Esta politica de
promover a deflação doméstica (reduzir salários e reformas e reduzir
globalmente a despesa) se calhar gera mesmo ganhos de produtividade...
Estamos a chegar a um
ponto em que a redução sistemática dos salários está a resultar, não só, em tornar-nos
extraordinariamente competitivos a produzir pobreza, mas, também, em nos mantermos extraordinariamente baixos!..domingo, 4 de agosto de 2013
Que semana!..
Na Comporta brincou-se aos pobrezinhos…
A associação Animal
rebaptizou o cão Zico e chamou-lhe
Mandela…
O Portas começou a
fazer de primeiro-ministro por 15 dias…
O Lomba começou a fazer discursos, em vez de briefings…
O Relvas tornou-se
embaixador olímpico da língua portuguesa…
Cavaco e Passos foram
para o Algarve…
Ontem, Marques Mendes, um dos muitos comentadores socias democtaras, defendeu demissão de Pais Jorge!
O que me vale é que deixei de fumar há 20 anos…
Ontem, Marques Mendes, um dos muitos comentadores socias democtaras, defendeu demissão de Pais Jorge!
sábado, 3 de agosto de 2013
Cavaquismo: legado e auto-história
No Público de hoje, versão impressa, pois o link limita-se a isto, está
um texto de leitura obrigatória de Manuel Loff, sobre
Cavaco Silva e o seu longuíssimo
percurso no Portugal pós 25 de Abril.
Pelo
interesse, publica-se alguns excertos “gamados” aqui:
«Quando
no próximo 25 de abril se completarem 40 anos de democracia em Portugal, Cavaco
terá cumprido mais de oito como Presidente da República (2006-14), a que se
somam os dez como primeiro-ministro (1985-95) e o ano (1980-81) em que foi
ministro das Finanças – 19 no total, praticamente metade do período
democrático. Na história destas quatro décadas, é Cavaco quem emerge. É
terrível, e deprimente, mas é assim. O regime político em que hoje vivemos,
aquilo em que ele se transformou, a articulação perversa entre poder económico
e político, é, sobretudo, o resultado do cavaquismo dos
anos 1985-95, replicado sem cessar desde então, com o próprio, o Presidente
menos votado da nossa democracia, na chefia do Estado. (...)
Cavaco,
o homem que, desde Salazar, e muito mais que Caetano ou Sá Carneiro, melhor
sintonizou com as direitas portuguesas, é o responsável máximo pela
re-oligarquização do Estado e do poder político em Portugal, pelo regresso às
formas mais elitistas de dominação política que caraterizavam o sistema
liberal-conservador, que a I República breve e fragilmente interrompeu, mas que
se reconstituiu, com muito mais força, com o salazarismo. O cavaquismofoi essa espécie de marcelismo adaptado
às regras formais da democracia política (Cavaco chamou ao poder muitos dos
pseudotecnocratas que Marcelo promovera), que, tendo beneficiado da bazófia
ideológica do fim da História, procurou convencer os portugueses de que as
ideologias tinham morrido, o que havia era economia, progresso e uma
naturalíssima desigualdade social que só o mérito individual (e não quaisquer
políticas sociais!) poderia corrigir. (...)
Eis
o legado que nos deixa o homem que dizia na última campanha eleitoral: “Para
serem mais honestos do que eu tinham que nascer duas vezes.” (Imprensa,
23/12/2010.) Ele, que se rodeou no poder daquela que se revelou a mais
descarada clique de trapaceiros das finanças de que há memória desde,
provavelmente, Alves dos Reis. Ele, que, depois de 34 anos de atividade
política ininterrupta, gosta de derrapar pelo discurso antipolíticos como
se não fosse um deles, e que em 1981 era (com Eurico de Melo e Santana) o
campeão das conspirações internas no PSD contra Balsemão, que, à
la Portas, se demitiria para logo a seguir ser
reconduzido. Ele, que depois de dez anos da mais intensa política deliberada de
inviabilização social e económica do mundo rural e piscatório português,
discorre hoje pateticamente sobre as maravilhas do regresso ao campo e ao mar.
(...)
O
“melhor povo do mundo” deve ter alguma responsabilidade em que este homem tenha
chegado aonde chegou. Mas tudo indica que não acredita mais. Nele ou nos seus
pupilos.»
"Poiares Maduro e Lomba são tão-somente o fascismo a bater-nos ao de leve à porta"
Este é o título de um texto, nada meigo, de Óscar Mascarenhas, Provedor do Leitor do Diário de Notícias, que transcrevo na íntegra.
