terça-feira, 18 de agosto de 2015

"Para Belém quem mais lhes convém." A quem?.. (II)

António Costa, como escrevi aqui,  tem melhor imagem e fala melhor do que António José Seguro.
Quanto ao resto, ou seja, o essencial e o que realmente importa, é mais do mesmo.
Pela minha parte, e a realidade cada vez mais me dá razão, não deposito nele qualquer esperança.
Ontem, Costa apareceu na televisão. 
Calmo, bem vestido, bem disposto, ar calmo e limpinho de quem não se está para  maçar excessivamente... 
Cá para mim, lá pelo PS, podem pensar em procurar outro líder...
Maria de Belém quer não sei o quê!..
Vem aí outro Cavaco.
Talvez, este coma bolos com mais chá. Isto, é 
"o centrão e a nossa oligarquia", no seu melhor e a funcionar...
Há quem pense que António Costa, em bom rigor, começa a colher a tempestade dos ventos que semeou... 

Maria Archer, uma Mulher mais do nosso tempo do que do seu tempo

Maria Emília Archer Eyrolles Baltasar Moreira, conhecida como Maria Archer (Lisboa, 4 de Janeiro de 1899 - Lisboa, 23 de Janeiro de 1982), foi uma escritora portuguesa.
Nascida em Lisboa, mudou-se para Moçambique com os pais e seus cinco irmãos em 1910. Só terminou a escola primária aos 16 anos, tendo para isso que insistir com seus pais, que achavam desnecessária a sua formação. A família voltou para Portugal em 1914, mas dois anos depois estava novamente na África, desta vez na Guiné-Bissau.
Em 1921, enquanto o seu pai regressava a Portugal, Maria Archer casou-se com o também português Alberto Teixeira Passos. O jovem casal fixou residência em Ibo. Cinco anos mais tarde, após o surgimento do Estado Novo e a crise subsequente, o marido perdeu o emprego num banco e os dois mudaram-se para Faro. Em 1931, divorciaram-se.

Separada, foi morar com os pais em Luanda, onde iniciou sua carreira literária. Publicou a novela Três Mulheres, num volume que continha também a aventura policial A Lenda e o Processo do Estranho Caso de Pauling, de António Pinto Quartin.
Voltou para Lisboa, onde iniciou um período de intensa actividade, produzindo obras sobre a sua vivência na África. Em 1945, aderiu ao Movimento de Unidade Democrática (MUD), grupo de oposição ao regime salazarista. A partir daí as suas obras passaram a ser censuradas. O romance Casa Sem Pão (1947) foi apreendido. Sem condições de viver da sua produção intelectual, refugiou-se no Brasil, onde chegou em 15 de julho de 1955.
No exílio, colaborou com os jornais O Estado de S. Paulo, Semana Portuguesa e Portugal Democrático e na Revista Municipal de Lisboa (1939-1973). Alternou entre a literatura de temática africana e as obras de oposição à ditadura portuguesa. Também se encontra colaboração da sua autoria na revista Portugal Colonial  (1931-1937).
Voltou para Portugal em 26 de Abril de 1979, internada na Mansão de Santa Maria de Marvila, em Lisboa, um asilo onde passou seus últimos três anos de vida.

Durante a vida, Maria Archer foi uma inconformista,  consciente das discriminações e das injustiças, em geral, e, em particular, das  que condicionavam o sexo feminino, numa sociedade  retrógrada e, como se diria em linguagem actual, "fundamentalista", em que o regime  impôs a regressão às doutrinas e práticas de um patriarcalismo ancestral.
A escrita, servida pelos dons de inteligência, de observação e de expressividade foi  para Maria Archer uma arma de combate  político. Como disse Artur Portela, "a sua pena parece por vezes uma metralhadora de fogo rasante"
É um combate em que a sua vida e a sua arte  se fundem - norteadas por um ostensivo  propósito de valorização dos valores femininos, de libertação da mulher e, com ela, da sociedade como um todo.
Ela é já uma Mulher livre num país ainda sem liberdade - coragem que lhe custou o preço de um longo exílio ...
Maria Archer é uma grande escritora E pode ser lida apenas como tal. Mas permite também diversas outras leituras.

