António Lebre e Custódio Cruz, esta tarde em trabalho
de reportagem no Cabedelo, numa foto de Pedro Cruz
É por jogos assim, que eu, que deixei de gostar da modalidade, já há tempo, por vezes, “religo” ao futebol...
De vez em quando, ainda me encanta o sortilégio de uma partida com estas características, entre duas equipas vizinhas e rivais, que apesar de totalmente amadoras, conseguem atrair a um recinto de jogo sem grandes condições, largas centenas de espectadores, apenas para poderem assistir à discussão do resultado, o que não tem nada, mas mesmo nada, a ver com o mercantilismo do chamado futebol profissional.
Neste Cova-Gala/Praia da Leirosa, para além da vitória, derrota ou empate, o que estava também em causa, mais uma vez, era a rivalidade, que existe entre estas duas equipas do nosso concelho praticamente desde a sua fundação, já lá vão mais de 30 anos, e, igualmente, claro, a possibilidade de uma destas equipas poder representar, na próxima época, o concelho da Figueira da Foz na prova máxima da Associação de Futebol de Coimbra – a divisão de honra.
Mais uma vez, a expectativa não saiu defraudada, pois aconteceu emoção, entrega, boa assistência e um grande e desportivo espectáculo de futebol – intenso e autêntico.
Desportivamente falando, nesta Série B do distrital da I divisão da Associação de Futebol de Coimbra, este jogo, entre Cova-Gala e Praia da Leirosa, tinha a particularidade de colocar, frente a frente, as duas equipas que ocupavam, antes do apito inicial deste dérbi, respectivamente, o primeiro e o segundo lugar.
O Cova-Gala entrou melhor no jogo, mas, a primeira grande oportunidade de golo, pertenceu aos visitantes. Contudo - e isso também se ficou a dever aos guarda-redes das duas equipas, que brilharam com defesas difíceis e vistosas - ao intervalo as equipas recolheram aos balneários com um empate sem golos, o que deixou tudo em aberto para uma ainda mais emotiva e nervosa segunda metade.
Os nervos vieram ao de cima, mas Dani, passava o minuto 22 do período complementar, correspondeu da melhor maneira a um cruzamento primoroso de Rui Lemos e marcou o golo que inaugurou o marcador e bastou para dar a vitória à equipa da casa. Este resultado, para lá da aritmética, deixa um suplemento de querer e de ânimo e um atestado de viabilidade de concretização da subida à divisão de honra à equipa do Cova-Gala, o que constitui, igualmente, um desafio importante para a próxima época.
Não estive no Cabedelo, mas longe da Figueira, tive a felicidade de poder acompanhar, a par e passo, as peripécias deste dérbi, de que pode ver outros pormenores clicando aqui, graças à Rádio Clube Foz do Mondego.
Se até um mau jogo pode dar um bom e interessante relato de futebol, esta emotiva e bem jogada partida certamente que prendeu a atenção de milhares de ouvintes do RCFM, como foi o meu caso.
Deixo aqui uma palavra de agradecimento e um abraço ao José Leonardo, que fez a coordenação em estúdio, ao Carmona, que foi o técnico de serviço, ao António Lebre, que fez o relato, e ao Custódio Cruz, que fez os comentários. Sem esquecer, porém, que tudo isto só foi possível, graças ao patrocinador desta transmissão directa do RCFM – o Olímpio Fernandes.
Para terminar esta crónica desportiva de "um dérbi que não vi, mas ouvi...", que deixou a divisão de honra de novo ao alcance do Grupo Desportivo Cova-Gala, faço minhas as palavras que Custódio Cruz, a dado passo desta tarde desportiva, proferiu aos microfones do RCFM: “oxalá que os autarcas que hão-de vir a partir de Outubro para o concelho da Figueira da Foz, finalmente, olhem para estes pequenos clubes e promovam uma política desportiva que lhes permita dar passos em frente, principalmente a nível de infra-estruturas”...