Todos sabemos que o investimento em infra-estruturas de transporte, tem um forte efeito multiplicador sobre o crescimento da economia.
Para perceber isto, que é intuitivo, não é necessário ser especialista na matéria: "somos um país com uma localização geográfica muito periférica e a comunicação e os transportes são um factor essencial nesta era da globalização."
Para perceber isto, que é intuitivo, não é necessário ser especialista na matéria: "somos um país com uma localização geográfica muito periférica e a comunicação e os transportes são um factor essencial nesta era da globalização."
Há mais de 18 anos, em 20 de Julho 21 de 2005, o então ministro das Obras Públicas, Mário Lino, assumiu no Parlamento que a "localização da OTA era a mais vantajosa como alternativa à Portela", fundamentando a sua opinião com razões ambientais.
O ruído do actual aeroporto de Lisboa foi a principal razão apresentada.
Mário Lino garantiu ainda que iria avançar com pequenos trabalhos preparatórios da grande obra pública chamada aeroporto internacional da OTA, como drenagens do terreno, expropriações e desvios de linhas de alta tensão.
Na altura, pensou-se que nada mais haveria a fazer: a OTA estava escolhida.
Ponto final parágrafo.
Em 2005 era primeiro-ministro José Sócrates. A sua estratégia de animação da economia passava pela construção do novo aeroporto na OTA.
As empresas de obras públicas andavam nas núvens. Esta obra iria promover o crescimento de um sector de actividade estagnado, eternamente dependente do Estado e do volume de obras públicas que, em vez de apostarem na internacionalização, preferiam continuar dependentes do mercado nacional.
Há uns anos atrás, um estudo comparativo de empresas de obras públicas portuguesas e espanholas era claro: tendo em conta o PIB de cada país, as empresas públicas portuguesas estavam claramente sobredimensionadas para o mercado português.
E a razão era simples: o Estado há muito que lhes andava a oferecer "OTA's".
Na altura, como agora, vivíamos dias difíceis em Portugal. Recuso-me a acreditar que os portugueses, que têm o privilégio de viver num "rectângulo à beira mar plantado" - usufruindo das vantagens daí inerentes -, tenham como destino uma vida de sacrifícios e um fim trágico.
Como pessimista (que o mesmo é dizer, optimista realista), como sempre aconteceu ao longo de mais de 800 anos de história, acredito que, mais uma vez, vamos dar a volta.
Há quarenta anos já se dizia que em 2020 a capacidade da Portela estaria esgotada. Em 2023, a Portela continua a servir, mesmo em condições extremas, como se viu recentemente nas JMM ao "movimentar cerca de 960 mil passageiros de 30 de julho a 7 de agosto".
Mas, será que tem fôlego para prestar mais 40 anos de bons serviços ao País?
Portanto, a questão da localização do novo aeroporto, em 2023, além de ser interessante e fundamental, também é pertinente.
Só que andamos nisto há dezenas de anos e ainda não encontrámos a localização sustentada e definitiva.
Para quando a solução? Daqui a mais quantos anos? 30? 40?
Daqui a 30 anos, Costa já não será primeiro-ministro, Galamba não será Ministro das Infraestrturas, nem o Presidente da República a eleger em Janeiro de 2026 será Presidente da República.
Contudo, o Povo poruguês continuará a ser contribuinte...
Resumindo: passam os anos e a única coisa que interessa é que haja um novo aeroporto.
A voracidade dos instalados no sistema assim o exige. A discussão da sua localização não passa de uma cortina de fumo que visa distrair do essencial: a necessidade imperiosa que existe de injectar em certas clientelas dinheiro.
Num país normal, discutia-se também o porquê de não se querer - a todo o custo - a Portela + 1.
Há um interesante estudo da Católica que merece ser lido.
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