Via WITH BUBBLES
quinta-feira, 7 de setembro de 2023
O ódio ao Avante!
"Para um povo que gosta de festa em geral, venha ela de onde vier, esta comichão com a rentrée do Partido Comunista Português é algo que me fascina.
Primeiro, foi a pandemia e o perigo de contágio na Quinta da Atalaia. Depois, foi a guerra e a fábula do apoio à Rússia.
Notem que eu até compreendo os gritos do Milhazes sobre o tema: ele, que durante algumas décadas andou esquecido a viver (e comer) à custa do regime que agora critica, precisa desta sua versão de Milhazes para continuar em antena. Parecendo que não, é mais confortável estar na antena da SIC do que numa cabana na Sibéria a traduzir as memórias do Estaline.
Agora vocês, leitores inteligentes e sem amarras, podem olhar para o Avante de uma forma mais prática e menos apaixonada.
Digam-me: que tipo de português não aprecia um bom festival gastronómico? Tasquinhas com diferentes sabores a preços económicos. Iguarias dos 18 distritos portugueses. A possibilidade de almoçar espetada em pau de louro (na zona da Madeira). Jantar uma carne de porco à alentejana (na zona de Beja). Um moscatel para abrir o apetite na casa de Setúbal. Uma queimada bem forte, lá para a madrugada, na Galiza, ali perto das tascas internacionais.
Portanto, se não gostam de música, livros, política, teatro ou actividades desportivas… podem ir lá só pelo comer."
Para ler na íntegra, clicar aqui.
Notas parlamentares - O poder dos "verdadeiramente social-democratas"
Logo sacado daqui |
«"No 2º trimestre deste ano, Portugal alcançou o maior número de sempre de trabalhadores - 4,979 milhões. Para além do emprego criado, o desemprego continua a descer. Entre o 1º e 2º trimestre deste ano, temos menos 55 mil cidadãos no desemprego. A coesão social do emprego é um elemento central para um partido de esquerda. E é por isso que, desde 2015, com estas pollíticas, temos menos 700 mil portugueses em risco de pobreza e exclusão social. Só uma política de esquerda de um partido verdadeiramente social-democrata que tem as pessoas no centro pode prosseguir estas políticas e alcançar estes resultados." (Brilhante Dias, líder da bancada parlamentar do Partido Socialista, declaração política ONTEM no Parlamento)
Os tempos vão mesmo muito difíceis. Daqui a pouco, estaremos a comemorar os 50 anos do 25 de Abril, daquele dia em tudo parecia ser possível. A sociedade era tão desigual que, nessa altura, o Partido Socialista - segundo a sua Declarações de Princípios de Dezembro de 1974 - tinha opções claras:
"Combate o sistema capitalista e a dominação burguesa", "repudia o caminho daqueles movimentos que, dizendo-se sociais-democratas ou até socialistas, acabam por conservar (...) as estruturas do capitalismo e servir os interesses do imperialismo"; "o capitalismo é uma força opressiva e brutal, o Partido Socialista luta pela sua total destruição". "A estratégia antimonopolista e o reforço da acção do Estado passam forçosamente por um plano escalonado de nacionalizações (...) retirando aos grandes grupos monopolistas o poder económico e político", assegurando "o processo de desenvolvimento para uma via socialista". "O caminho para o socialismo passa pela criação imediata do Instituto da Reforma Agrária e o estabelecimento um programa escalonado de reforma agrária, visando a expropriação do latifúndio".
Em Abril de 2026, estaremos a comemorar os 50 anos da aprovação de uma Constituição que - mesmo depois do 25/11/1975! - consagrou, com o aplauso dos 116 deputados do Partido Socialista (mas não nos esqueçamos dos 81 deputados do PPD e nalguns pontos dos 16 deputados do CDS) - a construção de uma sociedade a caminho do "socialismo mediante a criação de condições para o exercício democrático do poder pelas classes trabalhadoras", "empenhada na sua transformação numa sociedade sem classes". E que esse poder passava pela consagração de que "todas as nacionalizações efectuadas depois do 25/4/1974 são conquistas irreversíveis das classes trabalhadoras". Mário Soares veio a dizer a 2/4/1976: "Liquidámos um capitalismo retrógrado parasitário, um capitalismo monopolista".
