segunda-feira, 11 de março de 2019
Parabéns...
10 Anos a Aventar: Tão Longe, Tão Perto
"A blogosfera, que em Portugal teve a paternidade reclamada quase em
exclusivo por Pacheco Pereira, já tinha sido dividida na altura entre
“boa” blogosfera (o seu Abrupto) e “má” blogosfera (o resto
todo, salvo adequadas excepções que não me ocorrem). Na má blogosfera, à
qual se atribuíam pecados do pior, avultava no início de 2009 um
conjunto de blogues colectivos com posicionamentos políticos
razoavelmente claros. Existiam mais, mas a meia dúzia que fazia escola
dividia-se pelos “radicais de esquerda” (5dias, Arrastão), os situacionistas do socratismo (Jugular, Câmara Corporativa, uma das incubadoras dos “factos alternativos” entre nós) e os betos de direita (31 da Armada, Insurgente).
Quase todos desapareceram, à medida que os seus colaboradores mais
destacados arranjaram lugar num gabinete governamental ou foram
cooptados pela comunicação social mainstream.
É neste contexto que surge um novo colectivo, com a enorme estranheza
de não ser imediatamente possível situá-lo no esquematismo da altura.
Que escrevia sobre mais do que política pura e dura e até tinha pessoal a
escrever com algum sentido sobre Educação, não apenas a zurzir nos
professores ou a defendê-los só porque eram contra o Sócrates. O nome e a
declaração de princípios inicial era suficientemente ampla para se ter
esperança na diferença deste colectivo em relação aos que dominavam o
“mercado” na altura.A verdade é que se passaram dez anos e o Aventar continua e parece-me de boa saúde numa altura que a migração para as redes sociais fez com que tudo se fragmentasse ainda mais e o debate político e troca de ideias se tenha transformado em algo ainda mais redutor e maniqueísta do que era.
2019 é o tempo das fake news, em que se acredita que eleições são ganhas ou perdidas graças a manipulações da informação, em que o big data se instalou mais para confundir do que para ajudar. Em que os bloggers de sucesso falam de moda, de roupinhas para bebés, de comida vegan, de tascas gourmet, de cosmética patrocinada. 2019 é todo um outro mundo no espaço virtual.
Desta forma, 2009 parece distante.
Mas olhamos para o país e parece tão perto. Continuamos com malta a mandar nisto tudo, mas trocámos o zeinal pelo mexia e o salgado por uns tipos que trabalhavam ou eram pagos por ele. A quadradura passou a circulatura, mas os sentados apenas me acompanharam na engorda (física). Sim, trocámos o cavaco pelo marcelo, mas se bem nos lembrarmos, ambos foram bem colaborantes com os respectivos governos socialistas nos primeiros mandatos, assinado quase tudo de cruz e vetando apenas o essencial para parecer que são outra coisa. Talvez não se lembrem, mas o cavaco também era afectuoso, até com os cagarros, como tinha sido popular com uns bolos de pastelaria. O santana que dizia que ia sair do ppd/psd foi trocado por um santana que finalmente saiu do ppd/psd. Não temos o sócrates mas temos o costa, o vieira da silva, a vieira da silva, o par cabrita/vitorino, o santos silva. Não temos aeroporto na ota, temos no montijo.
Sim pelo meio passaram a troika, o passos coelho, o relvas, o portas, o gaspar, a maria luís, o maçães, o modedas e mais uns quantos moços jeitosos em matéria de escolha de fatos discretos e camisas de marca, mail’as gravatas de seda. O Aventar sobreviveu a isso sem baixas de monta. Sim chegou a geringonça e as coisas pareciam talvez mudar, até eu quase acreditei nisso, mas o Aventar sobreviveu a tentações a que outros não sobreviveram, mantendo “a estrutura e o espírito da equipa”, mesmo se fez algumas transferências. E se calhar, embora sabendo que não, ainda por lá se acredita que é possível alterar alguma coisa com o poder da palavra.
Não sei se durará mais dez anos, por dez anos, sendo que passam
depressa se olharmos as coisas de uma forma, passam muito devagar quando
são vividos ao vivo, sem ceder às tais tentações."
A MINHA PRAIA
"Todos os anos, sempre, desde bébé de colo, o correr do tempo não se mede apenas pela noite de passagem de ano, mas também pelo Agosto da minha praia. Noutros tempos, quase três meses, hoje em dia, um fim de semana no mínimo. As férias não são elásticas e outros destinos me chamam, mas sem pôr em causa esta passagem de ano, este picar de ponto, a romagem pelos sítios que sobrevivem ao passar do tempo, o passeio pela esplanada, as ruas tão cheias de arte nova, o pôr de sol sobre a praia e tantos outros lugares que se tornaram meus.
Lugares de uma vida, das diversas vidas que aqui se foram cruzando, como lugares que, entretanto, desapareceram como o Luna, onde joguei os primeiros jogos de pac-man, o Europa e os snookers para as tardes de chuva, a Caravela, essa instituição onde comecei a ir para as torradas com a minha avó, onde comi amiúde a irrepetível omelete de camarão com os meus pais e onde bebi cerveja capaz de encher vários barris com os meus amigos, um lugar que era uma instituição, e tal como a revista Tintim, dos 7 aos 77 ou talvez mais, com o senhor Madaleno que nos fez tão felizes em dias e noites aparentemente infinitos. A Casa Havanesa, livraria dos tempos em que havia livrarias com livreiros que sabiam que vendiam livros e não refrigerantes, com a senhora dona Helena de trás do balcão, na sua secretária – de onde apenas saía quando detectava genuíno interesse -, as capas para não estragar os livros na praia e os belíssimos marcadores com fotografias antigas da Figueira. O Pessidónio, discoteca pioneira no país, e que sobreviveu anos com altos e baixos, marcando gerações desde a sua abertura até à minha, e outras, de onde era hábito sair de dia a tempo de rematar a noite com bolo quente na Sofico.
