quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Como estou a ficar velho...

Nasci em 1954.
Tenho bem presente, ainda,  a Cova e Gala dos anos 50 e 60 do século passado - o tempo da caridadezinha...
Nesse tempo, passaram apenas cerca de 50 anos, apesar de Cova e Gala se encontrarem apenas a três quilómetros da Figueira da Foz, a Cova era um lugar isolado, quase que perdido, onde ninguém se deslocava.
Logo, a realidade contada neste texto do Daniel Oliveira, que li com atenção, está bem viva na minha memória.
“Nos anos 60, Portugal não era pacato. Era obediente. Como são obedientes todos os povos que vivem em ditadura. E quem não o era, fugindo à norma nacional, era vigiado, perseguido, preso, torturado e até morto.
Portugal não era apenas trabalhador. Era escravo. O trabalho infantil era uma banalidade, os horários, as férias e os fins de semana um luxo inalcançável. E, no entanto, apesar de se trabalhar para lá da decência humana, em 1961 a nossa produtividade era, como recorda Raquel Varela , muitíssimo inferior à de hoje.
Portugal não era poupado. Era miserável. Morria-se cedo, comia-se mal, não se tinha nem saúde nem educação. Era analfabeto, doente, subdesenvolvido. Quem sabe como era a vida da esmagadora maioria dos portugueses, sobretudo fora das grandes cidades, sabe que é um tempo que não pode deixar saudades. As despesas sociais correspondiam a 4,4% do total do PIB, enquanto no resto da Europa estavam acima dos 10%. O indicadores de saúde eram de um País do terceiro mundo. O número de analfabetos era muitas vezes superior ao dos licenciados.
Portugal não era prudente. Era obstinado no seu conservadorismo. Ao ponto de julgar que poderia continuar a viver como se o mundo estivesse na mesma. O que o levou, entre tantas outras asneiras que nos deixaram para trás, a desperdiçar e destruir milhares vidas e a gastar, em média, metade do orçamento de Estado numa guerra que inevitavelmente acabaria como acabaram todos as lutas pela independência em África: com uma derrota militar ou política do colonizador.
Depois veio o 25 de Abril. O País "criou autarquias e dinamização cultural, comprou frigoríficos e televisões, fez planeamento económico, exigiu escolas e hospitais". Enfim, resume César das Neves, "Portugal gastou". Sim, de 1973 a 1999 as despesas sociais passaram de 8,7 por cento para 26,1 por cento e os impostos de 18,6 por cento do PIB para 34 por cento. E numa e noutra coisa apenas nos aproximámos do resto da Europa. Porque, sem isso, cinco milhões de portugueses continuariam a não ter cobertura médica, a mortalidade infantil continuaria na estratosfera e o analfabetismo continuaria a condenar o País ao atraso. Sim, compraram-se frigoríficos e televisões, coisas banais em qualquer país europeu. Sim, exigiram-se e construíram-se escolas e hospitais. Não foi falta de ponderação. Foi o que fez Portugal dar um dos mais rápidos e extraordinários saltos sociais e económicos na Europa, que qualquer estrangeiro que tenha cá vindo antes e depois notava com espanto e admiração. Foi o que nos permitiu consolidar a democracia e entrar na CEE. Foi das coisas mais ponderadas e inteligentes que fizemos.”
Como estou a ficar velho...
Cá está, possivelmente, a razão de ser de toda a minha actual indignação pelos dias lamacentos que, neste momento,  estamos a viver em Portugal.
“Se é imprudente tudo o que, como povo, exigimos e fizemos nos últimos 39 anos, talvez seja disso mesmo que estamos a precisar. Talvez a ideia de que o que conquistámos nunca estaria em risco nos tenha tornado demasiado pacatos. Ao ponto de aceitarmos, sem uma pinga de indignação, que nos digam que devíamos ser como "os nossos avós": resignados, obedientes e pobres.”

“Não valemos nada”...

Ontem à tarde, enquanto tomava café com 3 amigos, no café do costume, a propósito da morte de um nosso conhecido, ainda jovem, chegámos à seguinte conclusão: “não valemos nada”.
É bem verdade...
O  mundo passa bem sem qualquer de nós.
Aqui está uma verdade  que muitos se recusam a aceitar.
Todos somos dispensáveis.
Sem nós, tudo segue o seu curso -  estejamos entre os vivos ou transformados em pó.
O Mondego continuava a  correr para o mar, a Terra continuaria a girar, a lua teria as suas fases...
Para  além de uma ou outra vaga memória, nada resta de nós.
Faz sentido, de vez em quando,  ter a noção da nossa  insignificância.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Que se lixem as eleições...

