Ontem
de manhã, a Cova-Gala viveu uma jornada ímpar na sua existência de
200 e tal anos: realizou-se a plantação de 1.000 pinheiros mansos,
junto à praia da Orbitur, numa cerimónia simbólica, no Dia da
Floresta Autóctone.
Apesar
da Câmara Municipal da Figueira da Foz e da Junta de Freguesia de S.
Pedro terem sido convidadas, não estiveram presentes, nem justificaram a ausência. Contudo, os 1 126 pinheiros foram plantados por cerca
de 110 crianças da Escola da Gala (Agrupamento de Escola da Zona
Urbana da Figueira da Foz) que irão prestar, no âmbito do projecto
eco-escolas, um acompanhamento directo, assegurando o crescimento dos
pinheiros.
“O futuro aconteceu”. O objectivo foi alcançado: “a mensagem da
sensibilização para a importância dos problemas da erosão
costeira passou.”
Sobre a ausência de representantes da autarquia figueirense e Junta de Freguesia de S. Pedro, nada
há a comentar. Apenas a registar, para memória futura, que foi o
culminar de um comportamento triste e miserável desde o início
até ao fim de todo este processo.
Na
vida
política da Aldeia nada aconteceu, nem acontece, por acaso, apesar
dos imponderáveis que o acaso dita, e das idiossincrasias, por vezes
bizarras que, em cada mandato, os
dirigentes políticos que a representam, ostentam.
Pela
minha parte acredito que a liberdade política, a democracia, como
regime da livre escolha dos autarcas pelos cidadãos, como
dizia Churchill,
“é
a pior forma de governo imaginável à excepção de todas as
outras”.
Eu
sei que isto é uma aparente banalidade, mas, por vezes, parece que
alguns dos nossos mais próximos políticos perderam a noção do
valor inestimável da liberdade, relativizando essa conquista das
sociedades onde nos acomodamos (mas isso fica para outra ocasião!..)
valor esse que, do meu ponto de vista, é dos poucos que continuam a
merecer uma boa luta política.
Ontem,
mesmo à beirinha do local onde há poucos meses este nosso mar, o oceano atlântico,
invadiu território da Aldeia, em toda a sua plenitude, à nossa
vista e ao alcance do nosso nariz, ainda lá estava entranhado na terra o cheiro intenso a
maresia.
O
mar, este nosso mar que banha e causa erosão costeira na orla
marítima da Aldeia, é forte e possante quando batido pelo vento.
A
vida é feita de mudança. Por exemplo, de mentalidades. Se olharmos
para o futuro o mundo avança.
Temos
de dar um passo qualitativo: deixar de nos preocupar em parecer bem e
preocupar-nos mais em fazer obra.
Temos
de deixar de ter medo de tomar posição. Temos de arriscar mais nas
empreitadas do progresso.
Ontem,
de manhã, tive oportunidade de verificar, mais uma vez, que há muitos que falam nos
cafés, mas continuam a esperar que os outros avancem e que a
obra surja feita.
Tomar posição e fazer
obra, para a generalidade dos covagalenses, continua a ser algo
estranho e potencialmente perigoso.
Mas,
não há outro caminho, se queremos colocar em causa o equilíbrio
necessário ao triunfo do espírito matreiro e conservador dos governantes locais.
No nosso concelho, os
executivos camarários e das juntas de freguesia, querem-se modestos
nos grandes desígnios e sem vistas largas, não vá o
desenvolvimento, logo, o engrandecimento do concelho e da freguesia,
molestar as cordatas relações de poder com as grandes famílias
instaladas e fazer perigar as dependências face aos interesses em
vigor a nível local.
Sabemos
que vivemos num concelho, numa cidade e numa Aldeia, onde falta músculo democrático
e massa crítica à inteligência. Dito doutra maneira: o que falta,
em regra, é decência aos dirigentes, civismo, cidadania, educação
e cultura – no que, no geral, são acompanhados pelo povo que
neles vota e os elege.
Por mim a escolha está feita há muitos e
longos anos: prefiro a liberdade. Mesmo se a justiça não for feita,
a liberdade garante e preserva o poder de protesto contra a injustiça
e salva a comunidade, mesmo se a comunidade persistir em continuar a
mostrar que não está interessada em dar passos em relação ao
futuro.
Mas,
como o futuro se constrói com futuro, terá de
ser à
nossa custa que aprenderemos, contrariamente ao que por vezes
pensamos, que o espírito nada pode contra a espada, mas também que
o espírito unido à espada sempre vence a espada que se ergue em
prol de si mesma e dos interesses da casta que defende.