Uma leitura sociológica, antropológica, política...
Ninguém como ela  escrutinou e caracterizou o pequeno mundo da sociedade portuguesa da primeira metade do século XX, das famílias, pobres ou ricas, decadentes ou ascendentes, aristocratas, burguesas, "povo" - todos  imersos na nebulosa de preconceitos de género e de classe, de vaidades, de ambições, de prepotências e temores...
"Aurea mediocritas", brandos costumes implacáveis... o mundo de contradições de um Estado velho, que se chamava Estado Novo.
Ou uma leitura feminista... 
Ninguém como ela conseguiu corroer essa imagem da "fada do lar", meticulosamente construída sobre a ideia falsa da harmonia de desiguais (em que, noutro plano, se baseava a ideologia corporativa do regime), da falsa brandura do autoritarismo e da subjugação no círculo pequeno da família como no mais alargado, o  do País. 
Maria Archer é uma retratista magistral da mulher e da sua circunstância... O rigor da narrativa, a densidade das personagens, a qualidade literária, só podiam agravar, aos olhos do regime, a força subversiva da  denúncia. Na crueza da palavra. Na nitidez do traço... 
O regime não gostou desses retratos femininos, como não gostava da Autora. Primeiro, tentou desqualificá-la, desvaloriza-la. Sintomática a opinião de um homem do regime, Franco Nogueira, que em contra-corrente , num texto com laivos misóginos,  a apresenta como apenas uma mulher a falar de coisa ligeiras e desinteressantes, (como o destino das mulheres....). 
Sintomático também que a crítica seja divulgada pela própria editora da romancista, a par de tantas outras, todas de sentido contrário.
Não tendo conseguido os seus intentos, o Poder passou à acção: os seus livros foram  apreendidos,  os jornais onde trabalhava ameaçados de encerramento... Maria Archer viu-se forçada a partir para o Brasil - uma última e infindável aventura de expatriação, de onde só viria, envelhecida e fragilizada, para morrer em Lisboa.
Mas o desterro não foi pena bastante! 
Teresa Horta, no prefácio da reedição de "Ela era apenas mulher" afirma que Maria Archer foi deliberadamente apagada da História. 

Elegância é uma palavra que quadra com Maria Archer. Caracteriza-a na maneira como pensou, como escreveu, como se vestiu e apresentou em sociedade, como viveu a vida inteira, até ao fim...
Ousou ser Maria Archer, sem pseudónimos...

Cabo Mondego

foto António Agostinho

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Será que somos assim tão burros e esquecidos e não nos lembramos de João Proença, de gravata e inchado de tanto sentido de Estado, ao lado do patrão a celebrar mais um acordo para a competitividade e o crescimento da economia e a salvaguarda do emprego...

Que ideia: "não, o Governo não tem um modelo de salários baixos e de desemprego para o País", Pedro Passos Coelho em 22 de Março de 2013.
"Um em cada cinco trabalhadores ganha o salário mínimo"!..
Desde 2011, a percentagem de trabalhadores a ganhar o Salário Mínimo Nacional subiu 73,6%. 
Ganhou-se competitividade à custa de salários baixos.
"Houve empresas que para não despedirem trabalhadores baixaram os salários", confirma António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), ao Dinheiro Vivo, acrescentando que do lado dos patrões "sempre temos defendido que mais vale ter um posto de trabalho remunerado com o salário mínimo do que o desemprego"
Para os sindicatos, no entanto, a realidade é mais negra.
"Assistimos a uma substituição de trabalhadores bem pagos por pessoas mais jovens e mal pagas." 
E sem aumento de produtividade, admite Sérgio Monte, da UGT.

Isto de "experiência-piloto de orçamento participativo", tem muito que se lhe diga... (II)

"Na passada sextafeira foi apresentado publicamente, nos paços do concelho, o Orçamento Participativo (OP), que resultou de uma proposta que os vereadores eleitos pelo PSD apresentaram e que mereceu a unanimidade da câmara. 
Num momento em que cada vez mais se verifica o afastamento dos cidadãos da coisa pública, ou melhor, os gestores da coisa pública se encarregam de afastar os cidadãos, este é um passo para evoluirmos na inversão desse caminho... 

