Via Diário as Beiras
terça-feira, 23 de janeiro de 2024
Frases
«... o Chega revela ser um partido cumpridor dos seus intentos. Prometeu que ia "limpar o país" e está realmente a fazê-lo, ao aspirar os resíduos políticos de alguns ainda deputados do PSD colocados em lugares não elegíveis e que, descontentes com as posições, desertam tentando alcançar aquilo que já não iam manter. São todos contra o "sistema" desde pequeninos, como se comprova. Calculo que os elementos do Chega que presumiriam ir para as mesmas listas estejam a dar pulos de contentes com a adição destes novos "quadros".»
segunda-feira, 22 de janeiro de 2024
Jorge Moreira da Silva: o subsecretário-geral das Nações Unidas Jorge Moreira da Silva esteve em Rafah e alerta para que “a população de Gaza está em risco de uma diminuição brutal”
«Impressionou-me ver o número de crianças feridas que estavam em trânsito para fora de Gaza. Crianças amputadas, crianças desfiguradas e com um olhar resignado, crianças de seis anos com um olhar como se tivessem 80 e muitos anos. Mais de 50% das casas estão destruídas e 85% da população não vai ter para onde ir, quando a guerra terminar. (…) Morreram mais crianças nos últimos 100 dias do que em todos os conflitos no mundo nos últimos cinco anos. Portanto, estamos perante uma catástrofe humana sem precedentes. Não quero poupar nas palavras. É uma catástrofe humana sem precedentes porque, ao contrário de outras catástrofes humanas, as pessoas não têm para onde fugir. As pessoas fogem da guerra para salvar a vida. No caso de Gaza, não há refugiados porque não podem sair.
[A população de Gaza] está presa num triplo sentido. Está cercada por um contexto de guerra e, portanto, está a ser bombardeada, (…) Por outro lado, já se notam surtos de doenças do foro diarreico porque não há água potável, não há medicamentos, muitas doenças do foro respiratório. (…) Há uma casa de banho para cada 400 pessoas e um chuveiro para cada 1850 pessoas. (…) Temos 50 mil grávidas sem qualquer tipo de cuidado que vão dar à luz. Eu já nem sei que adjectivos usar porque nos últimos 100 dias utilizei todo o dicionário de adjectivos.
(…) Depois, vi uma coisa surpreendente: vi produtos a serem rejeitados. Há uma lista de produtos rejeitados por Israel porque considera que podem ser de uso duplo e, portanto, que podem ser utilizados para outros fins, como a construção de armas ou coisas que possam ameaçar. Eu vi painéis solares, frigoríficos solares, lanternas solares, brinquedos, bonecas, livros para colorir, botijas de oxigénio que são um suporte de vida básico, tudo rejeitado. Quando se rejeita uma caixa porque tem um item supostamente proibido, todo o camião é rejeitado. Portanto, repare como as dificuldades que estão a ser colocadas a ajuda humanitária tornam esta guerra ainda mais indigna e ainda mais imoral, ainda mais ultrajante quanto aos direitos básicos».
"Da pungente entrevista de Jorge Moreira da Silva, Subsecretário-geral das Nações Unidas, ao Público e à Renascença, no esteio da decência, coragem e perseverança de António Guterres, perante a gravíssima e inaceitável situação em Gaza. A contrastar com o silêncio e a complacência (e até indecência), que continuam a prevalecer nas direitas."
Desafetação de terreno para unidade de saúde no Paião foi aprovada por unanimidade em reunião de câmara
domingo, 21 de janeiro de 2024
Uma reportagem RTP, quase com 50 anos, que nos faz recordar que o problema da erosão costeira na Aldeia já vem de longe...
A reportagem RTP, sobre erosão costeira nas povoações de Cova e Costa de Lavos, que podem ver clicando aqui, foca um tema que me tem acompanhado ao longo da vida.
Na altura, já lá vão quase 50 anos, a Cova estava ameaçada, muito devido à construção dos molhes que definiram a barra da Figueira tal como a conhecemos hoje.
