|
para ler a crónica, clicar na imagem |
É uma característica bem figueirense.
Nesta coisa do carnaval, “não somos gajos tesos” ainda que, no
dia-a-dia, o sejamos.
Mas, isso, são outras contas.
Na Figueira não pode ser sempre
carnaval. Todos sabemos que a maior razão da manutenção do
Carnaval de Buarcos ao longo dos anos, pago com fundos públicos por executivos camarários PS e PSD, se deve ao facto de só assim ser
possível manter as escolas de samba que, como sabemos,
representam muitos votos.
As virgens ofendidas que têm permitido com a sua cobardia política a modalidade que praticam as escolas de samba, financiadas ao longo dos anos por dinheiros públicos,
provendo deste modo - com o dinheiro dos outros – as suas
actividades lúdicas, fariam um favor à sociedade se começassem a
custear do seu bolso essas práticas.
Seguramente que o seu orgulho, seria mais seu, e o seu esforço, mais
admirável.
No fundo, resume-se ao princípio tão
em moda, do utilizador-pagador.
Poderiam orgulhar-se, pessoal e
individualmente, dos seus feitos ou, do apoio dado à escola do seu
coração. As escolas de samba, enquanto auto-suficientes e
propriedade dos seus indefectíveis, financiadas por eles próprios,
merecem-me o respeito que qualquer pessoa colectiva ou particular é
credora. As outras, as que se alimentam dos impostos e estratagemas
diversos, merecem-me apenas, distanciamento.
É aceitável o argumento de que é
preferível manter os jovens ocupados mesmo que seja a sambar do que
deixá-los à deriva.
Creio, porém, que é para isso que os
contribuintes figueirenses já pagam, por exemplo, o desporto
escolar, o Museu e Biblioteca e o CAE.
No usufruto do direito de opinião e
livre expressão constitucionalmente garantidos, contesto a prática
de distribuição sistemática de subsídios para o carnaval -
entenda-se em minha opinião, gasto injustificável de dinheiro
público.
Na crise em que o nosso concelho
continua mergulhado, é inaceitável que as autarquias continuem a
exigir mais e mais impostos aos cidadãos para os delapidarem em
propaganda eleitoral. É óbvio que a este executivo, como disso já deu muitas provas - falta também a
lucidez e a coragem para acabar com este e outros carnavais.
Já quanto ao combate à anterior “tesura” - que
até deu para ficar a dever ao quiosque - referida na
crónica do vereador Tavares, é pena que se não verifique o
mesmo empenho quando se trata de defender o património que mexe com
a qualidade de vida de todos – como é o caso do lastimável estado das
estradas do concelho.
Veja-se, por exemplo, o que se passa na saída do
Hospital Distrital da Figueira da Foz: no parque de estacionamento
pago a Câmara “investiu” mais de 80 mil euros num piso que está
um brinquinho. Logo que que se passa a cancela que controla a
“bilheteira” é o caos que clicando aqui pode constatar...
A política e a culinária devem
respeitar o mesmo princípio: precisam de ingredientes certos, mas é
na sua correcta aplicação que está a arte.