Rua dos Apaixonados, na Cova-Gala...
Esta Rua fez sonhar muita rapaziada do meu tempo...
Mas, como sabemos, tudo tem a sua época!..
Também houve tempo em que gostei de escrever cartas de amor.
Mas devo dizer, como prévio e indispensável esclarecimento, que apesar da abundância da minha produção epistolar, toda ela sobre estados de alma amorosos, não me encontro apaixonado por ninguém, nem julgo que tal me venha a acontecer nos tempos mais próximos.
O que estou mesmo a precisar, neste momento, é de fazer uma reconversão profissional.
E até já tenho uma ideia, penso que brilhante: tornar-me um profissional, viver do amor.
Clarificando, para evitar ser alvo de pensamentos tortuosos: dedicar-me à escrita das cartas que os apaixonados não sabem escrever e cobrar, por isso, os justos honorários.
Se as minhas cartas ajudassem a melhorar a vida das pessoas que me procurassem, e depois de resolvidas as suas inseguranças e estabilizadas as suas vidas amorosas, se habituassem a visitar-me para dar conta dos seus novos estados de alma, deixando, é claro, sempre pequenas lembranças em manifestação de gratidão, o que me tocaria profundamente...
Podem crer, que me sentiria recompensado e satisfeito pela felicidade dos que recorressem à minha habilidade, como se se tratasse da minha própria felicidade!..