No final dos anos 50, as muito pequenas profundidades do canal externo da foz do Mondego dificultavam a utilização do porto. Vários navios começaram a evitá-lo (Abecasis et al, 1962). Por forma a solucionar este problema, teve início em 1959 a construção das infra-estruturas actuais, com projecto de Carlos Krus Abecasis.
Estas consistiram em dois molhes convergentes, um a norte e outro a sul, com comprimentos respectivamente de 900m e 950m. A distância entre os centros das cabeças dos molhes fixou a largura da embocadura em 325m, ou seja, mais 25m do que fora fixado em 1929. A cabeça dos molhes ficava a cerca de 8m de profundidade abaixo da maré baixa. O molhe norte ficou concluído em 1965 (Abecasis et al, 1970).
Como consequência da implantação destas estruturas, inicia-se, a partir de 1960, um período de acentuado avanço da linha de costa, a norte da embocadura (Figura. 10.26 e 10.29 a 10.31). Este avanço resultou da acumulação de sedimentos, transportados longilitoralmente, de encontro ao molhe norte do porto da Figueira da Foz. Tais sedimentos são sobretudo provenientes da zona costeira a norte do cabo Mondego. Abecasis et al. (1992) apresentam resultados de estudos que, recorrendo à marcação de areias através de radioisótopos, permitiram verificar a existência de transporte sedimentar ao longo do Cabo Mondego.
Em contrapartida, meia dúzia de anos depois, a sul da foz do Mondego começaram a sentir-se os primeiros efeitos da erosão, logo após a edificação dos molhes. Junto a Cova, registou-se um Estudo Sintético de Diagnóstico da Geomorfologia e da Dinâmica Sedimentar dos Troços Costeiros entre Espinho e Nazaré, registando-se um agravamento acentuado do recuo da linha de costa (Figura. 10.32), sendo inclusive apontados valores extremos de erosão da ordem dos 30m/ano em 1976 (Duarte & Reis,1992).
Os molhes, embora essenciais para recuperar o porto da Figueira, não foram suficientes, só por si, para lhe dar a operacionalidade necessária. Sempre foi necessário proceder a dragagens regulares na zona da barra, no anteporto e no canal anterior desde a povoação da Gala (no braço sul) até montante da ponte rodoviária.
Posteriormente, foram construídos dois paredões, em 1975 (Duarte & Reis, 1992) e vários molhes perpendiculares à costa, em 1977, tentando fechar o mais possível a embocadura à entrada de sedimentos provenientes da deriva litoral.
Nos anos 70 realizaram-se várias obras na bacia do Mondego, com o objectivo de reter e regularizar os caudais sólidos e líquidos, no âmbito de um vasto projecto para defesa e irrigação dos férteis terrenos desta planície aluvial, para o que era necessário, tanto quanto possível, minimizar as cheias do rio (Hidroprojecto, 1983). Estas obras tiveram como consequência uma ainda maior diminuição dos caudais do rio, deixando este de apresentar força de corrente para se opor à entrada da maré. Assim, a circulação interna do estuário tornou-se ainda mais dependente do regime mareal. Desde essa altura, até à actualidade, continuaram as múltiplas intervenções quer na bacia do Mondego, quer no estuário, as quais prosseguem nos dias de hoje.
O avanço da linha de costa a barlamar do molhe norte continuou na década de 70, ainda que em meados dessa década já só se registasse uma acreção de cerca de 2m/ano junto ao Forte de Santa Catarina, enquanto que, em Buarcos, o avanço se situava em cerca de 20m/ano (Duarte &Reis, 1992). Segundo Vicente (1990), desde 1962 até 1980, a largura da praia aumentou cerca de 440m (24,4m/ano) junto ao molhe da Figueira da Foz e cerca de 180m (10m/ano) na zona de Buarcos, tendo a área total emersa aumentado, em maré alta viva, cerca de 60ha. A partir de 1980 a posição da linha de costa tende a estabilizar, sendo inclusive registados, no final dos anos oitenta, taxas de recuo da ordem dos 3m/ano a 5m/ano (Duarte & Reis, 1992). Esta inflexão no comportamento do litoral adjacente, por barlamar, aos molhes do porto da Figueira está seguramente relacionada, pelos menos parcialmente, com as explorações de areias que Santana Lopes pôs termo na sua primeira passagem como presidente de câmara da Figueira da Foz.