Logo depois, começaremos a relembrar os 50º aniversários das sucessivas e múltiplas iniciativas políticas - incluindo uma revisão constitucional em 1989 negociada mano-a-mano, fora do Parlamento, entre o secretário geral do Partido Socialista (Vítor Constâncio) e o então primeiro-ministro e líder do PSD (Cavaco Silva) - que reverteram esse projecto revolucionário de destruição "capitalismo retrógrado parasitário, um capitalismo monopolista" e que iniciaram a construção de um outro edifício contra-revolucionário, respaldado, subordinado, subserviente a instituições estrangeiras não eleitas (FMI, Comissão Europeia, BCE), preocupadas com objectivos que não passam pela salvaguarda e bem-estar de quem vive e trabalha neste país. Pelo contrário, manifestam sintomas de sociopatas.
A tal ponto que, hoje, vencidos pela inflação que o governo "verdadeiramente social-democrata" não quis equilibrar através da subida salarial, um em cada dois trabalhadores não consegue fazer face às suas despesas quotidianas.
Ao mesmo tempo, os grandes grupos económicos continuam a beneficiar dessa enorme perda de poder de compra dos salários (poupando em salários e ganhando com a alta de preços, numa transferência de rendimentos dos mais pobres para os mais ricos nunca antes vista) e, ainda por cima, beneficiando de um enquadramento legal - paulatinamente criado - que lhes permite reduzir cada vez mais a sua contribuição para a colectividade.
Em 1974, o objectivo era o poder das classes trabalhadoras rumo a uma sociedade sem classes. Hoje, a Constituição consagra a construção de uma "sociedade livre, justa e solidária", mas que, mesmo vaga, está a anos-luz do mundo do despoder dos "colaboradores", dos trabalhadores transformados em empresas unipessoais, sozinhos e individualizados, dessindicalizados, estigmatizados, para ser mais fácil serem esmagados, humilhados, explorados, mal pagos e estraçalhados em horários e em transportes sem fim.
Por isso, o Partido Socialista já só quer ser reconhecido como social-democrata, porque na verdade esteve ao lado e legitimou a abertura e hegemonia do projecto contra-revolucionário nacional-liberal em que estamos encharcados e enredados, sem que se consiga sair dele pacificamente (é possível entrar, mas não sair) senão à custa da pele dos trabalhadores.»
"HOMEM AUMENTADO, NÃO MELHORADO"
Via De Rerum Natura
Um dos maiores filósofos vivos deu uma aula em Portugal. Edgar Morin tem 102 anos e falou em Lisboa sobre o estado do mundo.
(Ver aqui).
É aquilo que se chama o transumanismo, isto é uma visão do homem aumentada, aumentada quantitativamente, mas infelizmente diminuída qualitativamente porque esse homem que recupera o tem do domínio do mundo, esse homem que por razões puramente quantitativas esquece que aquilo de que precisamos agora não é de um homem aumentado mas de um homem melhorado pela solidariedade e pela fraternidade."
Notas parlamentares
Os poderes do Presidente
"A principal conquista do constitucionalismo moderno, há dois séculos e meio, foi a substituição da concentração de todo o poder nas mãos do monarca (absolutismo régio) pela sua repartição por vários órgãos de poder (separação de poderes), cada um deles com a sua tarefa própria. Ora, em Portugal, o Presidente não é eleito para governar nem para mandar no Governo: não escolhe o Governo, não governa nem cogoverna, nem tem nenhuma competência para definir as orientações governativas. Consequentemente o Governo não é politicamente responsável perante o Presidente.
Obviamente, o leitor não tem de conhecer este quadro constitucional dos poderes presidenciais, mas o Presidente conhece, e bem!"
quarta-feira, 6 de setembro de 2023
Polémicas...
Existem as que surgem espontaneamente, muitas vezes, fruto de meteoritos mentais que arrastam o intelecto para a irrisão.
Contudo, pese embora o arrazoado inconsequente e a inutilidade estéril de algumas polémicas, outras acontecem sobre as quais, depois de ler, apetece reflectir e repensar, as razões extrínsecas e principalmente internas do burgo, para a razão de ser chamada à colação.
