terça-feira, 15 de janeiro de 2019
Por onde anda o 25 de de Abril de 1974?
Bastonário dos Advogados diz que há uma justiça para ricos e outra para pobres.
Nota de rodapé.
O Tempo, esse maganão, tende a fazer esquecer aqueles que deram à malta da minha geração, a vida e a liberdade possível... A minha eterna gratidão, a todos os que há quase 45 anos contribuíram para isso.
Nota de rodapé.
O Tempo, esse maganão, tende a fazer esquecer aqueles que deram à malta da minha geração, a vida e a liberdade possível... A minha eterna gratidão, a todos os que há quase 45 anos contribuíram para isso.
Não lhes toquem no carácter, que eles até dão saltos...
Ao longo da vida, cruzei-me com tanto mau carácter...
Aquele que para subir, desceu…
Aquele que para subir, desceu…
Foi, certamente, sem dar por ela...
Ideia que envolve perigo
foto sacada daqui |
Bruno Santos, via Aventar
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
Rio a rir?..
Estrategicamente falando, Luís Montenegro colocou-se exactamente no lugar onde Rui Rio desejava que ele se colocasse.
Vejamos.
"A saída borda fora de Santana foi má conselheira para Montenegro. Transmitiu-lhe a sensação de ser o líder único da oposição interna. Um erro de que não tardará a aperceber-se.
Loucura foi a palavra usada por Marcelo Rebelo de Sousa para classificar a possibilidade de mais uma crise no PSD. Kamikaze é a palavra que julgo mais adequada para adjectivar o pretenso ultimato de Luís Montenegro a Rui Rio. Pretenso porque, como decorre da História, o ultimato é feito por quem dispõe de maior poder. Não é o caso.
Por falar em História, não há dúvida de que a memória dos políticos é piedosamente selectiva. Só retém o que lhe convém. Talvez por isso Montenegro já não se lembre de ter dito, quando abandonou o hemiciclo, que nunca faria a Rio o que Costa tinha feito a Seguro.
O problema é que ousou ir além de Costa. Não teve paciência para esperar pela primeira das três eleições que aí vêm.
Rui Rio desvalorizou o ultimato montenegrino atribuindo-o ao desejo de os seus apaniguados garantirem um lugar nas listas de candidatos aos próximos atos eleitorais. De facto, há, no PSD como nos outros partidos, militantes que não vivem para a política, mas da política. São os cargos que lhes alimentam muito mais do que o ego. Daí que seja a agenda pessoal a ditar a regra. Por isso a agitação que se vive em várias distritais.
Algo que ajuda a explicar o desafio publicamente lançado por Montenegro. Na verdade, o cisma provocado por Santana Lopes não deixará de fazer vítimas entre os seus antigos apoiantes. Rio não apostará em muitos deles. Um dado que os próprios dão por adquirido. Como tal, há que jogar na antecipação. Só que, a julgar pela reacção de personalidades que continuam a marcar a vida do partido o tiro vai sair pela culatra."
José Pinto
Vejamos.
"A saída borda fora de Santana foi má conselheira para Montenegro. Transmitiu-lhe a sensação de ser o líder único da oposição interna. Um erro de que não tardará a aperceber-se.
Loucura foi a palavra usada por Marcelo Rebelo de Sousa para classificar a possibilidade de mais uma crise no PSD. Kamikaze é a palavra que julgo mais adequada para adjectivar o pretenso ultimato de Luís Montenegro a Rui Rio. Pretenso porque, como decorre da História, o ultimato é feito por quem dispõe de maior poder. Não é o caso.
Por falar em História, não há dúvida de que a memória dos políticos é piedosamente selectiva. Só retém o que lhe convém. Talvez por isso Montenegro já não se lembre de ter dito, quando abandonou o hemiciclo, que nunca faria a Rio o que Costa tinha feito a Seguro.
O problema é que ousou ir além de Costa. Não teve paciência para esperar pela primeira das três eleições que aí vêm.