Na zona a sotamar dos molhes de entrada do porto registou-se, desde o início dos anos 60, erosão costeira acelerada, nomeadamente na zona a sul do molhe sul, onde se verificou profundo corte na duna primária, a qual, segundo Castanho & Simões (1978), foi mais tarde refeita artificialmente.
Esta situação chegou a ser muito grave nos anos 70. Com efeito, nos anos a seguir à construção dos molhes (1960/65) verificou-se intensa erosão costeira, "no lanço imediatamente a sul da embocadura do rio Mondego e em outros localizados mais a sul, especialmente no lanço fronteiro à povoação de Leirosa.
Quando esta reportagem foi feita tinha eu 20 anos. Lembro-me bem, pois a seguir ao 25 de Abril de 1974 foi eleita uma Comissão de Moradores e fui um dos membros.
Não foi possível salvar a casa da Guarda Fiscal. Todavia, a outra casa que aparece na reportacem foi salva graças à engenharia militar, que fez deslocar de Espinho uma brigada que teve um actação rápida e eficaz. A tal pornto que a casa ainda lá está.
Foi com os homens que apareceram na repostagem que eu aprendi a dar a atenção que os problemas da erosão costeira deveriam merecer dos figueirenses e do poder político.
A partir de 2010 mais um erro. Apesar de todos os avisos que, devido tempo, foram feitos, a que ninguém com responsabilidades, ligou. Apesar de algumas vozes discordantes – principalmente de homens ligados e conhecedores do mar e da barra da Figueira – foi concluído o prolongamento do molhe norte.
Coitado!..
Maló de Abreu foi "obrigado" a ir para o Chega, mas está "tranquilo"
Nota de rodapé.
10 de Janeiro, 18h14:
10 de Janeiro, 22h50:
11 de Janeiro, 17h57:
19 de Janeiro, 21.06:
Oh Melo, fecha a matraca: nem boa noite digas!...
Pedro Nuno Santos está a ser cilindrado na praça pública, por causa da TAP.
Nuno Melo, chefe (mas pelos vistos pouco...) do agonizante CDS/PP, "uma espécie de líder que mais parece telecomandado politicamente por Paulo Portas", consegue o feito de mudar o foco da agenda mediática, enterrando a coligação...
"Caiu na casca de banana", lamenta-se no PSD!
Oh Melo, continua a dizer boa noite!.. O Ventura agradece...sábado, 20 de janeiro de 2024
A edição deste ano da Figueira Champions conta com algumas das melhores equipas de ciclismo do mundo
Estará presente "o belga Remco Evenepoel, terceiro melhor ciclista da atualidade. Os portugueses Rui Costa e João Almeida são outros dos nomes sonantes que vão percorrer o concelho da Figueira da Foz no dia 10 de fevereiro."
Via Diário as Beiras
sexta-feira, 19 de janeiro de 2024
Vão “rolar” na Figueira Champions alguns dos melhores ciclistas do mundo
Via Notícias de Coimbra
"O belga Remco Evenepoel, da equipa Soudal Quick-Step, é o principal cabeça de cartaz da edição 2024 do Figueira Champions Casino Figueira que se realiza a 10 de fevereiro na Figueira da Foz. Para além do número 3 do ranking da World Tour da União Ciclista Internacional (UCI), estão garantidas as presenças das equipas UAE Team Emirates, onde corre João Almeida, e da Movistar, onde está o ciclista português Ruben Guerreiro.
Este ano, a Figueira Champions Casino Figueira contará com a presença de 10 equipas, mais 4 do que em 2023. A principal novidade reside no facto dos ciclistas terem de efetuar 4 voltas ao circuito final que tem como principal caraterística a passagem pela rua do Parque Florestal e a estrada de Enforca-Cães. “Tratam-se das duas principais subidas da prova que irão servir para definir o vencedor da prova”, garante o diretor Carlos Pereira.
