sexta-feira, 2 de maio de 2025

Deixem de «encanar a perna à rã»

A erosão costeira a sul do estuário do Mondego é um problema demasiado sério para todo o concelho da Figueira da Foz. Ponto final parágrafo.
Dito isto. O prolongamento do molhe norte e a erosão a sul tem sido um brutal sorvedouro de dinheiros públicos. 
Entretanto, ao que parece, a panaceia para atenuar sustentavelmente a erosão a sul existe, já foi estudada e alvo de consenso: chama-se bypass.
Sabe-se, porque foi estudado, que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz, com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada.
“Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, veio dizer aos figueirenses o então ministro João Pedro Matos Fernandes, em meados do mês de Agosto de 2021, curiosamente a um mês de umas eleições autárquicas que se adivinhavam difíceis para o PS, o que acabou por se concretizar.
Carlos Monteiro foi derrotado por Santana Lopes.
De palpável, passados cerca de quatro anos, tirando o estudo que situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros, nada mais aconteceu.
“Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, disse o ministro em Agosto de 2021.
E assim ficámos: o sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz continua a ser uma miragem.
E assim vai continuar. Podem dar as voltas que quiserem, mas isto só lá vai de duas maneiras: ou concretizam o bypass, ou rebentam com os 400 metros de molhe que tornaram a barra da Figueira a mais perigosa do País para os pescadores.
"A sul da foz do Mondego falta a areia, falta orientação, falta atenção, falta carinho na protecção… mas falta sobretudo uma genuína preocupação que leva à emergência da acção!"
Quando analiso a actuação dos políticos, como morador a sul da foz do Mondego, portanto, nesta outra margem, sinto-me uma coisa.
Não tenho nada contra as coisas. As pessoas, estão nas coisas que amo.
Porém, não amo o que compro, pois ninguém ama aquilo de que precisa -  apenas o utiliza.
É isso o que os políticos têm andado a fazer com a erosão a sul da foz do estuário do mondego: como precisam dela, apenas a utilizam
Entretanto, a erosão a sul do quinto molhe vai fazendo o seu caminho...
Mas, será que o problema da erosão a sul pode continuar a esperar?.. 
Depois não digam que foram apanhados de surpresa...
Imagem via Diário as Beiras

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