de areias de norte para sul do rio
Na enchente as areias entram dentro do estuário donde são em parte ou na totalidade expelidas na vazante para fora do estuário depositando-se a uma distância maior ou menor consoante o coeficiente da maré e a amplitude da vaga. Só após o banco da barra ter atingido uma certa cota é que se começa a dar a passagem para as praias a sul. Neste caso, as areias expelidas pela vazante para o banco da barra caminham sob a acção das correntes de maré e da vaga para a praia a sul.
Outra imagem, entretanto, cedida pelo arquitecto Manuel Traveira, a quem deixo o meu agradecimento. |
Uma vez que a areia tenha contornado a testa do molhe norte começará a caminhar ao longo da face interior do molhe. Forma-se, assim, um princípio de cabedelo que se vai pouco a pouco desenvolvendo até que as correntes de vazante começam a erodi-lo e a transportar o material arrancado para fora das testas do molhes depositando-o na zona do futuro banco da barra.
Por razões desconhecidas para Manuel Traveira, eventualmente explicadas pelo conteúdo de outros estudos aos quais não teve acesso, a construção dos molhes não seguiu importantes recomendações apontadas pelo LNEC.
A saber: o traçado curvo do molhe norte com a sua testa no alinhamento do antigo molhe sul (molhe velho), possibilitando uma maior protecção do estuário contra a penetração da vaga no seu interior; o molhe sul recuado (250 metros) em relação ao molhe norte com vista a facilitar a transposição natural das aluviões da margem norte do rio para as praias a sul; a construção de uma guia submersa no prolongamento do molhe velho, a fim de assegurar um traçado mais regular e com melhores profundidades.
2º Fase de estudos, 1968-1972
Durante as obras exteriores dos molhes concluídas em 1966, assistiu-se a um rápido crescimento da praia da Figueira, o que levou ao assoreamento do anteporto e necessária acção de dragagem já em 1967. Confirmadas as previsões do LNEC de que as obras exteriores por si só seriam incapazes de resolver o problema, este realizou, em 1967, uma reunião entre engenheiros da Direcção dos Serviços Marítimos (DSM) com o objectivo de procurar conhecer as possíveis soluções que a DSM previa encarar para a resolução do principal problema do porto da Figueira da Foz: o seu assoreamento a partir do mar.
Nesta reunião, ainda de harmonia com o estudo de Manuel Traveira, foi possível constatar que o caudal sólido litoral tinha assumido valores muito superiores aos dos estudos realizados até à construção dos molhes, e que seria urgente precisar esses valores com “a certeza antecipada de que serão elevados, pelo que este problema se irá sobrepor a todos os demais que condicionam a exploração do porto.”
Como possível solução do problema foi considerada novamente a possibilidade de “instalação de uma estação de bombagem de areias com conduta de repulsão submersa, conjugada com um quebra-mar paralelo à praia, em posição a definir." Como a transposição artificial da totalidade do volume sólido afluente à praia da Figueira deveria conduzir a encargos dificilmente comportáveis pela exploração do porto, foi posta em evidência a necessidade de conseguir que parte da transposição se faça naturalmente por acção da onda e das correntes de maré. Foi, porém, reconhecido que a orientação actual da entrada do porto é muito pouco propícia a esta transposição natural, pelo que se admitiu a hipótese de a alterar por um prolongamento do molhe norte.”
Porque não foi seguido o rumo que o LNEC sugeriu?
Devido à impossibilidade de aceder aos estudos mais recentes sobre o Porto Comercial, pelas razões anteriormente mencionadas, não foi possível a Manuel Traveira conhecer a razão pela qual, tanto nas obras interiores, realizadas na década de 1980 e 1990 do século XX, como nas obras exteriores do prolongamento do molhe norte iniciadas em 2008, se tenha optado por rumos diferentes dos sugeridos no plano geral de melhoramentos realizado pelo LNEC.
