quinta-feira, 28 de março de 2024

A vitória quase invisível do Chega

Aguiar Branco é da mesma famíla política: a direita...

"Ao apresentar Francisco Assis como candidato à Presidência da Assembleia da República, depois de um acordo furado entre o PSD e o Chega, o PS tinha conseguido que a pressão ficasse onde tinha de estar: nos dois partidos que assumiram ter uma maioria e depois se desentenderam.

Mas, apesar da pressão estar sobre o Chega, foi o PS que não a aguentou. Chamado a resolver os problemas a Montenegro quando Ventura lhe falha, era evidente que assumiria o papel de “adulto na sala”, como o discurso político pueril gosta de dizer, amarrando-se ao papel que já se percebeu que terá. Se tem agora, quando não está em causa nada de fundamental para os cidadãos, imaginem quando for a sério. O que eu não esperava é que juntasse à mera desistência da sua candidatura, que ficou em primeiro duas vezes, um acordo absurdo. Se o impasse continuasse o PS acabaria por eleger José Pedro Aguiar-Branco. Não iria criar um impasse institucional. Mas teria de fazê-lo sem negociações ou moedas de troca para além, talvez, da recusa do nome de Pacheco Amorim para vice-presidente da AR. Como o PSD só fez asneira, tudo estava a favor do PS, que podia determinar os seus tempos, sem se envolver em acordos. Tinha o candidato mais votado e os argumentos que PSD e Chega lhe ofereceram de borla. Mas não se limitou a retirar a pressão sobre o Chega ao fim de 24 horas. Foi muito mais longe, achando que estava a conquistar alguma coisa: firmou, do ponto de vista simbólico, um acordo de bloco central para uma legislatura. Isto depois do PSD o ter ignorado, ter preferido falar com o Chega e ainda ter acusado o PS de convergir com Ventura.

Sem mérito do PS, o PSD deu-lhe uma oportunidade rara e o PS não aguentou 24 horas de pressão. Este era um momento pouco importante para a vida das pessoas, mas vai a determinando o padrão do que vai acontecer. E o que vai acontecer é isto: quando o Chega saltar fora (e é o que fará sempre que sentir que o PS pode estar a ganhar a liderança da oposição), o PSD chama o PS, como plano B, e amarra-o. Este foi o teste. Nos outros vai ser pior, porque estarão em causa a continuação do governo e questões relevantes para a vida das pessoas. O que quer dizer que, se o padrão de ontem se repetir, o PS nunca conseguirá fazer oposição.

Porque é que este acordo é pior do que seria a simples cedência, com abandono da candidatura? Porque é uma fraude prática e uma tragédia simbólica.

Na prática, o PS fica com a presidência da Assembleia da República na segunda parte do mandato que só os muito otimistas acreditam virá a acontecer. Ou o PS acredita que esta legislatura dura até ao fim, ou está satisfeito porque partilhou um queijo suíço e ficou com os buracos.

Do ponto de vista simbólico, a imagem dos dois partidos do “sistema” a chegarem a um acordo para partilharem uma cadeira é, nas águas onde o Chega pesca, perfeita. É acompanharem a campanha digital desenvolvida pelas suas figuras mais populares nas redes – que os media desconhecem – para perceber como a bolha vive uma realidade paralela à dos seus potenciais apoiantes. Não há acordo que dê menor dignidade institucional ao “bloco central” do que este. A presidência rotativa (que não nasce de qualquer tradição europeia, mas como solução de emergência) é o melhor que o Chega poderia ambicionar desta novela. Como bónus, a traição não lhe valeu o voto do PSD no seu vice-presidente, o que prova que o objetivo preferencial de Montenegro, depois do desastre, era prender o PS, não era entalar o Chega.

Teria sido francamente melhor o PS limitar-se a deixar passar o nome, sem exigências vazias e simbolicamente prejudiciais. Na prática daria no mesmo e não passaria a pior imagem. E o PS nem sequer exigiu o afastamento de Pacheco Amorim da vice-presidência, aceitando que o PSD mantenha o apoio ao vice do Chega no preciso momento em que vai bater à sua porta para o salvar de uma traição do Chega.

