quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
Da economia política das iniciativas liberais
Vai uma lição rápida?..
Aos betos da IL e ao povo neoliberal que não sabe que o é!
(Hugo Dionísio, in CanalFactual, 11/12/2023)
"Como se esperava, Milei veio com a teoria do choque. Quem não a conhece? Quem não a esperaria? Talvez os betos da IL e demais liberais. A técnica desta gente é sempre a mesma: “Agora é que é”; “primeiro vai doer muito, mas depois vai sarar”… Para todos descobrirmos, uma e outra vez, que o “Agora” quer dizer “para sempre” e o “depois vai sarar” quer dizer “amputação”. Como charlatanice que é, para o pobre enganar, enquanto o rico mais rico fica, só resta continuar a enganar… Uma e outra vez! Como o bruxo com a sua bola de cristal. Só que desta, o bruxo usa fatinho azul, camisinha branca e cabelinho lambido.
A teoria do choque é a teoria mais praticada nos últimos 60 anos, com menos resultados obtidos. É como a terra prometida de Israel; para eles, o céu, para os outros um inferno. O liberalismo e a teoria do choque nem no papel funcionam. O que é grave e demonstra a charlatanice, em que consiste. Ainda parece que estou a ouvir Portas (ex-governante do CDS da direita cristã e reacionária) dizer que Bolsonaro só poderia acertar… Também ouvi dizer o mesmo de Milei… Dos mesmos de sempre… Daqueles que os ricos contratam para serem apresentados aos pobres comos eus salvadores.
Imaginem um cientista fazer a mesma experiência todos os dias, sempre da mesma forma, à espera de resultados diferentes! Os liberais prometem sempre o paraíso, mas ele só chega para os 10% mais ricos… Invariavelmente. Para os outros, um inferno sem fim!
Agora que sabemos vir aí borrasca da grossa para o povo argentino, quer ver o que vêm dizer os betos da IL e os liberais do costume, quando tudo começar a dar para o torto. Para começar, um deles, já veio dizer que não é neoliberal. Só me resta dizer: coitado, quer governar um país e nós sabemos melhor o que ele é, do que ele próprio.
Vai uma lição rápida: o liberalismo, como doutrina económica, surgiu no século XVIII, em pleno iluminismo. Foi muito moderno, há 300 anos! O que nos apresentam como moderno, é a coisa mais bafienta que podemos imaginar! Pior que isto só a salvação das almas e a inquisição. Que era a teoria da pilhagem, quando ainda não se chamava teoria do choque.
Para os betos que criticam o PCP de ultrapassado… Como teoria económica e social, o Marxismo é muito mais moderno (século XIX) e, falando de modelo orgânico partidário, o partido de novo tipo idealizado por Lenine, é o mais moderno de todos. Os partidos “liberais” adoptam todos uma estrutura orgânica, com pelo menos 300 anos, se não quisermos ir à Roma da República ou à Grécia de Sócrates.
À data, perante o advento dos ideais de libertação (na revolução francesa), os fisiocratas (os que consideram deverem ser os proprietários a governar) foram obrigados a encontrar uma forma mais suave de dizer: a burguesia tem de ter acesso livre ao dinheiro e à riqueza. A forma encontrada foi o liberalismo, cruzando-o com o laicismo, os direitos individuais e a “democracia” liberal.
De lá para cá, nunca o liberalismo funcionou para os pobres. Como doutrina de exploração, elevou a base material e deu gás ao capitalismo, contudo, nunca libertou os pobres da pobreza. Os países mais liberais, são também os que mais miséria têm. Vejam-se os EUA, Colômbia, Inglaterra… Quanto mais liberalismo, menos estado, quanto menos estado, menos capacidade de redistribuir riqueza produzida com o trabalho. É assim. Quanto mais pesa o estado na economia, melhor para os pobres, desde que o estado seja bem governado, claro.
E a história prova também que o liberalismo económico é compatível com o fascismo. Pinochet e as ditaduras sul-americanas do século passado estão para a história humana da economia, como os campos de concentração nazis para a história política. Nunca o deveríamos repetir, não obstante, há sempre alguém que, por ganância, o prometa. Israel reergue o nazismo, Milei, a IL e os liberais do costume, reerguem as piores facetas de terrorismo económico. Sendo que, o nazismo e o sionismo também convivem com o terrorismo económico liberal. Israel é um exemplo disso mesmo, o único país da OCDE que consagra 6 dias semanais de trabalho e 45 horas de período normal de trabalho semanal.