Todavia, segundo o SOS Cabedelo, o relatório do Grupo de Trabalho do Litoral (GTL) prevê a adopção de sistemas de transposição sedimentar" na barra da Figueira - 1,1Mm3 em cada ano - um circuito altenativo à passagem das areias na frente da barra que provocam a rebentação na entrada do Porto Comercial.
O Programa da Orla Costeira (POC), agora em discussão à porta fechada, em vez de avançar para a solução refugia-se na intenção das avaliações custo-benefício agravando o prejuízo a cada dia que passa.
Actualização às 10 horas e 18 minutos.
Acabei de inserir duas imagens que me foram disponibilizadas pelo Arquitecto Manuel Traveira, a quem aproveito para agradecer.
"É urgente demonstrar às pessoas que existe um problema muito grave mas que tem solução. Basta de tanta mentira."
De realçar o papel deste figueirense nesta importante e cada vez mais urgente missão.
No país do divertimento...
Colocam Marco António Costa a falar de "transparência e veracidade" das contas públicas...
O que é que um gajo pode fazer mais, além de rir?..
Rir até chorar!..
O que é que um gajo pode fazer mais, além de rir?..
Rir até chorar!..
sábado, 17 de outubro de 2015
Ter e ser...
Desde que OUTRA MARGEM viu a luz do dia - já lá vão uns 9 anitos e teca - ficou bem patente a minha independência, que muitos não conseguem perceber e muito menos aceitar.
Já ganhei alguns "ódios de estimação", que eu nunca retribui na mesma moeda.
Aliás, o que me move é fácil de explicar: OUTRA MARGEM, para mim, que não sou filiado em nenhum partido, não tenho amigos na politica local ou nacional, não tenho interesses partidários nem económicos ou financeiros, foi sempre para mim um meio de participar activamente na discussão em redor da actualidade covagalense, figueirense e nacional.
Podem acusar-me do que quiserem - o mais habitual não é rebater os meus argumentos sobre o que posto (alguém é capaz de contestar que não tenho razão nos alertas que tenho vindo a fazer ao longo dos anos sobre a erosão costeira a sul da barra ou o aumento em 400 metros do molhe norte?..) mas que sou sempre do contra, o que não é verdade.
A esses digo, apenas, isto: quando conseguirem perceber a minha independência, perceberão todo o resto.
Enquanto morar em mim a esperança de que há uma possibilidade de ser possível viver numa Aldeia, num Concelho e num País melhor do que isto que temos, vou continuar por aqui.
Quando perder totalmente essa esperança, meto o teclado no saco...
Os anónimos podem continuar a enviar mensagens, pois isso contribui para melhorar a minha disposição.
Nos dias que correm um gajo tem tantos problemas, que qualquer coisa que contribua para o divertimento diário é bem vinda.
Sou optimista por natureza.
Optimismo para mim é simples: é somar a + b na máquina de calcular e esperar obter c.
O Dr. Salazar era ainda mais simplório: existe o mito urbano - não sei se criado ou alimentado por ele - que criava galinhas em S. Bento para aliviar os contribuintes dos encargos com a sua alimentação, enquanto os portugueses, fruto da política que implementou e impôs em décadas de ditadura, iam morrendo todos os dias: na guerra colonial, à fome de comida, de cuidados de saúde e privados do acesso ao saber e à cultura.
Este país do faz de conta, onde é mais importante ser do que ter, continua a precisar é de estilo: sobretudo, de sinais exteriores de modernidade e estatuto comuns aos que não sendo, querem parecer que são.
Já ganhei alguns "ódios de estimação", que eu nunca retribui na mesma moeda.
Aliás, o que me move é fácil de explicar: OUTRA MARGEM, para mim, que não sou filiado em nenhum partido, não tenho amigos na politica local ou nacional, não tenho interesses partidários nem económicos ou financeiros, foi sempre para mim um meio de participar activamente na discussão em redor da actualidade covagalense, figueirense e nacional.
