Tenho 57 anos.
Depois de 40 e tal anos de trabalho, com descontos para a segurança social, sou um dos enrascados deste país.
Quando tinha 19 anos, aconteceu o 25 de Abril de 1974!..
Em Junho desse mesmo ano, fiquei órfão de Pai.
Mudou radicalmente a minha vida.
Com Abril de 1974, não mudou a nossa vida, como gostaria que tivesse mudado.
Não me perguntem a mim o que aconteceu, interroguem pulhas como o dr. Mário Soares!..
Depois de Novembro de 1975, a política que por uns tempos se alimentou de sonhos, passou a resumir-se a carreira.
Nesses idos de 1974 e 1975, quando aconteceu essa pequena revolução, gostei da rua...
Hoje voltei à rua!..
Não via tanta força e espontaneidade desde os idos de setenta.
Estou velho, possivelmente próximo da senilidade, todavia, ainda sei distinguir uma revolta de um ritual.
Hoje, a rua voltou a ser do Povo.
Quem me conhece sabe que não sou atreito a nacionalismos bacocos. Mas, é em dias como o de hoje, que há orgulho em ser português.
Já o escrevi várias vezes neste blogue: não percebo patavina desta política.
Mas, face ao que vi hoje na rua, Sócrates não tem condições para se manter em funções: a democracia já falou o que tinha de falar...
Depois deste dia de luta, a luta tem de continuar.
Evidentemente com inovação e alegria.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário