sábado, 8 de outubro de 2022

O Estado Novo em que os intelectuais não eram espancados, mas altamente vigiados, silenciados.

"Brandos Costumes… O Estado Novo, a PIDE e os intelectuais, com coordenação de Luís Reis Torgal, Temas e Debates/Círculo de Leitores, 2022, é um livro que resulta de um projeto de investigação que pretende desvelar o comportamento da polícia política e da censura do Estado Novo face a intelectuais que não eram nada amáveis com o regime forjado por Salazar. 
O coordenador fala-nos na introdução dos brandos costumes dentro do pensamento único exigido pelo ditador, como funcionavam os órgãos repressivos desse regime, como vigiava a PIDE quem afrontava ou procurava desmitificar a ditadura, chamasse-se Aquilino Ribeiro ou Soeiro Pereira Gomes, Amílcar Cabral ou Agostinho Neto. 
Há a preocupação de lembrar o papel da Censura, ela definia os livros cuja circulação era proibida, uma lista farta, incluía obras revolucionárias, obras que abordavam o comunismo, livros de teoria política como os de Maurice Duverger ou Raymond Aron, a obra de Sartre ou Simone de Beauvoir, não faltavam os portugueses como José Vilhena, Natália Correia, Manuel Alegre, como também algumas obras de Jorge Amado. E todos aqueles que assinavam documentos de índole política apelando à libertação de presos ou à reposição das liberdades de expressão iriam ter uma vida menos fácil.

Tomás da Fonseca, que para muitos era o Tomás das Barbas, escritor anticlerical em a quem se deve talvez o libelo mais demolidor sobre as aparições de Fátima, era alvo das atenções da PIDE, teve muitos livros apreendidos, a polícia tratava-o como simpatizante do PCP, que em todos os seus interrogatórios Tomás da Fonseca negou, a despeito das ligações fraternas que manteve com comunistas e companheiros de estrada. O seu funeral foi alvo de relatório da polícia secreta, não se escondeu que chegou um cortejo automóvel com cerca de 100 viaturas ao cemitério de Mortágua onde o esperava uma multidão de 800 a 900 pessoas.

Aquilino Ribeiro também não foi poupado, se bem que um dia Salazar lhe tenha tecido elogios, quando um jornalista francês que lhe pediu para conhecer a realidade nacional, o ditador respondeu: “Comece o seu inquérito por Aquilino. É um inimigo do regime. Dir-lhe-á mal de mim, mas não me importa: é um grande escritor.” 
Acontece que Aquilino era alvo de admiração de pessoas como Marcello Caetano, Santos Costa, António Ferro, Caeiro da Mata, Rafael Duque, incondicionais do salazarismo. O ensaio sobre Aquilino aborda o processo da rotura de Aquilino com o regime, a fúria com que foi recebido o romance Quando os Lobos Uivam, refere como Aquilino era indiciado por vários delitos, tais como: fazer perigar o bom nome de Portugal, bem como o crédito e o prestígio do Estado português no estrangeiro; fazer a apologia de crimes contra a segurança do Estado; injuriar e ofender o Presidente do Conselho e os demais ministros, etc., etc. Nem mesmo a sua indigitação para o Prémio Nobel da Literatura acalmou a vigilância da PIDE.

Com Ferreira de Castro, talvez por ser ao tempo o escritor com mais traduções, a repressão era selecionada, a PIDE considerava-o “desafeto ao regime”, sabia-se das suas ligações aos intelectuais de oposição, mas salvaguardavam-se as distâncias, Ferreira de Castro era nome sonante na literatura internacional, temia-se o ridículo pondo no Índex qualquer uma das suas obras.

