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quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Passou agora a ser “uma obra inevitável”: «consenso parlamentar para construção de bypass»

Há novidades: segundo o Diário de Coimbra "o Livre conseguiu validar no Orçamento do Estado para 2026 a proposta para lançar o concurso público para a conceção e construção da obra do sistema fixo de transposição sedimentar (bypass) da Barra da Figueira da Foz, cuja verba mínima disponível é de 18,1 milhões de euros, a qual deve ser financiada através da alocação de fundos do Programa Portugal 2030". Para Miguel Figueira, do SOS Cabedelo, a decisão tomada na segunda-feira na Assembleia da República, por unanimidade, reflete o “consenso político e académico” sobre a solução a adotar para evitar a erosão na costa sul da Figueira da Foz. O activista sublinhou à agência Lusa que “este consenso reflete a consciência social que ajudámos a construir e, finalmente, está definido o caminho a adotar pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que tem de colocar em prática a solução que se impõe”“Sempre defendemos a solução de ‘bypass’, baseados na comunidade científica e como aplicação do melhor que se faz noutras partes do mundo, porque é impossível manter a areia na praia, se esta não estiver sempre a ser alimentada”, frisou.

Recordemos algumas questões:
1ª. 
"Entre 1958 e 2020,  Portugal continental perdeu 1313 hectares de costa, o equivalente a 1313 campos de futebol, com recuos da linha de costa entre 0,5 e 9 metros por ano", segundo informações da Agência Portuguesa do Ambiente.
Na década de 2010/2020, "o agravamento das taxas de erosão foi de um terço entre a Costa Nova (Ílhavo) e Mira, duas vezes entre Castelo do Neiva e Esposende, Ofir (Esposende) e Estela (Póvoa de Varzim), Cortegaça e Furadouro e a sul do Torrão do Lameiro (Ovar) e, pior, três vezes entre Cova-Gala e Lavos (Figueira da Foz)."
3ª.
A Figueira da Foz tem um problema de sedimentos: acumulam-se em frente à cidade, a Norte da foz do rio Mondego, e estão em falta nas praias a sul. A solução para resolver o problema existe: a solução passa por instalar um sistema fixo que transponha as areias do Norte para Sul, concluiu em 2021 um estudo encomendado pela Agência Portuguesa do Ambiente.
“by-pass” para transferir areias da praia, que devido a um acidente ambiental provocado pelo homem, tem o maior areal da Europa, é a solução para a costa sul do concelho.
Em 2023, a maioria absoluta do PS, inviabilizou esta pretensão da comunidade figueirense na discussão do Orçamento Geral do Estado para 2024.
desequilíbrio brutal na costa do nosso concelho, foi-se agravar anos após ano. 
O concurso público para a concepção e construção do BYPASS voltou a ser votado na Assembleia da República, nas alterações ao Orçamento de Estado 2025. Chumbou. A proposta do Livre, era igual à do ano anterior.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Avarias constantes da embarcação Carlos Simão não são normais: o que está a acontecer?

Segundo o Município da Figueira da Foz, devido a avaria da embarcação, a travessia fluvial entre as duas margens da foz do Mondego encontra-se  “suspensa por tempo ainda por determinar”.
Entretanto, o serviço é assegurado pelo miniautocarro elétrico “Fozbus”.
Em finais de Setembro de 2020«a Câmara da Figueira da Foz já tinha estudado o assunto e anunciou que iria apresentar a curto prazo uma embarcação elétrica para efetuar transporte de passageiros entre as duas margens do rio Mondego.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da autarquia na altura, Dr. Carlos Monteiro, adiantou que o município estava a preparar o processo de aquisição.»
Segundo Carlos Monteiro, trata-se de uma embarcação com painéis fotovoltaicos, com capacidade para 45 a 50 passageiros e transporte de bicicletas, cujo preço ronda os 530 mil euros. 
Veio uma embarcação com lotação para 30 e poucos passageiros e transporte de bicicletas...
“Havendo uma embarcação elétrica, a transição entre margens é muito menos poluente e mais rápida”, sublinhou o autarca, que pretendia ter a embarcação a operar todos os dias. 
O presidente da câmara justificou ainda a aposta nas ligações de barco no Mondego com o facto de o Hospital Distrital da Figueira da Foz, que “tem 800 funcionários”, se encontrar na margem sul da cidade. Depois de ouvir a intenção do autarca, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, disse que não será “nada difícil incluir” o projeto nas “elegibilidades”, com vista a financiamento. A governante destacou o projeto da Ciclovia do Mondego como um exemplo de coesão e de diminuição do trânsito e da poluição em zonas urbanas. “Esta primeira fase é simbólica e é sinal da aposta deste concelho numa mobilidade de futuro”, salientou a ministra, na inauguração dos primeiros quatro quilómetros da ciclovia no concelho da Figueira da Foz, entre a estação de caminho-de-ferro e Vila Verde, no distrito de Coimbra.»
Os anos passaram. Mudou o presidente de Câmara e no dia 24 de Maio de 2023 realizou-se na Estação Fluvial da Margem Sul – Cabedelo (Figueira da Foz) a cerimónia de Baptismo do Barco Eléctrico que passou a ter o nome do ex Presidente da Junta de Freguesia de São Pedro, Carlos Simão.
A retoma da travessia do Mondego por barco foi um sucesso e foi necessário o reforço com outra embarcação: o Costa Nova que veio de Aveiro.
«As embarcações Carlos Simão e Costa Nova, as duas embarcações que asseguraram a travessia da foz do Rio Mondego nesse verão, uma elétrica e outra com motor de combustão, entre 16 de julho e 30 de novembro de 2023, transportaram 69.744 passageiros.»
O Costa Nova desapareceu e a embarcação Carlos Simão tem tido avarias constantes.
Neste momento, a travessia fluvial entre as duas margens da foz do Mondego encontra-se  “suspensa por tempo ainda por determinar”. 
Alguma coisa está a correr menos bem: tantas avarias numa embarcação com pouco mais de 2 anos de actividade não será algo anormal?..