Podem acusar-me do que quiserem - o mais habitual não é rebater os meus argumentos sobre o que posto (alguém é capaz de contestar que não tenho razão nos alertas que tenho vindo a fazer ao longo dos anos sobre a erosão costeira a sul da barra ou o aumento em 400 metros do molhe norte?..) mas que sou sempre do contra, o que não é verdade.
A esses digo, apenas, isto: quando conseguirem perceber a minha independência, perceberão todo o resto.
Enquanto morar em mim a esperança de que há uma possibilidade de ser possível viver numa Aldeia, num Concelho e num País melhor do que isto que temos, vou continuar por aqui.
Quando perder totalmente essa esperança, meto o teclado no saco...
Os anónimos podem continuar a enviar mensagens, pois isso contribui para melhorar a minha disposição.
Nos dias que correm um gajo tem tantos problemas, que qualquer coisa que contribua para o divertimento diário é bem vinda.
Sou optimista por natureza.
Optimismo para mim é simples: é somar a + b na máquina de calcular e esperar obter c.
O Dr. Salazar era ainda mais simplório: existe o mito urbano - não sei se criado ou alimentado por ele - que criava galinhas em S. Bento para aliviar os contribuintes dos encargos com a sua alimentação, enquanto os portugueses, fruto da política que implementou e impôs em décadas de ditadura, iam morrendo todos os dias: na guerra colonial, à fome de comida, de cuidados de saúde e privados do acesso ao saber e à cultura.
Este país do faz de conta, onde é mais importante ser do que ter, continua a precisar é de estilo: sobretudo, de sinais exteriores de modernidade e estatuto comuns aos que não sendo, querem parecer que são.
"Que país de merda"! (II)
foto sacada daqui
Pelo menos um dos cinco pescadores que morreram no polémico naufrágio da Figueira da Foz poderia ter sido salvo. O Sexta às 9 sabe que as Finanças terão vetado o alargamento do horário do socorro que, neste caso, se revelou fatal.
O pescador esteve no casco do navio a agonizar e a pedir desesperadamente por ajuda. A ajuda, essa, só chegou duas horas mais tarde e foi prestada por um militar da Polícia Marítima que usou uma mota de água.
A lancha do Instituto de Socorros a Naúfragos nem saiu do porto, uma vez que os serviços do instituto fecham às 18 horas e o acidente aconteceu pouco depois das 19 horas.
Nos últimos dois anos, só na barra da Figueira da Foz, morreram 11 pessoas em três naufrágios em tudo semelhantes.
João Traveira, pouco tempo depois do acidente escreveu isto que, passados todos estes dias, continua a arrepiar-me.
"Não consigo por palavras dizer tudo o que sinto depois de mais um barco ir ao fundo, do salva vidas não ter ido lá buscar as balsas porque está avariado, ver o chapas sozinho sem luz a ir socorrer as pessoas no mar de noite. Os nossos políticos e decisores não fazem ideia de nada e a ignorância nestes cargos é crime. Que pais de merda!"Desculpem lá, mas se isto não é um país de merda, alguém por favor me explique o que é um país de merda?..
Uma palavra final para este oportuno e profissional trabalho jornalístico da equipa do Sexta às 9.
Sublinhe-se, por ser verdade, que a comunicação social em Portugal ainda é servida por muitos profissionais competentes e responsáveis.
Porém, como em todas as profissões, há de tudo.
Até há quem de forma despropositada e gratuita se preste a desnecessárias e infelizes figuras desproporcionadas ao momento que se estava a viver e à situação ..
Platão nasceu em Atenas, provavelmente em 427 a.C. e morreu em 347 a.C..
No entretanto, viveu.
Até porque, na altura, não havia assim mais nada para fazer.
Por exemplo, não podia ficar só em casa, deitado no sofá a ver um José Carlos Malato, um Fernando Mendes, um João Baião ou até um Manuel Luís Goucha.
Nesse tempo, havia mais vida para além da imagem...