Esperemos agora, que os Figueirenses aproveitem este mecanismo e se mobilizem."

Em tempo. 
O resto da crónica de Miguel Almeida, pode ser lida no jornal AS BEIRAS de hoje.
Para já, para mim a melhor ideia para celebrar a liberdade e a democracia é, simplesmente, praticá-la no quotidiano. 
Por isso fica a pergunta senhor presidente da câmara: para quando o fim das reuniões de câmara à porta fechada?..

Um vídeo dedicado aos que têm problemas de memória - há, de facto, muito de misterioso na linguagem dos políticos...


"Que bom ser ano de eleições legislativas. Nesta altura sinto-me um cidadão muito mais feliz, com outra disposição para encarar melhor a vida no futuro, a propósito de tal acontecimento que está previsto para o próximo dia 4 de Outubro, conforme anúncio feito pelo senhor Presidente da República Dr. Cavaco Silva. Só fico triste por este tipo de acontecimento se realizar somente de quatro em quatro anos.
Mas passo a explicar um pouco melhor este motivo de tanta felicidade. Este (des) governo, nestes quatros anos de legislatura, o que soube fazer foi contra todas as promessas que o "nosso primeiro" fez em plena campanha eleitoral em junho de 2011: para "sacar" votos a alguns portugueses possivelmente mais distraídos e para assaltar, de uma forma pouco honesta, o poder, fartou-se de prometer, aliás, fartou-se de mentir e acabou por não fazer nada daquilo que prometeu. Que não havia aumento de impostos, que as reformas seriam intocáveis, sei lá o que prometeu para sugar o poder. E não é que conseguiu mesmo o tão ambicionado lugar? Mas depois, a festa para a maioria de nós portugueses, e todos aqueles que foram muito bem enganados, foi outra (sim, bem sei igualmente que a situação do País não era a melhor, é verdade). Mentir não vale e é muito feio. Aos meninos que mentem põe-se pimenta na língua.
Durante este quatro anos em que não houve eleições não prometeu nada, não foi? Agora, vem com mais um doce, para enganar os "papalvos". É o que faz a aproximação das eleições legislativas.
Em 2016 - está com uma fé que vai ser novamente eleito, mas o convencimento é uma doença que pode prejudicar alguns doentes em estado avançado de alguma patologia desconhecida que pode não ter cura a curto prazo -, pode baixar a sobretaxa do IRS de 3,5% para 2,8% e poderá vir a devolver aos contribuintes cerca de 100 milhões de euros em crédito fiscal da sobretaxa de IRS, caso venha a ganhar as eleições. Que gesto bonito e comovente, senhor Passos Coelho... Mas continuo a dizer que mentir é muito feio."
As promessas do primeiro-ministro, por Mário da Silva Jesus

domingo, 16 de agosto de 2015

O difícil que é gerir expectativas

Aquilo a que normalmente chamamos expectativas - esperar isto ou aquilo - pode ser algo complicado de gerir.
O problema começa logo no início: dar aso a que as expectativas surjam.
As nossas vidas decorrem baseadas em probabilidades, pressupostos ou promessas que a maioria das vezes terminam em decepções, dor, mágoa, desânimo ou desalento.
Esperar por algo ou por alguém deveria unicamente fazer sentido quando se tem por base uma realidade palpável e não quando sabemos, à partida, que nos vamos novamente magoar. 
Contudo, temos este lado masoquista  e insistimos em apostar em construções na areia que a primeira subida da maré desfaz completamente...
Espero que Passos tenha razão ao pedir um resultado “inequívoco” nas legislativas de 4 de Outubro próximo - um derrota também o é...
As expectativas que tenho, porém, e que contam para mim, são aquelas que existem (e dependem) unicamente na minha pessoa...
Há muito que deixei de ter expectativas que dependam dos portugueses em geral e da maioria dos que votam em particular.