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Mondego

 Foto: António Agostinho

O meu rio, claro, é o Mondego, rio que marcha para a foz, trazendo a memória e histórias de boas gentes e paisagens únicas.

Conheço-o, sobretudo, na parte mais final, a partir da Ereira, antes de se espraiar no Atlântico, frente à Figueira da Foz e ao Cabedelo. Mas, também já o vi na zona de Penacova, Coimbra e Montemor-o-Velho.

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Estátuas de Mário Silva e a "A preguiça" vandalizadas


Sem estabelecer uma ligação entre os dois casos, a escultura “A preguiça” foi vandalizada poucos dias depois de o busto do pintor Mário Silva, instalado na praça da Praia do Cabedelo, também ter sido alvo de actos de vandalismo. A face foi pintada com várias cores e o tronco vestido com uma camisola. Na escultura “A preguiça”, além de ter sido partida a perna direita, foi colocada uma “meia” no pé da perna danifi cada.
Será que estamos numa sociedade sem valores ou referênciais, onde não existe tempo, inteligência e disponibilidade para contextualizar rigorosamente nada?
Será que estamos a caminhar para o vácuo completo e egoísta?...

sábado, 5 de julho de 2025

Quarenta anos de Freguesia de São Pedro

São Pedro passou a freguesia há quase 40 anos.
Porém, a luta já vinha de trás.
Em 1974, os habitante destas povoações apresentaram uma petição ao Ministro da Administração Interna solicitando a criação de uma nova Freguesia, fazendo, assim, eco de velhas aspirações anteriores ao 25 de Abril.
A 11 de Julho de 1985, em reunião plenária, a Assembleia da República decretou a criação da atual freguesia de São Pedro. O primeiro executivo eleito honrou para sempre a data na toponímia da Aldeia, dando o nome da Avenida 12 de Julho à antiga 109, uma vez que a publicação em Diário da República aconteceu em 12 de Junho de 1985.
O primeiro executivo tomou posse em 5 de Janeiro de 1986.
Os povoados da Cova e da Gala pertenceram, administrativamente, à freguesia de Lavos, até ao ano de 1985.
Palheiros da Cova-Gala
Embora muitos diferentes, por respeito ao passado e ao sentir dos descendentes dos ílhavos que fundaram, primeiro a Cova e, cerca de 40 anos depois, a Gala, a Cova e Gala continuam a ser a Aldeia. 
Para mim - e certamente para muito mais gente -, a Cova Gala não estão mortas.
A Gala, continua, logo ali, remate da Ponte dos Arcos, para quem vem do norte.
Fica na outra margem do lado sul da foz do Mondego. 
E, como as terras que seguem um rio até ao mar, é um prolongamento do Cabedelo – ou seja, aquele cabo de areia que se forma à barra dos rios.

Já não é só uma aldeia de pescadores. Mas ainda tem pescadores.
Ao fundo, na direção do poente - e antes das dunas, que a separam do areal da praia, junta-se cada vez mais intimamente – quer dizer: sem uma nítida separação – a um lugar que tem o nome de Cova. 
Os dois lugares estão ao mesmo nível – o das águas do mar - e formam a Aldeia e base da freguesia de São Pedro, que tem ainda o Cabedelo e a Morraceira.
Do lado norte, é a cidade - e essa, sim, vem registada nos mapas de terra e nas cartas de mar – chama-se Figueira da Foz. 

