Só a possibilidade de, em setembro próximo, poder abrir-se uma janela de oportunidade, que trouxesse ar novo e fresco a esta
nossa Figueira, seria positivo e um bom sinal.
Estamos a pouco mais de três meses de eleições autárquicas e
nada que aponte nesse sentido vislumbro no horizonte...
Razoável, já seria,
ao menos, que quem vier a ser escolhido
pelos cidadãos, cumprisse com o
que vai prometer na campanha eleitoral.
Razoável, já seria, ao menos, que, no
tempo que decorre até 29 de setembro p.f., fosse estabelecido de forma clara e
transparente (e depois fosse cumprido)
um compromisso claro com os figueirenses.
Desde a minha juventude, de forma sentida e
profunda, tento mover-me dentro dos princípios
de uma cultura democrática. Esta foi sempre a minha maneira de estar na
vida. Por isso, nunca consegui militar por muito tempo em núcleos de interesses de grupo e
pessoais.
Tenho respeito por
mim próprio e pelos outros.
Evidentemente, sempre na base de uma cultura de verdade e honestidade na acção. Daí, não suportar
tentativas de embuste como o SOMOS FIGUEIRA.
Gosto de conviver, mas não sou de convívio fácil. Para mim, o
convívio tem de assentar a partir da
igualdade na dignidade e na liberdade, na tolerância, no respeito
por cada vida humana.
A vida tem de ser
vivida com dignidade. É isso que nos distingue da barbárie.
Por isso, nunca suportei que apontem, com uma mesquinhez tacanha, baterias aos mais fracos da população, com um discurso moralista à
Estado Novo.
Não sejamos hipócritas: as verdadeiras fraudes, as verdadeiras fugas ao fisco, a dos
grandes grupos profissionais e empresariais, continuam por aí… Intocáveis.
Mas, foquemo-nos na actualidade.
De há dois anos a esta parte, estamos a assistir e somos
vítimas, do núcleo duro que tomou em mão
a gestão política do nosso País (de que as figuras visíveis são o primeiro-ministro e o ministro das finanças), que declarou uma guerra de destruição maciça
à economia, ao trabalho e à dignidade da nossa vida.
Só alguém com uma cultura de base muito pouco democrática,
para não dizer mesmo anti-democrática, pode compreender, aceitar, pactuar e
colaborar com este plano de desvalorização do trabalho e perseguição aos mais
vulneráveis, mantendo intocáveis os grandes interesses e as excepções aos
cortes.
Qualquer cumplicidade pontual, estratégica, ou de
oportunidade, com o núcleo Passos
–Gaspar, jamais será por mim percebida,
aceite e muito menos apoiada.
Já agora e para terminar: aderir, no momento presente, a um partido, no caso o PS, que pode muito
bem, num futuro relativamente próximo, vir
a coligar-se com este CDS, que já leva dois anos de cumplicidade com esta tragédia
económica e social, por exemplo, para mim, é um atentado irremediável à consciência cívica de quem o faça ou venha
a fazer.
A não ser que, cultos, argutos e inteligentes como são, já tenham visto aquilo
que eu, pobre e tacanho mortal, ainda
não consegui perceber neste PS de Seguro:
que a cultura de base deste "novo rumo" é um caminho de
reabilitação para a tal democracia de qualidade.