sábado, 15 de agosto de 2015

NÃO CUSTA NADA RECONHECER O ÓBVIO: A GENIALIDADE DE QUEM NOS TEM INDICADO O CAMINHO DA LUZ E DA SALVAÇÃO

Este espaço é o que é e gosta dele quem gosta.
Todavia, mesmo o mentor de um espaço como este, de vez em quando, tem necessidade de reconhecer a genialidade e mesmo, agradecer a bênção de termos quem nos indica o caminho da luz e da salvação.
Depois da inauguração dos dois recintos relvados na freguesia - um no parque das merendas e outro anexo ao campo de futebol pelado do Grupo Desportivo Cova-Gala,  um novo e genial conceito de deslocalização desportiva!.. – lembramos aos senhores presidentes da junta e da câmara, outra obra de premente necessidade e indiscutível utilidade que tanta falta faz a esta freguesia: o campinho para o jogo da petanca, senhores presidentes
Faz muita faltinha, sim senhor. Talvez seja possível ainda durante este mandato, sff...

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Isto de "experiência-piloto de orçamento participativo", tem muito que se lhe diga...

Lido na quarta-feira passada no Diário de Coimbra
Questionado sobre se o projecto recupera o conceito da chamada Aldeia do Mar - uma promessa eleitoral anunciada em 2009 e nunca concretizada, que passava pela instalação de valências ligadas à investigação científica e à economia do mar complementada por espaços de lazer - João Ataíde sorriu e replicou: "vamos ver"
Quando? 
"Na reunião privada do executivo que se realiza a 3 de Setembro, que é quando a proposta vai ser apresentada"?

No dia 24 de Outubro de 2013, pela primeira vez, depois do 25 de Abril de 1974, um executivo camarário PS, com maioria absoluta, tendo como presidente de Câmara o Dr. João Ataíde, realizou uma reunião de Câmara vedada à presença de público e da comunicação social. Para que conste e por ser verdade a “coisa” para ser aprovada teve o voto a favor de João Portugal, Carlos Monteiro, João Ataíde, Ana Carvalho e António Tavares, as abstenções de Azenha Gomes e João Armando Gonçalves e um único voto contra, o de Miguel Almeida. .. 
Uma Câmara Municipal é um órgão democrático do Poder Local, onde o presidente só consegue impor a sua vontade se tiver o apoio ou a conivência da maioria dos vereadores. Foi o o que aconteceu. 
Olhamos para o passado recente da Figueira e cada vez temos mais perguntas, o que não quer dizer que o amor e o interesse pelo que se passa no nosso concelho e na minha Aldeia tenha diminuído. Pelo contrário. Talvez  tenha ficado mais complexo e rico.  
Aliás, deve ter sido essa a intenção de um presidente de Câmara e de uma maioria socialista que se continua a afirmar pela pedagogia e culto da democracia participativa!.. 
Lido hoje no jornal AS BEIRAS.
"O Orçamento Participativo (OP) Figueira da Foz foi apresentado ontem nos paços do concelho. 
José Correia, adjunto da presidência, começou por introduzir que, neste 2.º semestre, a autarquia leva a cabo uma experiência piloto de OP, diferente do modelo que vigorará em 2016. 
Assim, por agora, é considerado todo o concelho (posteriormente será sob a forma de quatro áreas diferentes – cidade, sul, norte e leste). 
O OP conta com uma dotação orçamental de 100 mil euros, atribuída ao projeto mais votado. 
Quem pode participar? Todos os cidadãos recenseados na Figueira da Foz e que, previamente, procedam ao seu registo. Informações que estão disponíveis desde ontem na página da internetda câmara orcamento-participativo
De realçar que a submissão da proposta requer que 20 cidadãos registados a subscrevam. No entanto, um munícipe pode subscrever mais do que uma (com a entrega nos serviços da autarquia ou das juntas de freguesia). 
Serão agendadas sessões de esclarecimento para apresentação e discussão de propostas, posteriormente analisadas por uma comissão a nomear pelo presidente da câmara. A votação é – este ano – online. “É um ano de teste. Pretende-se estimular a participação dos cidadãos, melhorar os procedimentos administrativos e no limite adaptar o regulamento em face daquilo que tivermos”, disse José Correia. 
Por sua vez, o vereador da coligação de oposição Somos Figueira, Miguel Almeida, registou com agrado o convite do presidente da câmara para a apresentação. “O OP vem reforçar a qualidade de democracia”, disse Miguel Almeida, salientando que “não deve ser estanque, devendo proceder-se a avaliações anuais”
O vereador apelou ainda aos figueirenses para que “se mobilizem para apresentarem propostas para o concelho”.  
Por último, o presidente da câmara afirmou que se trata do “primeiro sinal de democracia participativa”.  Evocando que o OP foi uma proposta do PSD, acolhida por unanimidade, João Ataíde acrescentou: “Estamos agora em condições de avançar com este projecto”
O edil manifestou que terá de ser iniciado de forma cautelosa. Quanto ao orçamento disse que deve ser alargado tanto quanto possível." 