"Aldrabões. Não faço por menos. Mandam as artes e manhas dos artigos de opinião que não se diga logo ao que vem o autor, para manter o leitor agarrado ao prazer do texto. Mas desta vez, iconoclasta como me quero, finto as regras e vou direto ao assunto: os senhores (professores doutores ou doutorandos e mais o que desejarem ser no currículo e na mercearia do bairro) Miguel Poiares Maduro e Pedro Lomba, nos poucos dias que levam de governo, já deram provas de terem sido aldrabões. Não digo que o sejam, que não sou tão pateta e desajeitado que abra um alçapão legal sob os meus próprios pés perante juristas assim ditos tão eminentes: afirmo que o foram. Episódica e admito que corrigivelmente.
E vou mais longe: nos poucos dias em que estes governantes exerceram o poder, o fascismo deu um passo em frente. Nem lhes vou dizer que limpem as mãos à parede, porque podem espalhar a peste, a cólera e a tinha. Lavem-nas, com sabão azul e branco e, de caminho - vão ao banho!
Caro leitor: custou muito chegar à liberdade de imprensa e ainda mais firmar em lei os valores civilizacionais que não deixassem que certos produtos nascidos de uma faísca de ferradura de um cavalo da guarda a raspar no basalto de uma viela os pudessem alterar a seu bel-prazer. Impusemo-nos, jornalistas, liderados pelo Sindicato menos corporativo que conheço - e mais atacado pelos que venderam a alma e o talento por dois réis de mel coado ao patrãozinho querido ou ao governozinho de ocasião - normas de respeito pelos direitos do público que raros são os países que as têm. Há os que falham - há muitas falhas -, mas os jornalistas e, mais importante do que eles, o público, sabem dizer quando falham.
E, no meio desta longa e custosa aprendizagem e tentativa de bem servir, sai de vez em quando uma personagem de Gil Vicente, o Parvo, e diz: "Quem sabe disto sou eu. Os jornalistas têm de aprender comigo." E, depois, vomita imbecilidades num esforço medíocre de ser Goebbels, nem chegando ao tacão do António Ferro, que teve o background de vir da Orpheu, escorregando, fruto dos tempos, para o fascismo. Estes de agora foram diretamente para o fascismo, sem passarem pela casa Orpheu (ai, credo!, que será isso?)
Vejamos quem são estes figurões de que falo - e o leitor trace a opinião sobre o civismo, carácter, ou o que lhe aprouver deles. Miguel Poiares Maduro, ministro, colega de sala de um tal irrevogável Paulo Portas, que preferiu trocar a sua reputação pela salvação da pátria, numa espécie de martírio de Santa Maria Goreti mas ao contrário, no corpinho frágil de São Domingos Sávio que se finou aos quinze anitos. (Este mostra-se mais resistente, sinal de que o Senhor hesita em chamá-lo para junto de si, transferindo o ónus para a tolerante e inexcedível bondade de Cavaco Silva, sempre bem aconselhado pela sua nunca por demais citada esposa, não eleita pelo voto mas calculo que pelo coração de uma cabina telefónica cheia de portugueses, pelo menos!) Paz às almas! Miguel Poiares Maduro, igualmente colega de carteira de um tal Chancerelle Machete que, de ainda mais maduro, se atascou na podridão, ipsis verbis, de uma coisa que dá pelas siglas de SLN e BPN e o qual, diz o WikiLeaks, tem uma reputação tão elevada junto dos americanos que, quando eles quiserem fazer qualquer negócio em Portugal, não duvidarão em consultar certo escritório de advogados porque, como dizem os ianques naquela língua-de-trapos, every man has his price e... money is no problem. Gostaria patrioticamente de estar enganado, mas, em diplomacia, o que parece... é o que diz o WikiLeaks. O outro: Pedro Lomba, colega de Agostinho Branquinho, a criatura que não sabia o que era a Ongoing e teve de ter emprego na Ongoing para perceber o que é a Ongoing. E ser colega de tal figura é coisa para se trazer ao peito, com orgulho, como um broche de bom latão."
"Brincar aos pobrezinhos"...