Via Diário as Beiras, aqui está um exemplo de uma polémica que proporciona leitura, reflexão, não sobre o sexo dos anjos, mas sobre a inutilidade da silly season se prolongar pelo mês de Setembro ...
"O risco do populismo não é o Trump, o Ventura, é tratar os outros como se fossem idiotas"
"Populismos?
Populismos é como o mau gosto, é sempre dos outros. O populismo parte de um princípio que, para mim, é perigoso, que é o tomar o interlocutor por estúpido e, em vez de o tentar puxar para cima, empurra-o ainda mais para baixo, para um estado de preguiça mental, moral, cultural. O risco do populismo não é o Trump, o Ventura, é o tratar os outros como se fossem idiotas.
Maioria.
A maioria está, geralmente, sempre errada. Mas não tem grande mal, porque o facto de ser maioria já lhe dá razão: tem sempre uma força grande. A maioria das pessoas em Portugal, suponho, neste momento não se está a sentir muito bem, porque está com uma dificuldade enorme em viver. E acho que uma boa governação é feita para a maioria e também para a minoria.
Liberdade.
A liberdade é como o humor, o amor, a poesia. É uma palavra que, se for definida, deixa de o ser. A liberdade está no nosso horizonte e pode ser medida por métodos e instrumentos internos e externos. A liberdade externa é simples: num país rico, temos mais liberdade de movimentos do que num país pobre. A liberdade interna é definida pela nossa capacidade, pelo nosso poder, pelo capital adquirido de conhecimento e capacidade de reflexão. E há uma coisa fundamental para a liberdade interna: tempo. E o meu receio é que no futuro, mesmo nas profissões que exerço, escritor e professor, comecem a tirar tempo para pensar. Neste momento, nas universidades e nos liceus, a burocracia é tão grande que o objetivo é um só: tirar àquelas pessoas, de quem se espera que ensinem a pensar, tirar-lhes tempo para pensar."
terça-feira, 5 de setembro de 2023
Agora falo eu
«Mais logo, os conselheiros de estado voltam a sentar-se à mesa que tem Marcelo na cabeceira. Mas, desta vez, não vão para falar. Vão apenas para ouvir. Ouvir António Costa, que tinha um avião para apanhar em julho e, por isso, acontece esta parte II de uma reunião que Marcelo quer que seja recordada e à qual quer dar importância.
Na primeira parte deste encontro do órgão consultivo do PR, falaram todos os conselheiros e, tirando uma ou outra exceção, os diagnósticos de como vai Portugal não foram nada simpáticos para o Governo. É certo que Cavaco Silva não disse, cara a cara, a António Costa, nem metade do que tinha andado a dizer e a escrever no espaço público nas semanas que antecederam a primeira parte da reunião. Limitou-se, o antigo primeiro-ministro e Presidente a falar de contas, do orçamento, da despesa e da receita. No mesmo caminho seguiu Miguel Cadilhe, antigo ministro das finanças de Cavaco, que arrasou os números do governo e explicou porque é que afinal as contas certas não são tão certas nem tão folgadas como diz o atual ministro das Finanças.
Daqui a pouco, o conselho de Estado vai ouvir António Costa, o penúltimo a falar. Será o tempo do primeiro-ministro poder fazer a sua defesa, explicar aos restantes conselheiros que rumo segue o governo, o que anda a fazer e o que pretende para o futuro breve, com a preparação do OE a ser trabalhada.
Por fim, Marcelo.
