sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Ainda bem que não fui ouvir Medina Carreira

Um dia destes, “perante uma sala literalmente a abarrotar”, segundo o Diário de Coimbra, “mais de 300 pessoas”, Medina Carreira veio até a tertúlia do Casino da Figueira da Foz, praticamente de borla, como ele próprio disse, “sem ganhar um tostão - apenas teve direito a um jantar de boa qualidade”.
Sinceramente, dado que estou de férias, poderia perfeitamente ter ido ouvir “este especialista em partir loiça”, mas não fui, pois “angústia e depressão, já tenho quanto baste. Se tivesse ido ao Casino, ainda era capaz de vir de lá pior… Portanto, não arrisquei.
Pese embora algum exagero que o seu discurso porventura possa conter (mas, se não fosse assim, se calhar ninguém lhe prestava atenção), comungo com Medina Carreira muitas das suas preocupações.
No fundo, o seu discurso denuncia a construção de um país em que o mérito e a competência raramente contam para coisa alguma.
Tal qual como o Carlos Narciso, não esqueço que “Medina, também fez carreira à conta da política (militou no PS, foi ministro, apoiou Cavaco Silva na candidatura presidencial de 2006)”.
Tal qual como o Carlos Narciso “por vezes, acho-o excessivo, injusto e parcial. Como, por exemplo, agora quando veio dizer que tudo está mal no sistema de ensino português, que os miúdos saem das escolas sem saber ler nem escrever e, portanto, não têm futuro: “o que é que se vai fazer com esta cambada, de 14, 16, 20 anos que anda por aí à solta? Nada, nenhum patrão capaz vai querer esta tropa-fandanga”.
Ora, se como escrevi atrás, comungo com Medina Carreira muitas das suas preocupações, aqui, tal qual o Carlos Narciso, também penso que “está enganado… até porque muitos dos patrões que ele agora defende preferem mesmo a tal “tropa-fandanga” que sai da escola sem saber ler nem escrever… apenas porque são baratos e submissos, qualidades que o patronato valoriza em detrimento das qualificações profissionais e da experiência com provas dadas.”
Como podem imaginar, tal qual como o Carlos Narciso “sei do que estou a falar”.
Ainda bem que não fui ouvir Medina Carreira.

Moda Covilhã (mais)

foto Pedro Cruz

Ontem, perdi o vice Vara na televisão


Não vi, ontem na televisão, o vice Vara.

Mas, hoje, já tive hipótese de ver a conversa pública com Judite de Sousa. Bastou clicar aqui.

Mas, antes li este post, que aconselho, pois “quando os jornais, no século XIX, substituíram o púlpito, dizia-se que conquistar o poder era conquistar a palavra. Desde Kennedy que entrámos em mediacracia mais videopoderosa. Política já não é apenas o que parece, mas a percepção do homem comum sobre o que aparece e que pode não ser o que é previamente ensaiado pelas agências de comunicação.

Aqui e agora, o situacionismo dos vários estados a que chegámos, sobretudo o dos micro-autoritarismos sub-estatais, já não teme os opositores rotativistas, os tais que podem tornar-se convivas da alternância na gamela. Apenas odeia os dissidentes que não se transformam na oposição que lhes convém e que não se confundem com os tradicionais inimigos da democracia.

O importante, em Portugal, não é ser ministro, é tê-lo sido. Sobretudo, quando ainda têm colegas no poleiro.

Sempre podem ser um importante elemento de consultadoria e pressão, por causa dos meandros da mesa do orçamento. E, entre um grupo empresarial de obras públicas e um estabelecimento de ensino, pouca é a diferença de pecado, na privatização já não clandestina do que deveria ser público.”

Depois de ver a entrevista dada à Judite e de ler "um belo retrato sociológico deste modelo de redes banco-burocráticas e uma notável defesa da reedição do antigo guia das ruas de Lisboa, para quem não tem GPS", não me peçam para concluir nada. É que estamos num País em que existem pessoas que nem sequer acreditam em Deus!..

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Fausto Bordalo Dias

De seu nome completo Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias, também conhecido simplesmente por Fausto, nascido em Vila Franca das Naves, a 26 de Novembro de 1948, é um compositor e cantor português.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Felizmente que Portugal é um país de gestores, directores, assessores…

Segundo o jornal Público, “apesar de o salário mínimo ser recebido por cada vez mais pessoas, o Ministério estima que as empresas não sofrerão um acréscimo de custos elevado. Se os aumentos salariais forem de 1,5 por cento, a subida do salário mínimo corresponderá a um acréscimo médio de 0,35 por cento das remunerações base e de 0,12 por cento dos outros ganhos salariais.”
“Felizmente que o grosso da massa salarial está na remuneração dos gestores, directores, assessores e respectivas regalias acessórias… se não fosse isso, ainda perdíamos competitividade!”

Via 2711

OBAMA e Nobel da Paz

Que post tremendo, Fernando...