A dama Espírito Santo que disse ao Expresso que os da sua laia, os ricos, iam para a Comporta “brincar aos pobrezinhos”, também vale pelo que vale. Zero. Mas já que a dama gosta de brincar “aos pobrezinhos”, então vamos brincar a sério. Vamos atribuir casa no Barreiro à dama, num dos dormitórios lisboetas que ali se fizeram há vinte anos, dar-lhe, vá lá, mais do que o salário mínimo nacional, 600 euros brutos, por exemplo, dar-lhe um emprego em Lisboa, num lar da Misericórdia, numa cantina, que é o que faz quem ganha esta fortuna, um marido a preceito, talvez funcionário da Câmara, mil euros brutos, dois filhos que está bem para a natalidade da classe dos ricos, agora a brincar aos pobrezinhos. Depois, acordamos todos os dias a dama, às 6 da manhã, merenda para os meninos, barco, autocarro, oito horas de trabalho, mais autocarro e barco e fazer o jantar. Aturar o marido, os filhos, limpar a casa. No dia seguinte, a mesma coisa, no dia seguinte, a mesma coisa. Um ano a “brincar aos pobrezinhos”, e aos “pobrezinhos de cima, porque os pobrezinhos de baixo estão na limpeza e no desemprego. Um ano. Sem Xanax. Ao fim do ano, volta para a Comporta. As mãos não são as mesmas. O cabelo não é o mesmo. A roupa não é a mesma. O marido e os filhos não são os mesmos. A cabeça? Não sei. Mas também não deve estar na mesma. Um ano a 600 euros não ajuda a querer “brincar aos pobrezinhos”. Agora já podem dar-lhe o Xanax, o Valium, o que quiser. Vai precisar.
daqui
daqui
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Terá sido o azar de ser italiano?..
Berlusconi considera ter sido condenado "sem qualquer fundamento"...
Em tempo: será que em Itália também se pode ser candidato estando preso?..
Uma curiosidade minha…
No últimos dias fiquei a
saber, através das palavras de Victor
Gaspar e da nova ministra Maria Luís Albuquerque, que os dois não se conheciam...
Portanto, Maria Luís
Albuquerque tomou posse como secretária de estado do ministério de Gaspar sem
que este a conhecesse!
Olhem o anjinho que eu sou: pensava que os secretários de estado eram escolhidos pelos respectivos ministros?
Olhem o anjinho que eu sou: pensava que os secretários de estado eram escolhidos pelos respectivos ministros?
Afinal, como é que Maria Luís Albuquerque foi parar ao Governo?..
Isto é: quem a colocou lá?..
Mistério…
Lata...
O Miguel é um tipo fixe: dá latas de sardinhas, que "é menos de metade do preço de uma T-shirt"...
Já agora: e muito a propósito, gostaria de vos comunicar que estive a fazer umas contas e descobri que o buraco do défice de cerca de 90 milhões, cavado por 12 anos de governança PPD/PSD na Figueira, nunca existiu...
Já agora: e muito a propósito, gostaria de vos comunicar que estive a fazer umas contas e descobri que o buraco do défice de cerca de 90 milhões, cavado por 12 anos de governança PPD/PSD na Figueira, nunca existiu...
Bons negócios
"Rui Machete vendeu acções da SLN ao BPN com ganhos de 150%" - jornal Público...
Segundo o que acabei de ouvir na RTP1, "teve contornos idênticos à operação de compra e venda de acções da SLN/BPN pelo actual Presidente da República, e que resultou num ganho para a família Cavaco Silva de 350 mil euros"...
Portanto, deve estar tudo em corformidade.
"Marcelo Rebelo de Sousa põe "mãos no fogo" por Rui Machete"...
Segundo o que acabei de ouvir na RTP1, "teve contornos idênticos à operação de compra e venda de acções da SLN/BPN pelo actual Presidente da República, e que resultou num ganho para a família Cavaco Silva de 350 mil euros"...
Portanto, deve estar tudo em corformidade.
"Marcelo Rebelo de Sousa põe "mãos no fogo" por Rui Machete"...
E o país foi de carrinho…
Joaquim Pais Jorge, segundo a revista Visão, actual secretário de Estado do Tesouro, tentou vender ao Executivo de José Sócrates, em nome do Citigroup, três contratos de 'swap' para "melhorar" o aspecto das contas públicas |
Excluindo todos os outros, há três grandes escândalos que
custaram uma quantia exorbitante ao país e que podem ter destruído uma geração
em termos de riqueza. São eles a nacionalização de uma fraude chamada BPN, os
contratos criminosos sob forma de parcerias público-privadas e os contratos
swap. Todos eles são diferentes, mas há um ponto que os une: em nenhum caso
foram apuradas responsabilidades políticas e os portugueses assistem a um
patético arremesso de culpas entre os partidos, com autênticas manobras de
diversão para no fim sair tudo ileso.