A determinada altura, perante a falência teórica do liberalismo, surgiu o neoliberalismo (consenso de Washington). Sabendo-se, de ciência certa, que aquele liberalismo, idealizado por Adam Smith, de pequenas empresas e concorrência leal, era uma utopia, devido à tendência para a concentração da riqueza… Os neoliberais assumiram, frontalmente, a sua contenda: o estado é um inimigo pois usa dinheiro que poderia ser nosso! Com a queda da URSS já se podiam dar ao luxo de passar à fase seguinte do processo de exploração: a da pilhagem dos seus próprios povos e em ritmo acelerado.
A partir daí surgiram os Chicago Boys de Friedman e a teoria do choque económico. O liberalismo falhou? Não faz mal, damos-lhes com liberalismo a decuplicar. Os resultados são conhecidos no mundo inteiro. Ricos muito mais ricos, pobres ainda mais pobres, em qualidade e em quantidade. Não existe um único exemplo para ser apresentado, como exemplo de sucesso. Todos os exemplos de liberalismo, que os liberais e os superbetos da IL, utilizam, não passam de exemplos de economias liberais limitadas por estados providência (Holanda, países escandinavos…). Ora, das duas, qual é aquela que os superbetos não gostam? Vejam lá se os superbetos pegam em exemplos dos EUA, Colômbia, ou Chile de Pinochet, ou da Rússia de Ieltsin? Está quieto!
Não obstante, os betos da IL, não sei se por falta de estudo, de inteligência ou por viverem em circuito fechado – entre CEO’s, COO, CTO, CFO e outros C’s que só servem para se distinguirem e competirem selvaticamente uns com os outros, enquanto quem neles manda esfrega as mãos de contente, para, de forma tão fácil, lhes entregarem as suas vidas, em prol da sua riqueza – foram a correr dar os parabéns a Milei
Ou seja, foram a correr dar os parabéns a alguém que prometeu ainda mais inferno, quando há uma semana ganhou umas eleições a prometer o céu!
Claro que, com tal atitude, não apenas comprovaram a inexistente distância entre as doutrinas reaccionárias e o liberalismo que advogam, como demonstraram, também, o que pretendem, realmente, para o país que dizem querer governar.
Milei não enganou ninguém. Trabalhar para o Fórum Económico Mundial é a chancela top do governante neoliberal. Se não o for, não trabalha lá. Ponto Final.
Mas Milei também foi dando muita informação sobe as suas pretensões económicas. Nada que assustasse os betos da IL. Todos sabemos que são filhos de Passos Coelho e companhia. Se na troika pudemos ter um cheirinho do que é a governação neoliberal, com Milei, provavelmente, depois de Chile, Brasil, Argentina, Rússia, e muitos outros, vamos voltar a presenciar ao vivo e a cores o terrorismo económico em prática: a teoria do choque!
Parece que já estou a ver o betos da IL e demais liberais da praça (que vão do PS/Livre ao Chega (nuances relativas aos costumes à parte)) a darem o dito pelo não dito e dizerem: a culpa não é de Milei, a culpa é de quem não o deixou trabalhar! Deles é que nunca é!"
Como têm dinheiro, a comunicação social, as redes sociais e os comentadeiros da ordem, não obstante o logro, lá irão continuando a prometer o que não defendem e a defender o que nunca prometem, mas querem concretizar. No final, o rebanho neles continuará a votar e todos ficarão contentes, porque é a “democracia”.
Não fiquem, pois, em choque!"
quarta-feira, 13 de dezembro de 2023
Mais do mesmo?.. As eleições são em 10 de Março...
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) anunciou ontem que elaborou o projeto de execução, estudo de impacte ambiental e análise do custo/benefício da intervenção para a alimentação artifi cial de praias no troço costeiro a sul da Figueira da Foz. Nomeadamente, entre a Cova-Gala e a Costa de Lavos. Entretanto, em novembro último, adiantou ainda a APA, foi submetida uma candidatura ao Programa Ação Climática e Sustentabilidade, “com o objetivo de obter cofi nanciamento comunitário para a empreitada de alimentação artificial” das referidas praias do concelho da Figueira da Foz. Aguarda-se pelo resultado da candidatura e pela data do arranque dos trabalhos.
