terça-feira, 28 de maio de 2013

Costa de Lavos, 1958

foto de Gérard Castello-Lopes

28 de maio

Foi num 28 de Maio, mais concretamente em 1936, no 10º aniversário da «Revolução Nacional», que Salazar proferiu um discurso que ficou tristemente célebre pela frase que se ouve no vídeo:
«Não discutimos Deus e a virtude; não discutimos a Pátria e a sua História; não discutimos a autoridade e o seu prestígio; não discutimos a família e a sua moral; não discutimos a glória do trabalho e o seu dever.»

Mas ninguém refere o resto do discurso que foi longo e que termina deste modo lapidar: «Nada valem filosofias e filósofos ou sonhos de sonhadores contra estas realidades.»
Não estamos em ditadura, mas sim numa democracia, embora débil, e ouvimos todos os dias frases equivalentes a esta. Mas os «sonhadores» um dia vencerão – contra estas e contra muitas outras tristes realidades. 

Mia Couto ganha Prémio Camões

Um prémio  merecido  que segundo o Juri foi entregue tendo em conta a “vasta obra ficcional caracterizada pela inovação estilística e a profunda humanidade”

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Curiosidades marginais (II): Semear para se ver?

Existe “desunião” na Figueira?
É possível que sim.
A comunidade citadina “preocupa-se mais com questões pessoais, de maledicência, de desejar o mal aos outros, do que com o que é importante”?
É possível que sim.
Existem figueirenses que, quando alguém aponta para a lua, olham para o dedo de quem aponta, esquecendo o resto?
É possível que sim.
Haverá figueirenses a torcer para que o “oásis do Santana” vá por água abaixo?
É possível que sim.
Mas - é bom não esquecer, - também existem os outros: os que estão unidos pela Figueira; os que não querem saber das tricas pessoais; os que se preocupam com as verdadeiras necessidades do seu concelho (freguesias rurais incluídas) e as medidas estruturais necessárias à sua resolução. Existem, ainda, os que para quem o “oásis do Santana” é irrelevante (já agora, aproveito para esclarecer o porquê: normalmente semeia-se para se colher. O oásis, faz parte de um conjunto de outros (alguns pseudo) mega-projectos onde se semeia para se ver. Dá para entender?)
Embora não se deva duvidar que se “continue a trabalhar com todas as forças”, pelos projectos do concelho, até porque não se pode ser “presidente de Câmara a brincar”, percebe-se porque é que se perdeu a capacidade de sonhar: em política, tal como na vida real, tem de se semear para colher. E, mesmo assim, por vezes, há problemas com as colheitas....
Quem semeia para se ver, acaba por sofrer as consequências dos chamados “acidentes de percurso”. Daí, ao esfumar de um sonho, é um passo.

Em tempo.

Crónica Marginal de  António Agostinho, 10 de Setembro de 1999, publicada no jornal Linha do Oeste.   

domingo, 26 de maio de 2013

Quem avisa amigo é...

Tinha avisado para entrarem em "alerta vermelho", pois o Benfica estava a correr sérios riscos de contrair o "The Peseiro Syndrome"...
E não é que assim aconteceu!..

Uma curiosidade dos dias que passam na nossa cidade é a necessidade de alguns figueirenses terem legendas…


A carta de Ruy de Carvalho

Esta foto é de 3 de Junho de 2011.
Mostra o actor Ruy de Carvalho, um Social Democrata, «porque acredita nesse tipo de formatação política»,  a cumprimentar  efusivamente o presidente do PSD, Passos Coelho, durante uma acção de campanha do partido, em Lisboa.
Agora, escreveu-lhe uma carta que merece ser lida na íntegra.
Não carece de explicação… Quem necessitar de uma, não iria percebê-la.
Apenas, tal como Ruy de Carvalho, embora eu não tenha tido culpa, pois não votei no senhor Passos Coelho, tenho pena que tenhamos tido tão pouca sorte nas escolhas que fez o Povo Português.