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Ponto de ordem...

foto Pedro CruzEste blogue, pelo menos tem sido assim que eu sempre olhei para o Outra Margem, serve para fruir o gosto pela escrita - no meu caso.
Para o Pedro, tanto quanto me tenho apercebido, para dar azo à sua excepcional veia artística, no que tem a ver com a sua autêntica paixão pela fotografia.
No que ao Fernando diz respeito, para puro divertimento, presumo eu.
Este blogue não serve para mais nada…

Moda Covilhã

foto Pedro Cruz

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Simplesmente um "mimo"!...

Leia, veja e oiça, aqui...

O mundo continua egoista

Tenho evitado abordar a Cimeira de Copenhaga. Copenhaga, para muitos, constitui a derradeira oportunidade para salvar o mundo. Mas, a realidade, é que o mundo está cada vez mais egoísta. Os protagonistas políticos têm mudado, mas os discursos permanecem os mesmos. Os interesses de cada um dos países permanece acima do interesse global. A globalização só serve para alguns, e no momento de pedir sacrifícios a todos, os mais poderosos assobiam para o lado. Acabei de saber que a Cimeira de Copenhaga está à beira do fracasso, pois “nos corredores começou a circular um documento que poderá colocar em risco os resultados da reunião desenhada para discutir o clima do planeta para as próximas décadas. O projecto dinamarquês contempla mais poder aos países ricos e remete as Nações Unidas para um lugar secundário nas futuras negociações sobre alterações climáticas.” O mundo continua egoísta e o ambiente ressente-se disso.

Realmente...

“Nove em cada 10 portugueses consideram a corrupção um grande problema do país e a maioria aponta a classe política como aquela em que o fenómeno estará mais enraizado, revela um inquérito hoje divulgado pela Comissão Europeia.
O "Eurobarómetro" sobre "as atitudes dos europeus face à corrupção", publicado no Dia Internacional Contra a Corrupção, mostra que 93 por cento dos portugueses concordam que aquele crime é um "grande problema" do país, o sétimo valor mais elevado da União Europeia, a par da Roménia, e 15 pontos percentuais acima da média comunitária (78 por cento)".

Realmente, os portugueses são mesmo distraídos!..
O que ainda nos vai valendo, são estes estudos a nível europeu...

Um livro apócrifo


Ao que veio no jornal, “os 1 500 exemplares, custaram 16 500 euros”, presumo que ao erário público.
Nestas circunstâncias, o mínimo que se exigia, dado que, ao que disseram, foi coordenado por “um Professor de História aposentado e autor de vários livros temáticos”, era que fosse historicamente rigoroso e isento.
Nem isso conseguiu ser. Na página 82, pode ler-se: “em 15 de Abril de 2009, foi aprovado por unanimidade em sessão da Junta, e no dia seguinte, igualmente na Assembleia de Freguesia, mas com uma abstenção, do membro da CDU”.
Até aqui tudo bem: rigorosa e historicamente, estava correcto. Mas, não, o tal “Professor de História aposentado e autor de vários livros temáticos”, não resistiu e, aos factos históricos e verdadeiros, acrescentou: “este voto dissonante foi causador de uma certa estranheza. Mas, a história, como ciência, diferente da política, não tem nada que se admirar, apenas registar”.
Ora, aqui é que está o busílis: se “a história, como ciência, diferente da política, não tem nada que se admirar, apenas registar”, a um “Professor de História aposentado e autor de vários livros temáticos”, o mínimo que se exige é que tivesse sido isento, verdadeiro e rigoroso, isto é, que tivesse dado voz a ambas as partes, na coordenação de uma obra histórica.

Para isso, bastava ter lido a acta da reunião do dia 16 de Abril de 2009 da Assembleia de Freguesia de São Pedro, onde deve constar, presumo eu, que o eleito que se absteve, alertou antes da votação que a matéria em causa tinha sido retirada da reunião da Câmara Municipal da Figueira da Foz, realizada na segunda-feira anterior, por “problemas processuais”.
Recordo, que da agenda da reunião Ordinária de 06-04-2009 da CÂMARA MUNICIPAL da Figueira da Foz, cuja acta pode ser lida na íntegra, clicando aqui, constava inicialmente o seguinte ponto:1 -GABINETE DA PRESIDÊNCIA1.1 -PROJECTO DE LEI N.º 535/X –ELEVAÇÃO DE SÃO PEDRO À CATEGORIA DE VILA DA INICIATIVA DO PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA. Este ponto, contudo, que era para ter sido discutido e votado nesse dia 6 de Abril de 2009, não chegou a ser, como confirma a edição do dia 7 de Abril de 2009 do Diário de Coimbra, que passo a citar:
“O parecer da câmara municipal sobre a elevação a vila das freguesias de Lavos, S. Pedro e Marinha das Ondas foi ontem adiado, por solicitação do presidente da câmara, que defendeu ser necessário «uma análise mais cuidada». Duarte Silva salientou que S. Pedro faz parte da cidade e assim sendo, não sabe se poderá ser elevada a vila.”
O mesmo assunto foi à sessão camarária figueirense seguinte, realizada 15 dias depois, no dia 20 de Abril de 2009. Aí, sim, foi votado favoravelmente, por unanimidade, apesar das dúvidas que existiam e que persistem até hoje.