Antes dessas quatro voltas, que levam a que a extensão da clássica supere os 221 quilómetros, os ciclistas presentes irão passar pelas freguesias do concelho. A partida simbólica está marcada para as 11:25 junto à Torre do Relógio. Nesse percurso, com a extensão de 90 quilómetros, estão previstos três prémios especiais com valor monetário no Monumento de Seiça, Marinha das Ondas e Moinhos da Gândara.
Na apresentação, o diretor Carlos Pereira salientou o facto de que, entre 2023 e 2024, a Figueira Champions Casino Figueira ter subido de divisão na UCI, passando a ser uma das competições que integra o calendário internacional."
Abençoadas eleições
«A duplicação do ramal de Alfarelos está em fase avançada de projecto, conforme anunciou o secretário de Estado Adjunto e das Infraestruturas, Frederico Francisco, com este investimento a beneficiar a ligação ferroviária à Figueira da Foz (até B Lares) e a ligação à Linha do Oeste.
“O ramal de Alfarelos está, neste momento, em fase avançada de projecto”, estando o lançamento do concurso da duplicação e modernização para este ano, e a conclusão prevista para antes da primeira fase da linha de alta velocidade Porto-Soure, que implicará a duplicação da Linha do Norte entre Taveiro e Coimbra. Quanto à possibilidade de abertura de mais serviços entre Aveiro e Coimbra, quando a linha de alta velocidade estiver concluída, Frederico Francisco disse que tendo “um horário cadenciado de comboios regionais de hora a hora, não é dos sítios do país onde, neste momento, haja uma maior necessidade de aumento de oferta”.
Já sobre se não é mesmo possível reverter a decisão encerramento da actual estação de Coimbra A, Frederico Francisco confirmou que “não”, em declarações à agência Lusa. “Quer dizer, possível é sempre, ela tem é um custo que nós achamos que é inaceitável. O custo seria atrasar a entrada em funcionamento do Sistema de Mobilidade do Mondego durante vários anos, um sistema que já está muito atrasado e que faz falta à população já há muitos anos”, referiu.
O ramal de Alfarelos é um caminho-de-ferro de linha larga, com cerca de 16,5 quilómetros de extensão, que une as Estações de Alfarelos, na Linha do Norte, e Bifurcação de Lares, na Linha do Oeste. Estabelece também uma importante ligação entre estas duas linhas, completando a ligação ferroviária entre Coimbra e a Figueira da Foz, permitindo o acesso directo à Linha do Oeste de tráfego proveniente do Norte. Foi construído pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, tendo sido aberto à exploração em 8 de Junho de 1889. Entre Lares e Reveles, a linha atravessa duas pontes da vala do Campo, com uma distância de cerca de 100 metros entre elas; no troço entre Reveles e Verride, existem dois pontões. A linha passa, entre Marujal e Montemor, por outras três pontes, da Vala Real 1, do Rio Soure, e da Vala Real 2. No troço de Montemor a Alfarelos, a linha apenas possui um pontão, de Montemor-o-Velho.
O ramal é percorrido por serviços entre as Estações de Coimbra-B e Figueira da Foz, com paragens em Alfarelos, Montemor, Marujal, Verride, Reveles, e Bifurcação de Lares.»
Mais um “outdoor” vandalizado: PSD/FIGUEIRA denúncia e lamenta
Exposição itinerante «Intervenientes de Abril», irá percorrer todas as freguesias do concelho
Via Município da Figueira da Foz
"Cinquenta anos depois da alvorada de abril, a Assembleia Municipal da Figueira da Foz promove, em colaboração com o Arquivo Fotográfico Municipal, a exposição itinerante «Intervenientes de Abril», que irá percorrer todas as freguesias do concelho, já a partir do dia 22 de janeiro.
quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
A imprensa privada tem futuro?
Com a crise aguda que se vive no Global Media Group e no momento em que se está a realizar Congresso de Jornalistas, esta crónica de Pedro Tadeu, publicada no Diário de Notícias, parece interessante e oportuna.
"A imprensa privada portuguesa, por falta de capital, não consegue, neste momento, garantir uma cobertura noticiosa permanente, nobre e diversificada de todo o país, não trabalha para a coesão do território. Limita-se, quando o faz, a acompanhar matérias de crimes, acidentes, tragédias e alguns fait-divers.
