O mundo que temos é este em que vivemos. Portanto: «não importa para onde tentamos fugir, as injustiças existem em todo o lado, o melhor é encarar essa realidade de frente e tentar mudar alguma coisa.» Por pouco que seja, sempre há-de contribuir para aliviar...
Hoje, domingo, cerca das 10 e meia chego ao Cabedelo... Aquilo a que chamam um parque de estacionamento, frente ao mar, que não passa de um monte de terra, que nem batida está, encontra-se repleto de carros anarquicamente estacionados. Ao contrário do habitual, hoje levei o automóvel. Tive de dar meia volta e ir estacionar mais para norte. Chego a pensar que se tivesse ficado pela praia da Cova, ou pela praia do Hospital, tinha lá bons parques de estacionamento, bem alcatroados e bem delimitados com tinta branca. Durou, porém, pouco o meu desagrado... É verdade que teria o estacionamento mais facilitado se tivesse ficado pela Cova ou pelo Hospital... E muito bem... Tem de existir alguma compensação, para quem fica pela Cova ou pelo Hospital...
Segundo o advogado de alguns dos delinquentes que invadiram e vandalizaram a Academia de Alcochete, processo durante o qual tiveram ainda a oportunidade de agredir uns quantos jogadores e elementos da equipa técnica, o grupo de caras tapadas “só queria conversar”. Portanto, daqui para a frente, quando quiserem fazer uma espera e partir uma cabeças, lembrem-se do argumento. Vocês só queriam conversar. Se depois alguém sacar o cinto das calças para fazer mais pontos na cabeça do Dost do que o Benfica na última edição da Champions, é porque a conversa tomou um rumo que não devia. Mas eles só queriam conversar. Daí entrarem na academia sem serem convidados, de cara tapada como qualquer pessoa bem intencionada que aparece em casa do amigo sem avisar. Via Aventar
A arte, a música, o amor, o som da beira mar, podem pôr-me em contacto com dimensões do pensamento que transcendem, no imediato, as questões de um quotidiano meramente funcional. Por exemplo, ontem à noite, com algumas centenas de espectadores, tive oportunidade de assistir a um memorável espectáculo de Camané no Cae da Figueira da Foz. Memorável, por razões simples: vivi momentos de autenticidade, honestidade e verdade. Para a maioria, isso não será nada. Cada um é como é. Para mim, que procuro sobreviver, trilhando caminhos de viabilidade evolutiva, é tudo. Já falhei. Tornei a erguer-me. Continuei. Não me sirvo das pessoas. Mas, sei os terrenos que piso... E sei que vivemos numa sociedade em que, se não estivermos atentos, o que mais há para aí é quem pretenda servir-se de nós... Não vivo, contudo, formatado por uma moral definida. Sei que a sociedade é uma teia complexa e contraditória de hábitos obtusos que nos envolvem, que se não estivermos atentos podem condicionar-nos o movimento. Eu não vou por aí. A escalada é difícil e íngreme, pois caminho para o alto da montanha. O objectivo, é o sentido da liberdade.
Ontem, foi uma noite de histórias e cantigas de amor. O espectáculo valeu a pena. Cheguei a sentir-me no ambiente intimista de uma casa de fados. Camané, magistralmente acompanhado por José Manuel Neto à guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola e Paulo Paz no contrabaixo, foi Camané no seu melhor. Ponto final. A primeira metade do concerto foi exclusivamente dedicada a Alfredo Marceneiro. “Bêbado pintor”, “Quadras soltas”, “Fado bailado”, “A Lucinda camareira”, “Mocita dos Caracóis”, “A casa da Mariquinhas” e mais alguns fados como “Mais um fado no fado”, “Ele tinha uma amiga” e “Guerra das rosas”, foram temas aplaudidos com entusiasmo por uma plateia que encheu praticamente o Cae da Figueira da Foz na noite de ontem. A segunda parte do concerto, com Camané a cantar Camané (onde apareceu em todo o seu esplendor a versatilidade da sua voz), de cujo reportório fazem parte temas como “Abandono”, de David Mourão Ferreira e Alain Oulman, “Presságio” de Fernando Pessoa, “Emboscadas” de Sérgio Godinho ou “Lúbrica” de Cesário Verde, sensibilizou o público, ao ponto de haver o silêncio que se exige para ouvir cantar o fado. Foi uma noite que valeu a pena. “Sei de um rio”, “Fado Cravo”, “Saudades que trago comigo”, foram temas que empolgaram o público que retribuiu com diversas salvas de palmas, o espectáculo que Camané veio dar ontem à noite à Figueira da Foz. Foi uma noite que valeu a pena...
"Camané é um dos nomes incontornáveis do fado da
atualidade. Emoção. Tradição enriquecida com a dose certa de risco.
Versatilidade. Tudo isto faz parte da personalidade artística de Camané.
E tudo isto se conjuga num trabalho de Homenagem aAlfredo Marceneiro.
A elevação da grande referência do fado na voz de Camané, num registo
intemporal, numa justa homenagem a uma das suas maiores referências. Fado Cravo, Fado Bailado, entre tantos outros, fazem parte desta
homenagem, trazendo a sonoridade e a essência da raiz, tanto na música
como nas próprias letras da época. Um espetáculo que será, sem dúvida, um marco na história do fado, absolutamente a não perder!" Até mais logo...