O PSD percebeu que o PS não aguenta 24 horas de pressão, mesmo quando o jogo é a feijões. Sabe que só tem de o prender à “responsabilidade” de o suportar e de entregar a oposição ao Chega, preparando o caminho para o voto útil pela democracia na AD. Apesar do enorme dano na sua imagem, o PSD teve uma vitória que parece uma derrota – tem o PS mais amarrado. O PS tem uma derrota que parece uma vitória – perdeu autonomia, em vez de a ganhar. E o Chega tem os dois tão junto como os queria.

No fim, temos uma situação caricata: BE, PCP e Livre apoiaram o PS na sua candidatura à Presidência da Assembleia da República, sem falharem com um voto; o PS saltou disso para um acordo com o PSD depois do PSD ter feito um acordo com Chega que correu mal; e, apesar disto, o PSD manteve o voto no vice-presidente proposto pelo Chega depois deste lhe roer a corda. É como se existisse um respeito institucional gradativo que vai indo da esquerda para a direita. Não se pode criticar quem mais ganha com ele.

Resta esperar que Aguiar-Branco, que teria sido eleito à primeira se a liderança do PSD não se tivesse revelado tão incompetente, seja bom presidente numa AR que promete ser a mais difícil de sempre."

Daniel Oliveira

10 anos de RFM Somnii

 Via Diário as Beiras

Novas de Lisboa

Imagem sacada daqui

"Carlos Moedas queria dar projecto de 5 milhões a um amigo, através de um protocolo com uma associação, sem concurso público."

Que o amigo tenha sido o mandatário nacional do IL, deve ter sido mera coincidência.

quarta-feira, 27 de março de 2024

Adivinha-se mais instabilidade no PSD, o partido que está a governar

Vamos ter eleições na Madeira... Para Miguel Albuquerque não existem linhas vermelhas...
Imagem via CNN
"Se acontecerem a 26 de maio, será no mesmo dia que vai arrancar a campanha para as eleições Europeias e a duas semanas destas acontecerem. De acordo com o Diário de Notícias da Madeira, o Presidente da República deverá assinar decreto ainda esta quarta-feira."

Eventos relacionados com as artes e a sustentabilidade vão ser promovidos na Figueira pelo movimento cívico Somos

 Diário as Beiras

O falhanço da eleição de Aguiar-Branco para presidente da Assembleia da República...

Foi isto, não foi?"
Quem se deita com palhaços  (com todo o respeito pelos verdadeiros palhaços), sujeita-se a acordar no meio de um circo...
Rui Rocha, presidente da IL: "aquilo a que estamos a assistir hoje é vermos a democracia portuguesa, o parlamento português, refém de um irresponsável. Esse irresponsável chama-se André Ventura, uma criança grande de 43 anos a fazer uma birra"
Compreendo que, "para qualquer pai, deve ser difícil lidar com isto."
Rui Rocha, pode ter alguma razão. Mas, esse não é o verdadeiro problema.
O problema é outro. E Ventura, pode ser mimado, mas não é nenhuma criança. Sabe o que anda a fazer: "o seu objectivo é chegar ao pote"
Citando Filpe Tourais: "quem irá capitalizar os 3 mil  e tal milhões em votos será o PSD, no Governo. Na oposição, o PS limitar-se-á a tentar minimizar estragos não se opondo, mas demorará o seu tempo a esquecer a obstinação anterior. Estratégia eleitoral pura e dura de ambos.  O consenso apenas vai ao encontro das reivindicações mais mediatizadas. O entendimento está a levar o Chega ao desespero. André Ventura imitou Pedro Nuno Santos para se infiltrar no mesmo consenso estratégico, ao mesmo tempo que se vai desdobrando num espectáculo de pedinchices de cargos no futuro Governo. Ninguém lhe faz caso. 
E assim estamos.  Todos trabalham afincadamente para o resultado das próximas eleições. A época de caça ao voto começou antes mesmo do primeiríssimo dia de governação laranja."

terça-feira, 26 de março de 2024

A estrada das Valadas vai ser requalificada para vir a ser uma alternativa

Via Diário as Beiras: «...  “a ponte faz parte da Eurovelo 1”, projeto da Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra (CIM-RC). Assim sendo, e uma vez retomado o projeto inicial, que integrava a empreitada global da ecopista, terá de ser aquela associação de municípios a voltar a assumir as suas responsabilidades, advogou. “Temos de fazer este acerto de contas”, defendeu Santana Lopes.