Marcelo já não quer nem precisa de ouvir mais nada. Aliás, já fez saber que já sabe o que vai dizer, que o discurso está escrito, que se foi "escrevendo sozinho" enquanto tirava notas das intervenções dos conselheiros. Ou seja, o que Marcelo já disse é que, independentemente do que venha a dizer António Costa, as conclusões já estão tiradas. Marcelo quis que se soubesse que não precisa de ouvir António Costa para saber o que dirá. A estratégia de desvalorização da intervenção de António Costa é apenas mais um episódio - na minha opinião, grave - do contrapoder que, desde maio passado, quando Galamba ficou no governo contra a vontade de Marcelo, o presidente está disposto a exercer nestes dois anos e meio que faltam para o fim do mandato e numa altura em que o espaço público já se agita com nomes e disponibilidades de presidenciáveis.Além disso, além disto, Marcelo já ameaçou que esta coisa do Mais Habitação não fica assim. "A regulamentação terá de me vir parar às mãos", disse, este fim de semana, o chefe de Estado, depois de lembrar, mais uma vez, que ele acha que o pacote não vai funcionar. E lamentou não ter havido abertura do PS para um acordo - nem que fosse pequeno - com o PSD para que o programa se tornasse mais abrangente e «estrutural». Marcelo vetou, o diploma vai voltar sem ser mexido, ele vai (ter de) promulgar e, depois, vai esperar que o documento regresse a Belém, já regulamentado.
A frente de batalha entre PR e PM está aberta, por mais que digam, um e outro, que cada um está a cumprir escrupulosamente o seu papel e que, um e outro, estão a atuar dentro das competências e atribuições que a constituição lhes confere.
Este é o conselho de Estado de Marcelo. Que marcou em maio, que lembrou frequentemente que era em julho, que teve de interromper, que retoma agora. Marcelo já tomou o pulso ao conselho. A questão é, agora, o que dirá o PR a fechar a reunião e, já agora, se os conselheiros refletem de facto a sociedade portuguesa. Ou se, pelo contrário, a sala do conselho é apenas (mais) uma bolha.»
O drama da habitação
"A delegação da Figueira da Foz “abriu portas” em Outubro de 2011 e desde 2012 que pode dispor de instalações cedidas pela Câmara Municipal o que possibilitou a colaboração, ainda hoje existente, com as juntas de freguesia de S. Julião, Tavarede, Buarcos e Marinha das Ondas. A delegação da Figueira da Foz apoia diariamente indivíduos sem-abrigo, fornecendo-lhes nas suas instalações a necessária alimentação.
Apoia, semanalmente, diversas famílias com um cabaz de alimentos e distribui, diariamente pelas famílias carenciadas todas as quebras de alimentos recolhidos nos Supermercados do Grupo Pingo Doce desta cidade. O apoio prestado pela delegação contempla também o fornecimento de roupa e calçado a toda a comunidade que deles necessite."
Contudo, o "número de pessoas a viver nas ruas da cidade está a aumentar".
Nos últimos anos, a falta de habitação pública e de arrendamento acessível está a “mandar” pessoas para a rua.
Há quem, mesmo com emprego, não consiga pagar a renda ou a prestação ao banco.
Esta realidade, já não é um exclusivo das grandes cidades. E este impasse parece não ter fim. Aliás, segundo as últimas notícias, tem tendência para agravamento: os analistas contactados preveem que o BCE vai voltar a subir os juros, apesar dos receios sobre recessão na zona euro, aumentando a pressão sobre quem tem empréstimos indexado às Euribor.
Imagem via Diário as Beiras |
Sara Tavares
"... a quem a vida tudo deu e quase tudo tirou."
DIGNIDADE E CARÁCTER.
segunda-feira, 4 de setembro de 2023
Será que alguém se lembrou de alertar o senhor Ministro das Infrestruturas para a situação em que se encontra actualmente o Portinho da Gala?
Nem seria necessário grande esforço: bastaria alguém ter lembrado ao senhor ministro, para olhar para esquerda, depois de atravessar a Ponte dos Arcos, ao vir da Figueira...
Imagem Via Diário as Beiras
Na oportunidade, esteve acompanhado pelo presidente da Câmara da Figueira da Foz, Santana Lopes; pelo assessor do presidente da Câmara de Ílhavo, Bruno Ribau; pelo presidente dos portos da Figueira da Foz e de Aveiro, Eduardo Feio; e pelos comandantes das duas capitanias, Cervaens Costa e Vítor Conceição Dias.
Antes da sessão, o ministro João Galamba aproveitou para surfou as boas ondas da outra margem, que foi o que restou incólume depois daquela "infeliz" requalificação realizada pela anterior gestão camarária.