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quinta-feira, 30 de julho de 2020

PSD exige demissão imediata da administração portuária da Figueira da Foz

«O presidente da concelhia do PSD da Figueira da Foz, Ricardo Silva, exigiu hoje a demissão imediata da administração portuária local, acusando-a de incompetência e irresponsabilidade no processo das obras estruturais previstas, que foram adiadas para 2021.

“A administração de Porto da Figueira da Foz tem de ser imediatamente demitida. Ficámos a saber que a obra do porto não avançou porque não incluíram a avaliação de impacte ambiental. Isto é de uma total irresponsabilidade e incompetência que prejudica a cidade e a região”, disse à agência Lusa Ricardo Silva.
A candidatura da obra de aprofundamento da barra, canal de acesso e bacia de manobras do Porto da Figueira da Foz, promovida pela administração portuária (APFF), não cumpriu as condições de acesso aos fundos europeus, nomeadamente a documentação obrigatória a nível ambiental, impedindo a sua aprovação, revelou o programa Compete2020.
A agência Lusa questionou o Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (Compete2020) sobre os motivos que levaram ao não financiamento da intervenção no porto da Figueira da Foz e, em resposta escrita, aquela entidade disse que decidiu “não aprovar” a candidatura submetida pela administração portuária por esta não incluir a avaliação de impacte ambiental, obrigatória para que o processo possa ser avaliado e financiado.
O líder concelhio do PSD argumentou ainda que o presidente daquela autarquia do litoral do distrito de Coimbra, Carlos Monteiro (PS), que preside igualmente à assembleia geral da APFF, “também tem responsabilidades e não pode ficar de fora” desta questão e “deve também ele diligenciar junto do primeiro-ministro, António Costa, para que demita a administração do porto”.
“Este adiamento também é fruto da falta de influência política de quem governa a Câmara Municipal da Figueira da Foz e do receio que tem de enfrentar o Governo socialista”, acusou Ricardo Silva.
O também vereador da oposição no executivo municipal lembrou, por outro lado, que o projeto passou por um protocolo entre a administração portuária e privados utilizadores do porto comercial, “que esteve mais de nove meses há espera de uma assinatura do Governo”, acabando por ser formalizado em abril de 2019, altura em que a então ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, anunciou a obra, prevista para se iniciar no final desse ano e estar concluída em 2021.
A obra, de cerca de 17 milhões de euros, “é financiada em cerca de 50% [do valor total] pelo Compete2020 e os restantes 50% pela APFF e entidades privadas”, afirmou Ricardo Silva.
Já a informação prestada pelo programa Compete2020 situou o financiamento estimado europeu em cerca de 9,4 milhões de euros, 85% do investimento elegível de 11 milhões de euros.
“Esta administração portuária mostra que desvaloriza o envolvimento de privados numa obra pública, que nela investem por ser uma obra estruturante. Não há nenhum caso no país de empresas privadas a contribuírem para obras públicas, só mostra que reconhecem o valor do porto da Figueira da Foz, que exporta 70% da sua movimentação de carga”, argumentou.
Para além de recordar que a obra permitirá o acesso de navios com maior calado e de maior dimensão face aos atuais, o líder concelhio social-democrata evidenciou que os trabalhos iriam permitir maior segurança à barra da Figueira da Foz “também para embarcações de pesca e de lazer” e atenuar os efeitos da erosão costeira nas praias a sul, já que os sedimentos retirados do rio no âmbito dos trabalhos (cerca de 780 mil metros cúbicos) seriam depositados no mar em frente à praia da Cova.
“Adia-se a proteção costeira e volta-se a adiar uma intervenção na barra. Desde o naufrágio do [arrastão] Olivia Ribau [em outubro de 2015, que vitimou mortalmente cinco pescadores] muito foi prometido e praticamente nada foi ainda feito. Se voltar a morrer uma pessoa que seja por mais este adiamento, a responsabilidade é do Governo e da administração do porto”, avisou Ricardo Silva.
Ouvido pela Lusa, o presidente da autarquia da Figueira da Foz considerou “perfeitamente extemporânea” a exigência de demissão da administração portuária.
“É extemporâneo com os dados que nós temos. A administração do porto fez tudo aquilo que estava ao seu alcance”, alegou Carlos Monteiro.
De acordo com informações que disse possuir, indicou que o Estudo de Impacte Ambiental “foi entregue, mas depois foram pedidos novos dados [pela Agência Portuguesa do Ambiente, que coordena a comissão de avaliação] e não conseguiu ser finalizado pelo protelar de prazos devido à pandemia de covid-19 e ter sido pedido um novo estudo” relacionado com arqueologia subaquática, afirmou.
Carlos Monteiro disse ainda que quando a autarquia percebeu que os fundos adstritos à obra do porto da Figueira da Foz “iriam ser alocados a outros projetos, porque não era possível concluir os procedimentos e a decisão ia no sentido de não alocar fundos a uma obra cujo concurso ainda não podia ser lançado”, contactou o ministro das Infraestruturas e Habitação “que garantiu o financiamento necessário para os trabalhos se iniciarem em 2021”, ano em que deveriam estar terminados, se tivesse sido cumprido o projeto inicial.»
Via Notícias de Coimbra

quinta-feira, 8 de abril de 2021

As contas da passagem de Santana Lopes pela Figueira

Porque em política o rigor é essencial, vamos lá, via blog QUINTOPODER, recordar a história por quem a viveu. "Mais vale tarde que nunca".


quarta-feira, julho 14, 2004

"...para avivar a memória dos mais esquecidos , será oportuno lembrar quais foram as dívidas deixadas pela sua gestão autárquica na Figueira da Foz.

Os valores indicados são em Milhões de contos.

No final de 1997, quando Santana Lopes iniciou o seu mandato , o passivo do Município da Figueira da Foz era o seguinte:

Passivo a médio-longo prazo ( empréstimos de Bancos ). 1, 02 M contos
Passivo a curto prazo ( dívidas a fornecedores) ..... 0, 71 M contos
Total ............................................. .. 1, 73 M contos

Quando do discurso de auto elogio à sua obra , feito na tomada de posse do elenco camarário que lhe sucedeu , Santana Lopes afirmou que o passivo deixado no final do seu mandato era 52 % superior ao que havia encontrado , no final de 1997.

Se isto fosse verdade , bem feitas as contas , o passivo total do Município da Figueira da Foz , no final de 2001 , seria de aproximadamente 2,62 M contos .

Só que era falso.