Passos e Crato inauguram escolas já inauguradas!.. 
Segundo o Expresso, "o Centro Escolar de Bustos (114 alunos), onde Passos Coelho e Nuno Crato deverão chegar pelas 10 horas, foi inaugurado a 18 de março deste ano, no dia em que esta freguesia comemorou 93 anos de existência.
Por sua vez, "o Centro Escolar do Troviscal (77 alunos), onde os dois governantes estarão pelas 11h10, "abriu portas na manhã de 23 de fevereiro de 2012, após as miniférias de Carnaval", há cerca de 18 meses, conta o "Jornal da Bairrada" de 1 de março desse ano."
A coisa até tem lógica... 
"Todas as escolas devem ser consideradas novas escolas, agora que as turmas passaram a contar com um novo limite máximo (para mais) de alunos.

O mentiroso comum é desprezível; o mentiroso político, abominável...

"Como é possível que haja gente, presuntivamente de bem, a apoiar este mentiroso que não só nos empobreceu materialmente como nos enfraqueceu a alma, nos amolgou o espírito com perseverança infame, e continua a impelir-nos para uma perdição tão maldosa que, ela própria, nos escapa; como é possível?"

Alguma opinião pública figueirense é incomparável na sua capacidade de fazer descer uma discussão ao seu nível mais básico...

As palavras do Vereador António Tavares publicadas nas BEIRAS deviam fazer pensar... 
A questão fundamental, conforme foi muito bem colocada por Morraceira, um comentador, é esta: “as zonas de domínio publico hídrico estão sobre alçada da administração central, entidade que recebe as receitas... A câmara municipal acaba por ter as mãos atadas, com a imposição de efectuar a manutenção...“ 
Mas, pela quase generalidade dos comentários, constata-se que alguma opinião pública figueirense é incomparável na sua capacidade de fazer descer uma discussão ao seu nível mais básico.
Na continuação da polémica aberta pelo escrito do Jot´Alves, Rui Beja escreveu o seguinte no facebook:
"Sabem quanto dinheiro gasta anualmente a Câmara na manutenção dos espaços verdes do concelho? 300 mil euros, o que corresponde à manutenção de cerca de 50 hectares (sem contar com o custo dos 5 jardineiros municipais... Pois é, um concelho como a Figueira só tem 5 jardineiros disponíveis!). Agora vejam quanto gasta na limpeza e manutenção das praias do concelho, que são utilizadas 3 meses por ano: 250 mil euros! 300 mil euros anuais para 50 hectares, 250 mil para 3 meses de época balnear... Mas reparem: a jurisdição sobre o domínio marítimo pertence ao Ministério do Ambiente; sabem quanto dinheiro o Ministério investe nas praias: nem um tostão! Sendo que é o Ministério do Ambiente quem recebe as taxas das concessões das praias... As cidades e os cidadãos deviam unir-se e exigir do governo - que ganha dinheiro com a praia! - uma comparticipação nas despesas de manutenção e limpeza das praias. E os agentes económicos que, directamente, são beneficiados pela praia, também deveriam comparticipar nestas despesas; é uma questão de justiça!"
E fico por aqui. Isto é, não liguei aos comentários desta postagem do Rui Beja... Evidentemente, com as devidas desculpas aos poucos  que andam por aqui a tentar discutir problemas concretos.

A resposta a uma dúvida...

Hoje de manhã acordei com uma dúvida.
Via Cortex Frontal, fiquei esclarecido por um Senhor com uma memória invejável.
"No salazarismo havia o «condicionamento industrial», que ajudou a fortalecer alguns grupos económicos que não deixaram depois de mandar no governo. No regime actual emergiu o «condicionamento televisivo» com a escolha de dois canais privados generalistas, o rateio do mercado da publicidade com fortes limitações legais para a televisão pública, e a não abertura de mais canais generalistas em nome ainda da distribuição das receitas geradas pela «santa publicidade» que comanda o pluralismo. Os canais generalistas uniram-se agora contra um certo tipo de cobertura das eleições autárquicas, e vão impor a sua lei no território que ganharam aos poderes públicos. Não se percebe o que a RTP faz nesse conjunto. Talvez só queira entrevistar o primeiro-ministro antes do fim da campanha...
Fazem muita falta canais regionais nestas eleições autárquicas."

O futuro da Figueira em debate


Faz hoje 40 anos que choveu em Santiago



Os aviões e tanques fascistas bombardearam o Chile da Unidade Popular.
Pelas 05h45 do dia 11 de Setembro de 1973 iniciava-se a "Operação Silêncio" com a neutralização das comunicações nacionais e a ocupação de universidades, fábricas e bairros de trabalhadores. Menos de nove horas depois, a bandeira branca da rendição surgia no Palácio de la Moneda. Antes de cometer suicídio, o Presidente Salvador Allende dirigia-se pela última vez ao povo chileno com palavras que merecem ser recordadas: "Pagarei com a minha vida a lealdade do povo."
Foi com um golpe de estado violento e radical que se iniciou o consulado de Pinochet, regime repressivo e economicamente ultraliberal, que marcou o Chile com milhares de mortos, desaparecidos, torturados e exilados. Crimes que não podem ficar esquecidos e sem o julgamento a que ainda hoje não foram submetidos.
Em Portugal, sete meses depois, a liberdade que Abril nos deu permitiu-nos gritar “O Chile Vencerá!”
E venceu!
O povo unido jamais será vencido.