Rui Rio desvalorizou o ultimato montenegrino atribuindo-o ao desejo de os seus apaniguados garantirem um lugar nas listas de candidatos aos próximos atos eleitorais. De facto, há, no PSD como nos outros partidos, militantes que não vivem para a política, mas da política. São os cargos que lhes alimentam muito mais do que o ego. Daí que seja a agenda pessoal a ditar a regra. Por isso a agitação que se vive em várias distritais.
Algo que ajuda a explicar o desafio publicamente lançado por Montenegro. Na verdade, o cisma provocado por Santana Lopes não deixará de fazer vítimas entre os seus antigos apoiantes. Rio não apostará em muitos deles. Um dado que os próprios dão por adquirido. Como tal, há que jogar na antecipação. Só que, a julgar pela reacção de personalidades que continuam a marcar a vida do partido o tiro vai sair pela culatra."
José Pinto
Ao longo da vida, ficamos responsáveis por aqueles que cativamos
Houve tempo em que pensei que as amizades durassem para sempre...
Hoje, não tenho certeza disso!..
A vida não é para passar em branco.
Quantas pequenas adversidades foram a causa de grandes tempestades?
Hoje, não tenho certeza disso!..
A vida não é para passar em branco.
Quantas pequenas adversidades foram a causa de grandes tempestades?
Figueira: a casa dos segredos?..
"...No passado dia 5, os deputados do PSD eleitos pelo distrito visitaram o concelho da Figueira, o mais afectado pela Leslie de outubro, e classificaram a situação como “bastante grave” (algumas instituições ainda estão sem telhado e sem resposta de organismos oficiais, faltam respostas concretas do Governo sobre os prazos de aplicação das medidas, há informações contraditórias sobre a sua operacionalização, mas nota-se coerência relativamente ao tratamento no caso dos incêndios, ou seja, há atrasos e demoras incompreensíveis). Ora, quando se esperava que a Câmara juntasse a este alerta a sua preocupação e mesmo indignação, eis que “o Gabinete”, na defesa intransigente do senhor feudal, se insurge afinal porque uns vassalos não prestaram tributo ao atravessar os seus domínios, tendo por terras de Sua Eminência andado, imagine-se, sem terem ido ao beija-mão…"
"Beija-mão". Via jornal DIÁRIO AS BEIRAS.
"Beija-mão". Via jornal DIÁRIO AS BEIRAS.
domingo, 13 de janeiro de 2019
Rui Rio reage ao desafio de Luís Montenegro: "A minha resposta é não"
Foto Luís Barra, via Visão |
Ao que OUTRA MARGEM apurou, depois de Montenegro se ter chegado à frente, Rui Rio, que completa este domingo um ano como presidente do PSD, aguarda com a mesma tranquilidade as candidaturas da Sérvia, Croácia, B. Herzegovina, Macedónia e Eslovénia à presidência do PSD.
Na Figueira, quando o chefe fala temos de ser todos ovídeos?
Foto Arquivo PSD, via Figueira TV |
E corre um frio em vias de subdesenvolvimento crónico.
Se o juiz Ataíde não tem um projecto para os figueirenses, que apenas gostavam de viver numa Figueira que merece mais e melhor, o que está cá a fazer?
E os figueirenses o que têm a dizer?
Estão à espera do próximo Santana?
Nota de rodapé.
Godot manda dizer que está constipado...
Esta malta quer sobreviver, não quer saber de escrúpulos, nem quer ser boazinha ...
O homem que subiu na estrutura do PSD a partir de Espinho, é visto por muitos como o sucessor de Passos Coelho. Para outros, é uma criação de Miguel Relvas. Acusam-no de não ter curriculum para além da política e, até, de nunca ter lido um livro até ao fim.
Em fevereiro de 2014, na reta final do programa de resgate, proferiu uma das suas frases mais célebres, em entrevista ao "Jornal de Notícias": “Eu sei que a vida quotidiana das pessoas não está melhor, mas não tenho dúvidas que a vida do país está muito melhor do que em 2011”.
Luís Montenegro. Quem é o homem que quer liderar o PSD?
Em fevereiro de 2014, na reta final do programa de resgate, proferiu uma das suas frases mais célebres, em entrevista ao "Jornal de Notícias": “Eu sei que a vida quotidiana das pessoas não está melhor, mas não tenho dúvidas que a vida do país está muito melhor do que em 2011”.
