A Câmara da Figueira da Foz desistiu da terceira piscina de água salgada na praia, que deveria entrar em funcionamento no próximo verão, por questões financeiras. A decisão foi anuncida pelo presidente Pedro Santana Lopes.
Via Diário as Beiras
A Câmara da Figueira da Foz desistiu da terceira piscina de água salgada na praia, que deveria entrar em funcionamento no próximo verão, por questões financeiras. A decisão foi anuncida pelo presidente Pedro Santana Lopes.
Via Diário as Beiras
"«Quantos há?, quem ganhou?, quem perdeu?» Em Portugal, o debate político pré-eleitoral nunca tinha sido assim. Confrontos duelizados e curtos, moderados por jornalistas que deixaram correr toda a imoderação, atropelos e insultos, com perguntas a suportar narrativas pré-existentes em vez de servirem o debate esclarecedor, sempre em busca do espectáculo sensacionalista. Cultura de derby, com intermináveis antevisões de cada «jogo», com flash interviews mal este terminava e a que se seguiam espaços de comentário infindáveis, nos estúdios de todos os canais, todos eles disciplinadores da opinião. Comentadores, jornalistas, editores e directores de media comprazeram-se em dar notas a quem perdeu e quem ganhou, usando de uma linguagem, de um tom e até de uma gestualidade que até há pouco tempo eram próprios das conversas privadas entre amigos. A indistinção entre o pessoal e o público chegou, em Portugal, ao comentário político mediático.
O esvaziamento da política e a sua substituição por debates decalcados dos formatos e lógicas do comentário futebolístico não foi imposto, no período que antecedeu as eleições legislativas de 10 de Março, por um partido da extrema-direita às televisões portuguesas, como alguns gostam de dizer (lembrando as origens da visibilidade pública do seu protagonista). Não foi sequer imposto pelas «redes sociais», tantas vezes criticadas pelos jornalistas como o lugar onde se desenvolvem as lógicas que o jornalismo se orgulharia de recusar. Foi imposto pelas televisões portuguesas, serviço público incluído, a todos cidadãos que nelas procuraram informar-se. Isto é particularmente grave porque é nas televisões que a maioria dos portugueses continua a informar-se, como as audiências destes debates voltaram a mostrar. Enquanto não são ainda visíveis todos os estragos que o sistema mediático está a causar à democracia, importa compreender porque ocorre esta mudança profunda e quem beneficia com ela.
Em contexto de pré-campanha eleitoral, as televisões mantiveram uma das características mais antidemocráticas que há muito caracteriza a sua informação, agora não tanto (por alguns dias) através da exclusão pura e simples de parte do espectro político do espaço televisivo, mas através da sua presença na programação em condições desiguais de visibilidade e através da sua submersão num mar de comentário estreitado, acantonado à direita («se nos debates foi sensível a argumentos de esquerda, os «comentadores» já lhe explicam como estão errados», parecia ser o lema dos espaços de comentário). Essa característica, todos o sabem, é a falta de pluralismo, de um pluralismo que deve ser entendido, como lembrava o jornalista e professor Fernando Correia neste jornal já em 1999, «como uma abordagem isenta e equilibrada dos partidos políticos, mas também das correntes ideológicas, das camadas sociais, das diferentes regiões, etc.» (1).
A falta de pluralismo já existia no tempo em que o negócio dos media assentava na publicidade, sendo mesmo uma peça fundamental do «consenso sedativo» que facilitou a imposição do pensamento único neoliberal numa democracia jovem, que ainda estava a consolidar peças-chave do seu projecto de justiça social (leis laborais, mínimos salariais, Segurança Social, Serviço Nacional de Saúde (SNS), escola pública…). Hoje, a falta de pluralismo persiste, mas com um novo rosto: adaptou-se a um modelo de negócios dos media que, não podendo já contar com as receitas publicitárias para se sustentar, enveredou por um «jornalismo» cada vez mais reduzido a informação-espectáculo, «conteúdos» fragmentários, imediatos, superficiais, emocionais; E nada plurais. O seu objectivo é agora o «dissenso lucrativo» (2), sem sequer reflectir, e muito menos assumir as suas responsabilidades, sobre os danos que esta viragem causa ao Estado de direito democrático e social.
Empurrar todas as dimensões da informação para as lógicas dos duelos de morte, em busca da mobilização de públicos muito polarizados para o «jogo-espectáculo» em que o debate político é transformado, não tem apenas como consequência o esvaziamento da política. Dito de outro modo, este esvaziamento não significa um vazio de escolhas políticas – apesar de favorecer o aparecimento de uma grande quantidade de «indecisos», no pólo oposto dos «mobilizados». Significa antes que a formação e expressão das escolhas políticas é constrangida e redireccionada.