“É época de Natal, é uma boa notícia... Vejo mais como época de Natal do que como época de eleições. Vejo sempre as coisas pelo lado bom. E sei que o engenheiro Pimenta Machado [vice-presidente da APA] tem-se esforçado para que o projeto se concretize. Demorou, mas agora acho que vai”, reagiu o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes, em declarações ao Diário as Beiras.
Pedro Nuno Santos
«Em entrevista ao Jornal de Notícias, Pedro Nuno Santos, candidato a líder do Partido Socialista, não descarta pontes com o PSD, mas rejeita viabilizar um governo social-democrata.
O candidato à liderança do PS afasta "equivalências" entre os partidos de esquerda e o Chega, e ainda, elogiou os acordos governativos com o PCP e o BE. O socialista defende a habitação como bandeira na sua campanha ao partido e ao país.»
Diário de Notícias, 30 de Novembro de 2023:
«O ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos voltou a afastar qualquer hipótese de acordos de governação ou incidência parlamentar com o PSD caso venha a ser eleito secretário-geral do PS, apontando ao partido liderado por Luís Montenegro uma "trajetória de radicalização" por estar preocupado em competir com o Chega pelo eleitorado de direita".»
O veto ao cessar-fogo e o descrédito dos valores ocidentais
Ninguém, no seu perfeito juízo, pode acreditar que a continuação destes ataques que matam civis indiscriminadamente representa um caminho para a paz.
terça-feira, 12 de dezembro de 2023
O Picadeiro: saudade é isto mesmo - “é tudo o que fica, depois de tudo morrer”
Com a devida vénia, fica arquivado neste blog/baú este excelente texto, "onde Pedro Biscaia expressa gratidão ao Fernando e Isabel, pela criação de um lugar de memória e memórias".
Em boa verdade, dessas matérias não sei absolutamente NADA !
Todavia, o que facilita a missão de que fui incumbido, é a circunstância de ter conhecido e partilhado um lugar, que sempre foi muito para além do que um mero restaurante. Ali, à volta da mesa, todos aprendemos uns com os outros, num espaço de cultura que, tal como disse não sei quem, -“é o que fica, depois de tudo se esquecer”. O Picadeiro foi, provavelmente, o último herdeiro de uma rede de locais que ajudaram a construir a identidade da Figueira do sec. XX, nas tascas de raiz popular guardadas na memória coletiva da cidade, tais como o Púcaro e a Gaivota na Rua 10 de agosto, o Manel da Parreira e o Gato Preto, ali perto do Cais, o Barril na rua da República, o Barracão no Casal do Rato, o Socorro de Inverno na rua da Restauração, os Papagaios no mercado, o icónico 37 na rua dos Pescadores, a Adega Praia em Buarcos… estações de um roteiro iniciático de sociabilidade de várias gerações. E, além delas, as tabernas como o Feteira ou o Niza, a primeira preferida pelos marítimos e a segunda pelos estivadores ou ainda os cafés frequentados por tribos próprias, com clientes de condição social diversa e onde eram patentes as tendências políticas (mesmo às escondidas) clubísticas e sociais. A Nau era dos funcionários públicos, dos adeptos da Naval e, depois do 25 de abril, de ativistas de posicionamentos mais à esquerda. A Brasileira tinha a preferência dos apaniguados do Ginásio e do Sporting Figueirense e de uma elite pequeno-burguesa de bancários e comerciantes, da parte antiga da Figueira. O Café Brasil (conhecido por Zé do Lixo) era o apoio privilegiado dos passageiros das camionetas da rodoviária, que ali paravam. No Bairro novo, o Nicola, a Cristal, a Império, o Oceano ou o Europa tinham frequentadores diferentes entre si e todos eles eram diferenciados da clientela conservadora da Caravela. O Arnaldo era um poiso muito peculiar, onde se bebia e petiscava ao balcão e o anexo da Mercearia Encarnação era um recanto mais sossegado e discreto, no fim da tarde. Havia ainda, nas imediações da estação, a “Capela do Sol”, do Manuel Lopes, que tinha estatuto de santuário de tertúlia bairrista (mas com acesso restrito) e, na rua da República, o Café Paris, este, indicado para cavalheiros mais carentes de mimos e licores…