Fechada a contabilidade em 31 de Dezembro de 2001 , por instruções do executivo camarário cessante , os valores acolhidos para as contas de 2001 , encontrados pelo novo executivo que tomou posse a 7 de Janeiro de 2002, foram:

Passivo a médio-longo prazo ( empréstimos de Bancos ). 1, 85 M contos
Passivo a curto prazo ( dívidas a fornecedores) ...... 1, 43 M contos
Total ................................................ 3, 28 M contos

Se isto fosse verdade , o passivo do Município da Figueira da Foz no final do mandato de Santana Lopes seria quase o dobro do passivo no início do seu mandato .

Só que era mais uma vez falso .

Nas primeiras 2 –3 semanas de Janeiro de 2002 , começaram a chegar à Contabilidade resmas e resmas de facturas relativas a 2001 , de fornecedores e de empreiteiros , retidas sabe-se lá por quem , em gavetas ou em pilhas sobre secretárias .
Muitas delas como consequência de ter havido suspensão de autos de medição de obras empreitadas em curso , nos meses de Setembro a Dezembro de 2001 .
O total deste passivo ascendia a mais 1,46 M contos.

O apuramento final do real passivo do Município da Figueira da Foz conduziu portanto a :

Passivo total contabilizado no final de 2001 .....3, 28 M contos
Passivo total escondido no final de 2001 .........1, 46 M contos
Total ............................................4, 74 M contos

Ou seja: quase o triplo do passivo encontrado por Santana Lopes no início do seu mandato.

Para tapar este buraco, a Câmara Municipal da Figueira da Foz teve de contratar, em 2002 , logo no início do mandato do novo elenco camarário, um conjunto de empréstimos no total de 4 milhões de contos .
Assim se evitaram graves rupturas de tesouraria que estiveram para acontecer por 2 ou 3 vezes durante os primeiros 5 meses de 2002.
As quais , a terem acontecido, teriam tido graves efeitos.
Entre estes, atrasos no pagamento de vencimentos ao pessoal da Câmara Municipal."

domingo, fevereiro 13, 2005

"Já o referi em anterior post aqui publicado.
É muito divertido dar uma leitura em diagonal ao livro de Santana Lopes intitulado “ Figueira - A minha história”.
Lê-se com um permanente sorriso nos lábios. Aqui e além apetece mesmo soltar uma sadia gargalhada. Para quem ainda ande desprevenido, aprende-se muito sobre o carácter e o perfil psicológico do seu autor .
Assim, por exemplo, na página 12 do seu Preâmbulo, pode ler-se esta coisa espantosa:

Em Janeiro de 1998 encontrei um passivo de 3300 mil contos e, em 2001, deixei um valor de 2600 contos (...) “

É falso!. É totalmente falso !!!
No final de 1997, o passivo do Município da Figueira da Foz era de 1730 mil contos ( incluindo dívidas à banca e dívidas a fornecedores) , e não de 3300 mil contos .
No fim de 2001, quando Santana Lopes deixou a Câmara Municipal da Figueira da Foz, o passivo total ( dívidas à banca mais dívidas a fornecedores), era de 4740 mil contos e não 2660 mil contos. E muito menos 2660 contos, como o livro refere...mas enfim tomo-o por gralha...

Ou seja, quando terminou o mandato de Santana Lopes, o passivo do Município da Figueira da Foz era 2,7 vezes superior ao passivo que encontrou no princípio de 1998 .
Foi por isso que, logo nos primeiros 3 meses de 2002 , a Câmara Municipal da Figueira da Foz teve de , rapidamente, ir à banca buscar 4 milhões de contos para acudir a prementes necessidades de tesouraria.
Sei bem do que falo...

É por estas e por outras que , depois de saber o que sei, nunca compraria um carro em 2ª mão a Santana Lopes. Tal como acontece com a grande maioria dos portugueses, a julgar pelos resultados de um inquérito de opinião ontem publicado pelo EXPRESSO.
Apenas 19% dos entrevistados se mostravam dispostos a confiar em Santana Lopes para lhe comprar um carro em 2ª mão .
Sintomático, não ?...."

terça-feira, abril 15, 2008

O MONSTRO E A PESADA HERANÇA...
PARA VER MELHOR, CLICAR NA IMAGEM

"Ontem, na reunião da Câmara Municipal da Figueira da Foz, foi tempo de aprovar, com os votos do PSD, as contas do exercício de 2007. Delas apenas sei, por enquanto, e através da imprensa regional, que a dívida total da Câmara Municipal, no fim do ano ( e ainda sem a consolidação das contas com as empresas municipais...) ascendia a 67,5 milhões de euros (Nota 1) .
A propósito de declarações do Vereador José Elíseo, hoje divulgadas no diário As Beiras, sobre a quem cabem as responsabilidades do elevadíssimo nível da dívida, acho oportuno apresentar o diagrama acima, mostrando a evolução da dívida total desde 1995.
À escala municipal, estamos em presença de um “monstro”, de que uma vez falou Cavaco Silva, referindo-se às contas do Estado português.
Quanto aos seus fautores, o seu a seu dono, convirá distinguir. A ascensão verificada entre 1995 e 2000, do nível dos 8 a 10 milhões de euros, até ao patamar dos 37 a 39 milhões de euros, é obra do saudoso mandato do não menos inesquecível Santana Lopes, a quem foi feito um grandioso preito de homenagem, dando o seu nome ao Centro de Artes e Espectáculos. Já o posterior empurrão da dívida do nível 37 a 39 milhões de euros, para o nível actual de 67,5 milhões de euros, ele foi dado alegremente no decorrer dos dois mandatos do actual Presidente da Câmara.
Por fim, caberá recordar que os anos de 1995 a 1997, foram os últimos do consulado de Aguiar de Carvalho.
Sublinho uma vez mais que o seu deve ser dado a seu dono...