João Ataíde, porém, pelo que tive oportunidade de ler no jornal AS BEIRAS, deixou no ar algo que me inquietou, apesar de não ser adepto dos modos de funcionamento dos diversos aparelhos partidários: “haverá um cuidado de afastar as estruturas partidárias da participação activa”.
É conhecida a dificuldade de João Ataíde em transmitir mensagens claras e perceptíveis pelo comum dos figueirenses. Todavia, há coisas básicas que se exige que um cidadão independente, eleito presidente de câmara democraticamente por uma lista independente tem de saber passar com clareza aos seus munícipes.
A democracia sem partidos, ou de partido único, não é democracia, é tirania. Não há volta a dar-lhe senhor presidente. 
Apesar dos partidos que foram fundados e saíram de processos de libertação da tragédia da segunda guerra ou das ditaduras (mesmo as que duraram mais, como aconteceu em Portugal), estarem muito mal vistos pelos cidadãos em geral, por terem enveredado por práticas pouco recomendáveis e funcionarem, sobretudo, para os homens e mulheres do aparelho, pelo que deixaram de estar ao serviço da resolução das aspirações de largas camadas da população portuguesa, não  é necessário, nem legítimo, que se afastem os partidos, para se inventarem novas formas de expressão da vontade popular - passem elas pela democracia digital, pela democracia representativa ou pela democracia directa (ou participativa, para usar um termo mais moderado)
Tudo, porém, demora tempo e exige clarificação para evitar equívocos. 
Aquilo que se está a iniciar na Câmara da Figueira - a tal "experiência-piloto de orçamento participativo" -  é o início de uma revolução que um dia será conhecida por uma designação ainda não encontrada com exactidão.
Exige-se, por conseguinte, aos responsáveis cuidado e clarificação na linguagem e nas atitudes.
Para já, para mim a melhor ideia para celebrar a liberdade e a democracia é, simplesmente, praticá-la no quotidiano. 
Por isso fica a pergunta senhor presidente: para quando o fim das reuniões de câmara à porta fechada?..

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Tenham compreensão e paciência, já só faltam pouco mais de 2 anos...

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Não sei quem é que convenceu o dr. João Ataíde de que  daria um bom Presidente da Câmara da Figueira da Foz. 
Vou tentar  ser correcto e  compreensivo: depois de Santana Lopes  e Duarte Silva, é legítimo qualquer um pensar que pode aspirar a ser presidente da Câmara de uma cidade como a Figueira da Foz. 
Nem é necessário ter muita imaginação.
Até Miguel Almeida aspirou!..

Em tempo.
"Serão actividades ligadas ao surf" - afirmou o autarca (dr.João Ataíde), recusando mais pormenores e adiantando que a proposta irá ser apresentada a 3 de Setembro, "na reunião privada do executivo"!..

Na Figueira é sempre carnaval!..

Em tempo.
Continua a série, na Figueira é sempre carnaval...  
"Já passámos o período mais difícil [de contenção financeira]".

"A dois meses das eleições, Governo compromete 404 milhões de despesa até 2019"...

“O Governo não está em fim de funções, está na plenitude das suas funções” - ministro da Presidência.