Com efeito, o jogo de «dar notas» aos representantes dos partidos após cada debate permite reforçar uma narrativa, pré-estabelecida, sobre quem deve ou não governar, quem é ou não «realista» e «credível», quem «quer resolver os problemas» e quem «não os resolve apenas por ideologia», quem «quer mais mercado» e quem «quer mais Estado». Não é ainda o jornalismo de «guerras culturais» a que estes processos têm conduzido noutros países, mas é já um compromisso claro com todas as características do neoliberalismo que está disponível para o ultraliberalismo, seja ele mais ou menos autoritário e conservador. Já é uma negação do confronto democrático entre diferentes projectos de sociedade. Como? Começa-se por invisibilizar e ilegitimizar as propostas das esquerdas que contestam esses projectos; a seguir apresenta-se as propostas neoliberais como ideologicamente neutras, sem se ser questionado sobre as escolhas que encerram; e acaba-se a obscurecer o mais possível a verdadeira natureza do projecto neoliberal com uma suposta luta do «mercado» pela «libertação do Estado», quando na verdade o que nele está em causa é que o Estado reconfigure as políticas públicas no sentido de canalizar cada vez mais receita e recursos das missões sociais (serviços públicos, empresas estratégicas…) para interesses privados (estes sim, subsidiodependentes e protegidos do risco).
Esvaziar a política é também nunca questionar as consequências das tais propostas que apresentam como «realistas» e capazes de «solucionar os problemas» – desde os «cheques-cirurgia» e as parcerias público-privadas na saúde até às reduções fiscais e incentivos a proprietários, empregadores e grandes fortunas. «Meter um golo ao socialismo», como afirmam uns, ou «limpar Portugal», como acrescentam outros, implica sempre, nestes projectos (sejam eles mais ou menos autoritários e retrógrados), aprofundar as políticas que acabam nos cortes austeritários, no disparar do desemprego e da emigração (em particular dos jovens), em crises económicas, em transferências acrescidas de rendimentos do trabalho para o capital e dos poderes públicos para os negócios privados. Implica sempre afastar mais as classes populares, e até as classes médias, das suas expectativas de uma vida melhor, de recuperação de poder de compra, de contratos mais estáveis, de serviços públicos mais robustos, de habitação que possa pagar, de transportes públicos e de cultura acessíveis, de uma transição energética e climática justa.
Mas a narrativa repetida por jornalistas e comentadores nos media é que este caminho, destrutivo para a maioria da população, seria afinal «sensato», «realista» – o «único», até. Tudo o mais são esses «indecisos» para os quais «já não há paciência!; precisam mais do quê, de beijinhos?», ouvimo-los dizer. Tudo o mais são essas classes populares que, em vez do sofrimento social que sentem, em vez de olharem para os projectos políticos que os media silenciam, deviam era votar nos liberais-ligeiramente-menos-extremistas e deixar-se de votos «irracionais» ou, noutra versão, «estúpidos». Sem surpresa, transformar o debate político em jogo e espectáculo não conseguiu manter, ao menos, o que de melhor tem, tantas vezes, «a festa do jogo»: ser uma celebração das classes populares, esse território social tão ausente da representação mediática. Não sobrou sequer a compreensão das suas escolhas, das suas incertezas, expectativas e angústias, mas apenas a irritação e o insulto, os intuitos disciplinadores. Para que nada mude para estas classes, a não ser que seja para pior?"
Sandra Monteiro, Neoliberais e media contra Abril, Le Monde diplomatique - edição portuguesa, março de 2023.
(1) Fernando Correia, «Concentração “à portuguesa”», Le Monde diplomatique – edição portuguesa, Novembro de 1999.
(2) A expressão «do consenso sedativo ao dissenso lucrativo» é de Serge Halimi e Pierre Rimbert, em «Um jornalismo de guerras culturais», Le Monde diplomatique – edição portuguesa, Novembro de 2021.
Carmo Afonso via Jornal Público
«Numa entrevista ao jornalista Hugo Gilberto, na RTP, André Ventura revelou finalmente quais "as forças vivas" do PSD que lhe tinham garantido que haveria acordo com o Chega, depois das eleições, se houver uma maioria à direita.Nomeou Passos Coelho, Ângelo Correia, Rui Gomes da Silva e Miguel Relvas. Há aqui uma novidade. Na reta final da campanha Ventura decide indicar os nomes de quem tem vindo a falar sem concretizar. Porquê?
Certamente porque a última semana não lhe correu de feição. Os números das sondagens começaram a descer. O líder do Chega precisa de dizer aos eleitores que o voto no partido vai servir para formar governo e não será um voto perdido.