Situação execrável foi o processo de Andrée Crabbé Rocha na PIDE. O marido, Miguel Torga, sempre recusou enviar as obras à censura prévia, a polícia política sentiu-se afrontada, Torga conheceu a cadeia do Aljube, livros queimados, apreendidos, proibidos. Andrée Rocha foi demitida da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1947 e cinquenta anos depois partilhou no Expresso as suas memórias: “[…] nunca nas minhas aulas de literatura portuguesa e de literatura francesa falei em política. Talvez tivessem descoberto que eu era mulher de Miguel Torga. […] nada pude fazer em relação à decisão. Passados 2 anos, abriu um concurso para professor extraordinário em que era necessário apresentar um trabalho. Preparei um sobre o Cancioneiro Geral de Garcia Resende. No dia das provas recebi um ofício da reitoria a dizer que não as podia prestar. Solicitei durante 21 anos a realização da prova, e durante todo este tempo me foi recusado. Fui obrigada a dar lições particulares em Coimbra, para onde me mudei, e frequentei outro curso, que me permitiu dar aulas em colégios particulares. Mas em 1955, até esse diploma me tiraram”. Andrée Rocha era classificada na PIDE como mulher do comunista Torga, só pôde retomar funções universitárias na Faculdade de Letras de Lisboa em março de 1970.

O percurso de Soeiro Pereira Gomes foi a de um regente agrícola que foi viver para Alhandra e se tornou empregado de escritório na fábrica Cimento Tejo, cedo se comprometeu com o ideário comunista, movia-se pela vontade de proteger os humildes, como é explícito na sua obra maior Esteiros, a vida de crianças conduzidas ao duro trabalho naquela região ribatejana. A PIDE tinha-o sob vigilância, ele teve um papel de grande importância na greve dos operários daquela fábrica, Soeiro teve que fugir, vai conhecer a clandestinidade mais dura, é um intelectual comunista. Esteiros recebeu mesmo elogios de Marcello Caetano, é obra escrita em 1941, havia uma réstia de esperança na vitória dos Aliados e que esta comportaria a queda do regime de Salazar. Dado curioso, a obra foi lida e autorizada pelo tenente-coronel Salvação Barreto, diretor da Censura, muitos anos depois esta mesma Censura considerou que o livro deveria ter sido proibido quando apareceu, “mas agora deve ser ignorado”, pois que a proibição agora só serviria à sua propaganda no nosso meio”. O escritor, agitador e quadro de topo do PCP morreu muito novo, em 1949, conceituados escritores como Ferreira de Castro reconheciam o seu imenso talento.

O leitor encontrará ainda nesta obra trabalhos bem elucidativos sobre a vigilância da PIDE a Fernando Namora, Jorge de Sena, as obras teatrais, o trabalho dos informadores da polícia política, as péssimas relações de figuras da Igreja Católica com o Estado Novo a partir da década de 1960, a PIDE no encalço de Agostinho Neto e Amílcar Cabral. Luís Reis Torgal não deixa de referir na conclusão que não passou de um mito a ideia de intolerância branda, e se é certo que a ação policial da PIDE não é comparável com os sistemas racistas e antissemitas ou com as práticas da violência sem limites no estalinismo, o regime de Salazar quis-se intransigente, perseguindo ou asfixiando as ideias e práticas anarquistas e comunistas, mas também as simplesmente liberais, católico-progressistas ou até monárquicas; e a guerra colonial veio a justificar a permanência dessa repressão deixando bem claro que isso dos brandos costumes não passou de um mito.
A pedir leitura urgente."
Mário Beja Santos

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Fotos que só a reforma permitem

Foto Clara Gil

Por aqui, tudo bem não se preocupem. Não há nada como esperar pelo pôr-do-sol quando as gaivotas regressam à praia...

Assembleia de Freguesia de São Pedro atribui Voto de Louvor ao Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes e a toda a sua Vereação

Via Município da Figueira da Foz


A Assembleia de Freguesia de S. Pedro, na pessoa do seu Presidente, remeteu a 04 de outubro de 2022, à Câmara Municipal da Figueira da Foz, um ofício cujo conteúdo se transcreve:

"Cumpre-me dar conhecimento da aprovação por unanimidade, da proposta apresentada pelos membros do Partido Socialista e pelo executivo da Junta de Freguesia, na sessão ordinária da Assembleia de Freguesia do passado dia 30 de setembro, de atribuição de um Voto de Louvor ao senhor Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Dr. Pedro Santana Lopes e a toda a sua Vereação, pelo enorme gesto de sensibilidade manifestada, em atribuírem o nome do nosso inestimável e sempre Presidente de Junta de Freguesia, Carlos Manuel Azevedo Simão, ao barco que irá fazer a travessia Figueira- Cabedelo."