A Cova e Gala, porém, continua a ser a nossa raiz. Têm origem na fixação de pescadores, oriundos de Ílhavo, nas dunas da praia da Cova, por volta 1750/1770. De acordo com alguns documentos, estudados pelo único Homem que realizou verdadeira pesquisa histórica sobre as origens da Cova e Gala, o Capitão João Pereira Mano, tempos houve em que pescadores naturais de Ílhavo, desceram a costa portuguesa à procura de peixe e água potável que lhes permitisse a sobrevivência.

"Decorria o ano de 1791, quando Manuel Pereira se deslocou a Lavos, com a sua mulher Luísa dos Santos e alguns familiares, para batizar seu filho Luís, que nascera havia quatro dias, no lugar da Cova.
O dia quinze desse mês prometia ser quente, mas a viagem, a pé, de três quilómetros, do lugar da Cova, primeiro pelas areias das dunas e cabeços, depois pela estrada que ladeava o rio até à Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Lavos, decorreu alegre e folgada. Chegada a hora aprazada, o padre cura, Tomás da Costa, batizou solenemente o recém-nascido Luís, cujos familiares eram de Ílhavo.
Este foi o primeiro batismo cujo assento regista um nascimento no lugar da Cova e, como tal, o reconhecimento da existência do povoado.
Anos antes, provavelmente entre 1750 e 1770, um grupo de pescadores, naturais de Ílhavo, constroem palhoças feitas de junco ao abrigo do maior médão a Sul da foz do Rio Mondego.

Lá ao fundo, a Norte, vislumbrava-se a vila de Buarcos e, mais perto e já bela, a recém nascida vila de Figueira da Foz. Era a promessa segura, com o Mondego ao lado e as terras de Lavos estendidas a Sul, do bom escoamento das pescas.
Como e porque se estabeleceram assim, na cava de uma duna, logo de cova foi apelidada.
O povoado de Gala, por seu turno, começa a tomar forma quando, vários anos após se terem instalado na Cova, alguns pescadores se deslocaram para Nascente e ergueram aí pequenas barracas ribeirinhas para recolha de redes e apetrechos de pesca. Foram-se erguendo, também à beira do rio, grandes armazéns de madeira para salgar, conservar e comercializar a sardinha proveniente das artes da Cova."

Na obra, "As Freguesias de S. Pedro, Lavos, S. Julião e Buarcos" o ilustre galense, Capitão João Pereira Mano regista que a Cova e a Gala estão, desde a sua origem, cultural e socialmente ligadas ao mar e o seu povo sempre viveu de forma intensa os dramas e glórias que o mar, na sua imensidão, proporciona. Disso são exemplo a ajuda prestada ao desembarque das tropas de Wellesley no Cabedelo, que contribuiu para pôr cobro às Invasões Francesas e aos naufrágios de bateiras no rio, de traineiras na safra da sardinha, ou ainda, de barcos de pesca à linha e mais tarde de arrasto, na longínqua pesca do bacalhau. Assim se perde no limbo do tempo a ligação ao mar e ao rio deste povo que deu origem ao povoado da Cova.
Desde as artes usadas no mar da Cova D’Oiro, passando pelas artes utilizadas no rio, pela Pesca do Bacalhau, pelo Cabo Branco, pela Marinha Mercante, pela Pesca da Sardinha, pelo Arrasto, pela Pesca Artesanal, a todas elas aderiu o homem de Cova e da Gala, ao longo do seu percurso. Também não se pode esquecer o elevado número de naturais da Cova-Gala que, ao longo dos tempos, se foram radicando nos Estados Unidos, como emigrantes e ligados às pescas na sua maior parte.

A denominação Cova-Gala atribuída à população destes dois lugares, não surge por acaso. Trata-se de um uso, já com alguns anos, dos seus habitantes que, acompanhando o percurso do progresso e as suas incidências no avançar das duas povoações ao encontro uma da outra, unindo o que outrora era separado por uma fina faixa de areia, cabeços e valados.
Ao contrário do que aconteceu durante muitos e muitos anos, a Cova e a Gala vivem numa "fraterna união".
É isto a verdadeira História da Cova e Gala. A que nos foi legada por João Pereira Mano.
"É isto a verdadeira História de Portugal".

domingo, 29 de junho de 2025

O Bairro dos Pescadores da Cova e Gala

 A construção dos denominados  Bairros de Pescadores, de carácter económico, foi uma das  realizações que mais impacto teve no contexto da “obra social das pescas”, de Salazar e Tenreiro, sob o lema “para cada família um lar”.