"Em 23 de Fevereiro deste ano, publiquei nesta coluna um texto intitulado “Abaixo a leitura, diz ele”. Nele, tecia considerações a propósito de responsável do Sporting que parecia não ter miolos enriquecidos com o conhecimento. Citei Flaubert, em oposição à ignorância manifestada por quem deveria ser se não um estudioso da literatura, pelo menos, um homem elucidado. A barbárie, o “holiganismo”, a falta de cultura democrítica, de desportivismo, produziram uma horda a fazer-nos recordar as palavras do coronel Kurtz, do livro de Joseph Conrad que esteve na base de “Apocalipse Now”.
Estamos todos a pensar em “O horror, o horror”. O “Coração das trevas” tem ocupado muitas cabeças, dos membros do Daesh aos soldados que atiram balas reais sobre os manifestantes ”armados” com paus e pedras chamados de “terroristas”, à mãe que se faz explodir com duas filhas, na Indonésia, em frente de uma igreja cristã.
Estamos perante sintomas preocupantes de manifestações larvares de fascismo, de autoritarismo, de quem acredita ter toda a verdade. Qual a causa destes procedimentos, quem os semeou, quem os irrigou, quem com eles aproveita? Como sportinguista, sinto-me salpicado de lama; como português, sinto-me na obrigação de os denunciar. A questão não está nem é verde. É de todos, não é só de Alcochete."
A brutalidade, a ignorância e a falta de cultura desportiva, uma crónica de António Augusto Menano, via jornal AS BEIRAS.
Neste dia vários museus têm entrada gratuita, sendo possível visitar as suas exposições e obras, assim como participar nas iniciativas preparadas para comemorar o Dia Internacional dos Museus. Iniciativas na FIGUEIRA DA FOZ: 10H00: Inauguração das exposições temporárias “Revelações”, do artista plástico sérvio Branislav Mihajlovic, no Museu Municipal Santos Rocha; e “Aves do Baixo Mondego - Luz”, de Pedro Baptista, no Núcleo Museológico do Sal.
Na nossa vida, há períodos para parar e pensar. Tempos de paragem. Tempos de reflexão. Tempo de olhar o passado, repensar conceitos e olhar para futuro. Inserir e integrar o passado na realidade do presente. Tempo de conviver pacificamente com ausências. Tempo para prosseguir. Tempo de retomar em algo do passado, actualizá-lo e vivê-lo. Há uma luz renovada nas águas do Cabedelo, apesar do sol já ter desaparecido no horizonte. Abandono o Cabedelo, a pé pela praia já escura. Chego à Cova e recordo os palheiros que aqui existiram até meados do século passado. Eram habitados por pescadores oriundos de Ílhavo e constituiram uma das formas mais características de povoamento do litoral português. Com o chegada do turismo e dos banhos de mar, a Cova começou a sofrer uma progressiva urbanização. As actividades piscatórias foram relegadas para segundo plano, restando, porém, uma companha em actividade. Na praia da Cova os palheiros foram substituídos por blocos de apartamentos, sem traça e caracter definidos, o que tornou a Aldeia um espaço ambíguo e sem memória. Na Cova, sento-me num banco a olhar o amor. Continua a ser tempo de paragem e tempo de reflexão. O momento, este momento, é o futuro, que me é permitido viver. A vida é breve, muito breve mesmo!
"Queremos evitar dois naufrágios, o do ferry e o dos estaleiros", defendeu António Moreira, sindicalista. "...o presidente da Câmara da Figueira da Foz, João Ataíde, reúne-se esta semana, em Lisboa, com o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, tendo os estaleiros na agenda." "Por sua vez, a deputada do PCP Ana Mesquita desloca-se à Figueira da Foz, na próxima segunda-feira, para uma reunião com os trabalhadores dos estaleiros e sindicalistas."
A vida, a minha vida, tem sido feita de pés no chão e da pobreza da realidade. A vida, a minha vida, tem dias em que é preciso partir pedra. A vida, a minha vida, é olhar para o dia seguinte. A vida, a minha vida, é um objectivo que quero maior, vivida numa Aldeia aberta ao futuro, que nunca deveria ter esquecido o passado. A vida, a minha vida, é também a memória do passado. A vida, a minha vida, é também escrever um texto, partilhar uma reflexão e construir conhecimento coletivamente. A vida, a minha vida, é compreender melhor o que pode ser a vida numa Aldeia concreta. A vida, a minha vida, é aproximar-me de uma ideia de verdade sobre o que me rodeia. A vida, a minha vida, é movimento e inquietação...
"NÃO É [ESCRITOR] MALDITO QUEM QUER: precisamos não confundir a maldição com a excentricidade, gratuita, inócua, seja ela propositada ou casual. A Cidade a esse troça-os, mas acarinha, fazem parte do seu folclore. Não é pela barbicha, o trajo exótico, os costumes curiosos que se chega à maldição. Há entre o MALDITO e o seu meio, motivos mais fortes, vitais, de discordância, a saber: a tal razão, um desfasamento ético logo cívico, estético também (a obra espelho do criador) e isso é que conta. O MALDITO pode engravatar-se e vestir do Lourenço & Santos (exemplo, o Pessoa), pode comportar-se socialmente com toda a correcção, nem assim escapa à fama que actos ou obra lhe vão granjeado, vai ficando cercado. Inutilmente procurará UM EXCÊNTRICO E SÓ ISSO lançar-se como MALDITO… a Cidade tolera-o, premeia as suas gracinhas." – Luiz Pacheco, “O que é um escritor maldito?”, in “Literatura Comestível”