Mas a verdade é que o
poder permitiu a fraude do BPN, quando todo o mundo dizia, à boca pequena, que
ali só podia haver treta. Eu ainda andava na escola quando comecei a ouvir
falar nos estranhos negócios do BPN. Nunca nada foi investigado, nunca a
supervisão fez nada. Responsabilidades? De ninguém.
Depois o banco foi
nacionalizado. O banco não, a fraude. Nacionalizou-se uma fraude, um crime
financeiro. Não foi um banco. Responsabilidades? De ninguém.
Já as parcerias
público-privadas podem, em teoria, ser boas. Mas na prática, o Estado português
celebrou contratos ruinosos para si e que só podem esconder corrupção da mais
grossa, pois ninguém é suficientemente incompetente para assinar aquilo. Os
contratos existem, tanto os originais como as renegociações, as assinaturas
estão lá, as decisões são públicas. Responsabilidades? De ninguém.
Os swaps são de alto risco, são contratos perigosos que
podem trazer graves prejuízos. Mas foram feitos, em empresas com dívidas
astronómicas. Sozinhos, meia dúzia de gestores públicos tiveram o poder de
endividar gravemente os contribuintes. Bastou um par de assinaturas para pôr o
país no prego. Depois, quem veio a seguir diz que não teve informação ou teve
mas não era suficiente, certo é que demorou muito tempo a enfrentar o caso,
sobretudo quando conhecia o assunto por experiência pessoal. Responsabilidades?
De ninguém. Nem dos gestores que assinaram, nem do Governo que autorizou nem do
Governo que esperou.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Mais do mesmo: "os pobres que continuem a pagar a crise"...
Lá por finais de 2011, Passos Coelho disse (eu ouvi…) que só saímos da crise empobrecendo.
Quase dois anos depois, estamos muito mais pobres.
Mas, não só: estamos também muito mais enterrados na crise.
Dizia o Passos que só assim podia ser.
E foi - para quem depende do seu trabalho.
Tanta austeridade e tantos sacrifícios com um único desígnio, mas até esse falhou: temos mais dívida, mais défice.
Tanta austeridade e tantos sacrifícios com um único desígnio, mas até esse falhou: temos mais dívida, mais défice.
Este, é um governo que
até na sua obsessão se estatelou.
E deu cabo das nossas
vidas: mais desemprego, mais falências, mais pobreza, mais impostos, mais
desigualdade, mais dificuldades, recessão.
Quem escondeu dinheiro em offshores para fugir aos impostos, em vez de arriscar oito anos de prisão teve 3,4 mil milhões de perdão fiscal…
Quem escondeu dinheiro em offshores para fugir aos impostos, em vez de arriscar oito anos de prisão teve 3,4 mil milhões de perdão fiscal…
Há ainda que somar os muitos milhares de milhões do BPN e
das parcerias público-privadas. O paraíso de uns é o inferno de outros: corte
nos salários, nas pensões, no subsídio de desemprego, no apoio social, na
saúde, na educação.
O país foi colocado a saque: Águas de Portugal, CTT, Caixa Geral de Depósitos, ANA, TAP e até os
centros de saúde podem seguir o caminho da privatização. O roubo ao trabalho, a
espoliação do que é de todos não é uma mera questão de forma ou de
nomenclatura. É a violência da receita frustrada da troika que nos está a desgraçar
cada vez mais.
E não vai parar por aqui…
Ontem, Silva Lopes na Sicn "avisou que famílias vão pagar mais IRS para compensar descida do IRC"...
Realismo…
Portugal, não sei porquê, é um país onde nos querem fazer
crer que existem algumas verdades absolutas…
Uma delas, é que as
autarquias são um espaço de políticos acima de qualquer suspeita, dedicados à
causa pública, comprometidos com o bem comum, que gastam o dinheiro dos contribuintes de forma
mais racional e eficaz.
Mentira, como quase todos disso temos conhecimento…
Os exemplos são mais que muitos. Basta olhar à nossa volta para o edificado, para verificar que sempre existiu muita demagogia, muita corrupção, muita incompetência,
muito populismo, muitos oportunismos, muitos jogos sujos, muitos interesses, muito
caciquismo e muito esbanjamento de dinheiro.
Como cidadão, que
sempre vota e quer continuar a votar, resta-me ser realista: votar o melhor que me for possível no próximo dia 29
de setembro.
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