A imprensa privada portuguesa, por falta de capital, não consegue noticiar consistentemente a atividade de vários parceiros sociais: das universidades, dos sindicatos, das associações patronais, das instituições de solidariedade social, das igrejas, dos movimentos ecologistas, antirracistas, de proteção dos direitos dos deficientes, das coletividades de cultura e recreio, das associações desportivas e das modalidades desportivas que estão fora do futebol, de muitas outras áreas de atividade que mobilizam inúmeros portugueses e são ignoradas na esmagadora maioria dos jornais e nos respetivos sites.
A imprensa privada portuguesa, por falta de capital, quase só notícia a atividade e o conflito político autárquicos quando o Ministério Público faz o favor de anunciar a abertura de um inquérito judicial a um presidente de Câmara.
O Portugal da imprensa privada acompanha bem a atividade palaciana do grande poder político-económico e dos seus satélites, das maiores instituições públicas e privadas, das vedetas e dos VIP, do que está em voga nas elites, mas não noticia o Portugal dos portugueses comuns.
A imprensa privada portuguesa, por falta de capital, não consegue acompanhar o ritmo da atividade, por todo o país, protagonizada por milhares de artistas e intelectuais, em milhares de produções de espetáculos, de exposições, de eventos, de lançamentos de livros, de edições musicais, de conferências, omitindo múltiplas tendências culturais e cívicas da sociedade. Mas acompanha bem fenómenos mediáticos transnacionais, nomeadamente de origem anglo-saxónica.
A imprensa privada portuguesa não consegue garantir, de forma crónica, apesar do esforço das suas redações e de algumas iniciativas editoriais inovadoras, uma participação própria nas redes sociais que seja um mecanismo eficaz contra a proliferação do boato, das campanhas de ódio e da desinformação.
A imprensa privada portuguesa, quase toda, por falta de capital, não cobre com qualidade, persistência e profundidade o noticiário de um grande número de países de língua portuguesa, nem das comunidades portuguesas radicadas no estrangeiro.
A imprensa privada portuguesa não tem um papel central na defesa e na promoção da nossa língua.
A imprensa privada portuguesa não cobre diária e sistematicamente o noticiário interno de cada um dos países da União Europeia. Reproduz sem contraditório as decisões das cúpulas institucionais da União Europeia, nem fiscaliza o seu imenso poder. Acaba por dar mais noticiário norte-americano do que de países europeus.
A imprensa privada, quase toda, não consegue libertar-se da dependência da banca, do setor financeiro, dos anunciantes das grandes empresas, o que limita a sua independência editorial.
A imprensa privada portuguesa, por falta de capital, não consegue, há já muitos anos, garantir postos de trabalho e contratos equilibrados entre as várias profissões e as várias funções envolvidas no jornalismo, com muitos contratos a prazo, muitos salários degradados, alguns exageradamente inflacionados, múltiplos despedimentos coletivos e muitos outros seletivos. E, agora, já nem consegue pagar ordenados a tempo e horas...
Se, por milagre, a imprensa privada portuguesa, toda ela, arranjasse depressa o capital que lhe falta, garantiria o seu futuro, mas a viabilidade económica desses projetos implicará sempre recusar fazer muitas das missões informativas que, por imperativo financeiro, foram abandonadas há já vários anos...
Neste momento, a propósito da crise no Global Media Group e da realização do Congresso dos Jornalistas, que começa amanhã, volta a discutir-se a possibilidade de haver jornais de serviço público ou de propriedade do Estado. Mas o debate está envenenado por se focar nas mesmas questões que se discutiam em 1991, quando o DN, onde escrevo, voltou a ser privado.
A realidade é completamente diferente, as necessidades da sociedade atual são outras e, simplesmente, a imprensa privada não consegue, nem nunca conseguirá, cumprir plenamente a missão que antigamente se esperava dela. Tem outro papel, fulcral, importante e necessário, mas deixa uma lacuna no país. É por isso que a ideia de um jornal de serviço público, que faça o que privado não pode fazer, deveria ser discutida sem preconceitos anacrónicos."