A situação é completamente original: a continuada incapacidade
do partido do Paulo Portas na Figueira, trouxe
à ribalta política local, Vânia Isabel Batista, que foi eleita presidente
da Concelhia do CDS/PP.
Numa entrevista hoje publicada pelo jornal AS BEIRAS, pareceu-me trazer algo que está arredado da política, há muito, por estes lados: uma certa ingenuidade, seriedade e franqueza no exercício da política...
“Há vários mandatos que o CDS/PP não elegia um deputado
municipal. Se não integrasse esta aliança, teria sido eleita deputada e
Francisca Geraldes teria sido eleita também?” – pergunta o jornalista.
“Com toda a franqueza, não me parece que fosse possível, no
momento em que o partido se encontrava, sem uma Comissão Política Concelhia eleita,
sem trabalho no terreno. Seria muito complicado eleger qualquer mandato. Por uma
questão de seriedade, tenho de dizer isto,” respondeu Vânia Isabel Batista.
A actual crise da Figueira foi e é, antes de mais, política, pois tem a ver com o
que têm valido, na prática, os princípios e a prática dos partidos que têm governando o concelho nos
últimos 40 anos – PS e PSD, como é do conhecimento geral.
Logo que tomam o poder, são rapidamente dominados por um clientelismo
devorador que a tudo antepõe o objectivo da “ocupação” da autarquia. Só assim
se passa a dispor dos empregos, das oportunidades e das influências.
Como se tem verificado, a oposição local, vê reduzido
perigosamente o espaço para a verdade e para a acção política séria.
Com isso tem perdido, sobretudo, a Figueira.
A democracia, cá pela Figueira, tem sido um engano. Para muitos, nos quais me incluo,
transformou-se numa terrível desilusão.
O clientelismo partidário local encontrou um aliado decisivo
no “partido da câmara”. Sem este não há votos suficientes, sem votos não há
“ocupação” do poder na câmara e sem esta “ocupação” não há distribuição de
benefícios e prebendas entre os aficionados.
Assim se tem vindo a
construir e a exercer ao longo dos anos o poder local figueirense que nos conduziu, como aconteceu em tantos outros municípios por este nosso país, ao desordenamento urbanístico, a agressões ao meio ambiente, ao endividamento, à estagnação, etc...
Os resultados desta traficância de favores políticos têm
sido fatais para o desenvolvimento do concelho e têm-se traduzido, como temos visto ao longo dos anos, no descrédito dos políticos...
Estão a perceber porque registei aquilo que me pareceu algo completamente
original e que está arredado da política, há muito, por estes lados?..
A ingenuidade, a seriedade e franqueza da nova direita figueirense!..
Ouçam a entrevista. Não custa nada, é só clicar aqui.