As primeiras dezasseis moradias desse bairro, foram inauguradas  oficialmente
 pelo  Sub Secretário das Corporações e Previdência Social, a 1 de maio de 1941.

Destinados a acolher os  pescadores e as suas famílias, mediante o pagamento de rendas baixas, muitos destes bairros, senão mesmo a totalidade, foram construídos longe dos centros das localidades e longe dos próprios portos de pesca, possivelmente pela dificuldade em conseguir um terreno próximo dos locais de pesca, mas principalmente pela tentativa de “guetização” dos pescadores e suas famílias, fechando-os nas suas comunidades, evitando ao máximo o contacto com os “de terra” e a sua possível  dispersão.
Foi o caso do já desaparecido Bairro dos Pescadores da Cova Gala, cujas primeiras 16 casas foram inauguradas em 1 de Maio de 1941. Na altura, os terrenos situados a seguir ao actual campo de futebol de S. Pedro, seguindo pela antiga estrada – que, em 1941, não existia –, que ficou soterrada pelas obras do Cabedelo  para quem se dirija em direcção à praia do Cabedelo, ficavam, como convinha ao estado novo, fora de portas.

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Bandeira Azul e Bandeira Praia Acessível

Imagem: Campeão das Províncias 
"A cerimónia simbólica de hastear da Bandeira Azul e da Bandeira Praia Acessível realiza-se hoje, pelas 11H30, na Praia da Leirosa. 
O concelho da Figueira da Foz foi este ano contemplado com a Bandeira Azul nas praias de Quiaios, Murtinheira, Cabo Mondego, Tamargueira, Buarcos, Figueira da Foz (Relógio), Cabedelo, Cova-Gala, Cova-Gala Hospi tal, Costa de Lavos e Leirosa. Por sua vez, a Bandeira de Praia Acessível foi atribuída às praias de Buarcos, Relógio, Tamargueira, Quiaios, Cabe delo e Leirosa."

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Figueira

Manuel Luís Pata, numa das inúmeras e enriquecedoras conversas de café que ao longo da minha vida tive com ele: “A Figueira nasceu numa paisagem ímpar. Porém, ao longo dos tempos, não soubemos tirar partido das belezas da Natureza, mas sim destruí-las com obras aberrantes. A única obra do homem de que deveríamos ter orgulho e preservá-la, foi a reflorestação da Serra da Boa Viagem por Manuel Rei. Fez o que parecia impossível, essa obra foi reconhecida por grandes técnicos de renome mundial. E, hoje, o que dela resta? – Cinzas!..”

João P. Cruz, consultor de comunicação territorial e patrimonial. Estudou arqueologia, foi jornalista, biógrafo, ajudante de cozinha, ghostwriter, operacional do ICNF e livreiro: "Uma terra vale pela sua geografia, pela sua história, pelos seus recursos naturais e patrimoniais, mas sobretudo pelas suas gentes. Moldados pelo território e pela memória coletiva, os/as figueirenses também têm uma identidade muito própria: a cada comunidade, a cada freguesia, às vezes até a cada rua, a sua particularidade. As gentes das Gândaras são diferentes das gentes piscatórias e dos campos de arroz da margem sul ou das da cidade, mas todos, os que cá nasceram, os que cá vivem, são Figueira da Foz e todos têm esse orgulho e uma memória partilhada."

