sábado, 14 de fevereiro de 2015

O último crime de Salazar

"O assassinato de Humberto Delgado é um crime hediondo perpetrado por um regime anacrónico,   já em contra ciclo histórico consigo próprio.

Só o desespero de um regime encurralado no beco sem saída em que se enfiou "orgulhosamente só" ajuda a compreender a ordem de Salazar para matar o general.
A trama urdida pela Pide é uma sucessão de práticas mafiosas, cuja tentativa de esconder o corpo do general sem medo num campo  da estremadura espanhola prova que nem o fascismo, nem a polícia que o suportava, olhavam a meios para atingir os seus tenebrosos objectivos.
A ética do fascismo era esta, tal como é a dos saudosistas que pululam por aí..."

Algo alternativo para o dia de hoje....

Sim, eles — as pessoas com diversidade funcional, vulgo deficientes — fodem. Ou, para "os ouvidos e mentes mais sensíveis", eles amam, namoram, desejam, fazem amor, excitam-se e, por isso, "têm direito a uma sexualidade digna e adequada"
Palavras do Sim, Nós Fodemos, movimento que tem como objectivo abordar e desmistificar a sexualidade dos deficientes, e que a 14 de Fevereiro nos quer pôr a falar, lá está, de Sexualidade e Deficiência.

A data não é inocente. 
"Queríamos fazer uma coisa diferente para o Dia dos Namorados", explica Rui Machado, um dos organizadores. "E algo que desse visibilidade ao tema." 
Isto porque, mesmo quando se realizam conferências sobre deficiência, raramente "é abordada a questão da sexualidade".

A jornada arranca às 10h e prolonga-se até meio da tarde (ainda dá tempo para os jantares românticos com direito a peluches pirosos). Em cima da mesa, conta Rui, estão os mais variados temas: a psicóloga Ana Garrett aborda a reabilitação da sexualidade em pessoas com alterações sensitivas ("Será uma intervenção virada para soluções e alternativas"), enquanto que as investigadoras Lia Raquel Neves e Ana Lúcia Santos, do projecto Intimidade e Deficiência, reflectem sobre estereótipos discriminatórios ("Um dos nossos cavalos de corrida") e sobre a existência de diferentes orientações sexuais e identidades de género dentro da deficiência.

a outra margem

«A corrente era forte, mas na outra margem havia pássaros, toiros bravos a pastar e valados desconhecidos. À noite, esperava-o a tareia do costume, em vez de ceia, e na manhã seguinte regressava ao telhal pelas orelhas.» 

 Soeiro Pereira Gomes, Esteiros (1941)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

"100%" e o difícil passo seguinte

foto de Pedro Agostinho Cruz sacada daqui
O rumo dos acontecimentos e a situação política local no momento que passa, têm colocado na ordem do dia uma série de questões sobre a suficiência ou insuficiência da “indignação” e, mais profundamente, sobre as perspectivas de uma transformação democrática radical das relações de poder na nossa cidade.
Segundo li no jornal AS BEIRAS, o engº Daniel Santos, que em 2009 encabeçou a lista da Figueira 100% à autarquia figueirense, disse que este movimento independente poderá regressar ao activo.
“Neste momento encontra-se em estado de hibernação, na expectativa de, eventualmente, poder retomar um papel activo na política autárquica da Figueira da Foz”.
Em 2009, cerca de seis mil eleitores figueirense votaram no movimento.
Estes votos permitiram-lhe eleger dois vereadores, cinco deputados municipais e vários lugares para assembleias de freguesia.
Passados cerca de 6 anos, este movimento, pelo menos aos meus olhos, aparece como “100% emotivo”.
Na minha opinião, se a emoção serve para destruir, ela é especialmente incapaz de construir o que quer que seja.
É relativamente fácil colocar muitas pessoas de acordo quanto ao que rejeitam, mas teríamos inúmeras respostas diferentes se lhes perguntássemos o que pretendem.
A emoção é “líquida”, ferve facilmente, mas também arrefece passado pouco tempo.
A emoção é instável e inadequada para dar forma a algo de coerente e duradouro, como se viu com os 100% em 2013, e propensa à hibernação.
Eu, se fosse ao eng. Daniel Santos, pessoa por quem, aliás, tenho amizade e respeito, no actual contexto político local pensava melhor antes de dar o passo seguinte...

Isto até nem vai ser difícil...

Merkel deixa recado para Tsipras em Bruxelas: "Regras são regras".
Ora bem: se é uma questão de regras, alguém algum dia vai ter de deixar um recado a Angela Merkel: as regras são feitas para regular o dia-a-dia e facilitar as relações, não para as atrapalhar ou complicar e, quando as regras não cumprem as funções para as quais foram criadas, é porque é chegado o momento de as alterar ou corrigir. 
E pode ser mais fácil do que parece se houver inteligência, não de uma, mas de duas partes.

