sexta-feira, 5 de junho de 2020

Há dias em que faz bem desabafar

Na foto o meu Pai, José Pereira Agostinhonáufrago três vezes na pesca do bacalhau, falecido em 6 de Junho de 1974, aos 47 anos de idade.
Quando, ainda  muito jovem comecei a trabalhar, no primeiro dia, o chefe logo no momento da apresentação, disse-me: "menino, a velhice é um posto".
Estávamos em 1972, no tempo da outra senhora. Aquilo cheirou-me a autoritarismo balofo, dominador e algo despótico. Não gostei. Lembro-me da minha temerária, arrojada, arriscada, imprudente e, como verifiquei meses depois, perigosa resposta: "pode ser um posto, mas deve ser muito ingrato".

Os anos passaram. Já lá vão 48. À medida que o tempo foi passando, fui percebendo o quanto "a velhice é um posto mesmo muito ingrato".
Comecei a peceber isso, logo em 1974, quando morreu o meu Pai.
Com a primeira morte de alguém que me é tão querido, com apenas 20 anos, fiquei a saber que nada seria mais a mesma coisa e que nunca mais iria estar tudo bem. Ainda hoje sinto o mesmo: impotência, raiva, saudade, e  dor, uma dor absurda e intensa. 
Lembro o que pensei na altura: a vida tem sentido se morremos e desaparecemos assim?
Depois morreram as minhas avós. E há 5 anos a minha Mãe.

O decorrer do tempo ajudou-me a habituar a que não estejam cá. Depois, fui conseguindo  recuperar e valorizar as boas recordações. Quando cheguei a esse ponto, fiquei apaziguado  e  senti-me grato pelo que tive e, sobretudo, pelo que vivi.
Porém, nem sempre isso é possível. Continua a haver alturas em que recordar continua a doer. Pode ser a recordação de uma coisa coisa simples:  passar por um sítio onde se esteve com essa pessoa. Pode ser apenas porque, como hoje, está um dia bonito, com sol, calor e céu azul. Um dia em que não podemos estar com essa pessoa que nos falta. Quando assim acontece até o belo surge como indiferente e insensível. Nesses momentos, às vezes basta escrever para desabafar para nos apaziguar e tudo ficar melhor...

Novidades da "mercearia"...

"A cadeia espanhola de supermercados Mercadona vai instalar-se na cidade. 
Ao que o DIÁRIO AS BEIRAS apurou, a empresa ibérica já sinalizou um terreno entre o parque municipal de campismo e o Centro Escolar de Tavarede/ São Julião. 
A cadeia de distribuição preferia construir a superfície comercial junto ao pavilhão Galamba Marques, num terreno privado, mas o respetivo Pedido de Informação Prévia foi indeferido pela autarquia. Não obstante a recusa em relação ao espaço pretendido pela empresa espanhola, afiançou fonte da câmara, a Mercadona continua interessada em abrir uma loja na zona urbana. 
A cidade, nos últimos anos, tem assistido à abertura de supermercados de diversas cadeias de distribuição, nacionais e estrangeiras."

Continua a série, "É esta a riqueza da Figueira: estamos absorvidos e deslumbrados por alguma coisa (neste caso a "mercearia") e só termos olhos para ela. O demais não interessa..."

A Figueira, pioneira na recuperação da exemplar "economia de casino"...

O futebol está de volta...

António Costa em entrevista à TVI: "o país tem de se reajustar e recomeçar."

ANTÓNIO COSTA: O TRUNFO DA BONOMIA
"A entrevista de o primeiro-ministro à TVI revelou o melhor de António Costa: uma certa bonomia que esconde a propaganda profissional. Com uma entrevista "tenrinha", tudo é possível.... Ferrões à parte, de um lado e de outro..."

Ver aqui.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Da série telenovelas figueirenses, cujo epílogo ainda vem longe..

Coreto do Jardim

Mais de 10 anos decorridos, está provado que não se recolocam coretos só com promessas.
Carlos Monteiro na reunião de câmara realizada em 18 de Setembro de 2019: o coreto foi aprovado. "Foi colocado num programa eleitoral. E temos de respeitar a democracia"...
Na Figueira existe (entre muitas) uma desigualdade gritante. Temos duas espécies de figueirenses: 
1. os que viveram numa cidade que até um coreto tinha no jardim.
2. e os outros: os que vivem numa aldeia que nem um coreto tem no jardim.

