Por exemplo, para o actual executivo camarário presidido por Santana Lopes, passar de minoritário a maioritário.
Há onze meses, estávamos no dia 7 de Dezembro de 2022, «o presidente da Câmara da Figueira da Foz assumia que não ia adquirir o Cabo Mondego, cujo negócio estava acertado por 2,1 milhões de euros, na sequência das dúvidas e “suspeições” levantadas pela oposição.
“O PS tem de ser responsabilizado pelo que disse, porque não vou voltar a agendar a questão do Cabo Mondego”, garantiu aos jornalistas Pedro Santana Lopes.»
Recorde-se.
«A compra estava acertada e a proposta do contrato-promessa de compra e venda esteve agendada inicialmente para a sessão de Câmara de 09 de novembro de 2022, mas viria a ser adiada para 23 de novembro por solicitação da oposição (PS e PSD), que pretendiam documentos técnicos de suporte à aquisição.
No dia 23 de novembro de 2022, o presidente do município da Figueira da Foz interrompeu a reunião em protesto contra a atitude de “suspeição” da oposição, em maioria no executivo, que acabou por abandonar a reunião e deixar o órgão sem quórum.
Na sessão de 7 de Dezembro de 2022, que deu continuidade à agenda de 23 de novembro, Santana Lopes retirou o ponto da ordem de trabalhos.
No final, aos jornalistas o autarca assumiu que não iria comprar o Cabo Mondego por falta de maioria no executivo.
“Não tenho maioria e não estou para ouvir insinuações a quem não reconheço credibilidade. Deem-me maioria para a próxima [eleição] e resolvemos isso”, sublinhou na altura Santana Lopes.
A aquisição do Cabo Mondego incluía as antigas instalações fabris, uma pedreira e 76 hectares de terrenos.
Também no final da reunião de 7 de Dezembro de 2022, em declarações aos jornalistas, a vereadora e líder da bancada do PS, Diana Rodrigues, disse que os eleitos do PS olham para a aquisição do Cabo Mondego “com toda a responsabilidade que o exercício autárquico exige, já que se está a falar de um compromisso financeiro na ordem dos dois milhões de euros”.
“E sentimos que temos a obrigação de esclarecer todas as dúvidas. É um processo complexo, que, em termos de ordenamento do território, congrega uma série de restrições e condicionantes, pelo que temos várias questões do ponto de vista também administrativo que são legítimas”, sublinhou.
Para a autarca, que se manifestou a favor da aquisição, por ser um ponto “absolutamente estratégico” para o município, “é saudável que a oposição coloque questões, esclareça, até para que os próprios munícipes percebam exatamente o que se está a tratar”.»
Uns dias depois, a 12 de Dezembro de 2022, "o presidente da Câmara da Figueira da Foz disse que pretendia envolver todos os partidos representados na Assembleia Municipal (AM) no acompanhamento da aquisição do Cabo Mondego, cujo negócio está acertado por 2,1 milhões de euros."
Onze meses depois, Santana Lopes tem maioria no executivo camarário, graças à cooptação do vereador Ricardo Silva, que ao que julgo saber, acrescentou valor e competência ao executivo municipal (o que, aliás, só confirma aquilo que sei há muito: Ricardo Silva é o melhor, o mais hábil e mais completo jogador que se move no complexo tabuleiro político da Figueira da Foz), a aquisição do Cabo Mondego parece, finalmente, ir no caminho certo.