Neste roteiro de lugares, estava subentendido um código definidor de identidades específicas, um respeito por territórios conotados e, também, a procura dos que nos estavam mais próximos. Em todos eles, na sua diversidade, havia tertúlias quase sempre masculinas e, aos domingos, eram transformados em seletos salões familiares de galão morno e torradas com manteiga. Tudo isto eu o digo, apenas a escorropichar a memória do meu tempo *, sabendo que há quem o tenha estudado com profundidade e rigor. Por exemplo Guida Cândido (hoje reputada investigadora nesta área do saber) tem um estudo publicado, em 2014, pelo município da Figueira, sobre a célebre Tertúlia “Coração, Cabeça e Estômago” fundada por António Augusto Esteves, nos anos 30, e compartilhada por vultos figueirenses como Joaquim de Carvalho, Cardoso Marta, António Piedade, Mário Augusto e outros, cuja constituição e atividade cultural e gastrónoma, expressa em atas descritivas, vale muito a pena conhecer. Posteriormente, já nos anos 80, também existiu o Círculo de Gastronomia e Cultura da Região da Figueira, sob a égide de João de Lemos, Marcos Viana e Albarino Maia, em cujo estatuto se pode ler “Círculo porque todos são iguais, usufruem os mesmos direitos e deveres, todos ao redor da mesa partilham do mesmo pão (…) e Cultura porque gastronomia também é cultura”.
Ora, o Picadeiro foi o seguidor desse espírito gregário e de convivência, para além do cuidado posto nas ementas de referência tradicional, graças a perseverança do Fernando e da Isabel, em parceria com as imprescindíveis cozinheiras, com destaque para a Cristina, e os sucessivos empregados como o Gervásio, o Renato, o Rafael ou o Marcos, que levavam até à mesa, travessas de apuradas tentações. Por isso, estes dois nossos amigos, para além de proprietários e gestores de um restaurante foram, implicitamente, agentes culturais e catalisadores da sociabilidade democrática figueirense, onde todos encontraram um acolhimento feito de qualidade, simpatia e descontração, numa pluralidade de género, idade ou condição. Nessa medida, foi um lugar de culto, um pára raios de amizades, um aconchego para algumas solidões, uma praça de intercâmbios, onde pontificaram figuras tutelares da mesa e da conversa, como o Mário Moniz Santos ou o Joaquim Gil que, lamentavelmente, já não estão aqui.
A própria escolha do nome do estabelecimento - Picadeiro - remete para o mais conhecido espaço público de sociabilidade da Figueira, o mais antigo segmento pedonal da rua Cândido dos Reis, outrora poeticamente denominada rua da Boa Recordação, a âncora do Bairro Novo de Stª Catarina, qual passerelle de acesso ao Casino Peninsular, quando este era um edifício digno e frequentado pelo glamour de veraneio e quando o espaço comum de circulação era respeitado, ao contrário da ocupação desenfreada que hoje lá vemos. E, curiosamente, o “Picas” fica na esquina da rua que evoca o Académico Zagalo, o jovem estudante que comandou a libertação do Forte de Stª Catarina do jugo napoleónico, em 1808, e a rua Dr. Francisco Dinis, homem de visão larga, que foi um dos fundadores da Companhia Edificadora Figueirense, no final do sec. XIX. Ou seja, está na confluência toponímica da ousadia, da liberdade, do empreendedorismo e do amor ao desenvolvimento da nossa terra. Ele há cada coincidência…!
