sábado, 24 de abril de 2021
Grândola
Autárquicas 2021: ponto da situação em 24 de Abril de 2021
A suprema vaidade dos deputados e o caso António Gameiro
Joaquim Emídio
Director Geral de O MIRANTE
"António Gameiro é deputado do PS e foi candidato à Câmara de Ourém durante cinco dias: até estalar mais uma polémica que deriva da sua profissão de advogado. Mais uma vez os dirigentes políticos do Partido Socialista remeteram-se ao silêncio e fingiram que não conhecem o sentimento do povo mesmo depois do espectáculo recente no âmbito da Operação Marquês.
A suprema vaidade de alguns deputados é levarem empresários amigos a almoçar no restaurante da Assembleia da República. Só lá almocei duas vezes em mais de trinta anos de trabalho mas chegou para confirmar o que acabo de escrever; os testemunhos que vou recebendo de outros profissionais e de pessoas amigas confirmam o facto: aquele lugar onde se reúnem algumas figuras públicas é uma espécie de montra para os deputados das negociatas levarem os seus amigos “patos bravos” e facturarem o seu prestígio e as suas influências no meio político.
De tal forma a coisa é feia, e dá nas vistas, que alguns deputados dos partidos do arco do poder sentem-se incomodados: aqueles que não pertencem ao clã dos negócios, e são deputados em exclusividade, condenam este aproveitamento mas nada podem fazer já que os partidos dão rédea larga aos seus representantes no Parlamento e não impõem a ética que exigem noutros sectores da sociedade.
António Gameiro foi alvo de buscas da PJ em razão de ser advogado num escritório que terá mediado o negócio da venda de um terreno em Monte Gordo. António Gameiro tinha apresentado a sua candidatura à Câmara de Ourém dois dias antes das buscas. Alguém do partido deve ter avisado o deputado que tinha que retirar a candidatura e ele assim o fez. Aproveitou a embalagem e pediu a demissão de presidente da concelhia socialista de Ourém e do Conselho de Fiscalização do Sistema Integrado de Informação Criminal, que funciona junto da Assembleia da República. Ficou por pedir a demissão, ou a suspensão, do cargo de deputado; diz ele, tentando justificar o injustificável, que tem o direito à presunção da inocência. E tem. Então porque não manteve todos os outros cargos? É aqui que a porca torce o rabo: o cargo de deputado é que o mantém na crista da onda. O resto são migalhas.
Os dirigentes do PS e do PSD, perante mais este caso de mistura explosiva entre a actividade política e profissional, ficaram calados que nem ratos. Os bons costumes e os bons exemplos são só para os estadistas; a arraia-miúda, “os biscateiros da democracia”, “os serventes da República”, podem continuar a sua vidinha parlamentar com o mesmo à vontade que praticam as suas profissões de professores universitários, advogados, consultores e o mais que se sabe.
Daqui a umas semanas a pandemia, a campanha eleitoral para as autárquicas, os esquemas que vão aparecendo que nem cogumelos, e que corroem a democracia, fazem com que este assunto seja esquecido e se some a centenas de outros que nos últimos anos são a grande razão para o descrédito do regime. António Costa bem podia dar o exemplo e por ordem na classe política do seu partido. Rui Rio podia aproveitar as vantagens dos comportamentos dos seus colegas deputados e apelar à mudança de regras e de estatutos; podia e devia mobilizar as suas tropas e ajudar a fazer a revolução que o regime precisa. Ficou calado a exemplo do que aconteceu durante três dias depois do espectáculo da leitura das mais de seis mil páginas da decisão instrutória sobre a Operação Marquês: Rui Rio sabe que amanhã será a vez de um dos dele ser apanhado."
sexta-feira, 23 de abril de 2021
Só não acerto no euromilhões...
Longe dos olhares, no silêncio dos gabinetes, o Cabedelo está a ser alvo de um atentado. Se nada mais conseguirmos, não podemos esquecer o julgamento e fazer cair definitivamente a máscara dos mandantes...
Como penso que toda a gente que vem até este meu canto sabe, tenho um fraquinho muito grande e especial pelo Cabedelo.
Desde que me recordo, olho para o Cabedelo de uma forma cúmplice e agradeço a força e o sorriso que traz, todos os dias, à minha vida.