Raquel Ferreira e Carlos Monteiro vão amanhã a votos para a concelhia do PS Figueira

Raquel Ferreira, entre as diversas propostas avançadas, defendeu que tem de se “introduzir uma cultura de trabalho político de mérito e competência”, que, no seu entender, “tem estado claramente ausente das preocupações da liderança política do PS da Figueira da Foz nos últimos anos”.
Carlos Monteiro, respondendo à mesma pergunta, colocada pelo Diário as Beiras, defendeu: “Vamos continuar a pugnar pelos programas eleitorais do PS, que foram sufragados, por maioria, na Assembleia Municipal e na maioria das Juntas de Freguesia”.

Amanhã, sábado dia 8 de outubro de 2022, os militantes socialistas da Figueira da Foz, com capacidade de voto, vão eleger os dirigentes partidários do seu partido no concelho para os próximos anos. 
Carlos Monteiro, o actual presidente da concelhia, e a deputada Raquel Ferreira, são os candidatos neste primeiro desafio eleitoral interno a nível local, depois do PS, nas Autárquicas de setembro de 2021, ter perdido a câmara para o movimento independente FAP, de Santana Lopes, depois de  12 anos na governação do concelho.
Estas eleições realizam-se duas semanas depois dos três últimos vereadores eleitos do PS em funções suspenderam o mandato - Carlos Monteiro, Nuno Gonçalves e Mafalda Azenha. Ana Carvalho já havia suspendido o mandato em abril p.p..
Carlos Monteiro, em 22 de setembro passado, em  declarações à Figueira/Tv, "justificou que pediu a suspensão de mandato de vereador na Câmara Municipal da Figueira da Foz, para se dedicar profissionalmente às novas funções como membro da Administração do Porto de Aveiro e da Figueira da Foz". Na mesma ocasião revelou também "que não está nos seus propósitos voltar a ser candidato à presidência da Câmara da Figueira da Foz"
Apesar da derrota nas últimas autárquicas, segundo o Diário as Beiras, Carlos Monteiro recandidata-se à concelhia “motivado pelas expressas manifestações de incentivo de muitos camaradas”.
Por sua vez, Raquel Ferreira, em declarações ao mesmo jornal,  disse que se candidata “com um objetivo muito claro: trabalhar para o PS ganhar novamente as eleições autárquicas em 2025”.
No caso de ganhar estas eleições, Raquel Ferreira, actual deputada,  será a primeira mulher a liderar a Concelhia da Figueira da Foz pelo PS.
Carlos Monteiro, entre outros objectivos, com esta a sua candidatura “tem como desígnio continuar a apoiar vereadores, presidentes de junta e primeiros eleitos e deputados da Assembleia Municipal e das Assembleias de Freguesia”.
O recandidato acrescentou também como objetivos “travar as mais diversas batalhas políticas” que os socialistas tiverem de enfrentar. E, ainda, “pugnar para que os projetos para o concelho que estavam em curso se concretizem numa lógica de coesão territorial e progresso”.
Raquel Ferreira, entre as diversas propostas avançadas, defendeu que tem de se “introduzir uma cultura de trabalho político de mérito e competência”, que, no seu entender, “tem estado claramente ausente das preocupações da liderança política do PS da Figueira da Foz nos últimos anos”.
Por outro lado, a candidata garantiu que, caso seja eleita, trabalhará “com todos os autarcas eleitos, sejam militantes ou independentes”, para apresentar “soluções e propostas políticas ambiciosas e coerentes, e fazer a oposição e o escrutínio que os figueirenses exigem [ao PS]”.
Sobre o rumo que o PS deve seguir na actual conjuntura autárquica, Raquel Ferreira sustentou que, “seja qual for a conjuntura ou ciclo político, o PS da Figueira da Foz é um partido que sabe quais são as suas responsabilidades”.
A candidata garantiu ainda que  “colocará todos os seus esforços pessoais nisso". O objectivo, é  ter um PS "no caminho de disputar as próximas eleições com a ambição que se exige”.
Carlos Monteiro, respondendo à mesma pergunta, colocada pelo Diário as Beiras, defendeu: “Vamos continuar a pugnar pelos programas eleitorais do PS, que foram sufragados, por maioria, na Assembleia Municipal e na maioria das Juntas de Freguesia”.
“Em toda a intervenção autárquica”, acrescentou o recandidato, terá ainda “como objectivo central a garantia de uma gestão financeira rigorosa por parte do executivo [camarário] da FAP”.