O “Picadeiro” do Fernando e da Isabel, o nosso “Picas”, era, também, uma espécie de casa familiar comum, onde quase todos se conheciam, pelo menos de vista e onde perpassava uma solidariedade entre pares. No meu caso pessoal, posso confessar que todas as minhas namoradas tiveram que lá ir à amostra e com o intuito de que melhor entendessem o que as palavras e até os gestos, nem sempre conseguem explicar. Ora, esse estatuto de casa de família, íntima, acolhedora, despojada de formalismo, com as paredes cobertas de lembranças como um álbum de fotografias, era o que sabíamos que podíamos esperar do Picadeiro e por isso, o fazíamos, um bocadinho, coisa nossa. Eramos todos dali, como nunca o fomos de outros lugares onde nos sentámos à mesa para comer. Era o lugar a que sempre regressávamos, à espera de um sorriso conhecido (como no verso do Manuel António Pina “regresso devagar ao teu sorriso como quem volta a casa”…), da graçola repetida, da novidade segredada, do picante da crítica figueirense, da lamúria do estado das coisas, da partilha do sentimento. Ali celebrámos vitórias e enterrámos derrotas, discutimos vinhos - eu não, claro… - vaticinámos resultados desportivos e eleitorais e sempre nos despedimos uns dos outros, até à próxima vez. Recomendávamo-lo a outros amigos e conhecidos, com palavras de confiança e até o atrevimento de sugerir que, quando lá chegassem, dissessem que iam da nossa parte.
Isto não tem preço ! Isto não consubstancia uma mera transação comercial !
O segredo do Fernando e da Isabel, na criação e sustento deste ambiente diferenciado e tão humano, esteve na paixão com que se entregaram ao seu projeto e o bom resultado foi o que se viu, com claro e indelével contágio em todos nós. Faz-me lembrar aquela história que conta que o jovem Kaiser Guilherme II da Prússia terá perguntado ao seu mestre de equitação, o que era mais importante: se a técnica, os arreios ou a montada. E este ter-lhe-á respondido: - a paixão do cavaleiro, Sire…a paixão; o resto vem tudo atrás!
Sim, foi um privilégio de vida passarmos pelo nosso “Picas”, porque ali cada um foi o que já era e o que recebeu dos outros e, assim tendo sido, aqui estamos a agradecer, com um sentido abraço, a quem foi nosso cúmplice na construção de amizades para a vida e nos proporcionou momentos de genuína felicidade.
Esse é o verdadeiro sedimento das coisas essenciais !
Ficamos agora, momentaneamente, despernados, com a bússola sem norte, talvez até com sentimento difuso de orfandade, mas… como cantava o Fausto “atrás dos tempos vêm tempos e outros tempos hão-de vir!”
Eis, como um gajo que de comida e bebida nada sabe, teve o desplante de vos servir esta caldeirada de afetos, com tempero de alegria, uma pitada de memória e um toque discreto de nostalgia.
*
E para acabar, parafraseando o Márinho, que de pequeno só tinha o diminutivo, digo agora:
“Ah meninos…!” vai um brinde à Isabel e ao Fernando!"
Costa e Montenegro
Deputados do PS, PCP e BE apelam a cessar-fogo imediato no Médio Oriente
Via Jornal Público
Os deputados apoiam uma resolução da ONU de 27 de Outubro que pede uma trégua humanitária EPA/MOHAMMED SABER |
«Mais de 20 deputados do PS, PCP e Bloco de Esquerda (BE) subscreveram esta segunda-feira um apelo por um cessar-fogo “imediato, duradouro e sustentado” na Palestina e em Israel para acabar com a “actual escalada de violência”.»
segunda-feira, 11 de dezembro de 2023
A frágil casa comum
«No país do Tio Sam, a prioridade é o financiamento da guerra israelita. A política mais cínica não muda, quer se trate do futuro do Planeta ou de um povo.
Os mais frágeis perderão sempre».
"O Bypass Político na Figueira da Foz: Entre as Ondas do Mar e as Correntes Políticas"
Miguel Pereira, ex-vereador da Câmara Municipal da Figueira da Foz
"A política é uma arte complexa, onde não há verdades absolutas, mas escolhas a serem feitas. Enquanto as ondas do mar continuam a bater nas praias da Figueira da Foz, a comunidade observa atentamente, esperando que as águas políticas se acalmem, trazendo consigo uma nova era de transparência e colaboração na construção do futuro do concelho. O futuro da política figueirense permanece incerto, e a comunidade aguarda não apenas palavras, mas ações concretas que acompanhem as necessidades urgentes da proteção costeira. O povo merece uma navegação política que não só apazigue as águas turbulentas, mas que também construa um futuro sustentável e resiliente para a Figueira da Foz.
