António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
terça-feira, 13 de junho de 2006
O centro, o meio e fim
A política lida com um valor muito cobiçado: o poder.
Consequentemente, com o séquito de atributos sociais que nele estão pendurados, como o status, o prestígio social, as oportunidades de negócio, a satisfação da vaidade pessoal, o sentido de importância pessoal, a condição de celebridade, a capacidade de fazer valer sua vontade sobre outros, etc.
Por isso, a política e o poder, que dentro dela e por meio dela se conquista, atrai bajuladores e oportunistas. No interior da política encontra-se de tudo.
Até aqueles que pensam, que a sua figura é incontornável. Aqueles que pensam que, para falar sobre determinado assunto, é impossível fazê-lo sem falar deles!... Eles são o centro, o meio e o fim. São tudo.
Só conseguem conviver, sendo a fonte das atenções, dos agrados e da bajulação.
Não resistem a julgar: o poder, para eles, ou é para gratificar, escolher, promover, prestigiar: ou para prejudicar, perseguir, punir, excluir.
A realidade, é que são os políticos poderosos, que geram os aduladores.
Fossem eles mais resistentes e indiferentes às adulações e outro galo cantaria neste nosso Portugal.
O problema , é que a bajulação e a adulação são daqueles doces venenos que o cacique gosta de ingerir... Como consequência do seu efeito, deixa-se toldar e lá vai o discernimento,
O político prudente sabe que a maioria dos elogios que recebe são falsos e interesseiros. Como disse Maquiavel na sua obra, “O PRÍNCIPE”: O Príncipe prudente deve escolher homens sábios, que dele tenham a permissão de dizer a verdade, mas somente a respeito daquilo que lhes é perguntado. (...) O Príncipe deve aconselhar-se sempre, mas somente quando deseje e não quando os outros queiram. Convém que se lhes tire o hábito de dar conselhos que não foram solicitados. Mas, ao mesmo tempo, pedir conselhos quando necessite, sem impor restrições, e ouvir com muita paciência e atenção as respostas que seus conselheiros dão às suas perguntas, para que a perturbação que o respeito impõe não impeça nenhum deles de expressar suas opiniões”.
Cuidado com os elogios. Satisfazem o ego, mas também embriagam e adormecem o espírito crítico.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
sim senhor...
Ai o absolutismo...
poema
a pilada:
EU MANDO ...
EU SEI TUDO...
SOU O MAIOR ....
SOU EU O PRESIDENTE...
OU SEREI REI?
DEMOCRACIA????!!!!
EU É QUE SEI...
CONTRA TUDO E TODOS...
DAQUI NINGEM ME TIRA ...
COM A CRISE QUE O PAIS ATRAVESSA .....
....... AQUI AINDA VAI DANDO PARA ENCHER A BARRIGA...
Refere-se a alguém em especial?
será presidente?
está bonito...
Nem mais.Absolutamente de acordo.
Só um pequeno pormenor: não são os políticos os poderosos, os poderosos são os que detêm o poder (económico, sobretudo), os políticos são os que lhes lambem as botas e outras coias mais, fazendo os fretes necessários, e coisa e tal, a gente compreende, não é?
Enviar um comentário