O empobrecimento competitivo
Assinalando o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza (17 de outubro), o Instituto Nacional de Estatística apresentou ontem - num documento síntese que vale a pena ver na íntegra - os dados definitivos do mais recente «Inquérito às Condições de Vida e Rendimento». O balanço da legislatura que agora termina não podia ser mais claro: Portugal converteu-se num país mais pobre e mais desigual, como demonstram os resultados obtidos pelo INE.
O Risco de pobreza, que se manteve em cerca de 18% até 2011 dispara, em 2013, para 20%. A Intensidade da pobreza sofre um agravamento sem precedentes: aumentando apenas cerca de meio ponto percentual durante a crise financeira (2008-2011), regista um acréscimo de dois pontos percentuais desde então (para passar a situar-se, em 2013, nos 30,3%). A Privação material severa, que traduz a carência forçada num conjunto de itens (como a capacidade para pagar a renda, ter uma refeição de carne ou de peixe pelo menos de 2 em 2 dias, ou manter a casa adequadamente aquecida) atinge os 10,6% (quando entre 2008 e 2011 tinha descido de 9,7 para 8,3%). Por último, a Desigualdade na distribuição do rendimento atinge um rácio de 6,2 na diferença entre a proporção do rendimento dos 20% da população com maiores rendimentos e o rendimento auferido pelos 20% com menores rendimentos). Poderá pensar-se que estes são os custos inevitáveis do «ajustamento», mesmo quando os dados desmentem a «ética social na austeridade», prometida pelo governo no início da legislatura. Mas o que sucede, na verdade, é que o empobrecimento constitui um dos vectores essenciais da proclamada «mudança estrutural da economia portuguesa», assente na competitividade à custa de cortes nos salários directos e indirectos (e que implica, por seu turno, a desestruturação do mundo do trabalho e o reforço das «zonas de conforto» e dos rendimentos do capital).
É por isso, aliás, que muito do que está em causa nos dias que correm é a escolha, para o nosso futuro, entre uma economia medíocre, que aprofunda o empobrecimento do país, e uma economia aposta na qualificação do trabalho, na modernização dos tecidos produtivos e na coesão social. Pensar que uma e outra se podem conciliar e calibrar, num qualquer Orçamento de Estado negociado com a direita, é não perceber o que se passou nos últimos anos e subestimar a agenda ideológica que se pretende prosseguir, com a ajuda e cumplicidade das instituições europeias. Já bastam, de facto, as dificuldades e constrangimentos que teremos de enfrentar.
Nuno Serra, via Ladrões de Bicicletas
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Papão nosso que estais no céu
João Quadros |
No fundo, tudo isto se resume a um medo terrível de que alguma coisa mude no que tem estado tão bem assim. Tudo pela tradição que aqui nos trouxe. Até a lógica do deve fazer Governo o partido mais votado, com o apoio do outro do arco, é a mesma da praxe: se não fizeres, és excluído. Não vem na lei, mas é tradição. Estamos perante a chamada Democracia de Barrancos. O melhor é matar o animal."
ALERTA !ALERTA COSTEIRO 14/15, mais do que possível é já uma certeza
"Dia 23 de novembro vamos plantar o dobro dos pinheiros - 1000 pinheiros mansos vão ser plantados,
0,9 hectares vão ser reflorestados no pinhal da Cova-Gala.
Alerta Costeiro 14/15 - Missão Florestação mais do que possível é uma certeza.
Dia 23 de novembro, Dia da Floresta Autoctone conto com a vossa ajuda para plantar os mil pinheiros".
Pedro Agostinho Cruz
0,9 hectares vão ser reflorestados no pinhal da Cova-Gala.
Alerta Costeiro 14/15 - Missão Florestação mais do que possível é uma certeza.
Dia 23 de novembro, Dia da Floresta Autoctone conto com a vossa ajuda para plantar os mil pinheiros".
Pedro Agostinho Cruz
A vida...
"Os heróis sempre
fizeram parte da
vida da maior parte
das pessoas, um jogador
de futebol, o pai, ou uma
qualquer a personagem
da banda desenhada, o
Super-Homem ou Mandrake, conforme os gostos.
A televisão veio tornar mais
elástica a fila, a montra que
é apresentada todos os dias.
Subliminarmente vão-nos
sendo mostrados chefes,
pensadores, economistas,
políticos, como os exemplos
maiores e melhores de heróis, exemplos a serem seguidos por todos nós, meros
números deste mundo de
formigas. Pela parte que me
toca, tenho para mim que
ser herói é coisa diferente
e voto, desde já, em duas
categorias: os pescadores
e os bombeiros.
São seres como nós, não deitam fogo pelas mãos, não voam, não se teletransportam, não se tornam invisíveis, não mudam de forma, mas trabalham em condições difíceis para nos trazer alimento, com baixos salários, e pouca segurança, defendem-nos do fogo, salvam bens e haveres, até são parteiros, quando necessário. Outros poderia acrescentar, como os mineiros e os polícias, mas será assunto para outra crónica."
Crónica de António Augusto Menano, escritor, hoje no jornal AS BEIRAS.
Em tempo.
Tantos heróis que morreram na Figueira e poucos dias depois não lhes lembramos sequer os nomes nem a gesta.
São os heróis desconhecidos. Os heróis do quotidiano. As pessoas vulgares que conhecemos e que ninguém mais, na realidade, conhece.
Todos temos projectos sem fim e grandiosos.
Tudo marcha, porém, à medida da nossa grandeza ou da nossa pequenez.
Todos somos candidatos a heróis numa cidade que criou tantos heróis com pés e ideias de barro.
Só há um tipo de riqueza: a nossa própria.
Um só tipo de liberdade: a de conseguir vivê-la, impedindo que nos apertem o colete de forças em que vivemos.
Libertadores somos das nossas responsabilidades.
Quando deixamos morrer a nossa liberdade individual, a cidade perde e morre também com a nossa incúria.
A Figueira é assim. Uma cidade que tem vindo a morrer em paz.
Podre.
Estamos mergulhados num coma profundo de que poucos se dão conta. Vivemos numa cidade que apesar de ter um bonito pôr do sol, vive sem horizonte, mergulhada na desesperança sem fim.
Continuamos a morrer em paz.
Podre.
De quem é a culpa?
Como sempre, de todos e de ninguém!
São seres como nós, não deitam fogo pelas mãos, não voam, não se teletransportam, não se tornam invisíveis, não mudam de forma, mas trabalham em condições difíceis para nos trazer alimento, com baixos salários, e pouca segurança, defendem-nos do fogo, salvam bens e haveres, até são parteiros, quando necessário. Outros poderia acrescentar, como os mineiros e os polícias, mas será assunto para outra crónica."
Crónica de António Augusto Menano, escritor, hoje no jornal AS BEIRAS.
Em tempo.
Tantos heróis que morreram na Figueira e poucos dias depois não lhes lembramos sequer os nomes nem a gesta.
São os heróis desconhecidos. Os heróis do quotidiano. As pessoas vulgares que conhecemos e que ninguém mais, na realidade, conhece.
Todos temos projectos sem fim e grandiosos.
Tudo marcha, porém, à medida da nossa grandeza ou da nossa pequenez.
Todos somos candidatos a heróis numa cidade que criou tantos heróis com pés e ideias de barro.
Só há um tipo de riqueza: a nossa própria.
Um só tipo de liberdade: a de conseguir vivê-la, impedindo que nos apertem o colete de forças em que vivemos.
Libertadores somos das nossas responsabilidades.
Quando deixamos morrer a nossa liberdade individual, a cidade perde e morre também com a nossa incúria.
A Figueira é assim. Uma cidade que tem vindo a morrer em paz.
Podre.