A vida ensinou-me, mesmo antes de ir para a escola primária, que eu era da Cova e Gala, na altura, uma Aldeia que não tinha nome no mapa - pelo menos em sentido geográfico.
A Figueira, ficava do outro lado: aqui era a outra margem.
Nos primeiros 8 anos da minha vida, pouco conhecia da Figueira. A minha vida decorria quase sempre na Aldeia.
A Cova e a Gala - e os seus habitantes - estavam isoladas da Figueira - cidade e sede do concelho: a Ponte de Ferro, sobre o braço norte do Mondego, que ligava a cidade à Morraceira, só foi aberta em 1905 e a dos Arcos, que liga a Gala à Morraceira, em 1942, embora houvesse antes, para fazer a travessia do braço sul do Mondego, uma ponte de madeira, cuja abertura remonta ao princípio do século XX.
Embora real, porque existia, vivia e pulsava, a Aldeia parecia não ter tido passado, nem presente.
Contudo, a Gala sempre esteve bem situada. Fica do lado sul da foz do Mondego, logo ao remate da Ponte dos Arcos. E, como as terras que seguem um rio até ao mar, é um prolongamento do Cabedelo – ou seja, aquele cabo de areia que se forma à barra dos rios.
Do lado norte, há uma cidade sede de concelho - a Figueira da Foz - e essa já estava registada nos mapas de terra e nas cartas de mar.
Nos meus primeiros anos de vida - finais dos anos 50 do século passado - ir à cidade não era fácil. A família não tinha transporte próprio e o dinheiro para pagar o bilhete do autocarro, ou do barco - os saudosos Luís Elvira e Gala - não abundava.
Até acabar a Primária, as deslocações à cidade foram escassas e espaçadas, quase sempre a pé, pela velha ponte dos arcos, atravessando a Morraceira, seguindo depois pela velha ponte da Figueira (a velha ponte de ferro, que apenas permitia o trânsito num sentido de cada vez). Quando chegávamos ao lado norte, encontrávamos empoleirado numa casota, alguns metros acima do solo, o homem que controlava o trânsito na velha ponte, com o recurso a sinais, e o posto em forma de quiosque da Polícia de Viação e Trânsito (a Polícia de Viação e Trânsito foi extinta pelo governo de Marcelo Caetano, sendo as suas funções atribuídas à Guarda Nacional Republicana...).
Estávamos na Figueira.
A seguir à primária, em 1963, continuei os estudos na Bernardino Machado e a Figueira ficou muito mais perto: fiquei a perceber que a Cova e Gala, não era só a Cova e Gala, mas também uma parte da Figueira - uma parte esquecida e desprezada pelo poder político, mas uma parte essencial dela.
Hoje, tudo mudou: é muito raro o dia em que não me desloco à cidade.
Hoje, sou um figueirense convicto. E, é por isso, que continuo perplexo com o que fizeram ao Cabedelo - a única jóia balnear natural que existia no no concelho.
No Cabedelo já se realizavam provas do campeonato do mundo de surf e várias etapas do circuito nacional. O Cabedelo era uma opção de excelência, há muito referenciada como sendo das melhores ondas do mundo para a prática de surf. Assim sendo, pergunto-me porque é que ainda não existem infra-estruturas que confiram qualidade aos praticantes de surf e a quem visita um local que já teve, talvez, a melhor varanda turística debruçada sobre o mar no nosso concelho.
No concelho, o que interessa não pode ser apenas a cidade dos negócios. A Figueira dos interesses.
A Figueira é um concelho: tem pessoas, não é uma empresa. Importantes, são as pessoas, não os números.
Fizeram muito mal à Figueira. “Entre o progresso e a decapitação da beleza natural”, decidiu-se pelo progresso. O Cabedelo foi o canto do cisne no naturalismo marítimo figueirense.
O mal, porém, já vinha de muito detrás. «Em 1913 o engenheiro Baldaque da Silva apresentou o seu projecto de construção de um porto oceânico e comercial ao sul do Cabo Mondego. Fê-lo sob a curiosa designação de “Representação dirigida ao Congresso Nacional da República Portuguesa sobre o engrandecimento da Beira e a construção do porto oceânico comercial do Cabo Mondego”, apoiado no tratamento estatístico da actividade económica de toda a região.»
Baldaque da Silva foi um homem absolutamente notável, de coragem e competência absolutamente invulgares - e, por isso, capaz de enfrentar a mediocridade e a cobardia reinantes, para combater os bons combates, e para deixar para o Futuro as obras verdadeiramente marcantes e definitivas sobre as matérias a que se dedicou.
O CapitãoJoão Pereira Mano, (autor de "Terras do Mar Salgado: São Julião da Figueira da Foz…" [1997], Medalha de Ouro de Mérito, a título póstumo [2012], da cidade da Figueira da Foz), sobre o Com. Antonio Arthur Baldaque da Silva e acerca do seu projecto de porto oceânico de águas profundas a construir no Cabo Mondego (Buarcos) escreveu: (…)
"Autor de diversos projectos de portos portugueses, e mesmo estrangeiros, o engenheiro Baldaque da Silva — filho do engenheiro Silva que em 1859 conseguiu restabelecer a barra da Figueira ao Norte, depois de ter construído o dique ou paredão do Cabedelo — foi o autor do projecto do “Porto oceânico-comercial do Cabo Mondego” que, além do molhe de abrigo, delineava uma doca comercial de 52 hectares de área, só aberta nos 150 metros da sua entrada, limitada a Oeste pela parte do molhe que termina nos Formigais, e concluía por uma portentosa rede de canais a ligar o novo porto a Aveiro, Leiria e Coimbra — já não falando em estruturas diversas, como sejam diques, doca de pesca e o respectivo cais.
Na altura, e ainda anos depois, os jornais da Figueira bateram-se pela execução deste, ou de parte deste projecto, tendo mesmo “A Voz da Justiça” começado a publicar o trabalho deste denodado engenheiro hidrógrafo, a partir do nº 1136, de 21 de Out. de 1913. Mas, como é óbvio, nada conseguiram. Porém, se a Figueira quiser ter um PORTO só ali o terá. Como a Cidade Invicta teve o seu em Leixões. E, no Cabo Mondego, há ou havia, para tal, condições muito mais propícias do que aquelas que a foz do rio Leça ofereceu."
Nada disso se concretizou. O porto fluvial foi a aposta (ainda por cima na margem direita). Com a “construção dos molhes de protecção da barra”, veio a “melhoria da segurança no acesso às zonas portuárias" e o “aumento, embora gradual, na movimentação de mercadorias”. Mas, em “contrapartida, a outrora praia viu-se transformada, ao longo dos anos setenta, oitenta, noventa e por adiante, num depósito gigante de areia.”
Perante o dilema, “turismo ou desenvolvimento comercial”, o vencedor foi “o elo mais forte”.
Entretanto, morreu “o que havia feito sobreviver a cidade após o declínio comercial de finais do século XIX. De Rainha das Praias transformaram-na em Praia da Claridade. De Praia da Claridade, num amontoado inestético de areia: a Praia da Calamidade".
Contudo, isto não ficou por aqui: em 2010, o molhe norte do porto comercial da Figueira da Foz cresceu mais 400 metros e tornou-se numa "ratoeira" para os pescadores.
Mas, isso que interessa? O importante são os records do porto comercial, os números, sempre os números...
Se não for atalhado caminho, a ganância ainda vai acabar por dar cabo disto tudo.
A esmagadora maioria dos figueirenses continua com o futuro adiado na Figueira.
Os políticos costumam preocupar-se em viver o tempo de imediatismo primário.
Não conseguem distinguir entre o essencial e o acessório, entre o permanente e o efémero, entre o necessário e o dispensável.
Para eles conta apenas o momento.
Privilegiar o presente, em detrimento do futuro, é um erro crasso.
É preciso fazer mais. Apesar de em 2021 ter havido alternância no poder local e algo já ter mudado (por exemplo, a implantação do Ensino Superior na nossa cidade, via Universidade de Coimbra, é importante e estruturante no desenvovolvmento futuro do nosso concelho e da Região Centro), na Figueira, ainda não é verdadeiramente «Nós».
A Figueira, com se viu recentemente pelo caso "Araucária Centenária", continua a ser, em boa parte, «Eles».