Luís Montenegro. Quem é o homem que quer liderar o PSD?
sábado, 12 de janeiro de 2019
A vida política na Figueira é isto: uma sucessão de truques feitos às três pancadas...
Via nota de imprensa, a concelhia do PSD compara o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde, com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Aquela estrutura partidária, liderada pelo vereador Ricardo Silva, reagiu às afirmações do gabinete da presidência da autarquia, a propósito da visita dos deputados socialdemocratas ao concelho.
Começa assim a nota de imprensa "laranja".
“É cada vez mais claro, para o PSD na Figueira da Foz, que a gestão autocrática do dr. Ataíde se assemelha à do ditador Maduro, nomeadamente quando ousa tentar governar a oposição, desprezando todavia a resolução dos problemas dos figueirenses, os quais clamam por ajuda… mas não a têm!”.
“Ao demonstrar «tiques» de senhor feudal (acha que todos lhe devem vassalagem ao atravessar «os seus domínios» - sintomas típicos do ADN socialista!), as perguntas que se colocam são as seguintes: é o dr. Ataíde quem define como e quem do PSD pode visitar o concelho? Acha-se o «dono disto tudo»?”, acrescenta.
“O PSD defende que, visto que o presidente da câmara demonstra estar mais interessado em viajar com a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, outros têm de viajar pelo concelho para ajudar quem necessita!”.
Na parte final documento do PSD, pode ler-se que o partido “quer ajudar a resolver os problemas dos figueirenses, e já conseguiu que pelo menos o presidente da câmara fique alertado para os inúmeros casos de destruição provocada pela tempestade «Leslie» e para as pessoas que ainda desesperam por ajuda, três meses depois dessa calamidade”.
A resposta do gabinete da presidência da câmara foi dada por escrito. Segundo o que pode ser lido na edição de hoje do DIÁRIO AS BEIRAS, “não se justifica este tipo de comentários do senhor vereador Ricardo Silva, sendo por demais evidente o seu desespero e agora também o seu destempero”, defende. “Em reunião de câmara (no dia 21), o local adequado para a discussão pública, prestaremos os esclarecimentos que se considerarem oportunos”, conclui o gabinete da presidência da câmara.
Aquela estrutura partidária, liderada pelo vereador Ricardo Silva, reagiu às afirmações do gabinete da presidência da autarquia, a propósito da visita dos deputados socialdemocratas ao concelho.
Começa assim a nota de imprensa "laranja".
“É cada vez mais claro, para o PSD na Figueira da Foz, que a gestão autocrática do dr. Ataíde se assemelha à do ditador Maduro, nomeadamente quando ousa tentar governar a oposição, desprezando todavia a resolução dos problemas dos figueirenses, os quais clamam por ajuda… mas não a têm!”.
“Ao demonstrar «tiques» de senhor feudal (acha que todos lhe devem vassalagem ao atravessar «os seus domínios» - sintomas típicos do ADN socialista!), as perguntas que se colocam são as seguintes: é o dr. Ataíde quem define como e quem do PSD pode visitar o concelho? Acha-se o «dono disto tudo»?”, acrescenta.
“O PSD defende que, visto que o presidente da câmara demonstra estar mais interessado em viajar com a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, outros têm de viajar pelo concelho para ajudar quem necessita!”.
Na parte final documento do PSD, pode ler-se que o partido “quer ajudar a resolver os problemas dos figueirenses, e já conseguiu que pelo menos o presidente da câmara fique alertado para os inúmeros casos de destruição provocada pela tempestade «Leslie» e para as pessoas que ainda desesperam por ajuda, três meses depois dessa calamidade”.
A resposta do gabinete da presidência da câmara foi dada por escrito. Segundo o que pode ser lido na edição de hoje do DIÁRIO AS BEIRAS, “não se justifica este tipo de comentários do senhor vereador Ricardo Silva, sendo por demais evidente o seu desespero e agora também o seu destempero”, defende. “Em reunião de câmara (no dia 21), o local adequado para a discussão pública, prestaremos os esclarecimentos que se considerarem oportunos”, conclui o gabinete da presidência da câmara.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2019
Uma postagem longa...