Estamos mergulhados num coma profundo de que poucos se dão conta. Vivemos numa cidade que apesar de ter um bonito pôr do sol, vive sem horizonte, mergulhada na desesperança sem fim.
Continuamos a morrer em paz.
Podre.
De quem é a culpa?
Como sempre, de todos e de ninguém!
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Veneno - puro...
Às vezes acho que tenho visões do futuro...
Será que vai ser igual ao presente, mas em pior?..
"Francisco Assis iniciou, hoje, um caminho longo para a liderança do PS.
Não será um caminho fácil, nem garantidamente bem sucedido.
Para que o vasto e numeroso leque de apaniguados de Costa seja desalojado do poder terá de fazer o PS descer ainda mais baixo do que já fez.
Não será coisa impossível, nem sequer improvável.
E será tanto mais breve, quanto melhor sucedida for a estratégia do actual secretário-geral."
Será que vai ser igual ao presente, mas em pior?..
"Francisco Assis iniciou, hoje, um caminho longo para a liderança do PS.
Não será um caminho fácil, nem garantidamente bem sucedido.
Para que o vasto e numeroso leque de apaniguados de Costa seja desalojado do poder terá de fazer o PS descer ainda mais baixo do que já fez.
Não será coisa impossível, nem sequer improvável.
E será tanto mais breve, quanto melhor sucedida for a estratégia do actual secretário-geral."
Se esta será a sua eternidade, não sei...
"Diário de Coimbra e o actual momento político".
A nossa informação, está pelas ruas da amargura.
Jornais, rádios e televisões, renderam-se ao magnífico chefe.
O absolutismo democrático reinante, a falta de liquidez e a necessidade de manter os empregos, transformaram jornalistas em animadores e aprendizes em abrilhantadores.
Continua por resolver o problema da blogoesfera.
A resposta ao "jornalismo" do grupo Diário de Coimbra está aqui.
Limito-me a sublinhar.
"Não deixa de ser curioso que os jornais deste grupo declarem o combate a um governo. Tanto mais a um governo que ainda não existe e não se sabe se existirá. Mas percebemos que esse combate não é só de amanhã, mas foi e é o seu combate de todos os dias. Percebem-se assim as suas opções editoriais…
O editorial assinado pelo director finge-se preocupado com a democracia, mas duvido que o editorial tenha sido votado ou sequer discutido com os jornalistas. Certamente baseia-se na capacidade do proprietário em decidir."
A nossa informação, está pelas ruas da amargura.
Jornais, rádios e televisões, renderam-se ao magnífico chefe.
O absolutismo democrático reinante, a falta de liquidez e a necessidade de manter os empregos, transformaram jornalistas em animadores e aprendizes em abrilhantadores.
Continua por resolver o problema da blogoesfera.
A resposta ao "jornalismo" do grupo Diário de Coimbra está aqui.
Limito-me a sublinhar.
"Não deixa de ser curioso que os jornais deste grupo declarem o combate a um governo. Tanto mais a um governo que ainda não existe e não se sabe se existirá. Mas percebemos que esse combate não é só de amanhã, mas foi e é o seu combate de todos os dias. Percebem-se assim as suas opções editoriais…
O editorial assinado pelo director finge-se preocupado com a democracia, mas duvido que o editorial tenha sido votado ou sequer discutido com os jornalistas. Certamente baseia-se na capacidade do proprietário em decidir."
Se tivéssemos tido menos cavaco e mais mar...
"Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que o Pingo Doce (da Jerónimo Martins) e o Modelo Continente (do grupo Sonae) estão entre os maiores importadores portugueses."
Porque é que estes dados não me causam admiração? Talvez porque, esta semana, tive a oportunidade de verificar que a zona de frescos dos supermercados parece uns jogos sem fronteiras de pescado e marisco. Uma ONU do ultra-congelado. Eu explico.