Uma coisa e outra...

Sem que nos apercebamos lá muito bem, na Figueira, tal como no País, estamos a viver uma tragédia.
No País, a maior tragédia política do Portugal contemporâneo é a fraca presença de espírito do primeiro-ministro.
Não me refiro às políticas que têm sido seguidas, porque a política está reduzida à economia e finanças (vão perceber, mais uma vez, que PSD e PS são praticamente a mesma coisa,  quando o António Costa for primeiro-ministro, lá para o final deste ano....)
Refiro-me à personagem, por vezes grosseira, mas, sobretudo, cinzenta de Pedro Passos Coelho, da sua crónica falta de jeito para a retórica e da sua conhecida e reconhecida inclinação para a banalidade.
Na Figueira, refiro a falta de jeito para a retórica e para o exercício da política e da inclinação para a banalidade de quase todo o executivo camarário - e em especial do presidente.
Tanto na Figueira como no País, gostava de ter alguém no poder (e na oposição) que gostasse das pessoas, de falar para as pessoas (fora dos períodos em que decorrem as campanhas eleitorais) e tivesse coisas para dizer - mas sobretudo que gostasse das pessoas e de falar para as pessoas.
Na Figueira e no País, a meu ver, essa é a nossa tragédia colectiva.
Em vez disso, temos alguém no poder que está convencido de que está a cumprir uma «missão».
Espero sobreviver ao banho de cultura elitista que está a passar numa sala perto de mim. 
Está a ser uma festa. 
Por cá passaram - e vão continuar a passar - pessoas da cultura e outras figuras culturalmente menos relevantes. 
Por vezes, dou comigo a colocar a hipótese de que, por aqui, o 25 de Abril não ficou completo e temos de o acabar – estou a referir-me à «falta de liberdade». 
Isto, parecendo um completo absurdo, não assim é tão absurdo. 
Recordemos que se há algum tipo de virtude que possamos encontrar no Estado Novo, essa teve a ver com a capacidade de disciplinar as contas públicas...
Para o português comum, não deverá haver pecado maior da democracia portuguesa, nos últimos 40 anos, do que a má gestão económica e financeira dos recursos nacionais, que nunca se preocupou em deixar como herança a dívida pública contraída para a construção de "oásis rodoviários e afins..." 
Espero que compreendam, finalmente, a agitação em que ando desde que, em 1997, cá pela Figueira, uma cidade que sempre teve “os seus artistas políticos”, apareceu como candidato a alguma coisa Pedro Santana Lopes... 

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

"O sentido e o Estado"

Uma senhora postagem a ler aqui.

Está a começar pelo futebol... (falta o fado e Fátima...)

"Costa livra Benfica de pagar quase dois milhões à autarquia"...
Medida foi aprovada pela maioria socialista da câmara e com os votos contra de toda a oposição.

Coisas que se fazem quando não há dinheiro para obra....

foto sacada daqui
Foi com a presença de autarcas, populares, representantes de entidades militares e outras, que teve lugar o descerramento da placa toponímica da Rotunda Nelson Mandela (junto à marina da Figueira da Foz).
O presidente da autarquia, João Ataíde, recordou que a iniciativa partiu de um cidadão e colheu unanimidade na Comissão de Toponímia, justificando a homenagem com o facto de a Figueira da Foz estar, com o Patriarca da Liberdade, Manuel Fernandes Tomás, "indissociavelmente ligado aos valores da liberdade e da dignidade"!.. 
Como se verifica pelo discurso do Presidente da Câmara, todos  os dias são bons para recordar Manuel Fernandes Tomás, "O Patriarca da Liberdade": “..vale a pena celebrar a liberdade, relembrar a biografia deste figueirense ímpar da História, a dimensão do corajoso e impoluto lutador pela liberdade, um homem livre, honrado e de bons costumes. O seu exemplo persiste e serve de referência ..." [palavras proferidas,  por José Guedes Correia,  O Figueirense, 27/08/2010, p. 14] )
João Ataíde anunciou ainda que a autarquia prevê mandar colocar na rotunda hoje baptizada uma estátua a Nelson Mandela!..

Extinção de freguesias: Comissão de Concelhia da Figueira da Foz do PCP critica «chico espertismo do PSD figueirense, protagonizado pelo sr. Miguel Almeida»...