A propósito da homenagem a Mário Soares: para que serve uma vida?
Mário Soares teve um percurso político que foi, digamos assim, pragmático: "foi comunista antes de ser anticomunista, foi contra a NATO antes de subscrever a Carta do Atlântico, foi defensor da nacionalização de sectores económicos estratégicos antes de condenar a sua execução, foi aliado da administração norte-americana antes de se tornar adversário de Washington, foi contra governos de iniciativa presidencial antes de advogar um executivo de salvação nacional promovido por Belém, foi contra a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antes de rejeitar a procura no hemiciclo de uma solução governativa e, pelo contrário, dissolver a Assembleia da República e convocar eleições, foi o introdutor em Portugal de dois pacotes de austeridade antes de tomar posição contra um terceiro, foi pró-ocidental antes de desfilar ao lado de companhias altermundialistas, foi o homem público reformado que prometeu não regressar à política activa meses antes de se apresentar como candidato presidencial".
Sabendo-se, como se sabe, o lugar que Mário Soares ocupa na História de Portugal, uma homenagem promovida por iniciativa de um Presidente de Câmara da Figueira da Foz, merece especial atenção de quem vive e sente a Figueira.
Temos um ano pela frente.
Santana Lopes tem muito a ver com Mário Soares.
Vejo em ambos algo em comum: a capacidade de chegar aos eleitores, mais pela sua maneira de ser do que pela ideologia. E, ao mesmo tempo, pelo menos em determinado períodos - nomeadamente, eleições - serem capazes de mostrarem uma moderação e um equilíbrio que sensibeliza os votantes quando têm de escolher.
Mário Soares no País. Santana Lopes, sobretudo na Figueira.
A definição de Liberdade, enquanto grau de independência legítimo que um cidadão, um povo ou uma nação elege como valor supremo e como ideal, bem como a condição de não submissão a qualquer força constrangedora, física ou moral, remete-nos para a obra de Agostinho da Silva, que nos fala da missão de Portugal: "libertar-se e libertar o mundo, cumprindo-se, assim, na sua identidade universal e fraterna."
Todavia, Liberdade é, igualmente, a possibilidade que um indivíduo tem de se exprimir de acordo com a sua vontade, a sua consciência e a sua natureza.
Daí que Agostinho da Silva "apele ao não conformismo e ao pensamento próprio e proponha uma reflexão aprofundada sobre a importância da liberdade". Isto é: "fazer coincidir o pensar com o ser."
Agostinho da Silva ensinou (a quem quis aprender) "que a utopia não é o impossível, mas somente aquilo que ainda ninguém conseguiu fazer."
Num mundo sufocado pelos actuais modelos económicos, políticos e sociais, baseados no lucro e na concorrência selvagem, quer sejam vividos em democracias ou autocracias, para alguns existe a consciência da limitação de liberdade.
Numa sociedade em que se vive oprimido por diversos constrangimentos e os direitos de cada de cada um de nós são reprimidos, Agostinho da Silva sublinhava: «não basta para ser livre, que se tenha liberdade política. A liberdade política é perfeitamente ilusória enquanto se não tem liberdade económica».
Nunca deixou de reforçar a ideia: «o caminho é o de pegar na máquina e pô-la ao serviço, não de uma nova escravidão, mas dos homens. Meter homens a servir as máquinas e com essas máquinas e com esses homens servir outros homens e outras máquinas, mas para efectivamente nos dar a tal liberdade de ser poeta à solta».
Mário Soares foi um “cidadão do mundo, e no mundo era conhecido como um líder marcante, democrata e socialista”.
Por conseguinte, foi um cidadão poderoso. E o que fez com o Poder?
Continuando a citar Agostinho da Silva.
«Vamos ver como é isso da entrada de Portugal na CEE. Se é um bebé que se vai acolher nas mãos de uma ama ou se é, pelo contrário, alguém, a Península, que vai dizer à Europa como é que ela se tem de humanizar».
A União Europeia foi pelo caminho do federalismo criado apenas numa base utilitarista e economicista. Daí a fragilidade da sua construção, o presente difícil e o futuro desconhecido.
Vivemos num mundo obcecado com a produtividade, a eficiência e os lucros. Perdeu-se em humanização e em liberdade cultural de cada um de nós.