Objectivo conseguido

"Reduzir os impostos à lá IL. Aumentar as despesas públicas à lá PCP e BE. E, ao mesmo tempo, reduzir a despesa pública à lá Mário Centeno."

"O importante era chegar ao pote, o resto logo se vê"...

segunda-feira, 25 de março de 2024

Os 52 anos do Hospital Distrital da Figueira da Foz, localizado em São Pedro

 Via Diário as Beiras

A revolução continua a ser vista como positiva por uma maioria da população

 Via jornal Público

"Os portugueses fazem uma avaliação maioritariamente positiva do 25 de Abril de 1974, mas não há uma camada de população que olhe tão favoravelmente para as consequências da revolução como a dos jovens. Desafiados a reflectir sobre como é que aquele dia deve ficar assinalado na história, 73% das pessoas com idades entre os 16 e os 34 anos responderam num inquérito que foi um evento com consequências “mais positivas do que negativas”. Esta opinião não é tão alargada noutros grupos etários. À distância de 50 anos, a revolução continua a ser vista como positiva por uma maioria da população. Se a saúde e a educação são consideradas conquistas, a corrupção é um problema sério por resolver."

Capitania do Porto da Figueira da Foz alerta para o agravamento da agitação marítima entre hoje e sábado: ondas podem atingir os seis metros de altura

O mar vai estar fortemente agitado na Figueira da Foz, a partir da madrugada de hoje e até à madrugada do próximo dia 30 de março (sábado), alerta em comunicado a Capitania do Porto local. 
Segundo a Autoridade Marítima Nacional, “recomenda-se o reforço da amarração e vigilância apertada das embarcações atracadas nos portos e marinas, das que se encontram nos fundeadouros previstos para a área de jurisdição da Figueira da Foz, bem como, evitar passeios perto da zona de rebentação, nas praias, nos molhes, esporões e outras zonas de pedra e rocha junto à orla costeira”. Alerta ainda para a “necessidade de precaver a proteção dos bares e restaurantes, que estarão mais vulneráveis no caso de se verificarem galgamentos, prestando especial atenção ao período da preia-mar de 26 a 29 de março (terça-feira a sexta-feira). É vital ter presente que, nestas condições, o mar poderá alcançar zonas que, aparentemente, parecem seguras”
A Capitania do Porto da Figueira da Foz chama a atenção para a previsão de ondulação de oeste/noroeste, que apresentará um período entre os 11 e 16 segundos, o que significa que transportará bastante energia e que poderá atingir os seis metros de altura durante os dias 26 e 28 de março (terça a quinta-feira), nas alturas de maior pico. À agitação marítima, irão associar-se ventos fortes, que soprarão no início do período de noroeste, rodando a partir do dia 27 de março (quarta-feira) para sudoeste, cujas rajadas poderão atingir velocidades de 70 km/h, nos dias 27 e 28 de março (quarta e quinta-feira). 
Devido a este agravamento, devem ser consideradas medidas de prevenção por todos aqueles que se encontram ou possam frequentar as áreas junto à orla costeira. O acesso à barra do Porto da Figueira da Foz irá sofrer condicionamentos tendo em vista a segurança das embarcações e dos seus tripulantes.
Fica o alerta a toda a população.

domingo, 24 de março de 2024

Para reflectir...

«Mas há alguém de bom senso que ache que o melhor caminho para Portugal é o que resulta de uma negociação entre o PSD e o Chega?»

