segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Os debates nas tvs...

Anselmo
(quem diz Anselmo, podia dizer Ferrão, Ferreira, Salgado, etc., etc., etc. ...)
"Eu espero que, no próximo governo de direita, Anselmo Crespo tenha um lugar de destaque. Porta-voz de grupo parlamentar, assessor de ministro, epá qualquer coisa, porque é merecido.
O que este homem faz no comentário político está ao nível de um Pedro Guerra ou Aníbal Pinto nos lagares noturnos sobre bola da CMTV.
Notem que eu compreendo que um deputado seja tendencioso na análise política. Não espero que Marques Mendes, Bernardino Soares, Catarina Martins, Lobo Xavier ou o Relvas das 4 cadeiras façam uma crítica isenta. É normal que falem com o casaco de político vestido. Mas um painel de jornalistas, noite após noite, sempre a tentar influenciar a  opinião pública com análises absolutamente tendenciosas, é algo que me irrita profundamente."

("... conhecem a sopa de pedra, a lenda do frade espertalhão e a versão que tão popular se tornou nos restaurantes e tascas de Almeirim. 
Todos sabemos, a pedra não está lá a fazer nada. Na lenda, serviu só para enganar incautos e atrair a sua curiosidade para o desfecho de uma história da treta. 
Nos debates eleitorais que as nossas televisões têm passado, o debate é a pedra da sopa. 
A substância são as horas intermináveis que comentadores de ideologia variável, posto que tanto os há de direita como de extrema direita e tudo entre estes dois polos, gastam a avaliar - como aqueles juris dos concursos de canções em que os concorrentes são, não raro, melhores e mais talentosos que os jurados - com uma obscena prosápia o desempenho dos participantes dos vários partidos. 
Os comentários são repugnantes e fedem à consciência dos comentadores e de quem lhes dá corda. 
De quem os patrocina...")