Nos últimos anos de vida, dizem que "Mário Soares radicalizou à esquerda".
O PS, em 25 de Abril de 1974, "intitulava-se um partido à esquerda".
Todavia, nunca houve politicamente uma “maioria de esquerda”, apesar de ela existir aritmeticamente, nem houve qualquer tipo de entendimento à esquerda minimamente durável. Houve sim uma coligação com o CDS, o único que não votou favoravelmente a Constituição.
Porquê? Porque o PS de Mário Soares tinha uma estratégia muito clara da qual não nunca se afastou um milímetro: institucionalizar em Portugal uma democracia representativa, se possível de base exclusivamente parlamentar, sem qualquer tipo de cedências a qualquer outra forma de poder que não a resultante do voto popular.
«Mário Soares seguiu à risca esta estratégia, fazendo as alianças de ocasião que lhe pareceram as necessárias para a consolidar e recusando, sem problemas de consciências ou hesitações, qualquer tipo de entendimento à esquerda.
Mário Soares acreditava na solidariedade dos partidos socialistas e social-democratas europeus, acreditava no “socialismo em liberdade” e acreditava acima de tudo na Europa como palco ideal de concretização das suas ideias políticas. E continuou a acreditar, nos anos imediatamente subsequentes à Queda do Muro e à desagregação da URSS, que estavam, finalmente, reunidas as condições ideais para pôr em prática aquele ambicioso projecto político.»
Aliás, "é bom que se recorde que não foi sob o comando executivo de Soares à frente do PS que a organização económica consagrada na Constituição Portuguesa foi revista e completamente descaracterizada, mesmo tendo em conta a Lei n.º 77/77. Soares patrocinou e promoveu, juntamente com o PSD, a revisão de 1982, que no essencial consagrou aquilo que fora a sua estratégia politica depois do 25 de Abril. Mas foi com a revisão de 1989, promovida pelo cavaquismo com o apoio do PS de Constâncio que se abriu à porta às privatizações e tudo o mais que elas trouxeram. Cumprida a tarefa, Constâncio demitiu-se de secretário-geral do PS por divergências insanáveis com a família Soares, na altura centradas em João Soares."
“Portugal teve a sorte de, a seguir ao 25 de Abril de 1974, ter um homem com a visão política e o conhecimento do mundo de Mário Soares”.
Mas, para o Povo português em geral, em 2023, para que serviu isso?
Somos livres? Vivemos com confiança no futuro? Somos felizes?
Para o bem e para o mal, a carreira política de Mário Soares foi única e incomparável. A tal ponto que, como ele próprio confessou, deu para perder muitas outras coisas.
“Lembro-me que, uma vez, ainda vivia na casa da Rua Gomes Freire, teria, talvez, seis anos, fiquei estranhamente seduzido pelas pernas de uma garota de doze ou treze, filha da nossa mulher-a-dias. Comecei subitamente a acariciar-lhe as pernas e levei logo uma bofetada. Foi, que me recorde, a primeira manifestação de um interesse que, mais tarde, se manifestaria com força. Sempre fui particularmente sensível aos encantos femininos: as pernas, os cabelos, a voz, os olhos. Às vezes, quando estava já metido na política, num elétrico ou num cinema, via uma mulher que me agradava e perguntava a mim próprio: que ando eu a fazer nesta vida, a tentar salvar o mundo, desperdiçando oportunidades tão mais interessantes? (…)”
domingo, 10 de dezembro de 2023
Figueira da Foz vai ter a Movistar em estreia
As lógicas partidárias no recrutamento político numa democracia que sucedeu a uma "boa ditadura"
Estende-se do Minho ao Algarve.
Portanto, porque carga de água é que uma deputada figueirense, representante de todo o país e não apenas dos cidadãos do círculo eleitoral pelo qual foi eleita, não deveria respeitar a disciplina de voto numa votação, embora tendo acompanhado a análise dos guiões de votações no dia 17 de novembro, guião onde constava a proposta de aditamento «lançar o concurso de concessão/construção e respetiva obra do sistema fixo de transposição sedimentar (bypass) da Barra da Figueira da Foz» e teria de votar a favor de uma solução “já avaliada pela Agência Portuguesa do Ambiente como a melhor solução, quer a nível técnico quer a nível económico, considerando um horizonte temporal de 30 anos”, que apenas iria resolver um problema do concelho da Figueira, quando em todo o País existe o mesmo problema?