Em tempo.
"Este é o mesmo princípio que levou à assinatura do despacho a autorizar o abate dos sobreiros na Herdade da Vargem Fresca em Benavente, vulgo caso Portucale; este é o mesmo princípio que levou à assinatura do despacho da não devolução ao Estado do edifício do Casino de Lisboa, no Parque Expo, no final da concessão à Estoril Sol; este é o mesmo princípio que levou a que Telmo Correia, ministro, na noite que antecedeu a tomada de posse de José Sócrates tivesse assinado 300 - trezentos - 300 despachos."
É fartar vilanagem...

Exposição das "Artes"


quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Era uma vez

A história começa assim... 
"Uma pequena vila, de nome irrelevante..."

Uma pergunta...

Porque é que todas as paixões terminam mal?..

PAF: no país do faz de conta, onde o objectivo é enganar os tolos...

O Governo usa o Conselho de Ministros como mais uma peça da campanha eleitoral em curso para inventar uma "estratégia de protecção do idoso", que vale zero por necessitar de aprovação de uma Assembleia da República, que só será eleita em 4 de Outubro!..
"Com a Assembleia da República já em férias, o estatuto do idoso, como lhe tem chamado ao longo do seu mandato a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, apenas foi consagrado em formato de resolução do Conselho de Ministros em vez de lei – o que anula o seu peso legal, uma vez que a criminalização do abandono implica alterações ao Código Penal que teriam de ser aprovadas pelos deputados. A questão fica assim em banho-maria até à próxima legislatura, altura em que os deputados poderão vir a pronunciar-se sobre o tema."

A BOLA: "ai que saudades, ai, ai!.."

Durante muitos anos fui um fiel leitor do jornal A BOLA.
Carlos Pinhão, Carlos Miranda, Aurélio Márcio, Alfredo Farinha, Homero Serpa, Cruz dos Santos, Joaquim Rita, Rui Santos, Santos Neves, Vítor Serpa, e mais alguns, constituíam uma equipa redactorial com grande cultura jornalística, brio profissional e conhecimentos profundos sobre futebol e não só. A partir de meados dos anos sessenta do século passado tive oportunidade de ler nas colunas de A BOLA prosas  de grande brilhantismo e fulgor, verdadeiros tratados na arte de bem escrever português, que me transmitiram o gosto pela nossa língua e pela crítica honesta, verdadeira, isenta e independente.
Desde a sua fundação, por Cândido de Oliveira, Ribeiro dos Reis e Vicente de Melo, em Janeiro de 1945, A BOLA constituiu-se numa referência de prestígio, de rigor e de qualidade na forma de fazer jornalismo, de escrever sobre desporto e do futebol em especial. 
A BOLA, em plena ditadura salazarista, afirmou-se com grande destaque no panorama da imprensa desportiva. Mas não só, A BOLA era o maior jornal português, o mais prestigiado e conhecido e o de maior expansão e vendas, dentro e fora de Portugal.
Durante as décadas de 60, 70 e 80, A BOLA era  conhecida como a  "Bíblia" do Desporto Português, uma instituição admirada e respeitada,  em Portugal e no estrangeiro, em especial nos países  onde viviam e trabalhavam os emigrantes portugueses. Nas antigas províncias ultramarinas de África (Angola, Moçambique, Guiné), os portugueses lá residentes aguardavam ansiosamente pela chegada do jornal, não só para saberem notícias do desporto do continente, mas, também, para  matarem saudades.
Isso aconteceu quando o jornal era trissemanário. Publicava-se às segundas, quintas e sábados. Quando os jornais desportivos passaram a diários deixei de consumir esse tipo de imprensa.
O futebol não é uma escola de virtudes, mas continua a  suscitar paixões. 
O futebol de hoje, com os seus meandros obscuros, deixou de me interessar.
Mais triste, desolado e sem vontade de ler jornais desportivos fiquei ao deparar com a primeira página de ontem de um jornal que eu admirei tanto.
Reparem só na forma triste e miserável como  dão a notícia da morte de Jorge Gonçalves!..
Resta-me fazer uso de uma expressão famosa do saudoso Carlos Pinhão: "Ai que saudades, ai, ai!.."

O segredo do Sporting

Não me queiram ver zangado...
"Mal o árbitro ordenou a repetição do penálti de Losper, no desempate com o Ajax Cape Town, e mesmo estando à conversa com Raúl José e Nélson Pereira - o director geral da SAD Octávio Machado saltou que nem uma mola do banco de suplentes para dirigir palavras nada bonitas para o juiz da partida."