terça-feira, 6 de maio de 2025

𝗧𝗿𝗮𝘃𝗲𝘀𝘀𝗶𝗮𝘀 𝗻𝗮 𝗲𝗺𝗯𝗮𝗿𝗰𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗖𝗮𝗿𝗹𝗼𝘀 𝗦𝗶𝗺𝗮̃𝗼 𝗽𝗮𝘀𝘀𝗮𝗺 𝗮 𝘀𝗲𝗿 𝗰𝗼𝗯𝗿𝗮𝗱𝗮𝘀 𝗮 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗶𝗿 𝗱𝗲 amanhã, 𝟳 𝗱𝗲 𝗺𝗮𝗶𝗼

«O Município da Figueira da Foz dará início, na próxima quarta-feira, dia 7 de maio, à cobrança de bilhete pelo transporte fluvial de passageiros entre as duas margens do Rio Mondego – Figueira/Cabedelo, na embarcação elétrica “Carlos Simão".

Os valores a cobrar, acessíveis a todos cidadãos, assim como as isenções de pagamento foram fixadas e aprovadas na reunião de Câmara de 21 de junho de 2024, e têm em conta o investimento realizado pelo Município na aquisição da embarcação e as despesas de manutenção e exploração atinentes ao bom funcionamento da mesma e consequente prestação de serviço.
Assim, encontram-se isentos de pagamento da travessia, mas sujeitos a apresentação de passe: estudantes até aos 23 anos; pessoas com mais de 65 anos; pessoas que comprovem simultaneamente a residência e o vínculo laboral na margem oposta à sua residência. Crianças menores de 6 anos, quando acompanhadas de pelo menos um adulto, estão isentas e não necessitam de apresentar passe.
Os /as utilizadores/as não isentos podem adquirir bilhete unitário (€ 1,00, com IVA incluído; €1,50, com IVA incluído - ida e volta) na embarcação antes do início da viagem e efetuar pagamento em numerário ou multibanco, ou adquirir passe, na modalidade mensal (€ 5,00, com IVA incluído) ou anual (€ 30,00, com IVA incluído).
A obtenção dos passes mensal, anual e gratuito, deve ser requerida, mediante o preenchimento do formulário/requerimento, disponível no sítio da internet do município em Serviços on-line Figueira da Foz ( https://servicosonline.cm-figfoz.pt/
), através da remessa do requerimento para o endereço de correio eletrónico: taxas.licencas@cm-figfoz.pt ou, ainda, pessoalmente no Balcão de Atendimento Único do Município - Edifício do Urbanismo - Rua Fernandes Tomás, nº 196, nos dias úteis, no horário 9h00-16h30.
Para quaisquer informações e/ou esclarecimento de dúvidas poderá contactar a Equipa Multidisciplinar de Mobilidade e Transportes do Município da Figueira da Foz, telefonicamente (233 403 300; 233 403 395) ou através de correio eletrónico (mobilidade.transportes@cm-figfoz.pt ; antonio.paredes@cm-figfoz.pt ).»

