«Os Figueirenses foram surpreendidos com a Sentença dos 6 milhões de euros do “Paço de Maiorca” e da gravidade que representa para o desenvolvimento do concelho.
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
𝐏𝐚ç𝐨 𝐝𝐞 𝐌𝐚𝐢𝐨𝐫𝐜𝐚 - 𝐅𝐢𝐠𝐮𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐦𝐞𝐫𝐞𝐜𝐞 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐞 𝐦𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫!
«Os Figueirenses foram surpreendidos com a Sentença dos 6 milhões de euros do “Paço de Maiorca” e da gravidade que representa para o desenvolvimento do concelho.
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
O drama e a dignidade de Né Ladeiras
Via Luís Osório
1.
Escrevo este postal do dia enquanto oiço “Sonho Azul”.
Né Ladeiras canta que “trocava a vida toda pela vida deste amor, meu sonho azul” e eu penso que a vida é, muitas e muitas vezes, inclemente, cruel, cega.
2.
Né Ladeiras é um nome importante da história da música portuguesa. De uma família de artistas assumiu muito jovem protagonismo na Brigada Vítor Jara e na Banda do Casaco. Colaborou com os Trovante e os Heróis do Mar e a sua carreira a solo fez o seu nome resistir até hoje.
Né Ladeiras.
Não me parece que haja alguém da minha geração, ou das gerações anteriores, que não saiba quem é ou que não tenha ouvido falar.
3.
Há menos de uma semana, Né Ladeiras apelou na sua página de facebook.
Não tinha emprego e não tem dinheiro ou forma de continuar a pagar as suas contas.
Um problema nas cordas vocais impediu-a de continuar a cantar e hoje e, apesar de todas as tentativas, teve a coragem de denunciar a quase impossibilidade de uma mulher com 60 anos conseguir ter um emprego.
Trabalhou num museu em Torres Novas num restaurante a fazer o que lhe pediam, em duas empresas de limpeza e duas pastelarias. Ao fim de poucas semanas agradeceram-lhe, mas outra pessoa, quarenta anos mais nova, acaba por ocupar o seu lugar,
4.
Né Ladeiras teve a coragem de usar a sua página de facebook para nos dizer: olhem, não consigo mais. Ajudam-me?
Fê-lo mantendo a sua dignidade – “Não quero nenhum coitadismo, nenhuma pena”
Mantendo a esperança – “Quero viver e sentir que valeram a pena todos este revezes”.
Contando de si sem complacências ou paninhos quentes – “Tenho procurado trabalho, sim, porque mil vezes viver dele do que ser dependente da ajuda de outros. Não falo por orgulho, mas dignidade”.
5.
Mora em Coimbra.
Deu-nos muito...
compreendo-a e antecipo que poderia acontecer comigo. Que poderia acontecer com qualquer um de nós.
Ver-me sem nada. Ver-me com uma mão à frente e outra atrás como o meu pai quando ficou doente.
Recordo bem, tinha pouco mais de vinte anos. De repente, vi o meu pai ter de viver em função da solidariedade de amigos ou da Santa Casa da Misericórdia. E fazê-lo com uma dignidade imensa. Nunca o admirei tanto como nesses anos de carência absoluta.
Impossível, também por isso, ficar indiferente ao apelo de Né Ladeiras. À sua dignidade, à sua coragem, à sua esperança.
E no seu exemplo abraçar os ”velhos” de 60 anos que parecem já ser vistos como mortos para quem tem o poder de empregar.
Pessoas que se sentem novas, mas que todos os dias se confrontam com o olhar dos outros, com a arrogância dos outros, com a recusa dos outros.
És velha.
Estás gasta.
Não tens energia.
Já te olhaste ao espelho?
Não dizem desta maneira, mas é isso que lhes dizem sem necessidade de usar palavras.
Não interessa o que fizeram, o que são, o que poderiam aportar.
É triste e não vem nas notícias, mas nem por isso é menos importante.
