quarta-feira, 16 de outubro de 2024

O isolamento da classe política e o rumo ao caos

Para o jornal Público, Montenegro fez “mau cálculo político” ao não revelar reuniões com Ventura.

António Capucho, antigo ministro de Cavaco Silva: “André Ventura iria inventar qualquer pretexto e criar todos os incidentes possíveis e imaginários” para “conseguir atenção mediática dia sim, dia sim, e ser entrevistado todos os dias nas televisões”.

Ferreira Costa, politólogo: se o Governo insistir em manter um diálogo com o Chega, passará a ideia de que “está a fazer tudo para se manter no poder” — o primeiro-ministro “não se pode colocar numa posição em que fica prisioneiro de um partido com uma estratégia assente na sobrevivência política e na tentativa de se manter na ordem do dia”.

Nota de rodapé.

Em Portugal, temos uma a classe política que vive numa redoma. Entregue a si mesma, às suas conversas e encontros, no isolamento das suas mordomias. A vida do cidadão comum, que anda em transportes colectivos, anda na rua, sente regularmente um local de trabalho colectivo ou um mercado, passa-lhes ao lado. A política em Portugal tornou-se um misto de palavras e intrigas. Sobrevivem os piores. A falta de diálogo que se está a acentuar entre as cúpulas partidárias resulta as mais das vezes, de tricas, questões e rivalidades puramente pessoais. A mediocracia (expressão criada por Balzac para designar “nova classe política burguesa”) é dominante no espaço político. Desde o 25 de Abril tivemos políticos e técnicos capazes, que a revolução cilindrou. E como o rumo dos acontecimentos não vai mudar, teremos mais políticos incompetentes, e caminharemos para uma sociedade cada vez mais cruel e desumana.

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