Imagem via Diário as Beiras

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Guerra Colonial, uma dura realidade que terminou graças ao 25 de Abril de 1974

 Imagem via Diário as Beiras

A seguir à  Segunda Guerra Mundial as antigas potências europeias viram-se obrigadas a promover o processo de descolonização de diferentes áreas dominadas no espaço africano. Nesse contexto, várias lutas e novos poderes emergiram. 
Contudo, em algumas situações, alguns governos europeus não aceitaram a perda dos territórios e ofereceram resistência contra os grupos armados que almejavam a constituição de nações independentes.
Foi nesse contexto que aconteceu a chamada Guerra Colonial Portuguesa, que se desenvolveu entre 1961 e 1974, e colocou em choque as Forças Armadas Portuguesas contra diferentes grupos armados em Angola, Guiné e Moçambique. 
Designa-se por Guerra Colonial, ou Guerra do Ultramar, o período de confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias ultramarinas de Angola, Guiné e Moçambique, entre 1961 e 1974. 
Contudo, a expressão guerra colonial  está tecnicamente incorrecta já que os territórios ultramarinos portugueses tinham o estatuto de províncias e não de colónias.
Do lado português, os governos de Salazar e Marcelo Caetano não aceitavam o fim da prática colonial, alegando que os territórios africanos se enquadravam no conceito de nação formada por diferentes povos e diferentes territórios espalhados pelo mundo.
Os povos dominados por Portugal inspiravam-se nos princípios de autodeterminação e independência para exigirem a formação de nações independentes. 
Não sendo possível uma via de negociação pacífica, a Guerra Colonial Portuguesa teve o seu início e continuidade a partir da formação de várias frentes de luta. Entre elas, podemos destacar o  PAIGC,  a Frelimo, a União dos Povos Angolanos (UPA), o Movimento Popular de Libertação da Angola (MPLA) e a Frente Nacional de Libertação da Angola (FNLA).
Os anos de conflito estenderam-se até 1974, ano em que a Revolução dos Cravos estabeleceu o retorno da democracia em terras lusitanas. 
O golpe de estado de 25 de Abril de 1974, planeado e executado por militares dos três ramos das Forças Armadas Portuguesas, uma nova geração de oficiais de baixa e média patente, formada e criada na guerra, que aprendera a agir com autonomia, levantaria, sob a direcção do MFA, um período revolucionário que transformaria radicalmente o Estado e a sociedade. Embora inúmeros factores tenham contribuído para a Revolução, a Guerra Colonial foi, desde sempre, apontada como a principal justificação para a queda irrevogável do Estado Novo em Portugal.
 