Lugares de ontem e de hoje, como a praia, cada vez mais uma miragem desde a esplanada com a terra a ganhar terreno ao mar ano após ano. Essa praia de vento forte, com fugas ao meio da tarde, enrolado em toalha para proteger as pernas de esfoliação excessiva, do mar com ondas, ondas mesmo, grandes, só para os habitués que nela cresceram e logo aprenderam a furá-las, a fazer impensáveis carreiras, a arriscar mergulhos no limite da rebentação. Uma praia que hoje não me preenche pela instabilidade do clima, mas com o irresistível charme dos seus chapéus listados e cadeiras de lona e conversas com os que por ali ficaram.
Lugares e hábitos que nada seriam sem as pessoas, verdadeiro motivo porque volto, e voltarei ano após ano. Os que já não vão, como os meus pais, imagem de saudade a cada ano, e os outros, os que teimamos em ir por mais ou menos dias, porque somos parte da vida uns dos outros, mesmo quando vivemos na mesma cidade e não nos encontramos. Há nestas amizades de verão coisas peculiares, especiais, uma relação de uma vida, de nos vermos crescer, de, a cada ano, nos vermos diferentes, mas com uma ligação muito particular, sem barreiras geracionais, pois as idades sempre se cruzaram sem grandes limites e as cervejas são bebidas entre tios e sobrinhos, mães e filhas, irmãos. Algumas vezes tentei explicar a quem me perguntava o porquê da Figueira, falhando, tenho a certeza, nessa explicação. Há realmente coisas que não se explicam, esta é a minha praia e sei que de muitos outros também, uma tradição nossa que teimamos em manter por tudo o que de bom ela já nos trouxe.
Até ao próximo Agosto."
Nota:
Fica o agradecimento ao leitor habitual deste espaço Joaquim Moreira, que teve a amabilidade de me enviar o link.
domingo, 10 de março de 2019
Na terra do carnaval
Todos os anos acontece a mesma coisa: uma discussão porca em torno de uns míseros euros ao salário mínimo nacional.
Em 2019, o salário mínimo ficou em 600 euros no sector privado, por falta de acordo entre parceiros. A remuneração mínima no Estado é de 635 euros.
Portugal, este desgraçado país em que vivemos, também neste campo, continua na cauda da Europa. A esmagadora maioria dos seus trabalhadores aufere um salário que não corresponde às legitimas aspirações a uma vida digna e de esperança no futuro.
Mas o mal não toca a todos no que às remunerações diz respeito: a denominada "classe politica dirigente", seja ao nível do poder local, regional ou nacional, tem-se aproximado dos padrões europeus, sem esquecer ou prescindir de outras mordomias.
Em Portugal é carnaval todos os dias. Hoje, na Figueira não se esqueçam de ir até à Avenida...
Em 2019, o salário mínimo ficou em 600 euros no sector privado, por falta de acordo entre parceiros. A remuneração mínima no Estado é de 635 euros.
Portugal, este desgraçado país em que vivemos, também neste campo, continua na cauda da Europa. A esmagadora maioria dos seus trabalhadores aufere um salário que não corresponde às legitimas aspirações a uma vida digna e de esperança no futuro.
Mas o mal não toca a todos no que às remunerações diz respeito: a denominada "classe politica dirigente", seja ao nível do poder local, regional ou nacional, tem-se aproximado dos padrões europeus, sem esquecer ou prescindir de outras mordomias.
Em Portugal é carnaval todos os dias. Hoje, na Figueira não se esqueçam de ir até à Avenida...
sábado, 9 de março de 2019
O que há mais é disso...
A ascensão dos jotas
"Garotos que nunca fizeram nada na vida a não ser entreterem-se nas intrigas e joguinhos de poder que se ensinam nas escolas partidárias"...
Alteração dos PIP Cabedelinho e Cabedelo - Regulamento Gestão OMG
Encontra-se em consulta pública - 7/3/19 a 17/4/19.
Nota.
A obra está a decorrer no terreno desde o passado mês de Dezembro!..
Cristina...
"Marcelo fez muito mal aos políticos portugueses. Nas piores cenas de rua, ele é salvo por uma certa condescendência de classe e uma certa arrogância salazarista. Mas não se passa o mesmo com os outros. António Costa, de avental, a cozinhar uma cataplana no “Programa da Cristina”, é simplesmente penoso e reles; e nem sequer tem a desculpa de precisar de votos."
Vasco Pulido Valente
sexta-feira, 8 de março de 2019
Tudo o que tem foi herdado dos pais...
Quando trabalhou Ferraz da Costa?
"Pedro Ferraz da Costa é presidente do conselho de administração do grupo Iberfar, enquanto herdeiro da presença familiar quase centenária no sector farmacêutico. É ainda presidente do Fórum da Competitividade, uma associação de defesa dos interesses dos grandes grupos económicos. Nos órgãos sociais, cruza-se com gente habituada aos corredores do poder, tanto político como económico: Nogueira Leite, Luís Todo Bom, Mira Amaral, Daniel Bessa, João Salgueiro, Óscar Gaspar ou Vítor Bento. Antes, passou 20 anos na presidência da CIP, entre 1981 e 2001, sucedendo ao primeiro responsável da organização: o patriarca de uma das famílias da elite económica do regime fascista, António Vasco de Mello. O que não se conhece, de todas as suas biografias públicas, é em que período Pedro Ferraz da Costa fez o que acusa os portugueses de não quererem fazer, trabalhar."
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