Figueira Domus, empresa municipal dedicada à gestão de habitação municipal... (4)

"Sou a favor da internalização da Figueira Domus. Será um erro se a Figueira Domus seguir o caminho da Figueira Parques que foi cedida a uma empresa privada, a quem se ofereceu a componente mais interessante da Figueira Parques, tendo ficado o fardo das etapas mais trabalhosas do serviço do lado do município. Mas mais importante do que a futura solução para a Figueira Domus, e após uma fase de visível avanço no saneamento financeiro da empresa, no meu entender será fundamental que o serviço de habitação social municipal ataque o problema da guetização e do isolamento das populações que são obrigadas a recorrer a essa solução habitacional. O modelo de concentração de populações com os mesmos problemas e com os mesmos horizontes de vida no mesmo local, é um modelo esgotado e mais do que verificadamente falhado. Os guetos e o isolamento social funcionam como um amplificador de problemas sociais. Por exemplo, num bairro onde o desemprego ou o emprego precário são regra, o desemprego e a precariedade passam ser norma e passam a ser olhados como uma normalidade e os horizontes de vida passam ser nivelados por baixo. Isto passou-se claramente com os primeiros portugueses que emigraram para França e se concentraram nas bidonvilles. Durante a década seguinte, o horizonte das portuguesas era ser concierge (porteiras de imóveis) e dos homens era ser carreleur (ladrilhador) ou lavador de janelas. Está na hora de acabar com o isolamento das populações dos guetos de habitação social do concelho, dar-lhes condições dignas numa primeira fase enquanto não surgem alternativas. Posteriormente, as alternativas de habitação social têm de passar pela diluição da habitação por todo o concelho, em vez da concentração. Uma alternativa poderia passar por um compromisso com os construtores sempre que fosse construído um novo lote habitacional, alocando uma pequena percentagem dedicada à habitação social, a ser adquirida pela câmara como contrapartida a um preço vantajoso para as duas partes. Mas existirão certamente outras ideias válidas para combater a guetização."
Via Diário as Beiras

"Segundo a análise e conclusões do Flash Desemprego, um resumo estatístico datado de 21 de maio e referente aos meses de março e abril, um em cada quatro desempregados da área territorial da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIMRC), que engloba 19 municípios, reside na Figueira da Foz"

Efeito do confinamento? (2)

A solidão cria aberrações e sentimentos distorcidos acerca do real...
"Máscara deve ser usada durante as relações sexuais, sugere estudo"...

Efeito do confinamento?

A solidão cria aberrações e sentimentos distorcidos acerca do real...
"Nadadores-salvadores devem "tentar salvar sem entrar na água", dizem regras"...

Dar um tiro num cão custa 1 540 euros...

O homem que atingiu a tiro um cão no centro da vila de Soure, em novembro de 2018, foi condenado esta semana por um crime de maus tratos a animais. 
O arguido, de 59 anos, foi condenado a uma pena de prisão de 220 dias que poderá ser substituída pelo pagamento de uma multa de 1.540 euros. Ficou ainda proibido de uso de armas por um período de um ano. 
Teve ainda direito a ser notícia de primeira página em dois jornais regionais.

Fica o registo

   O Iniciativa Liberal no Twitter.

1/ A Iniciativa Liberal condena inequivocamente todas as formas de discriminação, em particular o racismo. 2/ A IL não deixará que um dia se possa, a pretexto do que quer que seja, limitar a liberdade de expressão. Seremos também guardiões desse princípio fundamental.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Figueira Domus, empresa municipal dedicada à gestão de habitação municipal... (3)

"Quanto à pergunta formulada, se concordaria com a internalização da empresa municipal Figueira Domus, oferece-me dizer, em primeira análise, que detendo a Câmara Municipal a totalidade do capital, quase seria indiferente, pois o importante, de meu ponto de vista, é que continue assegurado o papel social da empresa em termos de alojamento de populações mais frágeis.

É intenção do Executivo camarário alterar o modo de funcionamento da F. Domus, digamos assim, sendo que, segundo informações recentes do Presidente ainda não foi decidido o “modelo”, nomeadamente se a internalização ou a integração. “O que queremos é que fique na directa dependência da Câmara”, intenção que obviamente aplaudo.

Considerou o Presidente que algumas das empresas municipais extintas, mais do que não eram do que “gorduras”, consumindo meios. Partilho deste ponto de vista pois algumas só quase cumpriram um objectivo translúcido: a satisfação de clientelas políticas, de modo mais visível ou mais obscuro.