Em comunicado, a Comissão de Concelhia da Figueira da Foz do PCP recorda o processo que originou a extinção das freguesias (a tal reforma administrativa para troika ver...) de S. Julião, Borda do Campo, Santana e Brenha e mostra-se contra o «chico espertismo do PSD figueirense».
Esta estrutura político-partidária compromete-se a apresentar “um novo projecto-lei que devolva as freguesias extintas pelo PSD e CDS às respectivas populações”.
Para ler melhor o comunicado, basta clicar na imagem.

Ora aqui está uma coisa que nunca se ouviu Lagarde dizer dos nossos fantásticos governantes...

"They are competent, intelligent, they've thought about their issues. We have to listen to them. We are starting to work together and it is a process that is starting and is going to last a certain time".

Sabemos porquê, claro que sabemos, e é do domínio público que os lambe-botas são sempre tratados com desdém, caso dos moços de fretes portugueses onde se inclui o chefe da banda que refere os milhões que nós já pagámos à Grécia sem referir os outros milhões que a Grécia já nos pagou pelos mesmos motivos.

Mas é um gosto ver o FMI perceber que há “contos de crianças” que só o são na cabeça de gente infantilizada e ignorante que não consegue atingir que a transformação do Mundo se faz por sobressaltos e não por acomodação e améns.


Grécia / Portugal, via A Barbearia do Senhor Luís.

Os dinheiros comunitários e a qualidade da água no estuário do Mondego

imagem sacada daqui
O crescimento urbano e industrial, que se verificou nas últimas três décadas do século passado e no começo do século XXI, nas zonas marginais do Estuário do Mondego, braços sul e norte, agravaram de modo preocupante as características das suas águas, face ao elevado caudal de águas residuais que a ele aflui, criando um desequilíbrio que tendencialmente põe em risco, não só a qualidade de vida, como a própria saúde das populações. 
A Figueira, pela sua própria anatomia geográfica, tem uma relação directa e importante com o Estuário do Mondego. Como habitante da margem sul, a poluição e a qualidade da água – até por a minha família ter sofrido na carne esse flagelo – sempre me foram temas sensíveis, pois tal tem a ver com tudo quanto possa alterar as condições ambientais em que vivemos. Por isso, qualquer notícia sobre as responsabilidades camarárias que daí advêm, no âmbito da criação de estruturas visando a protecção do meio ambiente, de modo a garantir boas condições de vida aos munícipes, não me são indiferentes. 
Ler hoje no jornal AS BEIRAS que “a qualidade da água da ilha da Morraceira, na Figueira da Foz, vai ser melhorada ao abrigo do protocolo firmado ontem entre a autarquia e a concessionária Águas da Figueira”, deixou-me curioso e interessado. Ainda de harmonia com o que li, “neste momento, a qualidade da água é de nível C.” Mais curioso e interessado fiquei ao ficar a saber que “o presidente da edilidade, João Ataíde, adiantou que só avançará para a promoção económica desta zona do concelho depois de realizadas as obras que vão ser candidatadas a fundos comunitários, no âmbito deste acordo.” 
João Damasceno, por sua vez, director geral da Águas da Figueira, disse que o projecto e os demais estudos já estão concluídos. Tudo somado, os trabalhos a realizar deverão representar investimentos entre os três e os quatro milhões de euros
A taxa de esforço da autarquia (remanescente não financiado por Bruxelas) será assegurada através da inclusão das obras no plano anual de investimentos da concessionária, através de meios financeiros do município ou através do aumento do tarifário da água e do saneamento
Mais curioso e interessado fiquei ainda, ao tomar conhecimento que “o projecto da concessionária prevê a aplicação de tecnologia de ponta utilizada no melhoramento da qualidade das águas pluviais e que a autarquia e a Águas da Figueira acordaram também a ligação dos efluentes da zona do porto de pesca e do Parque Industrial da Figueira da Foz à rede pública de saneamento.” 
Espero que com a entrada em funcionamento das obras referidas, se inicie um novo ciclo de recuperação das águas do Rio Mondego. Para tal, é necessário impor que todas as entidades poluidoras – e temos muitas aqui pela margem sul - apoiem no sentido de alcançar os objectivos propostos. 
Não sendo especialista na matéria – na Figueira que eu saiba há consultores de ambiente para se manifestarem sobre a matéria: estou a lembrar-me do eng. João Vaz e do vereador Miguel Almeida – penso que os efluentes lançados nas redes públicas deverão respeitar determinados condicionamentos, de modo a garantir que os órgãos que constituem o sistema de tratamento não sejam afectados, assim como salvaguardada a protecção do pessoal envolvido nas operações. 
Na linha de defesa de um bem - o Rio Mondego, que a todos pertence -espero que o futuro nos traga a finalidade que se pretende que, a meu ver, só será conseguida, se for percebida por todos e houver uma efectiva colaboração entre os utilizadores – industriais e outros - e a Câmara Municipal da Figueira da Foz.
Os últimos fundos comunitários têm de ser bem aproveitados...

aF240


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Querem ver que foram os gregos que lhe foram à reforma!..