O Programa do MFA, da responsabilidade da sua Comissão Coordenadora apresentava, de forma inequívoca, a vontade de possibilitar a independência das colónias. Porém, a remoção desta alínea, negociada durante a noite de 25 para 26 de Abril, levantaria ainda alguns equívocos a respeito, que só seriam esclarecidos pela Lei 7/74 de 27 de Julho. Esta medida levantaria grande parte da cortina que separava o Estado Português de conseguir negociações com os movimentos de libertação. Dava-se assim início ao processo de descolonização.
Porém, a ambiguidade das primeiras posições relativas à nova política colonial gerou situações duvidosas que não puderam ser ultrapassadas sem graves desentendimentos. Cada redefinição do processo representava uma dura luta entre António de Spínola e a Comissão Coordenadora do Programa do MFA. Os dois projectos apresentados para essa nova política diferiam, sobretudo, nas questões ligadas com as futuras relações de Portugal com as colónias; mesmo os pontos concordantes seriam rapidamente submetidos perante a prova prática da realidade, o que exigiu, na maioria das vezes, a sua revisão. Assim, com o esclarecimento pela Lei 7/74, e posterior comunicado conjunto Portugal-ONU, publicado a 4 de Agosto, eram levantadas as últimas dúvidas, dando início à fase definitiva da descolonização.
Iniciaram-se as negociações com o PAIGC e com a Frelimo, que levaram à assinatura de protocolos de acordo. Em Argel, a 26 de Agosto ficava concluído o processo entre Portugal e o PAIGC, em que a ex-colónia era reconhecida como Estado soberano, sob o nome de «República da Guiné-Bissau». O último contingente militar regressou da Guiné em 15 de Outubro.
Relativamente a Moçambique, seria assinado a 7 de Setembro, em Lusaka, um acordo conducente à independência moçambicana. Contudo, grupos organizados, num movimento contrário ao acordo, assaltaram as instalações da Rádio Clube de Moçambique, em Lourenço Marques e outras cidades, e seus emissores regionais, sugerindo a intervenção da África do Sul. Esta tentativa destabilizadora do processo de paz viria a fracassar, sob a acção das Forças Armadas Portuguesas.
São Tomé e Príncipe e Guiné Portuguesa: foi assinado o Acordo de Argel em 26 de Novembro de 1974.
Cabo Verde: o acordo entre Portugal e o PAIGC já estabelecia o princípio do acesso deste arquipélago à autodeterminação e independência. Em 17 de Dezembro seria publicado o Estatuto Constitucional de Cabo Verde, prevendo eleições por sufrágio directo e universal, a 30 de Junho de 1975. A assembleia instituída a partir daí proclamou a independência do território a 5 de Julho de 1975.
Angola: a aproximação dos três movimentos de libertação constituía uma dificuldade para o governo português. Pairava a possibilidade do alargamento de um confronto entre os países ocidentais, a África do Sul e a União Soviética. Spínola reunir-se-ia ainda com Mobutu, com alguma continuidade, mas viria a demitir-se do cargo a 30 de Setembro. Com Costa Gomes na Presidência da República Portuguesa, desenvolveram-se conversações dirigidas especificamente a cada um dos movimentos. Inicialmente, com a FNLA, posteriormente com o MPLA. Porém, as várias tentativas de restabelecer a paz em Angola e minimizar o impacto da descolonização seriam deitadas por terra rapidamente. A guerra civil arruinou a serenidade deste processo, agravando a situação interna, com milhares de vítimas e a fuga dos portugueses.
Timor-Leste: verificou-se um período dramático, já que as autoridades portuguesas não tinham como dispor de capacidade para normalizar os conflitos, acabando a Indonésia por invadir a ilha.
A descolonização dos países de expressão portuguesa reconfigurou a situação no continente africano, com a criação de novos países independentes em busca dos seus próprios rumos e afirmação nacional, o que iria contribuir para o desmantelamento do Apartheid na África do Sul.

"A empreitada está dentro dos prazos"...

 Via Diário as Beiras

Aeródromo municipal junto à futura Zona Industrial do Pincho já tem pedido de viabilidade formalizado

 Via Diário as Beiras

A doutrina social dos que se benzem antes de pisarem o relvado

Imagem sacada daqui. Texto sacado daqui.
«A Federação Portuguesa de Futebol, entidade com estatuto de utilidade pública desportiva atribuída pelo Estado, urdiu um esquema com o seleccionador nacional para lesar o Estado, por via da fuga aos impostos, e continua tudo como se nada se tivesse passado. O seleccionador continua a seleccionar, o presidente do futebol continua a presidir ao futebol, o outro que fala sobre tudo e que chega à flash interview primeiro que os jogadores nunca ouviu falar no assunto, no fim acertam as contas com o fisco, e lá vamos cantando e rindo. É a doutrina social dos que se benzem antes de entrarem no relvado, vão perorar sobre a fé que muda vidas a plateias de devotos carentes de exemplo depois de terem ouvido o Papa pedir justiça fiscal e exortar ao pagamento de impostos. Amém.»

5as. de Leitura com a escritora Brasileira Nélida Piñon

 

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Um dia tudo ficará claro


"Desde o início do século, os salários da função pública na União Europeia aumentaram 7 pontos percentuais ACIMA da inflação. Em Portugal a variação foi de 15 pontos ABAIXO da inflação (ver gráfico; os dados foram retirados 
daqui). Por outras palavras, os trabalhadores do Estado em Portugal têm perdido poder de compra quase todos os anos, ao contrário do que se passa no conjunto da UE. Com os aumentos para 2023 que o governo agora anunciou, grande parte dos funcionários públicos vai perder mais de 5% do poder de compra. Entre muitos desses estão dezenas de milhares de pessoas que já acumulavam perdas de rendimento real na ordem dos 20% na última década. É sobre isto que falaremos no Choque de Ideia do Tudo é Economia desta noite. Na RTP3, a partir das 23h30."