Por alto, vi: camarão do Equador, burrié da Irlanda, perca egípcia, sapateira de Madagáscar, polvo marroquino, berbigão das Fidji, abrótea do Haiti? Uma pessoa chega a sentir vergonha por haver marisco mais viajado que nós. Eu não tenho vontade de comer uma abrótea que veio do Haiti ou um berbigão que veio das exóticas Fidji. Para mim, tudo o que fica a mais de 2.000 quilómetros de casa é exótico. Eu sou curioso, tenho vontade de falar com o berbigão, tenho curiosidade de saber como é que é o país dele, se a água é quente, se tem irmãs, etc.
Vamos lá ver. Uma pessoa vai ao supermercado comprar duas cabeças de pescada, não tem de sentir que não conhece o mundo. Não é saudável ter inveja de uma gamba. Uma dona de casa vai fazer compras e fica a chorar junto do linguado de Cuba, porque se lembra que foi tão feliz na lua-de-mel em Havana e agora já nem a Badajoz vai. Não se faz. E é desagradável constatar que o tamboril (da Escócia) fez mais quilómetros para ali chegar que os que vamos fazer durante todo o ano. Há quem acabe por levar peixe-espada do Quénia só para ter alguém interessante e viajado lá em casa. Eu vi perca egípcia em Telheiras? fica estranho. Perca egípcia soa a Hercule Poirot e Morte no Nilo. A minha mãe olha para uma perca egípcia e esquece que está num supermercado e imagina-se no Museu do Cairo e esquece-se das compras. Fica ali a sonhar, no gelo, capaz de se constipar.
JOÃO QUADROS |
Deixei para o fim o polvo marroquino. É complicado pedir polvo marroquino, assim às claras. Eu não consigo perguntar: "tem polvo marroquino?", sem olhar à volta a ver se vem lá polícia. "Queria quinhentos de polvo marroquino" - tem de ser dito em voz mais baixa e rouca. Acabei por optar por robalo de Chernobyl para o almoço. Não há nada como umas coxinhas de robalo de Chernobyl.
Eu, às vezes penso: o que não poupávamos se Portugal tivesse mar.
Paris-Telheiras, um crónica de João Quadros, publicada a 5 de Abril de 2012 no Negócios.
A direita entre a golpada e a democracia
"Ficou decidido por decreto, aparentemente irrevogável, publicado em 25 de Novembro de 1975, que a Direita é democrática. Que os bombistas, terroristas, aliados da direita, foram “combatentes da liberdade”. Ponto final parágrafo.
Nunca mais desde aquela data até hoje a Direita teve necessidade de fazer “prova de vida” da democracia. Nos dias que correm, tem. O que faria, a partir de hoje, em qualquer país da Europa civilizada – atenção, não confundir com União Europeia – um político que estivesse na situação de Passos Coelho? Isto é, um político que tivesse sido encarregado pelo Chefe de Estado (Rei, Rainha ou PR) de formar governo e se deparasse nas suas diligências com a situação com que Passos se deparou? Muito simples: pedir-lhe-ia uma audiência para lhe comunicar que não tinha condições para formar Governo. “Arranje outro, Excelência”.
A direita portuguesa não quer fazer isso.
Está inclinada para o Golpe. Dentro de dias o saberemos."
Via POLITEIA
Nunca mais desde aquela data até hoje a Direita teve necessidade de fazer “prova de vida” da democracia. Nos dias que correm, tem. O que faria, a partir de hoje, em qualquer país da Europa civilizada – atenção, não confundir com União Europeia – um político que estivesse na situação de Passos Coelho? Isto é, um político que tivesse sido encarregado pelo Chefe de Estado (Rei, Rainha ou PR) de formar governo e se deparasse nas suas diligências com a situação com que Passos se deparou? Muito simples: pedir-lhe-ia uma audiência para lhe comunicar que não tinha condições para formar Governo. “Arranje outro, Excelência”.
A direita portuguesa não quer fazer isso.
Está inclinada para o Golpe. Dentro de dias o saberemos."
Via POLITEIA
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