Reparem que, a partir do momento em que indica nomes, seria muito mais fácil que qualquer um deles o defendesse. Mas todos têm vindo a defender um entendimento com o Chega e Passos Coelho chegou a afirmar que Luís Montenegro fará o que for preciso para formar governo. Não há desmentidos na calha.
A AD prepara assim o melhor de dois mundos.
Por um lado, tem Luís Montenegro na liderança a garantir que não fará acordos com a extrema-direita e que só será primeiro-ministro se ganhar as eleições. Com esta garantia de Montenegro a AD consegue captar os votos daqueles que não querem Ventura no governo. Isto significa que, neste momento, há pessoas que tencionam votar na AD com esse propósito. Há alguma habilidade dos responsáveis de campanha da AD nesta situação, deve ser reconhecido. Aquilo que o PS conseguiu nas últimas eleições, e refiro-me a canalizar os votos d quem não aceita o Chega no arco da governação, pode agora ser conseguido pela AD.
Ma o que acontecerá se Luís Montenegro não ganhar as eleições? Bom, nesse caso tudo é possível e refiro-me à própria saída de cena de Luís Montenegro. Pasos Coelho disse acreditar que, nesse cenário, "Luís" não deixará de formar governo. Mas parece mais provável que seja o próprio Passo Coelho a assumir as rédeas e a fazer as honras da casa.
O que é que isto significa?
Que - quer com uma vitória de Luís Montenegro, quer com a sua derrota - a AD pretende formar governo. Significa também que está a fazer tudo para ganhar as eleições e neste "tudo" incluo a captação dos votos de quem não quer o Chega. Mas esses votos servirão precisamente para fazer acordo com o partido, se os resultados das eleições assim o determinarem. Nessa altura Ventura dirá que nunca escondeu nada e o mesmo dirão todas as vozes do PSD que já manifestaram abertura para o acordo.
O "Não é não" de Luís Montenegro pode transformar-se num sim. Os eleitores que votam AD não sabem para que servirá o seu voto e têm boas razões para admitir que servirá para fazer uma coligação com o Chega. isto é algo nunca visto. Conquistar o voto dos eleitores garantindo que tem a utilidade de de afastar a extrema-direita da governação e, ao emsmo tempo, ter tudo a postos para se coligarem com a extrema-direita, caso da primeira estratégia não resulte a vitória.
Depois das últimas eleições escrevi sobre o voto útil e os danos que provoca no sistema democrático. Aquela maioria absoluta resultou em grande parte do medo que os portugueses tinham de que Rui Rio se entendesse com o Chega. O PS soube tirar partido da indefinição de Rui Rio. Muitos eleitores que votaram PS não o teriam feito, se tivessem antevisto que estava em causa a obtenção de uma maioria absoluta. Desta vez pode estar em causa uma verdadeira traiçaõ. O voto útil na AD poderá vir a ser útil ao próprio Ventura.
Os barões do PSD e pesos pesados da AD estão muito à vontade. Se a coisa não for lá de uma maneira, acreditam que irá de outra. Fazem declarações inconvenientes e até bizarras. É o país que é inseguro por causa da imigração, é o amor ao brasão das armas que serve para aferir quem são os verdadeiros portugueses e é o aborto que pode voltar a ser tema. Montenegro relativiza, por um lado e, por outro, diz que não tem importância. Chegou mesmo a afirmar que quem decide as propostas da AD é ele. A verdade é que não tem mão em nada disto. Porque haveria de ter a seguir à eleições?
Sobre propostas não se fala muito. Para mais, os resultados da governação socialista têm-se feito notar: Portugal bem posicionado nas agências de rating, escedente orçamental e crescimento económico acima da média europeia. Estes resulatdos drenam a argumentação habitual ad direita. Sobra é fé no desejo de mudança. E vai valer mesmo tudo para chegar a poder.»
Imagem via Diário as Beiras |
Ontem "André Ventura insistiu que, mesmo que o Partido Socialista vença as eleições, o Chega e a Aliança Democrática vão coligar-se para governar Portugal. Em entrevista à RTP revela, pela primeira vez, quem são as forças vivas do Partido Social Democrata que garantem esse entendimento. Fala em Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas e Ângelo Correia"...
O Passos Coelho, das "gorduras do Estado", da "subsidiodependência" e da "peste grisalha". E o Ângelo Correia que em 24 de Outubro de 2011 aceitava o «"corte de 14% nas subvenções vitalícias de ex-políticos que trabalhem no sector privado" mas não a eliminação da sua sbvenção vitalícia, por se tratar de um "direito adquirido".»
«É o que vos espera, todos os direitos são adquiridos mas há mais direitos adquiridos que direitos adquiridos na "limpeza de Portugal".»
Partido das Surpresas Desagradáveis