Retrato
Em 1966, na época da mini-saia, não a usou.
Os pais e o namorado não deixaram.
Aconteceu o 25 de Abril de 1974. Dedicou-se a outras coisas que tinham a ver com os novos ventos que sopraram.
Foram tempos de tal forma intensos, que não havia tempo para para pensar nessas coisas da moda!
No sindicato, não achavam piada a essas fatiotas pequeno burguesas.
Casou.
O marido tinha a opinião do sindicato no que às fatiotas dizia respeito!
Depois, deixou o sindicato e teve filhos.
Passou a ter a vida rotineira de uma mulher trabalhadora e dona de casa: a lida da casa, o trabalho, os filhos no infantário, as refeições...
Um dia o marido trocou-a por outra.
Divorciou-se.
Chegaram os 50.
Pensou e ganhou coragem e forças para cuidar da imagem.
Libertou-se de preconceitos.
Tinha em casa uma filha adolescente e gostava do que via.
Passou a usar calças jeans e T-shirts curtas para mostrar o umbigo.
Azar: nesta altura já era tarde.
Só lhe olharam para os "pneus"...
Há muita gente que nasceu depois do 25 de abril de 1974.
Daí, que seja normal haver muito pouco conhecimento sobre o papel da mulher na sociedade antes da Revolução.
A saber.
Trabalho
– Em 1974, apenas 25% dos trabalhadores eram mulheres; apenas 19% trabalhavam fora de casa (86% eram solteiras; 50% tinham menos de 24 anos).
– Ganhavam menos cerca de 40% que os homens.
– A lei do contrato individual do trabalho permitia que o marido pudesse proibir a mulher de trabalhar fora de casa.
– Se a mulher exercesse actividades lucrativas sem o consentimento do marido, este podia rescindir o contrato.
– A mulher não podia exercer o comércio sem autorização do marido.
– As mulheres não tinham acesso às seguintes carreiras: magistratura, diplomática, militar e polícia.
– Certas profissões (por ex., enfermeira, hospedeira do ar) implicavam a limitação de direitos, como o direito de casar.
Família
– O único modelo de família aceite era o resultante do contrato de casamento.
– A idade do casamento era 16 anos para o homem e 14 anos para a mulher;
– A mulher, face ao Código Civil, podia ser repudiada pelo marido no caso de não ser virgem na altura do casamento.
– O casamento católico era indissolúvel (os casais não se podiam divorciar).
– A família é dominada pela figura do chefe, que detém o poder marital e paternal. Salvo casos excepcionais, o chefe de família é o administrador dos bens comuns do casal, dos bens próprios da mulher e bens dos filhos menores.
– O Código Civil determinava que “pertence à mulher durante a vida em comum, o governo doméstico”.
– Distinção entre filhos legítimos e ilegítimos (nascidos dentro e fora do casamento): os direitos de uns e outros eram diferentes.
– Mães solteiras não tinham qualquer protecção legal.
– A mulher tinha legalmente o domicílio do marido e era obrigada a residir com ele.
– O marido tinha o direito de abrir a correspondência da mulher.
– O Código Penal permitia ao marido matar a mulher em flagrante adultério (e a filha em flagrante corrupção), sofrendo apenas um desterro de seis meses;
– Até 1969, a mulher não podia viajar para o estrangeiro sem autorização do marido.
Saúde Sexual e Reprodutiva
– Os médicos da Previdência não estavam autorizados a receitar contraceptivos orais, a não ser a título terapêutico.
– A publicidade dos contraceptivos era proibida.
– O aborto era punido em qualquer circunstância, com pena de prisão de 2 a 8 anos. Estimavam-se os abortos clandestinos em 100 mil/ano, sendo a terceira causa de morte materna.
– Cerca de 43% dos partos ocorriam em casa, 17% dos quais sem assistência médica; muitos distritos não tinham maternidade.
– A mulher não tinha o direito de tomar contraceptivos contra a vontade do marido, pois este podia invocar o facto para fundamentar o pedido de divórcio ou separação judicial.