Como sabemos, a vida custa a todos... Mas, a alguns em especial!
Como acontece em tudo na vida, é preciso estar-se no sítio certo no momento certo. O trabalho e o esforço são determinantes, mas um pouco de sorte ajuda muito.
E ter a sorte de poder, sempre que o queira, encontrar-me com um local como o Cabedelo, mais do que sorte, na minha vida é uma benção.
No inverno, tem aquela luz ténue e límpida, própria desta estação do ano. Em dias frios, tenho a sensação que o frio purifica a luminosidade, o que é uma benção, em especial, para os fotógrafos.
A luz de inverno, no Cabedelo, é calma e fugaz. Os dias são curtos e transmite a necessiade de não desperdiçar um momento que seja, pois os dias de inverno no Cabedelo são lindos, mas têm algo que faz lembrar o efémero.
A partir da primavera tudo é diferente. A sensação de êxtase dura mais - quase parece permanente.
Tirando o mês de Agosto, o Cabedelo rodeia-nos de uma atmosfera muito especial. Somos nós e o sol - isto, é a natureza.
Fim de citação.
Passados 4 anos e mais de 5 milhões de euros o Cabedelo está assim...
· Praia do Cabedelo, freguesia de São Pedro. Autor: Celso Silva/Digitart. Via Figueira na Hora
Mas todos sabemos como vai acabar
Santana Maia Leonardo, via jornal O MIRANTE
"Esta verdadeira Irmandade da Ganância foi fundada, discretamente, durante o governo do Bloco Central que tomou conta da Administração Pública e pariu os grandes grupos económicos portugueses, que cresceram à sombra do Estado e se confundiram com ele. Quando as leis são feitas precisamente por aqueles que as leis deviam perseguir, a Estratégia contra a Corrupção resume-se sempre em fingir que se combate a corrupção, ao mesmo tempo que se abre a saca para arrecadar os novos fundos.Devemos ao 25 de Abril a entrada na União Europeia, o que nos garante a Democracia, a Liberdade e uma sociedade de bem-estar a que não teríamos qualquer hipótese de aceder de outra forma, tendo em conta o contexto iliberal, conformista e conservador (no mau sentido) em que os portugueses cresceram e foram educados, mais vocacionado para a pedinchice, a lamúria e a sabujice do que para liderar, agir e fazer. Todas as instituições do Estado Novo chegaram ao dia 25 de Abril totalmente envelhecidas e corrompidas, incapazes de esboçar uma reacção, ainda que ligeira, ao movimento dos capitães.
No entanto, o poder político saído do 25 de Abril, em vez de ter arrancado pela raiz as instituições herdadas do Estado Novo, limitou-se a fazer-lhes a poda, o que levou a que estas voltassem a ganhar raízes e a florescer ainda com maior pujança e carregadas dos seus piores vícios: o centralismo, o caciquismo, o servilismo, o maniqueísmo, a corrupção, a cunha, o compadrio, a subserviência, a inveja, o respeitinho, a censura e a cultura iliberal de rebanho e de funil.
Parafraseando Fernando Pessoa, também podemos dizer que, com o 25 de Abril, "cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez”, mas ainda falta cumprir-se Portugal.
Com efeito, as convulsões do período revolucionário, o saneamento em massa das pessoas mais competentes e qualificadas, o assalto das instituições por gente sem qualificações, nem escrúpulos, e a bancarrota que se lhe seguiu, criaram as condições objectivas para a tomada do poder por uma Associação de Malfeitores, a que eufemisticamente se baptizou de Bloco Central de Interesses, cujo único objectivo era o saque e a pilhagem dos fundos comunitários. Esta verdadeira Irmandade da Ganância foi fundada, discretamente, durante o Governo do Bloco Central que tomou conta da Administração Pública e pariu os grandes grupos económicos portugueses, que cresceram à sombra do Estado e se confundiram com ele.
E, quando as leis são feitas precisamente por aqueles que as leis deviam perseguir, a Estratégia contra a Corrupção resume-se sempre em fingir que se combate a corrupção, ao mesmo tempo que se abre a saca para arrecadar os novos fundos.