Puxo para trás o “Sonho Azul” e vou escutá-lo em silêncio. Como uma oração que dedico aos que, como ela, vivem numa encruzilhada que estavam longe de merecer.
Os efeitos de Ana Gomes
Vamos pagar caro o preço da arrogância e da fanfarronice...
Quando, um dia, a tenda do circo estiver desmontada, veremos que não estamos apenas perante o maior embuste na história da Figueira, cujos autores foram quem esteve ao leme da autarquia desde 2009, mas que estamos perante o maior desastre financeiro ocorrido no município figueirense.
Maior ainda que o deixado por Santana Lopes...
O povo, um dia, vai perceber todo o embuste que tem sido a gestão da autarquia de 2009 para cá e o desastre em que está a ficar o concelho.
Peço desculpa por não dizer coisas bonitas. Mas, por aqui, bonita é a verdade.
Não há carnaval em 2021
Foto Pedro Agostinho Cruz |
"Os corsos carnavalescos de Estarreja, Ovar, Mealhada, Figueira da Foz e Torres Vedras não vão realizar-se em 2021, devido à de covid-19, anunciou ontem a Rede de Cidades de Carnaval da Região Centro."
Notícias da actividade da Câmara: assim, de uma penada, 15 + 10 postos foram colocados em risco...
«A Câmara da Figueira da Foz vai proceder à posse administrativa do Cabedelo nos próximos dias, apurou o DIÁRIO AS BEIRAS.
«A concessão do posto da BP, na principal entrada da cidade, junto à estação de comboios, com renovação anual desde 2012, termina a 31 de dezembro.
quarta-feira, 9 de setembro de 2020
Piscina Mar: nem daqui a 100 anos, por este andar...
Na sessão da Assembleia Municipal realizada nesse dia, uma sexta-feira, foi discutida e votada a concessão do concurso público para a reconversão e exploração da piscina-mar.
Figueira à noite
Olho para as fotos do Pedro Agostinho Cruz, como descrições narrativas. Esta, é a descrição narrativa de uma emoção imperfeita: do que a Figueira é. E do enorme potencial que a Figueira poderia desenvolver...
As jotas partidárias
A recém-eleita direcção da Concelhia da Figueira da Foz do PSD, liderada por Gonçalo Raposeiro Faria, nesta notícia veiculada pelo Diário as Beiras, não apresenta uma ideia ou medida política para ultrapassar as dificuldades existentes no concelho: limita-se a reclamar mais lugares para os jovens social-democratas nas listas que o PSD apresentará às Eleições Autárquicas, em 2021.
É isto que preocupa os jotas dos partidos do «arco do poder»: a conquista dos lugares.
Todos sabemos que o que dita leis nos partidos figueirenses é a defesa fanática dos interesses (e ambições pessoais dos dirigentes locais) do partido.
Pertencer a uma jota partidária, hoje, a meu ver, é um dos piores indícios curriculares para quem se queira abalançar numa carreira política.
Ou melhor: deveria ser. Porém, não é. Para os partidos, não é. Afinal os jotas são a matilha que há-de continuar a comer o rebanho dos eleitores nas gerações próximas.
A formação que o jota, em regra, «bebe» da sua organização partidária, baseia-se no carreirismo assente numa estranha ideia de políticos profissionais.
A «formação» começa com o confronto imediato com a trapaça eleitoral e com o espírito mercantilista ao serviço das vaidades e ambição mesquinhas de cada um.
A racionalidade, o altruísmo, a missão de servir e não servir-se, o sentido de cidadania dos políticos, que tanta falta faz à Figueira, é um bem cada vez mais escasso na política local e nacional.
O importante é a satisfação da vacuidade pessoal e a conquista do lugar que dá acesso ao objectivo principal: o tacho.
Abertura do ano lectivo está à porta
terça-feira, 8 de setembro de 2020
Vicente Jorge Silva (1945-2020)
O que esperar dos "Odoricos" do século 20?