Segurança Social
– O regime de previdência e de assistência social caracterizava-se por insuficiente expansão, fraca cobertura de riscos e prestações sociais com baixo nível de protecção social.
– O número de trabalhadores(as) abrangidos com o direito a pensão de velhice era muito reduzido. Pouco antes do 25 de Abril, o número de portugueses a receber pensão era cerca de 525 mil.
– Não existia pensão social, nem subsídio de desemprego.
– A pensão paga aos trabalhadores rurais era muito baixa e com diferenciação para mulheres e homens.
– Não existia pensão mínima no Regime Geral e a pensão média, o abono de família e de aleitação atingiam valores irrisórios.
– As mulheres, particularmente as idosas, tinham uma situação bastante desfavorável. A proporção de mulheres com 65 anos e mais que recebia pensões era muito baixa, assim como os respectivos valores.
Infraestruturas e equipamentos sociais
– Em 1973 havia 16 creches oficiais e a totalidade, incluindo as particulares, que cobravam elevadas mensalidades, abrangia apenas 0,8% das crianças até aos 3 anos de idade.
– Não existiam escolas pré-primárias públicas e as privadas cobriam apenas 35% das crianças dos 3 aos 6 anos de idade.
– Quase 50% das casas não tinha água canalizada e mais de metade não dispunha de electricidade.
Direitos cívicos e políticos
– Até final da década de 60, as mulheres só podiam votar quando fossem chefes de família e possuíssem curso médio ou superior.
– Em 1968 a lei estabeleceu a igualdade de voto para a Assembleia Nacional de todos os cidadãos que soubessem ler e escrever. O facto de existir uma elevada percentagem de analfabetismo em Portugal, que atingia sobretudo as mulheres, determinava que, em 1973, apenas houvesse 24% dos eleitores recenseados.
– As mulheres apenas podiam votar para as Juntas de Freguesia no caso de serem chefes de família (se fossem viúvas, por exemplo), tendo de apresentar atestado de idoneidade moral.
Importante é também reflectir sobre o que se passa hoje, para que os direitos adquiridos não se percam, por uma sociedade consciente dos seus direitos e deveres.
Em 1966, na época da mini-saia, não a usou.
Os pais e o namorado não deixaram.
Aconteceu o 25 de Abril de 1974. Dedicou-se a outras coisas que tinham a ver com os novos ventos que sopraram.
Foram tempos de tal forma intensos, que não havia tempo para para pensar nessas coisas da moda!
No sindicato, não achavam piada a essas fatiotas pequeno burguesas.
Casou.
O marido tinha a opinião do sindicato no que às fatiotas dizia respeito!
Depois, deixou o sindicato e teve filhos.
Passou a ter a vida rotineira de uma mulher trabalhadora e dona de casa: a lida da casa, o trabalho, os filhos no infantário, as refeições...
Um dia o marido trocou-a por outra.
Divorciou-se.
Chegaram os 50.
Pensou e ganhou coragem e forças para cuidar da imagem.
Libertou-se de preconceitos.
Tinha em casa uma filha adolescente e gostava do que via.
Passou a usar calças jeans e T-shirts curtas para mostrar o umbigo.
Azar: nesta altura já era tarde.
Só lhe olharam para os "pneus"...
Há muita gente que nasceu depois do 25 de abril de 1974.
Daí, que seja normal haver muito pouco conhecimento sobre o papel da mulher na sociedade antes da Revolução.
A saber.
Trabalho
– Em 1974, apenas 25% dos trabalhadores eram mulheres; apenas 19% trabalhavam fora de casa (86% eram solteiras; 50% tinham menos de 24 anos).
– Ganhavam menos cerca de 40% que os homens.
– A lei do contrato individual do trabalho permitia que o marido pudesse proibir a mulher de trabalhar fora de casa.
– Se a mulher exercesse actividades lucrativas sem o consentimento do marido, este podia rescindir o contrato.
– A mulher não podia exercer o comércio sem autorização do marido.
– As mulheres não tinham acesso às seguintes carreiras: magistratura, diplomática, militar e polícia.
– Certas profissões (por ex., enfermeira, hospedeira do ar) implicavam a limitação de direitos, como o direito de casar.