A PROMESSA

Obra original: "A Promessa" de Bernardo Santareno
Adaptação: António de Macedo
Realizador: António de Macedo
Produção: Centro Portugues de Cinema
Produtores associados: António de Macedo, Tobis Portuguesa e Francisco de Castro
Director de produção: Henrique Espírito Santo
Assistentes de produção: João Franco e Monique Rutler
Fotografia: Elso Roque
Director de som: João Diogo
Operador de som: José de Carvalho
Música: popular portuguesa
Registo musical: Michel Giacometti
Sonoplastia: Hugo Ribeiro
Misturas: António de Macedo e Hugo Ribeiro
Montagem: António de Macedo
Assistente de montagem: Clara Diaz-Berrio
Exteriores: Palheiros da Tocha, Tocha, Figueira da Foz, Buarcos, Gala, Cova
Estúdios: Tobis Portuguesa
Elenco: Guida Maria (Maria do Mar), Sinde Filipe (Labareda), João Mota (João), Luís Santos (Pai), Maria (Joaquina), José Rodrigues Carvalho (Mário), Fernando Loureiro (Cigano), Francisco Machado (Padre Couto), Celeste Alves (Intriguista), Luís Barradas (Cigano), Fernanda Coimbra, Grece de Castro, Agostinho Alves, João Lourenço, António Maia
Sinopse
José e Maria, habitantes de uma aldeia de pescadores, fizeram um voto de castidade, num acto de desespero, para tentar salvar o pai de José que pescava num dia de tempestade. Mas Labareda, um cigano acolhido pelo casal após ter chegado à aldeia ferido, irá pôr à prova o seu celibato “forçado” e, consequentemente, a sua fé.
Crítica
Como diria Leitão Barros, a haver uma indústria de cinema em Portugal, António de Macedo seria dos poucos a conseguir fazer carreira, e a prová-lo está este filme A Promessa. A produção, os cenários e os (por vezes exagerados) “artifícios” técnicos colocam-no ao nível da produção média internacional da época, não sendo por isso de estranhar que este tenha sido um dos filmes mais vistos do Cinema Novo. Facto curioso, uma vez que é também o filme (ou o autor) que mais se afasta dessa nova geração, fazendo prevalecer uma visão industrial e um experimentalismo técnico em detrimento das preocupações sociais e de identidade que moviam os restantes autores.
A acção, tal como no Mudar de Vida de Paulo Rocha, desenrola-se numa típica aldeia de pescadores, mas ao contrário do primeiro não tenta fazer o retrato de uma sociedade maioritariamente pobre e sem esperança no futuro, mas explora a questão da influência quase nefasta que a religião exerce sobre um povo ignorante. Todo o filme tem, por isso, uma espécie de aura esotérica que vai de encontro aos interesses do próprio autor, que se diz anarco-místico. Para tal, contribuem o uso da cor, do nevoeiro, de planos em câmara lenta e de uma certa representação mais teatral, ou como diria António de Macedo, mais melodramática, porque o povo português é melodramático. Porém, não se deve aqui confundir teatral com artificial, pois à excepção de um certo exagero na interpretação de um dos ciganos – que torna os diálogos quase imperceptíveis de cada vez que intervém – estamos perante um bom trabalho de actores, infelizmente tão raro nos filmes portugueses deste período. Também merecedora de destaque é a fotografia de Elso Roque que, em consonância com o misticismo de António de Macedo, proporciona momentos de grande interesse, como na poderosa cena da violação ou a pictórica cena final.
A Promessa, talvez por não corresponder aos ideais traçados pelo Cinema Novo (mas não só), não está entre os melhores filmes da época. Mas, uma vez mais, António Macedo demonstra uma grande ousadia, quer ao nível do tema quer ao nível da técnica, sendo por isso um importante contributo para o cinema nacional.
Do ponto de vista da arquitectura, este filme tem quase um valor histórico e etnográfico, pela forma que nos dá a conhecer um tipo de aglomerado já extinto.