(Nota 1) – Na Câmara de Coimbra, municipio com cerca do dobro da população da Figueira da Foz, a dívida total no final de 2007, atingiu 65 milhões de euros. É só para fazer uma comparação...
(Clicar na imagem, para a ampliar)"

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

CARTA ABERTA de Miguel Mattos Chaves ao Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz

Ao Exmº Senhor Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz
Dr João Ataíde
Paços do Concelho
Figueira da Foz

Senhor Presidente,
Vista a situação hoje ocorrida na sessão de Câmara a que V. Exª presidiu, venho tecer algumas considerações e deixar-lhe um desafio.
(a). - Considerandos:
Como Presidente do CDS-PP da Figueira da Foz e espectador e interveniente atento do que se passa no Concelho, fui há pouco surpreendido pela decisão anunciada na Sessão de Câmara da Figueira de hoje, pela qual dois Vereadores do partido da oposição deixaram de representar o mesmo.
Não quero comentar a vida interna de nenhum Partido, mas não posso deixar de lamentar o facto de, a partir de agora, o Executivo da Câmara, dominado pelo PS, fique sózinho para fazer o que bem entende, o que não me sossega nada, antes pelo contrário.
Percebe-se, pelas notícias que têm vindo a público, que tanto o PS (onde se discutem todos os dias os nomes para lhe suceder) como o PSD estão mais entretidos com as suas questões internas dos seus Partidos, do que em ajudar a resolver os problemas do Concelho da Figueira da Foz.
Para nós CDS-PP da Figueira da Foz, uma coisa é certa, o PSD não é verdadeiramente o Partido da Oposição que os Figueirenses precisam e o PS nada tem feito pelo Progresso do Concelho da Figueira da Foz.
(b). - Daí o meu Desafio e pedido formal:
Senhor Presidente, em nome da democracia, em nome da transparência que deve presidir ao Governo das Autarquias e em nome da defesa do bom nome do Sistema Partidário, (cuja popularidade está muito em baixo) convido V. Exª, acompanhado dos Vereadores que restam, a demitir-se e a convocar Eleições Autárquicas Intercalares.
Faço-lhe este desafio pois verifica-se que o Executivo Municipal já não representa na totalidade a Vontade dos Figueirenses, expressa nas eleições de Outubro de 2017.
É este o pedido que lhe lanço em nome de muitos milhares de cidadãos da Figueira da Foz que estão crescentemente descontentes com o desempenho da CMFF e que, a partir de hoje, deixam de ter a representação política original que escolheram, no seio da Vereação, prejudicando com isso a Democracia do nosso Concelho.

Melhores cumprimentos
Miguel Mattos Chaves
Presidente da Comissão Política da Figueira da Foz do CDS-PP

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Foi criado Prémio de Arquitetura Isaías Cardoso

"Foi assinado o protocolo para a criação do Prémio de Arquitetura Isaías Cardoso, tendo como parceiros a Câmara da Figueira da Foz, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Arquitetos e o Rotary Club da Figueira da Foz. 
A distinção visa perpetuar o nome e valorizar a obra do patrono e arquiteto modernista figueirense e estimular a promoção de novos talentos da arquitetura.
O documento foi assinado pelos presidentes das três entidades parceiras, Santana Lopes, Carlos Figueiredo e Sílvia Ataíde, respetivamente. 
A assinatura realizou-se durante a cerimónia da homenagem póstuma a Isaías Cardoso, no Auditório Municipal da Figueira da Foz, promovida pelos referidos parceiros.
Na cerimónia de homenagem ao arquiteto que fez escola na arquitetura modernista portuguesa, coincidindo com o centenário do seu nascimento, Matilde Cardoso, neta, e Carlos Figueiredo defenderam que se preserve a obra de Isaías Cardoso, em particular a primeira e considerada a mais icónica de todas – a piscina-praia da Figueira da Foz. “Esperamos que façam a piscina-praia reviver”, exortou a descendente do homenageado.
Matilde Cardoso defendeu, ainda, que “requalificar significa dar qualidade sem alterar a forma”
Por sua vez, Carlos Figueiredo, depois de afirmar que a arquitetura de Isaías Cardoso foi uma “nova luz para a cidade” da Figueira da Foz, advogou que, “quando se intervém neste património [a piscina-praia], é preciso ter muito cuidado”.
Acerca da reabilitação da piscina-praia, Santana Lopes adiantou que a sua orientação “vai ser a de reforçar a fidelidade àquilo que foi criado”. E garantiu que o seu executivo camarário procurará “tomar a melhor decisão em respeito ao projeto original [da piscina-praia]”.
A piscina-praia foi concessionada pelo anterior executivo camarário, tendo por objetivo a reabilitação e exploração do complexo turístico. Entretanto, o concessionário viu aprovada uma alteração ao projeto que permite a construção de uma nova ala, para aumentar a capacidade de alojamento do imóvel. Santana Lopes já manifestou a sua oposição a esta solução.
Afirmando que respeita o esforço desenvolvido pelos seus antecessores João Ataíde e Carlos Monteiro, feito no sentido de garantirem a reabilitação e a exploração do imóvel municipal classificado, o autarca disse que não se orgulha da intervenção realizada na piscina-praia na reta final do seu primeiro mandato autárquico na Figueira da Foz, no início do milénio. “Não tenho orgulho da alteração feita. Foi a [solução] possível”, afirmou, afiançando que, agora, será possível “fazer mais e melhor”.
Isaías Cardoso nasceu, há 100 anos, na vila das Alhadas, no norte rural do concelho da Figueira da Foz. Faleceu em fevereiro de 2017. O seu estilo modernista distingue-se do conjunto arquitetónico das diversas cidades da Região Centro onde projetou imóveis. 
A homenagem do centenário realizou-se no edifício do museu e biblioteca municipais da Figueira da Foz, que também tem a sua assinatura."

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

«Figueira da Foz. Memória de um mandato e os anos perdidos» - novo livro de Joaquim de Sousa, foi ontem apresentado...

"Se este livro não der polémica é porque a cidade morreu"- Fernando Cardoso 

foto José Santos
«Um testemunho de vida e devido»
É desta forma que António Ventura entende a obra agora apresentada. Para o autor do prefácio, “este livro é um testemunho de vida e devido, com uma dimensão colectiva”.
O jornalista falou da gestão autárquica de Joaquim de Sousa “num período difícil da vida nacional”, considerando que “em 3 anos a Figueira da Foz recuperou a sua identidade e mostrou-se ao mundo”, dando como exemplo a realização de eventos que ultrapassaram as barreiras nacionais mas também a realização do Dia do Figueirense ou a criação da Casa da Figueira da Foz em Lisboa.
Para António Ventura, Joaquim de Sousa abraçou uma liderança camarária de “transparência na gestão da res pública com medidas superiores à partidarite aguda. O seu poder era a forma de poder fazer e nunca foi a voz do dono, sempre o dono da sua voz, permitindo que o erário público fosse respeitado e não desbaratado”.
A terminar, disse que “há líderes que sem poder, têm seguidores, pela sua credibilidade. Assim é Joaquim de Sousa”.