Família
– O único modelo de família aceite era o resultante do contrato de casamento.
– A idade do casamento era 16 anos para o homem e 14 anos para a mulher;
– A mulher, face ao Código Civil, podia ser repudiada pelo marido no caso de não ser virgem na altura do casamento.
– O casamento católico era indissolúvel (os casais não se podiam divorciar).
– A família é dominada pela figura do chefe, que detém o poder marital e paternal. Salvo casos excepcionais, o chefe de família é o administrador dos bens comuns do casal, dos bens próprios da mulher e bens dos filhos menores.
– O Código Civil determinava que “pertence à mulher durante a vida em comum, o governo doméstico”.
– Distinção entre filhos legítimos e ilegítimos (nascidos dentro e fora do casamento): os direitos de uns e outros eram diferentes.
– Mães solteiras não tinham qualquer protecção legal.
– A mulher tinha legalmente o domicílio do marido e era obrigada a residir com ele.
– O marido tinha o direito de abrir a correspondência da mulher.
– O Código Penal permitia ao marido matar a mulher em flagrante adultério (e a filha em flagrante corrupção), sofrendo apenas um desterro de seis meses;
– Até 1969, a mulher não podia viajar para o estrangeiro sem autorização do marido.
Saúde Sexual e Reprodutiva
– Os médicos da Previdência não estavam autorizados a receitar contraceptivos orais, a não ser a título terapêutico.
– A publicidade dos contraceptivos era proibida.
– O aborto era punido em qualquer circunstância, com pena de prisão de 2 a 8 anos. Estimavam-se os abortos clandestinos em 100 mil/ano, sendo a terceira causa de morte materna.
– Cerca de 43% dos partos ocorriam em casa, 17% dos quais sem assistência médica; muitos distritos não tinham maternidade.
– A mulher não tinha o direito de tomar contraceptivos contra a vontade do marido, pois este podia invocar o facto para fundamentar o pedido de divórcio ou separação judicial.
Segurança Social
– O regime de previdência e de assistência social caracterizava-se por insuficiente expansão, fraca cobertura de riscos e prestações sociais com baixo nível de protecção social.
– O número de trabalhadores(as) abrangidos com o direito a pensão de velhice era muito reduzido. Pouco antes do 25 de Abril, o número de portugueses a receber pensão era cerca de 525 mil.
– Não existia pensão social, nem subsídio de desemprego.
– A pensão paga aos trabalhadores rurais era muito baixa e com diferenciação para mulheres e homens.
– Não existia pensão mínima no Regime Geral e a pensão média, o abono de família e de aleitação atingiam valores irrisórios.
– As mulheres, particularmente as idosas, tinham uma situação bastante desfavorável. A proporção de mulheres com 65 anos e mais que recebia pensões era muito baixa, assim como os respectivos valores.
Infraestruturas e equipamentos sociais
– Em 1973 havia 16 creches oficiais e a totalidade, incluindo as particulares, que cobravam elevadas mensalidades, abrangia apenas 0,8% das crianças até aos 3 anos de idade.
– Não existiam escolas pré-primárias públicas e as privadas cobriam apenas 35% das crianças dos 3 aos 6 anos de idade.
– Quase 50% das casas não tinha água canalizada e mais de metade não dispunha de electricidade.
Direitos cívicos e políticos
– Até final da década de 60, as mulheres só podiam votar quando fossem chefes de família e possuíssem curso médio ou superior.
– Em 1968 a lei estabeleceu a igualdade de voto para a Assembleia Nacional de todos os cidadãos que soubessem ler e escrever. O facto de existir uma elevada percentagem de analfabetismo em Portugal, que atingia sobretudo as mulheres, determinava que, em 1973, apenas houvesse 24% dos eleitores recenseados.
– As mulheres apenas podiam votar para as Juntas de Freguesia no caso de serem chefes de família (se fossem viúvas, por exemplo), tendo de apresentar atestado de idoneidade moral.
Importante é também reflectir sobre o que se passa hoje, para que os direitos adquiridos não se percam, por uma sociedade consciente dos seus direitos e deveres.
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