Ricardo Paes Mamede, Facebook

«Há-de haver um momento em que tudo se tornará claro para a maioria das pessoas. Tal como vivemos hoje, com todas as condições económicas a nível europeu e internacional que nos arrastam para o empobrecimento, para a especialização em trabalhos fracos, para a exportação de trabalhadores qualificados e para a importação de mão-de-obra desqualificada e, consequentemente, para a rarefacção dos recursos públicos, é uma ilusão querer ter "contas certas" e procurar ter "o défice orçamental controlado". Tudo falta.»

terça-feira, 4 de outubro de 2022

O Presidente do Estado laico avisou o bispo José Ornelas, Dom, de que estava a ser investigado por cumplicidade em casos de abuso sexual.

 "Tenha Vossa Excelência Reverendíssima atenção que a justiça anda de olho em si".

Assim se ganha o céu...

Pedro Cervaens da Costa, o novo comandante da Capitania do Porto da Figueira da Foz, apresentou cumprimentos ao presidente da Câmara Pedro Santana Lopes

"A ocasião foi aproveitada para abordarem temas de relevância para ambas as instituições."

“Eu Nunca Vi um Helicóptero Explodir”

No âmbito das Comemorações dos 250 Anos de Elevação da Figueira da Foz a Vila e 140 anos a Cidade.

Dia Mundial do Animal

Via Diário as Beiras

Cada vez mais uma necessidade

... comentar os comentadores

"Se o debate da atualidade político económica, sobretudo na televisões, descuida o contraditório e o confronto de diferentes perspetivas, essencial em democracia, analise-se então o «que dizem maioritariamente os comentadores». É esta a proposta dos jornalistas Nuno Ramos de Almeida e Pedro Tadeu, que dão forma ao poadcast semanal «Os Comentadores», a acompanhar nas páginas do AbrilAbril."

Mais do mesmo...


Vivemos num País em que nada parece ter nexo. Tudo é apenas o reflexo!

Nem o PS, nem o PSD, os dois grandes partidos do sistema democrático português, conseguem corresponder às necessidades da democracia portuguesa e dos portugueses. 

Nenhum consegue ter capacidade de mobilização própria fora de eleições. Nenhum consegue  agregar e, muito menos, motivar os sectores mais dinâmicos da sociedade. Ano após ano, nenhum apresenta ideias ou políticas novas.

Limitam-se a gerir a mudança proporcionada pelos ciclos políticos.


O PS, neste momento, está no governo com maioria absoluta. Embora o primeiro-ministro, António Costa, garanta a prioridade do Governo “no apoio máximo” às famílias e empresas, rejeitando o “ruído da espuma dos dias” para continuar “focado nos portugueses” e na resolução dos problemas do país, as pessoas têm cada vez mais dificuldades no seu dia a dia.

Estamos no momento do debate público sobre as grandes opções políticas para o próximo ano. No contexto que vivemos actualmente, a prioridade só podia ser uma: atenuar as dificuldades que o brutal aumento da inflação representa para as famílias e para as pequenas e médias empresas.

Vimos o que se passou com os reformados. Estamos a ver o que se está a passar com os funcionários públicos.

Não vale a pena o governo enveredar pela criação de apoios pontuais.  Se é verdade que qualquer apoio é importante, também é verdade que, com apoios pontuais, no mês seguinte as dificuldades voltam, porque o salário ou a pensão é o mesmo, mas os preços continuam a subir.

Já todos percebemos que a inflação que se está a verificar não é um fenómeno de curta duração. 


O PSD espreita o seu momento. 

Como partido,  está cada vez mais longe do que já foi:  um partido social-democrata, reformista e basista.

Os seus actuais líderes, vieram de “dentro”, do "aparelho". 

Na elite partidária que dá o poder a Luís Montenegro dentro do partido, é difícil ver algo que tenha a ver com a identidade social-democrata.