“Hoje andamos a discutir foguetes, folclore e espectáculos”
Joaquim de Sousa confessou que neste livro pretendeu reunir alguma memória mas também fazer uma reflexão das últimas 3 décadas na Figueira da Foz.
Invocou a memória de Coelho Jordão (antigo presidente da Câmara Municipal) defendendo que “a Figueira da Foz precisava, nessa altura, de ter vida própria e desenvolver-se economicamente, porque só o Turismo não chegava”. Foi neste contexto que a fábrica de pasta de papel Celbi nasceu na Figueira da Foz: “nos anos 60 era já sensível a percepção de que o boom do Algarve, Mediterrâneo e outras praias comprometia a «clientela» da Figueira da Foz. A vinda da Celbi veio assim dar vida e emprego sustentável todo o ano”.
Olhando para o presente, Joaquim de Sousa diz que “hoje andamos a discutir foguetes, folclore e espectáculos quando o problema é criar uma vida económica todo o ano. Estamos transformados numa praia de proximidade, em que ficamos a ver passar o cortejo, vivemos numa ilusão e a pouco e pouco fomos transformados numa praia de ida e volta. A Figueira da Foz sempre foi uma praia familiar e o que se faz hoje é «sunsets». Antigamente havia uma linha constante de captação dos pais através das crianças”, organizando eventos a elas especialmente direccionados. “A linha de hoje é dos espectáculos e até tivemos uma empresa (municipal), com mais «olhos do que barriga»".
Joaquim de Sousa recordou ainda o antigo presidente de Câmara, já falecido, Duarte Silva.
“No seu mando tentou reverter alguma situação e fez obra, como a nova Ponte dos Arcos ou a instalação da central de ciclo combinado da EDP em Vila Verde. Mas estava condicionado pela herança que teve. Aguentou com a máxima correcção, mas foi um sacrificado pela Figueira da Foz”.

“Reabilitação urbana traçada na prancheta”
Ironicamente, considera que “fazer reabilitação urbana nesta altura do ano é óptimo, é a melhor altura”. E deixa uma dúvida: “quais são os estudos de trânsito que deram origem a esta reabilitação urbana traçada na prancheta?”.
Na sua opinião, “tudo isto é um rematado disparate só porque há fundos comunitários, quando há muito mais a fazer”.
Defendeu que “as autarquias hoje são agências de espectáculos para divertir, é tudo um circo e o tecido urbano está na mesma. Esta situação pode ser corrigida, acredito nisso, mas só a médio/longo prazos. Um dos problemas é que a Figueira não tem «quadros», estão todos fora por falta de emprego, mas vai aparecer uma geração que diga «basta»”.


Já perto do final da sua intervenção, deixou uma reflexão: “acredito que vamos ainda ter um presidente de Câmara que motive a cidade e as forças vivas”.

Via Figueira na Hora


Nota de rodapé.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Estudo para as marinas

Imagem via Diário as Beiras
Em 
nota publicada, a APFF nas suas redes sociais informa que "a reunião de arranque do Estudo para o Desenvolvimento e Valorização da Marina Atlântica da Figueira da Foz decorreu na quarta-feira passada, na Figueira da Foz. Contou com a presença, para além dos membros do Conselho de Administração e quadros da APFF, da Câmara Municipal da Figueira da Foz e dos consultores da TISPT – Consultores em Transportes, Inovação e Sistemas, S.A., empresa vencedora do concurso público, lançado no passado mês de setembro. 
A concretização deste estudo permitirá habilitar o Conselho de Administração da APFF no processo de tomada de decisão sobre a viabilidade da concessão da marina existente, sua eventual ampliação e construção de um espaço de receção aos navios de cruzeiro, enquanto estratégia e reforço da posição competitiva do Porto da Figueira da Foz no negócio da náutica de recreio e de cruzeiros costeiros.
O prazo máximo de execução deste estudo é de 130 dias, sendo o valor de adjudicação de 45.000,01€."
Na edição de hoje, o Diário as Beiras informa que "o estudo abrange a atual marina, que deverá passar a ser gerida por privados, ao abrigo de um contrato de concessão, e a construção de uma segunda marina no Cabedelo, na margem Sul da cidade."
Esta será maior e mais moderna. “A concretização deste estudo irá habilitar o conselho de administração da APFF no processo de tomada de decisão sobre a viabilidade da concessão da marina existente, sua eventual ampliação e construção de um espaço de receção aos navios de cruzeiro”.
Ainda segundo o mesmo jornal, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, adiantou que "será formalizada em breve a adjudicação da empreitada de aprofundamento da barra, do canal de navegação e da bacia de manobras da zona portuária. O valor desta obra é superior a 22 milhões de euros. A obra será financiada por fundos públicos e a comparticipação financeira de privados que utilizam a infraestrutura portuária. 
Com o aumento do calado, o Porto da Figueira da Foz passará a ser frequentado por navios de maior porte e, logo, com mais capacidade de carga. Com esta intervenção, determinante para o seu desenvolvimento, a infraestrutura portuária tornar-se-á mais competitiva. E mais segura para a navegação. 
Se aquelas as obras forem concluídas em tempo útil, a zona portuária servirá de base logística para a construção do futuro parque eólico em alto-mar, ao largo da costa figueirense, que será o maior do continente marítimo português. E também servirão outros investimentos anunciados para o concelho. 
Por outro lado, está prevista a transposição de três milhões de metros cúbicos de areia, do areal urbano para as praias da margem Sul do concelho. A tutela do Ambiente já fez o projeto de execução, estudo de impacte ambiental e análise do custo/benefício, seguindo-se a candidatura da empreitada ao Programa Ação Climática e Sustentabilidade. Todavia, o ciclo de investimentos anunciado pelo Governo para o combate à erosão costeira na margem esquerda da foz do Mondego, sem precedentes, só ficará concluído com a instalação de um sistema mecânico permanente de transposição de areias, de Norte para Sul da barra (bypass). Não obstante aqueles investimentos, Santana Lopes insiste que deve haver uma draga em permanência no Porto da Figueira da Foz. Até porque as obras anunciadas não porão fim ao assoreamento da barra, tendo em conta que se localiza numa foz."