Luís Aguiar-ConrariaProfessor de Economia na Universidade do Minho, no Expresso, via Delito de Opinião

"limpar Portugal"

 Imagem via Observador

- quadro de honra

«De tudo um pouco: corrupção, dívidas ao Estado, falsas presenças como deputado, violência doméstica, violência na rua, calúnias... São os deputados do partido que diz que vem limpar o país. Citando Miguel Szymanski, a propósito do resultado das eleições: "Há pessoas que, de tanto se sentirem enganadas, de tanto se indignarem com as óbvias falhas do sistema e a sistemática impunidade dos seus agentes, querem agora ser burladas à grande, à séria, aos berros, à antiga portuguesa."»

sábado, 23 de março de 2024

Marcelo Rebelo de Sousa: “sem justiça confiável não há democracia”

Foto MIGUEL A. LOPES/LUSA, via jornal Público

Mercado do Duque vem substituir feira medieval

 Via Diário as Beiras

Afinal, andávamos bastante enganados

Rui Bebiano, no Diário As Beiras de 23/3/2024

«Por muitos anos, os setores em todo o mundo associados à extrema-direita permaneceram herdeiros, nos campos ideológico e programático, dos velhos fascismos. Em Portugal, durante décadas, apenas os saudosistas do salazarismo, os declarados nazis, os racistas de cabeça rapada e os nostálgicos do colonialismo – que, pensávamos nós, democratas, se limitavam a uns escassos milhares, a maioria de idade avançada ou pouco inteligente – perturbavam acidentalmente a vida democrática, não representando um perigo real e consistente. De boa parte, aliás, se ia encarregando a justiça, sempre que cometiam crimes de sangue ou dirigidos contra o Estado de direito e a tranquilidade pública. 

Após os últimos resultados eleitorais começámos a compreender que, na verdade, elas eram muitas mais, ainda que se mantivessem geralmente invisíveis. Declarações prestadas ao diário «Público» por Vicente Valentim, cientista político da Universidade de Oxford, adiantaram algo muito objetivo para explicar isto: «“A explicação que dou, e que é corroborada por um conjunto de dados de muitas fontes diferentes [a nível europeu], é que muitas pessoas que agora votam na direita radical já tinham este tipo de ideias em privado.” O que acontecia antes era que tinham receio de uma sanção social por as expressarem.» Este constrangimento ruiu perante um conjunto de fatores.

O principal foi, no campo do extremismo de direita, a substituição pelo populismo dos velhos fascismos, ainda herdeiros dos nacionalismos afirmados no decorrer do século XIX. Até aos anos cinquenta, o termo ainda continha algumas conotações positivas, relacionadas com o surgimento de movimentos que tinham o «povo» como sujeito, segundo uma herança hoje reivindicada pelo minoritário populismo de esquerda: para Ernesto Laclau, por exemplo, este é encarado como uma lógica discursiva em que determinadas reivindicações orientam um movimento popular vindo «de baixo» em oposição a uma elite social parasitária.  A partir do final dos anos 90, porém, e mais ainda neste século, ganhou uma outra conotação, que lhe retira a lógica emancipatória.

O populismo de extrema-direita confunde o que chama elites com os representantes do sistema político democrático, apresentando-se a si mesmo como «pura» e a eles como inapelavelmente corruptos, oportunistas e irreformáveis. O seu combate – sem qualquer apoio de um sistema coerente de ideias e proclamando falar em nome do «homem comum» e das «gentes» – visa instalar no poder setores empenhados numa profunda regressão no domínio dos direitos humanos, da justiça social e do papel moderador e protetor do Estado. Hipervaloriza ainda um patriotismo isolacionista, associado a formas de xenofobia e de racismo, das quais fazem parte o preconceito e o ódio lançados sobre as tão necessárias comunidades imigrantes.

Traduzida agora na escolha de boa parte do eleitorado português, esta tendência, recorrendo a algumas insatisfações, aproveitando dificuldades de resposta do sistema e servindo-se de rebuscadas formas de mentira e de desinformação, não caiu, de facto, do céu. Existem no meio de nós, desde há largos anos, muitos saudosos de um passado que não conheceram, capazes desses sentimentos tão negativos e que abominam a democracia. A respeito da sua presença e impacto andávamos bastante enganados, mas agora já não os podemos ignorar.»