Há, apenas a sublinhar o seguinte:
1. Porque é que o Governo do partido da senhora deputada Raquel Ferreira, em Agosto de 2021, antecipou a divulgação do estudo sobre a transposição de areias na barra da Figueira da Foz, prevista para setembro, mês de eleições autárquicas, quando o estudo do by pass tinha sido adiado durante 20 anos?
2. Porque é que o ministro do Ambiente, na altura Matos Fernandes, de um governo do partido da senhora deputada, disse o que disse?
“Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”.
O “Estudo de Viabilidade de Transposição Aluvionar das Barras de Aveiro e da Figueira da Foz”, apresentado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), avalia quatro soluções distintas de transposição de areias e conclui, para a Figueira da Foz, que embora todas as soluções sejam “técnica e economicamente viáveis”, o sistema fixo é aquele “que apresenta melhores resultados num horizonte temporal a 30 anos”.
Recorde-se: o estudo situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros.
Portanto, a deputada Raquel Ferreira (sublinhe-se, eleita por uma lista apresentada pelo círculo eleitoral por Coimbra, mas que na Assembleia da República da República representa todo o país, e não apenas os cidadãos do círculo eleitoral pelo qual foi eleita), esteve muito bem ao acompanhar o PS na votação de uma proposta que apenas iria beneficiar uma parte ínfima de eleitorado necessário para manter a senhora deputada na Assembleia da República (eu sei que terá de passar ainda pelo crivo do partido, mas com este desempenho penso que não haverá dificuldade na sua continuidade nas listas candidatos a deputados do PS à Assembleia da República na próxima lista).
Repito: esteve bem a deputada Raquel Ferreira, pois a erosão costeira é um problema nacional. Estenda-se: do Minho ao Algarve.
Por conseguinte, enquanto não houver uma solução nacional, o quinto molhe irá continuar a servir como zona de peregrigação de todos os partidos na caça ao voto em períodos eleitorais, como o que está à porta.
Parvo é o Zé Povinho, que só olha para o seu umbigo.
Penso que já todos percebemos que se o Partido do Poder fosse o PSD e o deputado ou deputada da Figueira, a disciplina de voto funcionaria na mesma.
Vivemos num País onde o respeitinho é muito bonito, onde, neste momento, o "exemplo de «fucked up dad» é o senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa".
Para mim já é tarde.
sábado, 9 de dezembro de 2023
Lídio Lopes: a caminho dos 30 anos como Presidente dos Bombeiros Voluntários da Figueira da Foz
Votaram 89 sócios e não houve votos em branco ou nulos.
Lídio Lopes, como Presidente dos Bombeiros Voluntários da Figueira, a meu ver, continua a ser o homem certo no lugar certo.
sexta-feira, 8 de dezembro de 2023
A diferença que faz andar a "virar frangos" há quase 50 anos...
Via SOS Cabedelo, dia 8 de Dezembro de 2023
"Querem o BYPASS mas votam contra. Justificam o chumbo da implementação do BYPASS com o facto de não terem o projecto e o modelo de gestão que não fizeram. Não explicam porque o processo do BYPASS está parado desde Março de 2021 - data do estudo que o valida como a melhor solução para a transposição sedimentar."
Via OUTRA MARGEM, dia 2 de Dezembro de 2023.
A deputada Raquel Ferreira foi apanhada na curva apertada que o PS nacional está a percorrer.
Pimenta Machado, vice-presidente da APA, foi claro há um ano e 16 dias no Auditório Municipal: como estratégia de longo prazo apresentou uma solução com recurso a um sistema fixo (‘bypass’), “que nunca se fez em Portugal”, previsto para 2030, com um custo estimado de 72,2 milhões.
A memória serve mesmo para isto: para recordar a verdade.
Nota de rodapé.
A propósito deste assunto, continuo com a esperança de ainda ver algo vindo da Assembleia Municipal da Figueira da Foz, da Câmara Municipal da Figueira da Foz ou da Junta de Freguesia de S. Pedro.