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Recordando um texto de João Pereira Mano a propósito de Baldaque da Silva

O projecto do Engenheiro Hidrógrafo Com. Antonio Arthur Baldaque da Silva para a construção do "Porto Oceânico-Comercial do Cabo Mondego" (1913), o porto de águas profundas, no Centro de Portugal (Buarcos - Figueira da Foz), destinado a servir todas as regiões do Centro-Norte de Portugal e até mesmo Castilla-León,  projecto esse aprovado no tempo da I República Portuguesa, mas que, depois, nunca foi construído e que, com o tempo, veio a ser substituído pelos projectos de outros portos principais (Leixões, e Sines) e de outros portos regionais (Aveiro, Viana) que, ao longo do século XX, vieram a ser construídos no litoral ocidental de Portugal, foi recordado no passado dia 17 do corrente, no decorrer da Conferência “Apoio Oceanográfico à Segurança Marítima na Figueira da Foz”, que se realizou no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz.
A propósito, recorde-se um texto do Capitão João PereiraMano,  (autor de
"Terras do Mar Salgado: São Julião da Figueira da Foz…" [1997], Associado Honorário do CEMAR-Centro de Estudos do Mar [2008], e Medalha de Ouro de Mérito, a título póstumo [2012], da cidade da Figueira da Foz), acerca do Com. Antonio Arthur Baldaque da Silva e acerca do seu projecto de porto oceânico de águas profundas a construir no Cabo Mondego (Buarcos):
(…) Autor de diversos projectos de portos portugueses, e mesmo estrangeiros, o engenheiro Baldaque da Silva — filho do engenheiro Silva que em 1859 conseguiu restabelecer a barra da Figueira ao Norte, depois de ter construído o dique ou paredão do Cabedelo —  foi o autor do projecto do “Porto oceânico-comercial do Cabo Mondego” que, além do molhe de abrigo  —  agora muito bem lembrado na imprensa pelo figueirense Bruno de Sousa  —  delineava uma doca comercial de 52 hectares de área, só aberta nos 150 metros da sua entrada, limitada a Oeste pela parte do molhe que termina nos Formigais, e concluía por uma portentosa rede de canais a
ligar o novo porto a Aveiro, Leiria e Coimbra — já não  falando em estruturas diversas, como sejam diques, doca de pesca e o respectivo cais. Na altura, e ainda anos depois, os jornais da Figueira bateram-se pela execução deste, ou de parte deste projecto, tendo mesmo “A Voz da Justiça” começado a publicar o trabalho deste denodado engenheiro hidrógrafo, a partir do  nº 1136, de 21 de Out. de 1913. Mas, como é óbvio, nada conseguiram. Porém, se a Figueira quiser ter um PORTO só ali o terá. Como a Cidade Invicta  teve o seu em Leixões. E, no Cabo Mondego, há ou havia, para tal, condições muito mais propícias do que aquelas que a foz do rio Leça ofereceu. (…)

(in MANO, João Pereira, Terras do Mar Salgado: São Julião da Figueira da Foz, São Pedro da Cova-Gala, Buarcos, Costa de Lavos e Leirosa, Figueira da Foz: Centro de Estudos do Mar, 1997, pp. 321-322.
João Pereira Mano, nasceu na  Gala, então freguesia de Lavos, concelho da Figueira  da Foz, em 2 de Setembro de 1914. Faleceu em Lisboa, em 8 de Agosto de 2012.)

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Entre o aprofundanto do rio e a invasão há muito anunciada do mar

Ao que parece, mesmo em fim de linha, o ex-ministro das Infraestruturas João Galamba deixou uma grande notícia aos figueirenses: "o concurso público para o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial e da barra deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano."

“É uma obra importantíssima para a economia da Figueira da Foz e da região”, sublinhou ontem no decorrer de uma reunião de câmara o presidente de câmara da Figueira da Foz, manifestando-se “muito contente” por avançar uma das suas reivindicações desde que iniciou o mandato.

Aos jornalistas, o autarca lembrou que se trata de uma obra “com dinheiro desde o período anterior à pandemia da covid-19” e que tinha sido retirado. 

“É dinheiro que volta à Figueira da Foz”, sublinhou.

O aprofundamento do canal de navegação vai permitir a atracagem de navios de maior calado no porto, que nos primeiros nove meses deste ano movimentou 1.535.500 toneladas, menos 9,1% relativamente ao período homólogo de 2022.

A intervenção prevista vai permitir a entrada de navios até 140 metros de comprimento e oito metros de calado, quando actualmente só permite a acostagem de navios com 120 metros de comprimento e 6,5 metros de calado.


No mesmo concelho da Figueira da Foz, uns 4 ou 5 quilómetros para sul, existe um enorme desastre ambiental, que faz andar com o "coração nas mãos", há muitos anos, os moradores da zona.

Sim estou a referir-me ao "Quinto Molhe" que, até Março, vai ser local de peregrinação dos políticos que certamente irão a andar por aí em campanha eleitoral.

Todos sabemos, que a ocupação desordenada do litoral contribuiu para situações de desequilíbrios e fenómenos de erosão costeira que têm vindo a pôr em causa a segurança de pessoas e bens.

Foi o que aconteceu,  a sul do porto da Figueira da Foz, depois das obras do prolongamento do molhe norte em 400 metros, onde nos últimos anos se agravaram os efeitos erosivos.

A obra, considerada fundamental pelas cabeças pensadoras da tutela e da comunidade portuária, visava a melhoria das condições de acessibilidade ao porto da Figueira da Foz.

Porém, isso não aconteceu. Os acidentes entretanto ocorridos à entrada da barra, depois de 2011, provam isso. A agravar, desde o prolongamento em 400 metros do molhe norte do porto comercial, um investimento de 14,6 milhões de euros, inaugurado em 2011, a erosão nas praias a sul acentuou-se, com destruição da duna de proteção costeira em vários locais, com especial ênfase na praia da Cova, alvo de duas intervenções de emergência nos últimos anos.


O prolongamento do molhe norte e a erosão a sul tem sido um brutal sorvedouro de dinheiros públicos. Com o aprofundamento do canal de navegação do porto comercial da barra, que deverá ser lançado em Janeiro do próximo ano, lá irão mais uns milhões.

Entretanto, ao que parece, a panaceia para atenuar sustentavelmente a erosão a sul existe, já foi estudada e alvo de consenso: chama-se bypass.

Sabe-se, porque foi estudado, que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz, com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada.

“Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, veio dizer aos figueirenses o então ministro João Pedro Matos Fernandes, em meados do mês de Agosto de 2021, curiosamente a mês de umas eleições autárquicas que se advinhavam difíceis para o PS, o que acabou por se concretizar.

Carlos Monteiro foi derrotado por Santana Lopes.


De palpável, passados mais de dois anos, tirando o estudo que situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros, nada mais aconteceu.

“Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, disse o ministro em Agosto de 2021.

E assim ficámos: o sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz continua a ser uma miragem.