Vejamos o caso do processo Marquês. Segundo o juiz de instrução, os crimes de corrupção estão todos prescritos, com base no acórdão n.º90/2019 do Tribunal Constitucional que decidiu fixar o início da contagem do prazo de prescrição na promessa de corrupção e não no final do pagamento do suborno, como seria lógico. E quando saiu este Acórdão? Por coincidência (há cada coincidência!), uma semana após a abertura da instrução?!... Até parece que foi de propósito… E, segundo já li em qualquer lado, isto “Só agora começou”… Basta, aliás, olhar para a cara e para as pernas dos camaradas do animal feroz para constatar isso: as perninhas tremem que nem varas verdes e os rostos revelam uma angústia extrema como se as suas sólidas carreiras políticas estivessem depositadas e a vencer juros na caixa forte do Dono-Disto-Tudo. Cuidado, camaradas! Que isto “Só agora começou…”
Mas a irmandade pode dormir descansada, porque todos sabemos como isto vai acabar… ainda que eu já não esteja cá para ver."
A propósito de uma chuvada forte, mas breve: a eficácia e a prontidão no apuramento das conclusões do levantamento sobre as causas das inundações em Buarcos é impressionante: nem um dia demorou!
O PSD/Figueira, os militantes e os figueirenses em geral (como eu)...
O líder da concelhia local confirma que o dirigente do partido demissionário, de facto, o exortou a falar com Santana Lopes, a fim de aferir se este estaria disponível para ser candidato na Figueira da Foz.
“Confirmo que me fizeram essa proposta, inclusive negociar o lugar de vereador e outros cargos, os quais considerei inqualificáveis. Presumo que tinham o beneplácito dos promotores de uma candidatura independente que o agora demissionário apoia e participa em actividades desse grupo”, afirmou Ricardo Silva. Que acrescenta: “assim sendo, obviamente nem respondi”. E a seguir, igualmente via Diário as Beiras, Ricardo Silva justifica porque não respondeu à proposta: “porque só poderiam vir de quem está no partido à busca de tachos”, afirmando que não é o seu caso “e nunca foi”. "Estar no partido, é lutar pelos ideais do mesmo, nunca por recompensas pessoais”.
A terminar e continuando a citar o Diário as Beiras, o presidente da concelhia afirmou: “O PSD da Figueira da Foz não está à venda, nunca esteve e nunca estará. Repudiamos esse tipo de posicionamentos”.
Para certas pessoas, nomeadamente o actual vereador Carlos Tenreiro, esta questão concreta deveria interessar sobretudo a militantes do PSD. Coisa que que eu não sou.
Para desgosto e desconforto de quem pensa assim, a meu ver, os problemas que o caso revela dizem respeito aos cidadãos figueirenses em geral, como eu.
O que está em causa é a qualidade da democracia na Figueira, que passa pelo interior dos partidos. O declínio ou a elevação da vida política e da autenticidade cívica no quadro do sistema partidário, é por aí que passa. Como é também por aí que passa o desenvolvimento do nosso concelho e a melhoria da nossa qualidade de vida.
Numa democracia formal, os partidos são essenciais, enquanto instrumentos de preparação e concretização das grandes escolhas pela vontade popular. Por isso, é fundamental estarem à altura da responsabilidade democrática. Isso implica, não degradar a democracia pelas práticas que adoptam.
Uma das lacunas dos democratas figueirenses, quando instalados no poder, é passarem a ter apenas capacidade e receptividade para o que gostam de ouvir. Quem ousar questionar e ter opinião fora do "rebanho" à boa maneira socialista, mas não só, "leva"...
A distância entre políticos e cidadãos existe...
Sinto-me um priviligeado: viver 47 anos em democracia é um marco histórico na vida de um português.
quinta-feira, 22 de abril de 2021
Criticam os críticos em vez de estudarem os assuntos e depois não passam no teste...
OUTRA MARGEM É UM ESPAÇO INCÓMODO PARA AS ELITES... TEMOS PENA.
A ser verdade o que Manuel Domingues diz na edição de hoje do Diário as Beiras a concelhia do PSD/Figueira é fortíssima!..
NEM TODAS AS CRISES TERMINAM BEM
Viriao Soromenho-Marques