“O poder, todos os poderes são natural e inelutavelmente o
alvo da crítica, pelo que fazem (mal) pelo que não fazem (bem) e pelo que
deixam de fazer.
Arriscaria dizer que a crítica seria afinal um factor também de
construção, estímulo e desafio ao (bom) desempenho do poder. Só a critica com
este sentido me importa, ressalve-se.
Mas o que por regra se constata é que o poder, todos os poderes,
até o poderzito local (cujos titulares se acham grandes, enormes até) convivem mal
com a crítica.
E quando a máquina da propaganda oficial não chega há que
explorar outras vias aptas a abafar a crítica.
Não me surpreendeu por isso que os “escribas oficiais do
reino” se desdobrassem por aí, digo, por aqui em escritos de louvor ao
exercício autárquico. Surpresa nenhuma pois tratando-se de assessorias
remuneradas – essa praga que alastra, sem controlo, do poder central ao local –
elas assim assessoram.
O que já me surpreendeu foi ler por aí, digo, por aqui textos
de “ministros do reino” de louvor a obra própria, de inventariação de eventos
que embora destinados ao público parecem ser do desconhecimento público (e da
ausência de público!) e por isso carecem de publicitação mesmo que à posteriori.
E lá vem o auto elogio, nós fizemos isto, aquilo e
aqueloutro e a conclusão isto é que é cultura, isto é que é poesia… isto é que é
o nosso fado, acrescento eu. Pois é, elogio em boca própria é vitupério!”
Joaquim Gil, advogado, hoje no jornal AS BEIRAS.
Em tempo.
Esta elite intelectual que ascendeu ao poder na urbe nos
últimos 5 anos, já deu para perceber, é um magnifico exercício de análise de prosápia aplicada.
Moralmente, considera-se uma elite.
Superior, está bom de ver, pois os valores que
se atribui a si própria, são os da cultura, da probidade, da tolerância, da competência, da
honestidade e da solidariedade.
Em síntese: a cultura do bem corre-lhe nas veias.
Mas, como diz o nosso povo, presunção e água benta, cada um toma
a que quer.
Contudo, como água benta, porém, não rima com carnaval, ficamos recentemente melhor esclarecidos.
Parafraseando Idalécio Cação:
“Tanto que fazer / e nós aqui sentados.”