E assim vai continuar. A prova disso é que, há poucos dias, O Livre viu “chumbada” a proposta sobre a inscrição da instalação do bypass (sistema mecânico de transposição de areia) na barra da Figueira da Foz no Orçamento do Estado de 2024. 

Penso que presumem quem evitou isso: os votos contra da maioria absoluta do PS na Assembleia da República. O PAN absteve-se e os restantes grupos parlamentares votaram a favor.

Passadores de moeda falsa... "São a favor do Bypass mas votam contra a sua implementação..."
Imagem via Sos Cabedelo

Se o Orçamento da República para 2024, com tantos milhões da Europa, não teve estofo para acomodar a solução proposta, que “já foi avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”, quando é que isso poderá acontecer?


Como parece que ninguém se importa com o assunto, como morador a sul do Mondego, resta-me a tristeza de constatar que a merda grossa, merda da boa, a bela cagada obrada pelos cagões da Figueira e de Lisboa, não vai ser limpa.

A enorme borrada (que a foto mostra) vai continuar a poder ser vista. 

É triste presumir que, maioritariamente,  ao votar em Março próximo, os eleitores do sul, com o seu voto, como tem acontecido, vão continuar a comprometer um bocado a possibilidade de resolução do problema, que o mesmo é dizer, vão perpetuar a enorme cagada que torna este País difícil de habitar, tal é o cheiro.

Apesar deste texto terminar um tanto ou quanto brejeiro e brincalhão, o assunto é sério.

E, sobretudo, inquietante.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Medalhas e diplomas do 24 de junho e a homenagem que falta fazer ao Capitão João Pereira Mano

De harmonia com uma notícia do jornal AS Beiras, a Câmara Municipal da Figueira da Foz vai distinguir, no Dia da Cidade,  os casos de sucesso empresarial (PME Excelência e PME Líder) no ano 2013, atribuindo um total de 57 diplomas de reconhecimento. A autarquia irá atribuir, ainda, medalhas a personalidades e aos funcionários municipais aposentados. Desta forma, Luís Pinto, Heitor Chichorro e Conceição Ruivo receberão a medalha de mérito cultural.
A cerimónia de entrega das distinções honoríficas realiza-se, pelas 11H30, no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz. 
A título póstumo, serão também distinguidos com a medalha de mérito cultural Alfredo Paredes e João Pereira Mano.
João Pereira Mano, nasceu  na  Gala, então freguesia de Lavos, concelho da Figueira da Foz, em 2 de Setembro de 1914.  Faleceu em Lisboa. Os restos mortais do Capitão João Pereira Mano, repousam desde a tarde do dia 10 de agosto de 2012, uma sexta feira, no cemitério de Lavos.
Os velhos morrem. Os novos (ainda) não sabem de nada.
Essa ignorância é sabiamente organizada, e semeada, nas entidades oficiais para isso próprias: "as escolas", as "instituições de cultura" e "a comunidade científica".
Os livros do Capitão João Pereira Mano (1914-2012) — "Terras do Mar Salgado: São Julião da Figueira da Foz - São Pedro da Cova-Gala - Buarcos - Costa de Lavos e Leirosa..." (1997) e "Lavos: Nove Séculos de História" (2000) — são as melhores obras que, desde sempre, foram escritas e publicadas sobre a História Marítima e Local da Figueira da Foz (Portugal).
Por isso, a mais digna, a mais útil e mais adequada de todas as Homenagens que poderiam ser prestadas a este autor falecido em 07.08.2012 — um autor que nos dias da sua vida foi não somente o maior e o mais prestigiado de todos os capitães da Marinha Mercante da Figueira da Foz (condecorado em 1973 com a Medalha Naval de Vasco da Gama da Marinha Portuguesa) mas também o maior e o mais importante de todos os especialistas da História Marítima Figueirense (sem que, para isso, tenha precisado de ter sido licenciado ou doutorado em qualquer espécie de universidade) — é a rápida reedição facsimilada dos seus livros, os quais, desde há muitos anos, estão totalmente esgotados, e por isso há muito deixaram de ser acessíveis ao grande público.
Essa reedição será agora muito fácil e muito barata, pois, pela parte do editor, sem fins lucrativos, CEMAR-Centro de Estudos do Mar, tal como sempre, não pretende receber nem um só cêntimo de dinheiro público.
Pela parte da impressora original, a Tipografia Cruz & Cardoso, casa de tão grandes tradições na História Cultural da cidade da Figueira da Foz, tanto quanto sabemos, existem ainda hoje em dia lá conservados os materiais originais da impressão, e portanto poderá ser feita uma reimpressão a qualquer momento, com toda a facilidade, para que, assim, possam voltar aos olhos do público os melhores, os mais importantes e rigorosos, os mais bem fundamentados e documentados, e os mais bem escritos, de todos os textos alguma vez publicados sobre a História Marítima e Local da Figueira da Foz e das regiões vizinhas do sul da Foz do Mondego. 

terça-feira, 22 de outubro de 2019

A Câmara Municipal da Figueira da Foz ficou à margem desta importante iniciativa?..

“Desafios da Exportação” em debate no Porto da Figueira da Foz

Qual o potencial exportador da Região Centro, que desafios se colocam hoje às empresas exportadoras e como pode o transporte marítimo ser um aliado na exportação são algumas das questões que vão ser debatidas na conferência que se realiza, no próximo dia 30 de outubro, a partir das 12h45, no Porto da Figueira da Foz.
Numa organização conjunta do REGIÃO DE LEIRIA, Jornal da Bairrada, Porto da Figueira da Foz e Comunidade Portuária do Porto da Figueira da Foz, o encontro vai ainda contribuir para aproximar os exportadores das oportunidades oferecidas por esta infraestrutura, que em breve será reforçada com obras de aumento de capacidade.A conferência conta com a intervenção de vários especialistas.
//  PROGRAMA
12h45
Recepção e credenciação dos participantes
13h00
Degustação com pescado da costa portuguesa promovido pela Docapesca e a Chef Patrícia Borges
14h15 – Boas-vindas
Fátima Lopes Alves // Presidente do Conselho de Administração do Porto da Figueira da Foz
14h25 – Abertura
Francisco Rebelo dos Santos // Diretor do REGIÃO DE LEIRIA
14h35
José Manuel Fernandes // Presidente do Conselho de Administração da Frezite e autor do livro Caminhos do Exportador
15h00 – O Potencial Exportador da Região Centro
Moderação: Oriana Pataco // Diretora do Jornal da Bairrada
António Poças // Presidente da Direção da NERLEI – Associação Empresarial da Região Leiria
José Couto // Presidente da Direção do CEC – Câmara de Comércio e Indústria do Centro
Carlos Moita // ACIFF – Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz
16h00 – Pausa para café
16h15
Hermano Sousa // Director de Logística do Grupo Altri – A importância do transporte marítimo na exportação
16h30 – Transporte Marítimo de Curta Distância (TMCD) e Intermodalidade
Moderação: Eduardo Bandeira // Diretor Executivo da APTMCD – Intermodal Portugal
Luís Antunes // Ibero Linhas –WEC
Paulo Mariano // Agência Marítima Eurofoz
Raúl Capão // Foztráfego – Agência Marítima da Figueira
17h15
Gonçalo Vieira // Presidente da Comunidade Portuária da Figueira da Foz
17h30 – Espaço para debate
A palavra aos empresários
17h45 – Encerramento"