Cavaco, ao seu nível, como sempre...
"Muitos milhões de euros saíram da bolsa dos portugueses para a Grécia"... 

O syriza e o luto da direita

"Negação, raiva, negociação. A direita tem reagido à vitória do Syriza com o atordoamento de quem faz um luto. É o luto pela sua própria hegemonia, enfim contestada.
Para continuar a ler clicar aqui.

Para "roubar" e assinar por baixo, é necessário um mínimo de coragem...

Quem me acompanha neste mundo da bloga – e já lá vão quase 9 anos – sabe o que sempre pensei sobre as personagens com falta de coragem par assumir o que fazem.
Esse mundo, é um retrato do que é o mundo, também fora do computador.
É um nojo. Ponto.
E, todavia, esse mundo onde há nicknames, identidades inventadas, máscaras, impunidade, anonimato, tem como protagonistas pessoas habitualmente controladas pelos travões sociais...
Vivemos num mundo onde a covardia impera - mas isso é sabido...
O anonimato é uma amostra - não da vida real, esta tem os seus filtros sociais - mas do que se passa na parte mais profunda da consciência humana a nível individual.
A pessoa por detrás do anónimo, quer queiramos quer não, é muito pior do que a pessoa real.
A coberto do anonimato, é capaz de actos  que nunca faria se tivesse de dar a cara - seja por covardia, seja por medo, seja lá do que for...
Vejamos o caso dos milionários anónimos... 
"Em rigor, podem ser meras ficções, mas nomes como o da dona Sílvia, de Vila Real, do sr. Joaquim, de Castelo Branco, ou da dona Rosa, de Lisboa, passam a integrar o imaginário colectivo. Constam de uma lista de pessoas com depósitos de milhões no banco HSBC, na Suíça. A possibilidade de serem criadas fortunas desta dimensão sem que ninguém delas tome nota mostra como Portugal é um país que, nalguns aspectos, nada fica a dever aos regimes africanos mais opacos. Veremos no que resulta a caça à situação fiscal destes milionários desconhecidos. Malhas que o sigilo bancário tece."

Vamos lá ver: querem mesmo saber como o desemprego desceu – subindo!..

Permitam a sugestão: leiam isto...  

Estórias para crianças figueirenses: o papagaio (II)

Quem fechou a porta à Berta? 
«O título desta crónica decorre de um já antigo trocadilho que servia de resposta à pergunta “quanto é que se abre a porta aberta?” 
A resposta era óbvia: “Quando a Berta bate à porta!” 
A brincadeira, inócua, pensava-se que não teria um segundo sentido. 
A questão é que parece que pode ter! 
Vejamos: nas reuniões da câmara, agora fechadas ao público, mesmo quando a Berta bate à porta, não é possível abri-la. 
Logo, a resposta não é sempre verdadeira. 
A situação não tem apenas a responsabilidade do autor da ideia, o presidente. Todos os vereadores executivos terão votado em sintonia. Com que argumentos é o que viremos a saber, daqui por mais ou menos dois meses, quando a respectiva ata for publicada no sítio da câmara. 
Este é mais ou menos o período de atraso na publicação. Que não critico, conhecendo as dificuldades das transcrições. 
As circunstâncias mudaram. 
Tal, porém, não justifica que se alterem tão abruptamente as opiniões que, em defesa do interesse público, podíamos ler na “Linha do Oeste” ou ouvir nas intervenções da oposição nas nunca fechadas reuniões do mandato do anterior presidente. 
Daqui por dois meses conheceremos as razões invocadas. 
Mário Soares dizia, com toda a razão, que “só os burros não mudam de opinião”
Churchill já antes tinha ido mais longe quando disse: “Não há mal nenhum em mudar de opinião. Contando que seja para melhor”

Em tempo.

O título da postagem - Estórias para crianças figueirenses: o papagaio - é da responsabilidade do autor por este blogue.
A crónica está hoje publicada no jornal AS BEIRAS e é da autoria do eng. Daniel Santos.
A imagem foi sacada ao jornal AS BEIRAS de hoje.
Ainda bem que existe AS BEIRAS para que António Tavares continue a dissertar sobre as reuniões à porta aberta.
Eu não previ, em devido tempo, que a “coisa” ainda daria muito que falar e escrever?..

Finalmente, está a tornar-se visível o que sabia que estava a acontecer: na Figueira tudo se cumpre. 
Confesso, porém, que neste caso, mais rapidamente do que esperava.
Perante a realidade, penso que é fácil de compreender o porquê das coisas, na Figueira e no País, serem assim...