Depois de 46 anos de democracia, esperava que o poder local fosse uma escola de democracia e um viveiro de políticos honestos, competentes e empenhados com o bem comum. A proximidade em relação aos cidadãos, o fato de estar em causa a resolução de problemas das localidades, a proximidade entre eleitos e eleitores, são factores que me levaram a pensar que isso seria possível.
Como escrevi em 15 de Setembro de 2006 (já lá vão quase 14 anos), «com a “Revolução dos Cravos”, o poder local passou a ser encarado de outra maneira. As populações desejaram que, nas autarquias, o poder político se aproximasse dos cidadãos.
Muitos de nós, nos primeiros anos após o 25 de Abril de 1974, chegámos a acreditar que passaria por aí o incremento de uma cultura política de cidadania activa, capaz de neutralizar a cultura de submissão e de autoritarismo.
Para se ter transformado este desejo em realidade, teria sido condição inadiável, que o novo país democrático tivesse descentralizado e regionalizado o poder político e administrativo. O que não aconteceu.»
Como sabemos, até na Aldeia, as regras do jogo foram pervertidas. Em vez de escolas de democracia e de boas políticas, postas em prática por políticos preocupados com a sua Terra e o seu povo, as autarquias transformaram-se em pequenas ditaduras e em escolas de velhacaria. Onde deveria haver transparência, temos opacidade; onde deveria haver apelo à participação do povo, passou a existir pressão para que as pessoas não coloquem questões ou exerçam o seu dever de cidadania; onde deveria haver espaço para o debate passou a imperar o despotismo e a vontade imperiosa do mando absoluto e arbitrário.
É mais fácil perverter a democracia numa pequena autarquia do que numa autarquia de uma capital ou no governo de um país. Numa pequena autarquia, todos os cidadãos estão ao alcance do poder. Exigia-se, por isso que os autarcas tivessem sido criados numa boa escola democrática e, assim, resistirem à tentação de não condicionar a liberdade de cada cidadão.
Um autarca de um pequeno concelho e ou de uma Aldeia tem muito poder: pode mandar multar, complicar uma licença, retirar um subsídio, cortar nas ajudas de custo de um funcionário, facilitar um transporte para uma ida ao "Preço Certo".
É fácil instalar a cultura do medo. A auto censura faz o resto: leva muitos, incluindo a oposição, a remeter-se a uma postura de silêncio.
A um autarca sem valores e escrúpulos, é relativamente fácil transformar os funcionários de uma câmara na sua tropa de choque. Aos que não são do seu partido, cria mecanismos para que se abstenham de opinar e de participar em actividades políticas.
As fragilidades da comunicação social, podem ser aproveitadas para transformar esses órgãos de comunicação social em veículos informativos oficiosos.
Se os donos da comunicação social, tiverem empresas que podem lucrar com encomendas feitas pelas autarquias é ainda mais fácil tê-los do lado do poder.
Um pequeno concelho em Portugal, no século 20, em vez de ser uma escola para o exercício da cidadania democrática, pode fazer lembrar Sucupira e a telenovela brasileira «O Bem-Amado», escrita por Dias Gomes.
Perdida a articulação da democracia participativa com a democracia representativa, o poder local afastou-se dos cidadãos.
O poder local, em vez de neutralizar a distância dos cidadãos em relação ao poder central, acabou por reproduzi-la. Agora, é o que sabemos. Oportunistas de todos os matizes proliferam em muitas autarquias.
O que esperar então do poder local?
À luz deste diagnóstico, continuo a acreditar que o futuro do poder local continua a passar pela democracia participativa. A força e a legitimidade que ela conferiria ao poder local, seriam as armas mais eficazes para mobilizar a seu favor o poder central. Mas, será que isso, no país real que temos, irá alguma vez acontecer?
Por diversos factores, a maioria dos cidadãos, sejam de esquerda ou de direita, têm a liberdade de opinião, de pensamento e de acção, condicionada.
Que o mesmo é dizer: a democracia e o exercício da cidadania também estão condicionadas.