domingo, 18 de outubro de 2015

A barra da Figueira está assim por vontade dos homens

O meu Amigo Manuel Luís Pata, farta-se de dizer o seguinte: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".
Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".
Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados 12 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra". 
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira". Porém, e espero que isso seja tido em conta no disparate que é a projectada obra a levar a cabo pela Câmara Municipal da nossa cidade, "essa área de areia será  sempre propriedade do mar, que este quando assim o entender, virá buscar o que lhe pertence".

O projecto do Engº. Baldaque da Silva
Existe um estudo sobre como melhorar o Porto da Figueira. Quem estiver interessado pode consultá-lo na Biblioteca Municipal, num dos jornais locais de 1914.
Esse precioso e importante trabalho, refere a construção de um "paredão a partir do Cabo Mondego em direcção ao quadrante sul"
Esse projecto, da autoria do Eng. Baldaque da Silva,  para a construção da obra de um "Porto Oceânico", foi aprovado na Assembleia de Deputados para ser posto a concurso, o que nunca aconteceu, pois foi colocado numa gaveta. 
Neste momento, como as coisas estão na enseada de Buarcos, já não deverá ser possível colocar ali o "Porto Oceânico", uma vez que as construções ocuparam os terrenos necessários ao acesso àquilo que seria um porto daquela envergadura.
Porém, o estudo do Eng. Baldaque da Silva poderia servir de base para a construção de um paredão com cerca de 1 800 metros, que serviria para obstruir o acesso das areias à enseada de Buarcos, traria benefícios consideráveis: acabaria o depósito de areias na enseada, barra, rio e praia; ficaria protegida a zona do Cabo Mondego e Buarcos, evitando a erosão das praias da zona e os constantes prejuízos na Avenida Marginal; serviria de abrigo à própria barra, quando a ondulação predominasse de Oeste ou O/N.

A sustentabilidade do porto da Figueira da Foz
Um dia destes, tive acesso a uns sub- capítulos duma tese do arquitecto figueirense Manuel Traveira, sobre a questão dos molhes.  
Em 2011, na cerimónia de inauguração das obras do prolongamento do molhe norte, o Engenheiro José Luís Cacho, então Presidente da Administração do Porto da Figueira da Foz, sublinhou que “o porto da Figueira da  Foz, que os pessimistas de serviço já viam com certidão  de  óbito  passada,  estava,  afinal,  pujante,  de  boa  saúde  e,  agora,  com  estes avultados investimentos, mais preparado para enfrentar os desafios que se avizinham”.
No entanto, em 2013, o mesmo Engenheiro José Luís Cacho já  demonstrava uma grande preocupação com a futura sustentabilidade do porto comercial. 
"A quebra de receitas da administração do porto, devido à redução das taxas portuárias, é um facto preocupante", considerou, referindo ainda que tal situação é agravada por um "aumento futuro da despesa com as dragagens".
Por sua vez, o Dr.  Hermano  Sousa,  Presidente  da  Comunidade  Portuária  da Figueira da Foz, referia que “a capacidade instalada, de 3 milhões de toneladas/ano, está longe de ser atingida. Apesar da admirável evolução, não podemos dormir à sombra destes resultados..."  Do seu ponto de vista, para  maximizar  a  utilização  do  porto, "era preciso consolidar o estado da barra, fixando o calado, ao longo de todo o ano, primeiro  nos  6,5  metros  e,  posterior  e  idealmente, nos  7,5  metros, já  a pensar  nos  navios  de  nova  geração,  que  estão  agora  a  sair dos  estaleiros  e chegarão em breve ao  mercado".
Estudar e entender a dinâmica que cria o assoreamento de inverno  é um dos requisitos para que o calado do porto figueirense possa receber embarcações de grande porte. A solução apontada, porém, tem sempre passado  por dragagens, que custam muito dinheiro.
Imagem, entretanto, cedida pelo arquitecto Manuel Traveira

Bypass 
O bypass  proposto  pelo  movimento  SOS  Cabedelo,  poderia  ajudar  a atenuar  as sucessivas  dragagens  que  o  porto  tem  vindo  a  efectuar e, ao mesmo tempo, atenuar os efeitos da erosão a sul.
Manuel Traveira na elaboração da sua tese consultou  os  relatórios que acompanharam  as  obras  do  porto  da  Figueira  da  Foz  desde  1953 até 1972, elaborados  pelo  LNEC. Solicitou, também, os  estudos mais recentes  na Biblioteca  do LNEC,  mas  o  acesso público está  vedado por lei pelo período de 20 anos a contar da data  da  sua  realização.  Apesar  destes  condicionalismos, a  análise  dos  relatórios  do “Estudo em Modelo Reduzido do Porto da Figueira da Foz”, demonstraram-se bastante esclarecedores para a compreensão das dinâmicas de assoreamento a que o porto está sujeito.

1º  Fase  de  estudos,  1953-1961  
Segundo Manuel Traveira, até à construção dos molhes exteriores  do  porto comercial (1960-1966), os  estudos  do  LNEC  incidiram  a  sua  atenção  na análise  do regime fisiográfico  desta  zona  da  costa  portuguesa, ensaiando em  modelo reduzido  o esquema de  obras inicialmente proposto na procura do esquema ideal para as obras exteriores do porto.
Quanto ao estudo fisiográfico desta zona, concluiu-se que:
1-  A  direcção  da  ondulação  mais  frequente  e  mais  forte,  é  proveniente  de  oeste  e noroeste.  
“O  Laboratório  realizou  o  traçado  dos  planos  de  ondulação  […] mostraram que  […]  o seu rumo  é para norte do W  (oeste)  e apenas raramente, para  o  sul  daquela  direcção.  Do  mesmo  modo  se verificou  que  as  amplitudes mais fortes correspondem a rumos entre o W (oeste) e o NW (noroeste).”
2-  As  areias  que  causam  os  problemas  de  assoreamento  da  foz  do  Mondego  são provenientes  maioritariamente  do  mar.