Nada tem a ver com que o País real precisa. Quando for governo, vai ser mais do mesmo: servir os poderosos e tentar institucionalizar, uma ideia de “liberalismo”, talvez com o apoio parlamentar da IL e do Chega. 

Para este PSD de Montenegro, mais importante que a  liberdade, é a autoridade do poder.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Dino D'Santiago, um Homem: “nunca partilhei as histórias do bairro porque não queria que sentissem pena de mim. Fui feliz no inferno”

Dino d’Santiago
 foi o grande vencedor do Globo de Ouro de Melhor Intérprete, um prémio que recebeu na noite deste domingo, dia 2 de outubro, na gala que decorreu no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

Dino D'Santiago recordou a infância passada num bairro pobre de Quarteira, no Algarve, e falou da importância de poder passar a sua mensagem ao grande público. 
Sobre a participação na Festa do Avante, diz: “Nem consigo chamar-lhe concerto, foi o momento mais importante da minha vida, enquanto artista”.
Ontem, recebeu o prémio de Melhor Intérprete nos Globos de Ouro da SIC, recorda:Eu via imagens da Unicef em África e dizia: isto é o Bairro dos Pescadores [no qual cresceu]. Porque é que enviam tanta ajuda para fora e nós estamos aqui? Não conseguia compreender. Quando víamos o Bairro de Pescadores na televisão era pelo nível de toxicodependência e de tráfico de droga. Os turistas que vinham para Vilamoura e para a Quinta do Lago traziam-nos roupas, bicicletas, doces e davam-nos dinheiro. Nós crescemos assim.”

“Em criança, que o que mais me custava era ir à bica, não havia água potável e alguns cortavam as mangueiras quando outros estavam há mais tempo e metiam as deles. Três bicas para servir 600 famílias”, exemplifica, fazendo no entanto a ressalva: “Nunca partilhei estas histórias do bairro porque não queria que sentissem pena da minha história, queria que me recebessem pelo que sou e não por onde vim. Eu fui feliz no inferno. Se fui feliz no inferno, tudo o resto é só um vislumbre do paraíso.”

Na mesma entrevista, Dino D'Santiago fala sobre o concerto que deu na Festa do Avante. “Nem consigo chamar-lhe concerto, foi o momento importante da minha vida, enquanto artista”, afirma. “Fui para o palco mesmo a sentir. Posso não concordar com o que tu pensas e sentes, mas hoje vou morrer para que possas pensar e sentir assim. Se tivesse de morrer ali, morria a sentir que cumpri-me enquanto ser porque não tive medo e foram tantas as vozes a dizerem-me o contrário. Eu já não vivo nessa escravatura mental e sei que o Avante, para mim, representa a liberdade.”

Referindo-se às críticas feitas aos artistas que tocaram no Avante, devido ao posicionamento do PCP quanto à Guerra na Ucrânia, diz: “Mal cheguei, estava um rapaz com uma bandeira do Paquistão. Há muitas lutas, não me tentem colocar num sítio. Ok, agora vocês lembraram-se porque é Europa e está a acontecer aqui, mas o mundo está a chorar há muito tempo, então não digas que as tuas lágrimas são mais valiosas do que aquelas.”

 

Propostas de concessão dos casinos Figueira da Foz e Estoril estão em análise

Via Diário as Beiras


«As propostas para a concessão da exploração das zonas de jogo da Figueira da Foz e do Estoril foram hoje abertas e encontram-se, “neste momento”, em fase de “análise”, divulgou o Ministério da Economia e Mar.

Nos termos da lei, “as propostas foram abertas hoje, dia 03 de outubro, tendo sido apresentadas propostas em ambos os concursos, encontrando-se, neste momento, o júri a analisar as mesmas”.

Os contratos de concessão dos dois casinos tinham terminado no final de 2020, mas foram prolongados por mais dois anos devido ao impacto da pandemia de covid-19.

Em 19 de agosto, os anúncios dos concursos para as concessões dos casinos do Estoril e da Figueira da Foz foram publicados em Diário da República, os quais preveem uma duração contratual de 15 anos, renováveis por mais um período de cinco anos.

O casino Estoril é explorado pela Estoril Sol e o da Figueira da Foz concessionado à Amorim Turismo.»