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Deixem de «encanar a perna à rã»

A erosão costeira a sul do estuário do Mondego é um problema demasiado sério para todo o concelho da Figueira da Foz. Ponto final parágrafo.
Dito isto. O prolongamento do molhe norte e a erosão a sul tem sido um brutal sorvedouro de dinheiros públicos. 
Entretanto, ao que parece, a panaceia para atenuar sustentavelmente a erosão a sul existe, já foi estudada e alvo de consenso: chama-se bypass.
Sabe-se, porque foi estudado, que a transferência de areias para combater a erosão costeira a sul da Figueira da Foz, com recurso a um sistema fixo (bypass) é a mais indicada.
“Avaliada esta solução [da transferência de areias] não há qualquer dúvida de que o bypass é a mais indicada e, por isso, vamos fazê-la”, veio dizer aos figueirenses o então ministro João Pedro Matos Fernandes, em meados do mês de Agosto de 2021, curiosamente a um mês de umas eleições autárquicas que se adivinhavam difíceis para o PS, o que acabou por se concretizar.
Carlos Monteiro foi derrotado por Santana Lopes.
De palpável, passados cerca de quatro anos, tirando o estudo que situa o investimento inicial com a construção do bypass em cerca de 18 milhões de euros e um custo total, a 30 anos, onde se inclui o funcionamento e manutenção, de cerca de 59 milhões de euros, nada mais aconteceu.
“Obviamente que o que temos, para já, é um estudo de viabilidade, económica e ambiental. Temos de o transformar num projecto, para que, depressa, a tempo do que vai ser o próximo Quadro Comunitário de Apoio, [a operação] possa ser financiada”, disse o ministro em Agosto de 2021.
E assim ficámos: o sistema fixo de transposição mecânica de sedimentos, conhecido por bypass, cuja instalação o movimento cívico SOS Cabedelo defende, há mais de uma década, que seja instalado junto ao molhe norte da praia da Figueira da Foz continua a ser uma miragem.
E assim vai continuar. Podem dar as voltas que quiserem, mas isto só lá vai de duas maneiras: ou concretizam o bypass, ou rebentam com os 400 metros de molhe que tornaram a barra da Figueira a mais perigosa do País para os pescadores.
"A sul da foz do Mondego falta a areia, falta orientação, falta atenção, falta carinho na protecção… mas falta sobretudo uma genuína preocupação que leva à emergência da acção!"
Quando analiso a actuação dos políticos, como morador a sul da foz do Mondego, portanto, nesta outra margem, sinto-me uma coisa.
Não tenho nada contra as coisas. As pessoas, estão nas coisas que amo.
Porém, não amo o que compro, pois ninguém ama aquilo de que precisa -  apenas o utiliza.
É isso o que os políticos têm andado a fazer com a erosão a sul da foz do estuário do mondego: como precisam dela, apenas a utilizam
Entretanto, a erosão a sul do quinto molhe vai fazendo o seu caminho...
Mas, será que o problema da erosão a sul pode continuar a esperar?.. 
Depois não digam que foram apanhados de surpresa...
Imagem via Diário as Beiras

domingo, 6 de abril de 2025

As circuntâncias exteriores podem condicionar

Do alto da Serra da Boa Viagem, olhando para sul, tudo avistamos, num dia claro e limpo, para além da Leirosa... 
Contudo, quando estamos no Cabedelo, olhando para norte, o horizonte é curto e podemos sentir-nos, limitados, frágeis e pequenos... 
Porém, somos a mesma pessoa: apenas a perspectiva é que mudou. 
Nada mais.  
Mas não nos iludamos. 
Nem com a nossa pequenez. 
Nem, porventura, com a nossa importância. 
Ambas, são adjectivas ao substantivo que somos. 
As circunstâncias exteriores é que nos podem condicionar.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Para acabar o dia das petas ...

Hoje, 1 de Abril de 2025, 
O Dia das Mentiras, també conhecido como o Dia das Petas, celebrou-se com alegria (e alguma malícia) neste espaço.
OUTRA MARGEM publicou várias postagens. A saber:

Nota de rodapé.
Hoje como sabem é dia 1 de abril.
Esperemos ver escrito nos jornais tudo o que é verdade, outra vez, amanhã!