O aumento da praia da Figueira
Já em 1958, antes do início das obras dos molhes, o LNEC  antevia  o  que posteriormente se veio a comprovar: o  enorme  aumento  da  praia  da Figueira da Foz devido à construção do molhe norte, uma vez que funciona como uma barreira ao forte transporte de areias que se faz sentir ao longo da costa de norte para sul.   
O excessivo crescimento da praia de banhos da Figueira, em todas as soluções ensaiadas, tornou-se altamente prejudicial à manutenção de boas profundidades no canal da barra, referindo-se que “no caso da Figueira da Foz, qualquer canal que venha a ser dragado, e de que resulte uma secção molhada muito superior à que actualmente existe, não se manterá logo que as areias comecem a contornar o molhe norte".
Este  fenómeno  de  assoreamento  do  estuário  é  facilmente  compreendido através  da análise  da  passagem  de  areias  que  ocorre  da  praia  a  norte para  a  praia  a  sul  do  rio Mondego e pela explicação de como se forma o banco da barra  (banco de areia que se forma em frente à Foz do rio Mondego, altamente prejudicial para a navegabilidade do porto)

Passagem de areias de norte para sul do rio
Na enchente as areias entram dentro do estuário donde são em parte ou na totalidade  expelidas  na  vazante  para  fora  do  estuário  depositando-se  a uma distância  maior  ou  menor  consoante  o  coeficiente  da  maré  e  a amplitude  da vaga. Só após o banco da barra ter atingido uma certa cota é que se começa a dar a passagem para as praias a sul. Neste caso, as areias expelidas pela vazante para o banco da barra caminham sob a acção das correntes de maré e da vaga para a praia a sul.
Outra imagem, entretanto, cedida pelo arquitecto Manuel Traveira, a quem deixo o meu agradecimento.

Uma  vez  que  a  areia  tenha  contornado  a  testa  do  molhe  norte começará a caminhar  ao  longo  da  face  interior  do  molhe. Forma-se, assim, um princípio  de cabedelo  que  se  vai  pouco  a  pouco  desenvolvendo  até  que as correntes  de vazante começam a erodi-lo e a transportar o material arrancado para fora das testas do molhes depositando-o na zona do futuro banco da barra.
Por  razões desconhecidas para Manuel Traveira,  eventualmente  explicadas  pelo conteúdo  de outros  estudos  aos  quais  não  teve  acesso,  a  construção  dos molhes  não  seguiu importantes  recomendações  apontadas  pelo  LNEC.  
A saber: o  traçado  curvo  do  molhe norte com a sua testa no alinhamento do antigo molhe sul (molhe velho), possibilitando uma maior protecção do estuário contra a penetração da vaga no seu interior; o molhe sul recuado (250  metros)  em relação ao molhe norte com  vista  a  facilitar  a  transposição natural das aluviões da margem norte do rio para as praias a sul; a construção de uma guia submersa no prolongamento do molhe velho, a fim de assegurar um traçado mais regular e com melhores profundidades.

2º Fase de estudos, 1968-1972  
Durante as obras exteriores dos molhes concluídas em 1966,  assistiu-se  a  um rápido  crescimento  da  praia  da  Figueira, o  que  levou  ao assoreamento do anteporto  e necessária acção de dragagem já em 1967. Confirmadas as previsões do LNEC de que as obras exteriores por si só seriam incapazes de resolver o problema,  este  realizou,  em  1967,  uma  reunião  entre engenheiros  da  Direcção  dos Serviços Marítimos (DSM) com o objectivo de procurar conhecer as possíveis soluções que a DSM previa encarar para a resolução do principal problema do porto da Figueira da Foz: o seu assoreamento a partir do mar
Nesta reunião, ainda de harmonia com o estudo de Manuel Traveira,  foi possível constatar que o caudal sólido litoral tinha assumido valores muito superiores aos dos estudos realizados até à construção dos molhes, e que seria urgente precisar esses valores com “a certeza antecipada  de  que  serão  elevados, pelo  que  este  problema  se  irá  sobrepor  a  todos  os demais que condicionam a exploração do porto.”
Como possível solução do problema foi considerada novamente a possibilidade de “instalação  de  uma  estação  de  bombagem  de  areias  com  conduta  de repulsão submersa, conjugada com um quebra-mar paralelo à praia, em posição a definir." Como a transposição artificial da totalidade do volume sólido afluente à praia da Figueira deveria conduzir a encargos dificilmente comportáveis pela exploração  do porto,  foi  posta  em  evidência  a  necessidade  de  conseguir  que parte da transposição se faça naturalmente por acção da onda e das correntes de maré.  Foi,  porém,  reconhecido  que  a  orientação  actual da  entrada  do  porto  é muito pouco propícia a esta transposição natural, pelo que se admitiu a hipótese de a alterar por um prolongamento do molhe norte.”

Porque não foi seguido o rumo que o LNEC sugeriu?
Devido à impossibilidade de aceder aos estudos mais recentes sobre o Porto Comercial, pelas razões anteriormente mencionadas, não foi possível a Manuel Traveira conhecer a razão pela qual, tanto nas obras interiores, realizadas na década de 1980 e 1990 do século XX, como nas obras exteriores do prolongamento do molhe norte iniciadas em 2008, se tenha optado por rumos diferentes dos sugeridos no plano geral de melhoramentos realizado pelo LNEC.
Todavia, segundo o SOS Cabedelo, o relatório do Grupo de Trabalho do Litoral (GTL) prevê a adopção de sistemas de transposição sedimentar" na barra da Figueira - 1,1Mm3 em cada ano - um circuito altenativo à passagem das areias na frente da barra que provocam a rebentação na entrada do Porto Comercial. 
O Programa da Orla Costeira (POC), agora em discussão à porta fechada, em vez de avançar para a solução refugia-se na intenção das avaliações custo-benefício agravando o prejuízo a cada dia que passa.

Actualização às 10 horas e 18  minutos.
Acabei de inserir duas imagens que me foram disponibilizadas pelo Arquitecto Manuel Traveira, a quem aproveito para agradecer.
"É urgente demonstrar às pessoas que existe um problema muito grave mas que tem solução. Basta de tanta mentira."
De realçar o papel deste figueirense nesta importante e cada vez mais urgente missão.