Uma dúvida...

Quem sai beneficiado com a ausência 
de cobertura televisiva das próximas autárquicas?

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Porque as coisas, por aqui, estão a ficar um pouco encrespadas...

 

A Figueira, apesar de tudo, ainda é bela!.. Querem, ainda, dar mais cabo dela?..

foto sacada daqui

Notícias do país real...

Os dramas da blogoesfera de proximidade em tempo de eleições na vila...

Sem qualquer problema, acabei de enviar para o lixo alguns  comentários anónimos...
Não se perdeu nada: era apenas  merda.
Mandar uns bitaites anónimos, não é a mesma coisa que comentar.
Não estou a dizer que não consigam escrever correctamente o que pretendem...
Sobre esse aspecto, confirmo que  não têm grandes problemas.
Só que, são uma espécie bem representativa da Tugalândia.
Têm aqui um espaço bem situado, na outra margem, com vista para mar...
Podiam aproveitar, portanto,  a água límpida, o som das ondas e a areia limpa.
Mas não: pensam que este é  um espaço apenas frequentado pelas gaivotas...
Passam por aqui algumas, certamente...
Mas, coitados, como andam enganados: a  fauna  que por aqui passa, na sua maioria, gosta de comida de outro nível...

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Exemplo do exercício de cidadania dado pelos velhos...

Carlos Abreu Amorim foi a Fátima almoçar com os velhinhos, mas a coisa correu mal…
Quando o autarca de Grijó comunicou aos comensais a presença de Abreu Amorim, Joaquim Américo, membro do Grupo Renovador Independente de Grijó (GRIjo), que concorre a esta junta de freguesia nas eleições autárquicas de 29 de Setembro, insurgiu-se contra a presença do candidato da coligação PSD/CDS-PP, criticando o aproveitamento político que representava a sua presença numa iniciativa de cariz social, destinada às pessoas de Grijó.
De acordo com relatos feitos ao PÚBLICO, Joaquim Américo pediu o microfone para dar conta da sua indignação perante a presença do candidato, mas foi impedido de falar, gerando-se um grande rumor na sala, onde estavam perto de 800 idosos de Grijó. De acordo com as mesmas fontes, dois seguranças, que faziam protecção ao presidente de junta, terão não só impedido que Joaquim Américo usasse da palavra como o retiraram do restaurante.
Perante a situação, e segundo as mesmas fontes, Alberto Rocha, candidato pelomovimento GRIjos à Junta de Freguesia de Grijó/Sermonde, saiu em socorro de Joaquim Américo, que terá sido agredido no pescoço e nos braços. Nesta confusão, Alberto Rocha e - de acordo com informações avançadas ao PÚBLICO - um terceiro elemento acabaram também por ser agredidos.
Carlos Abreu Amorim acabou por não intervir no almoço...

Parafraseando José Saramago:

"Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos."

O apartheid escolar de Nuno Crato

Ler aqui.

Dedicado aos que se dizem independentes, mas não sabem o que é ser INDEPENDENTE...


Cito  o que Miguel Esteves Cardoso escreveu sobre a «gente independente»: «mantêm uma dignidade que, sendo destruidora, é verdadeira».
Há algo um tanto podre nesta Terra e a culpa tem sido nossa...
Mansos nos querem, mansos nos têm tido...
Será que é para continuar?
Viver é Ser.

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa...

Brincar com os cartazes das autárquicas por serem mal feitos,  terem frases foleiras ou erros ortográficos, é um coisa.
Gozar com as pessoas, porque  são feias, narigudas, porque têm sentimentos ou são apanhados a fazer uma coisa humana e normal (como beber um cerveja...) é outra coisa.

Percebem a diferença?...
Há dias, em que gostava de ser mais normal...
Estou desejoso pelo dia em que estejam à venda  comprimidos para estupidificar.

"A Segurança Social é Sustentável"




Autores: Alain Stoleroff, Ana Elizabete Mota, Ana Rajado, Cleusa Santos, Eugénio Rosa, Manuel Carlos Silva, Maria João Berhan, Miguel Madeira, Raquel Varela, Renato Guedes, Ricardo Antunes, Rui Viana Pereira, Sara Granemann, Valério Arcary

Terça-feira, pelas 18:30, na Casa Havanesa, Rua Cândido dos Reis 85, Figueira da Foz, Raquel Varela coordenadora do livro vai apresentar   "A Segurança Social é Sustentável".