Uma crítica para dentro. 
«André Ventura meteu-se várias vezes a jeito e Raimundo não soube aproveitar. No PREC, nos impostos, na história da clandestinidade (que Paulo Raimundo lhe devia ter esfregado no focinho), na emigração, no favorecimento à banca, nos financiadores do Chega, na antiga profissão do Ventura, no SNS, nas sucessivas mudanças de posição do Chega, na destruição do estado social. Raimundo pareceu, em momentos diferentes, quase a perder o controlo emocional e, claramente, com pouca experiência para este tipo de debates. A linha é exatamente a mesma de Jerónimo com a agravante da gaguez mediática.
Por favor, não se encolham quando dizem que o PCP não defende a NATO ou advoga a saída do Euro. Expliquem porquê, apenas. Esta merda desta pergunta, que aparece há 15 anos, tem que estar mais do que na ponta da língua. Ser contra a NATO não e defeito, é medalha.
Quando Ventura acusa, novamente, o PCP de apoiar a Rússia, Paulo Raimundo tem que lhe cair em cima e explicar, em 5 segundos, que a Rússia é governada há 20 anos pela família política do Ventura, do Orbán, da Meloni, da Le Pen. Quem apoia a Rússia é o Ventura e o Centrão que lá foi vender vistos Gold, não é o PCP. Há 2 anos que se repete essa mentira. Não pode haver tremores na altura de a rebater.
Quando Ventura fala de 74, Raimundo tem que lhe gritar, sem pestanejar, que foi a morte de comunistas que permitiu que fascistas como o Ventura gozassem hoje da liberdade para dizer disparates. Quando Ventura fala em mortes, Raimundo tem que lhe dizer que quem escreveu o programa do Chega foi um antigo bombista.
Quando o jornalista pergunta se os imigrantes o incomodam e Ventura responde “claro que não”, Raimundo tem que lhe perguntar que, se não incomodam, porque coloca nas suas redes sociais, vídeos a criticar muçulmanos em oração no Martim Moniz? Não há problema nenhum de se repetir, em frente ao próprio, que André Ventura é racista e xenófobo. Ventura acha ótimo encher o Instaram de fotos dele a rezar em Fátima mas já fica escandalizado se vir um muçulmano virado para Meca numa rua de Lisboa.
Quando se fala em saúde ou educação, e Ventura ensaia o número do defensor dos pobres, é preciso perguntar-lhe o que mudou desde os tempos do primeiro programa, que falava em privatizar tudo. Ou até do segundo programa, aquelas inesquecíveis 9 páginas. É preciso explicar que Ventura mente, sempre. É preciso demonstrar que Ventura não tem ideologia, diz o que for preciso para ganhar votos mas que, no poder, seguirá apenas a agenda típica da extrema-direita.
Quando fala nas pensões de 200 euros que queria aumentar, deve-lhe ser perguntado como? Com os 15% flat no IRS que sugeria nas 9 páginas e que não passava de uma fuga aos impostos dos mais ricos? Ou com o dinheiro da corrupção que já todos lhe explicaram que não pode ser contabilizado como receita extraordinária? Ou com o dinheiro que ajudava os clientes a esconder nos paraísos fiscais?
Quando o tema é habitação lembrem-se que Ventura fazia parte dos defensores dos vistos Gold.
Sempre que Ventura disser num debate “e não nos acompanharam nessa proposta” digam, “nem nós nem ninguém uma vez que o grupo parlamentar do Chega teve 0 propostas aprovadas”.
Quando o tema são cortes, impostos e finanças em geral, lembrem-se que Ventura anunciou números (400 milhões) retirados à ideologia de género (no congresso do Chega) e mal saiu do palanque já tinha jornalistas a dizer que não existia tal tema e muto menos números. Ventura anuncia medidas ao calhas sem qualquer aplicação prática (como o iva da primeira habitação). Sempre que ele falar em ajudar os pobres, digam-lhe que em 2020 o programa do Chega para os Açores era cortar 50% do RSI. Expliquem que os imigrantes que ele tanto detesta, contribuem para Portugal 7x mais do que consomem. Digam-lhe, sem pestanejar, que ele repete, sem se rir, números e medidas sem sequer as confirmar, apenas para iludir os eleitores.
Quando Ventura fala em meter a banca a pagar as taxas de juro (algo que sempre votou contra, pelo que todos percebemos que é populismo básico), perguntem-lhe onde andava ele, quando Luís Filipe Vieira foi apertado na comissão do BES pelos calotes que todos pagámos e o Chega assobiou para o lado? Estaria ainda a lembrar os seus tempos de comentador na CMTV, em que seguia o guião ordenado por Vieira?
Quando Ventura fala nos apoios ao país A ou regime B, perguntem-lhe, já que apoia Milei, se concorda com a criminalização do direito à manifestação. E quando ele ficar entalado, insistam: como é que apoia as políticas de Milei e, em simultâneo, as manifestações dos polícias?
Ventura é isto. Não faz um debate sem mentir, sem dizer números ao calhas, sem contradizer as suas próprias posições. E fá-lo tantas vezes que, ao fim de 5 anos, não há desculpa para caírem sempre na mesma esparrela. Interrupções, demagogia e mentiras. Basta respirar fundo e, em cada um dos temas fazer as perguntas que escrevi acima. Depois é esperar que ele se enrole sozinho e não largar o osso, ou deixar mudar de tema, até ele responder.
É preferível até, ficar calado e apenas falar 2 minutos de debate, se for apenas isso que o jornalista permitir sem interrupções, mas usar esses dois minutos para mostrar os buracos onde Ventura se mete.
Quando Ventura falar em poder e responsabilidade, digam-lhe que num dia votou a mesma proposta de lei de 3 formas diferentes. Que armadilhou o governo dos Açores. Que andou 5 anos a dizer que era contra o sistema e as cunhas mas que, agora ameaça a constante instabilidade se não tiver pastas ministeriais. Fala em tachos mas assim que aumentou o grupo parlamentar meteu logo familiares de deputados como assessores e anda, nas sobras do PSD, a recrutar deputados que se recusam a largar a mama.
É repetir em cada debate o alinhamento que aí está e, num ápice, acaba-se o mito de ter que lutar na lama com um porco. Ele abre sempre, mas sempre, a carreira de tiro nos mesmos temas. A vida daquele homem está nas redes sociais. As contradições, os disparates e os absurdos estão, em grande parte, registados um pouco por toda a internet. Quão difícil pode ser desacreditá-lo entre aquilo que vende e aquilo que realmente é? Não fará mossa no seu eleitorado, pobre, que não tem dúvidas e acha mesmo que o caminho é votar em quem lhes vai tirar a escola e o SNS, mas fará a diferença no nosso eleitorado. O tal que percebe o que está em causa, que percebe as lutas passadas, que entende a importância do PCP na AR mas que espera, desde os tempos perdidos do João Amaral, que o PCP entre no século XXI.
Paulo Raimundo está a iniciar-se nestas lides, parece ser honesto e boa pessoa. Mas o PCP já tinha quadros experientes e com presença mediática, melhor preparados para estes tempos exigentes em que o partido procura recuperar votos. João Ferreira e João Oliveira, por exemplo.»

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