Também na altura me senti muito gratificada com as extinções e neste caso em análise, vejo uma vantagem na internalização ou integração: o alívio do peso burocrático do aparelho que gere a empresa. Espero que alguns erros que foram cometidos, possam de alguma forma ser corrigidos: a criação de guetos em alguns alojamentos, e que tem levado a um mau ambiente entre os residentes, intolerância e o despoletar de recuados sentimentos xenófobos e racistas, que em nada contribuem para a assumpção plena de uma cidadania saudável.

Voltando ao assunto, cabe aqui chamar a atenção para a contradição presente nas decisões camarárias, a postura completamente diversa que tomou em relação à empresa Figueira Parques, que não dando prejuízo, antes por contrário, não foi integrada mas privatizada e em condições absolutamente régias por parte do comprador: um negócio de oiro, que os munícipes não compreenderam e continuam a repudiar. Se tivesse sido internalizada/integrada seria uma mais valia para o Município e uma alavanca nos seus mecanismos financeiros."
Via Diário as Beiras

"A deterioração da situação económica e financeira da Figueira da Foz é notória e o futuro indicia que vai piorar..."

Via PSD Figueira
"A deterioração da situação económica e financeira da Figueira da Foz é notória e o futuro indicia que vai piorar, quanto mais não seja por baixarem as receitas próprias com a crise. Tudo isto por o PS e seu executivo serem manifestamente incompetentes, perdulários e arrogantes, cuja única preocupação é a sua manutenção no poder a todo o custo!"

E quanto a instalações sanitárias?..

«...a praia da Figueira da Foz, o maior areal urbano da Europa – que se estende por cerca de dois quilómetros de comprimento, entre o molhe norte do rio Mondego e a vila piscatória de Buarcos – terá uma lotação ligeiramente superior a 25 mil pessoas.
“Será a praia com maior capacidade do país”, frisou fonte da autarquia."

A gestão de uma multidão destas exige medidas claras no que às condições sanitárias diz respeito. Nomeadamente, vários blocos sanitários ao longo do extenso areal, com manutenção e limpeza regular, sem esquecer as pessoas com mobilidade reduzida.


Jornalismo de cordel, uma forma de literatura...

Via Diário as Beiras
A literatura de cordel teve a sua época. Este tipo de arte popular abordava histórias e situações características e caricatas de uma determinada região ou local. 
O cordel servia para aumentar o imaginário da aldeia ou da cidade. 
Não se deve, a meu ver, depreciar a literatura ou o jornalismo de cordel. 
Houve má literatura ou mau jornalismo de cordel, como há má literatura culta. 
Há várias espécies de banda desenhada ou de literatura cor-de-rosa que podemos considerar herdeiras da tradição do folheto, mas hoje há outras válvulas de escape, como a telenovela... 
Houve muita gente que viveu do cordel: os cegos que os vendiam à cintura, os escritores profissionais e as editoras. Em Portugal, essa economia desapareceu há anos. 
A notíca acima, publicada no jornal Diário as Beiras, fez-me recordar esse tempo. Lembram-se do jornal O PALHINHAS?..

Fiquei, porém, com uma curiosidade: o que terá acontecido na realidade?

Da série telenovelas figueirenses: Lagoa da Vela

O perigo

Vivemos em democracia. Vivemos com regras e escrutínio político, o que implica haver apuramento de responsabilidades. 
A Figueira não é a casa de ninguém em especial. Embora às vezes pareça....

Nos democratas figueirenses deve haver algum incómodo. 
Nem todos, presumo, admitem ser tratados como incapazes...

Vivemos numa cidade onde - quero acreditar - existem jornalistas e órgãos de informação isentos, livres e plurais.
Portanto, é natural que se espere que o sistema tenha um mínimo de decência.

Os oportunistas têm dois caminhos: ou consideram que o essencial a preservar é a credibilidade do sistema democrático; ou consideram que podem continuar a comportar-se com a impunidade habitual...

Alguém - presumo que  os dirigentes partidários sérios -, tem a responsabilidade ética, moral e política de colocar os oportunistas no seu devido lugar.

Os partidos deveriam dar um sinal. Mas não tenhamos demasiadas ilusões e, muito menos, esperanças... O clientelismo e a mistura entre interesse público e interesses privados, fragiliza o sistema democrático. 

Este sim é que é o perigo para a democracia. 
Não é a abstenção dos eleitores. Essa - acreditem -, é apenas uma reacção...