Se este blog existe e tem algum mérito, isso deve-se ao
Pedro Cruz, meu sobrinho. Era ele um puto de 17 anos e, no meio de uma conversa, fez-me a proposta: “
é puto (é assim que ele ainda hoje me trata)
, vamos fazer um blog”?..Foi assim, naturalmente, que surgiu este
Outra Margem.Na altura, aluno do secundário, o Pedro tinha uma pequena e rudimentar máquina fotográfica. Gostava de fotografar e eu sempre gostei de escrever. Foi, assim, do encontro de
“dois gostos”, que se foi encorpando este
Outra Margem. Pouco depois, por ter o prazer de ter uma relação de Amizade e porque conhecia o talento do
Fernando Campos, coloquei o desafio ao Artista para fazer parte da equipa.
E o resultado, está à vista de todos, no perfume que quase todos os dias espalha neste espaço.
Bom, mas estava a falar do Pedro. Foi crescendo, acabou o secundário, foi para a Covilhã estudar, foi aprendendo, melhorou os conhecimentos, apurou o estilo e a sensibilidade e, hoje, é o fotógrafo e Artista que conhecemos.
Importante. Continua um puto humilde e com grande de vontade de aprender. Espero que se mantenha assim pela vida fora.
Mas, melhor do que eu, para falar do
“Pedro Cruz, um olhar silencioso”, cito abaixo um texto que o Fernando publicou hoje no sítio dos desenhos.
“A atenção ao “rumor do mundo” distrai-nos por vezes de “pequenas” zoeiras, mais próximas, mas que aos poucos se vão tornando “ensurdecedoras”. É o caso do talento de Pedro Cruz.A fotografia, como a pintura, é “a arte” de - como dizia Brassaï, o grande fotógrafo francês de origem húngara – “dirigir o olhar”. É mesmo isso que faz o Pedro Cruz. Dirige-nos o olhar. Nas suas fotos do quotidiano (pedro não encena as suas fotografias) ele encaminha-nos sabiamente o olhar para aqueles segmentos da realidade em que nós, distraídos pelo rumor do mundo, nem sequer reparamos.O co-autor do blogue “Outra Margem”, é um jovem “pas tout a fait comme les autres”; ao contrário do que é típico na sua idade (tem apenas 22 anos) não é daqueles que descobriram a pólvora seca das verdades insofismáveis; gosta mais de ouvir (e observar) do que de falar. O Pedro é um andarilho e, sobretudo, um observador incansável.No seu olhar silencioso e perscrutador há algo que o distingue de um mero fotógrafo competente, algo intangível e difícil de descrever: uma sensibilidade poética; ou seja, aquilo que o torna capaz de, com enquadramentos ousados e um sentido da composição notável, transformar o mais banal retrato do quotidiano numa imagem carregada de sentido(s).Embora ainda aprenda (Pedro estuda Ciências da Comunicação na UBI, Universidade da Beira-Interior o), seu olhar atento e fascinado pela beleza e pela tristeza do mundo ainda lhe permite, sem alardes nem baboseiras, a abstracção e o humor distanciado de um tão sintético quão despojado e minimalista retrato de si próprio como o que ilustra esta posta: uma obra-prima de um jovem, quando artista já consumado.Mas tem mais. Aqui.” Belo e merecido texto Fernando. Digo-o, não por ser tio do Pedro, mas, sim, porque conheço bem o Pedro e o fotógrafo e Artista Pedro Cruz.