Mas, dado que o “Professor de História aposentado e autor de vários livros temáticos”, não fez o que deveria ter sido feito, para respeitar o rigor e a verdade histórica, venho avivar a memória de todos, recorrendo aos jornais da altura.
Lembro, que As Beiras, do dia 13 de Junho de 2009, tem uma local intitulada “Que alguém descalce a bota”, que reza o seguinte:
“OS PROCESSOS de S. Pedro e de Lavos levantam dúvidas legais: são as localidades que são elevadas, e não as freguesias ou concelhos. E em nenhuma das duas freguesias existem lugares com o nome das mesmas e com condições para serem promovidos na classificação. O caso de S. Pedro é menos gritante, uma vez que a freguesia se concentra praticamente no mesmo lugar. Para Carlos Simão, “a freguesia é que foi elevada a vila”. Já Isabel Oliveira reconhece que “nenhuma das localidades que constituem a freguesia de Lavos reúne os requisitos legais para ser vila”. E agora? “Agora, quem fez a proposta que descalce a bota, pois não serei eu a resolver um problema que não criei”, responde a autarca. “As pessoas adoram complicar o que é simples: aquilo que a Assembleia da República aprovou ontem foi uma lei!”, reagiu o deputado Miguel Almeida. Admitiu, a seguir, porém: “o que está em causa é uma questão técnica que eu neste momento não sei responder”. E João Portugal “chutou” para canto: “não comento propostas que não são minhas”. Apesar das tentativas, efectuadas até ao fecho desta edição, não foi possível obter declarações do presidente da Câmara da Figueira, Duarte Silva.”

Estas dúvidas, que ainda hoje continuam por esclarecer, já existiam quando a proposta foi votada na Assembleia de Freguesia de São Pedro, em sessão realizada no dia 16 de Abril de 2009, pelas 21:30 horas, no edifício sede da junta de freguesia de São Pedro.
Como costumo praticar o “crime” de pensar pela minha cabeça e votar obedecendo à minha consciência e não por interesses políticos, populistas, demagógicos e/ou eleitoralistas de ocasião, tomei a posição que a minha consciência me impunha: abster-me.
Deste voto consciente, de que me orgulho, espero ser julgado pela história no futuro, com rigor e com verdade, coisa que um “Professor de História aposentado e autor de vários livros temáticos”, ainda que também coordenador de um livro apócrifo, não soube, não quis, não conseguiu, ou não lhe deixaram fazer.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Pensava que estamos em crise!...

foto Pedro Cruz
Estamos em Dezembro, a poucos dias da noite de Natal.
Num feriado, como o de hoje, assiste-se a uma crescente afluência aos centros comerciais para se efectuarem as compras dos presentes.
Ainda era Novembro e já estávamos a ser pressionados a consumir os mais diversos produtos.
A publicidade e o marketing que nos inunda o dia a dia, na televisão, nos jornais, nas revistas, nas ruas, quase que nos abafa... Muitos destes produtos nem sequer fazem falta a ninguém, mas, mesmo assim, quantos de nós, não decidimos comprar só por comprar ... É Natal!.. É Natal!.. "Todos às compras"... É Natal!... Com papas e bolos se enganam os tolos... Estima-se que cada português gaste 390 euros em prendas de Natal!..

Ainda temos o mar!..

foto Pedro CruzCá pela Aldeia da Cova-Gala, nota-se um fenómeno de esgotamento, de cansaço...
Segundo os cérebros, entre 1994 e 2009, houve uma verdadeira cavalgada em São Pedro: a acreditar na verdade única e oficial, até parece que fomos a freguesia que mais cresceu e se desenvolveu em Portugal!..
Tivemos uma mudança demográfica, outra nos costumes, outra na paisagem urbana - cimentou-se, cimentou-se, algo de absolutamente fantástico!..
De repente, porém, chegámos a 2009, e percebemos que não tínhamos inovado nem criado assim tanto!.. Fizemos largos, ruas, rotundas, blocos de apartamentos, colocámos tapetes de alcatrão, construímos o portinho da gala com os armazéns de aprestos, ainda não utilizados, nem inaugurados, e já a caminho da ruína, construímos as passadeiras da praia – mas, qualquer Terra, com um cheque na mão, teria feito isto e muito mais…
Mas não criámos emprego para a juventude, não incentivámos novos projectos, não promovemos novos produtos, não criámos espaços para a cultura e o desporto, não arranjámos condições para a terceira idade... Resumindo: não olhámos para as pessoas da Aldeia da Cova-Gala.
E estivemos próximo de perder muito do que ainda temos: demos cabo de parte da floresta e íamos dando cabo de mais, deixámos quase morrer a pesca, demos cabo da nossa orla marítima, vendemos a nossa verdadeira identidade "por uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma"...
Quatro coisas imperdoáveis, quatro erros históricos.
Mas, a Cova-Gala não está doente.
Está, apenas, dependente…
Por enquanto ainda temos o mar!..

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