Túnel submerso para ligar a cidade ao Cabedelo inviabiliza a solução teleférico

Túnel submerso substitui teleférico
Ao que conseguimos apurar, um túnel rodoviário imerso entre a cidade e o Cabedelo, pode estar para breve. Vai
 ligar a cidade à outra margem e, ao mesmo tempo, serão aproveitadas as escavações para colocar os tubos do by pass para transportar a areia retida na Praia da Calamidade para as praias a sul do estuário do Mondego. O túnel Figueira-Cabedelo tem também como objetivo aliviar o trânsito da Figueira da Foz e poderá ser apresentado nas próximas semanas.

Esta nova ligação imersa pretende dar resposta ao crescente volume de tráfego e à necessidade de soluções mais eficientes de transporte. O objetivo é melhorar a mobilidade entre as margens do Mondego, aliviando o trânsito na Ponte Edgar Cardoso, problema esse que vai ser agravado com o empreendimento da Foz Gala Investments, que vai construir 220 apartamentos distribuídos por 12 edifícios, nos terrenos da antiga fábrica de transformação de madeira Alberto Gaspar, na freguesia de São Pedro, na margem sul da cidade da Figueira da Foz.
Como a vida é feita de opções e não se pode ter tudo, aquilo que O SOS Cabedelo propôs, em devido tempo ("a inscrição no PDM de uma infraestrutura de ligação para modos suaves de transporte entre o centro da cidade e Cabedelo, com o objetivo da continuidade de percursos na frente de mar e ao longo do rio - com a ligação à Ciclovia do Mondego. A proposta apresentada apresentada pelo Arq. Miguel Figueira em 2010, então elogiada pelo presidente Dr. João Ataíde, foi primeiro substituída pela possibilidade de uma ponte móvel, com custos proibitivos e difícil compatibilidade com a navegação.) deverá ser preterido.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Teleférico


Em 2017, os políticos diziam "querer menos carros e mais bicicletas no Cabedelo", mas colocaram a ciclovia a passar pela zona do Alqueidão!..
Mesmo para quem é incrédulo, percebeu-se que a travessia do Mondego, da margem norte para o Cabedelo, continua a ser o que sempre foi em épocas eleitorais: uma anedota (lembram-se do projecto de uma ponte pedonal na Foz do Mondego, apresentado pelo Partido Socialista, numa campanha eleitoral já lá vão uns anitos?..). 
Em 2010, o SOS CABEDELO teve uma ideia interessante: "propôs a inscrição no PDM de uma infraestrutura de ligação para modos suaves de transporte entre o centro da cidade e Cabedelo, com o objetivo da continuidade de percursos na frente de mar e ao longo do rio - com a ligação à Ciclovia do Mondego cuja obra deve arrancar este ano. 
A proposta apresentada pelo Arq. Miguel Figueira em 2010, então elogiada pelo presidente Dr. João Ataíde, foi primeiro substituída pela possibilidade de uma ponte móvel, com custos proibitivos e difícil compatibilidade com a navegação e, depois, por um barco cuja não elegibilidade aos fundos comunitários terá deixado naufragar a ideia.
No âmbito da revisão em curso do PDM importa resgatar o teleférico como solução de ligação ao sul, porque não apresenta entraves quanto à viabilidade, funcionamento ou elegibilidade, deixando esta possibilidade aberta ao futuro da cidade."
O sonho comanda a vida.
Portanto, amanhã, quando acordar, vou continuar os estudos que me hão-de levar ao doutoramento no curso que ando a tirar há dezenas de anos: sonhador especializado.
O único muro intransponível é o que construímos em redor de nós próprios.
Entretano, o barco já cá está desde 2023.
Teleférico: e porque não?

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Seapower constrói três edifícios no Cabedelo

 Via Diário as Beiras

"A Seapower vai construir três pavilhões na zona portuária do Cabedelo. E manterá as atuais instalações, na Zona Industrial da Figueira da Foz.

O primeiro, um investimento de 748,6 mil euros, com um prazo de execução de 180 dias, arranca em breve. Tem uma área de 1080 metros quadrados. O imóvel será dedicado à investigação.

Segue-se um pavilhão, ao lado daquele, com 2100 metros quadrados. Este edifício será utilizado como centro de produção digital. E num terreno contíguo, será edificado o terceiro pavilhão, destinado a laboratórios e escritórios.

O anúncio foi feito ontem pelo presidente da direção da Seapower, Luís Simões da Silva, quando falava na cerimónia de lançamento da primeira pedra do primeiro edifício."