"Senhores Ministros:
Tenho 86 anos, e modéstia à parte, sempre honrei o meu país pela forma como o representei em todos os palcos, portugueses e estrangeiros, sem pedir nada em troca senão respeito, consideração, abertura – sobretudo aos novos talentos -, e seriedade na forma como o Estado encara o meu papel como cidadão e como artista.
Vivi a guerra de 36/40 com o mesmo cinto com que todos os portugueses apertaram as ilhargas. Sofri a mordaça de um regime que durante 48 anos reprimiu tudo o que era cultura e liberdade de um povo para o qual sempre tive o maior orgulho em trabalhar. Sofri como todos, os condicionamentos da descolonização. Vivi o 25 de Abril com uma esperança renovada, e alegrei-me pela conquista do voto, como se isso fosse um epítome libertador.
Subi aos palcos centenas, senão milhares de vezes, da forma que melhor sei, porque para tal muito trabalhei.
Continuei a votar, a despeito das mentiras que os políticos utilizaram para me afastar do Teatro Nacional. Contudo, voltei a esse teatro pelo respeito que o meu público me merece, muito embora já coxo pelo desencanto das políticas culturais de todos os partidos, sem excepção, porque todos vós sois cúmplices da acrescida miséria com que se tem pintado o panorama cultural português.
Hoje, para o Fisco, deixei de ser Actor…e comigo, todos os meus colegas Actores e restantes Artistas destes país - colegas que muito prezo e gostava de poder defender.

Tudo isto ao fim de setenta anos de carreira! É fascinante.
Francamente, não sei para que servem as comendas, as medalhas e as Ordens, que de vez em quando me penduram ao peito?
Tenho 86 anos, volto a dizer, para que ninguém esqueça o meu direito a não ser incomodado pela raiva miudinha de um Ministério das Finanças, que insiste em afirmar, perante o silêncio do Primeiro-Ministro e os olhos baixos do Presidente da República, de que eu não sou actor, que não tenho direito aos benefícios fiscais, que estão consagrados na lei, e que o meu trabalho não pode ser considerado como propriedade intelectual.
Tenho pena de ter chegado a esta idade para assistir angustiado à rapina com que o fisco está a executar o músculo da cultura portuguesa. Estamos a reduzir tudo a zero... a zeros, dando cobertura a uma gigantesca transferência dos rendimentos de quem nada tem para os que têm cada vez mais.
É lamentável e vergonhoso que não haja um único político com honestidade suficiente para se demarcar desta estúpida cumplicidade entre a incompetência e a maldade de quem foi eleito com toda a boa vontade, para conscientemente delapidar a esperança e o arbítrio de quem, afinal de contas, já nem nas anedotas é o verdadeiro dono de Portugal: nós todos!
É infame que o Direito e a Jurisprudência Comunitárias sirvam só para sustentar pontualmente as mentiras e os joguinhos de poder dos responsáveis governamentais, cujo curriculum, até hoje, tem manifestamente dado pouca relevância ao contexto da evolução sociocultural do nosso povo. A cegueira dos senhores do poder afasta-me do voto, da confiança política, e mais grave ainda, da vontade de conviver com quem não me respeita e tem de mim a imagem de mais um velho, de alguém que se pode abusiva e irresponsavelmente tirar direitos e aumentar deveres.
É lamentável que o senhor Ministro das Finanças, não saiba o que são Direitos Conexos, e não queiram entender que um actor é sempre autor das suas interpretações – com diretos conexos, e que um intérprete e/ou executante não rege a vida dos outros por normas de Exel ou por ordens “superiores”, nem se esconde atrás de discursos catitas ou tiradas eleitoralistas para justificar o injustificável, institucionalizando o roubo, a falta de respeito como prática dos governos, de todos os governos, que, ao invés de procurarem a cumplicidade dos cidadãos, se servem da frieza tributária para fragilizar as esperanças e a honestidade de quem trabalha, de quem verdadeiramente trabalha.
Acima de tudo, Senhores Ministros, o que mais me agride, nem é o facto dos senhores prometerem resolver a coisa, e nada fazer, porque isso já é característica dos governos: o anunciar medidas e depois voltar atrás. Também não é o facto de pôr em dúvida a minha honestidade intelectual, embora isso me magoe de sobremaneira. É sobretudo o nojo pela forma como os seus serviços se dirigem aos contribuintes, tratando-nos como criminosos, ou potenciais delinquentes, sem olharem para trás, com uma arrogância autista que os leva a não verem que há um tempo para tudo, particularmente para serem educados com quem gera riqueza neste país, e naquilo que mais me toca em especial, que já é tempo de serem respeitadores da importância dos artistas, e que devem sê-lo sem medos e invejas desta nossa capacidade de combinar verdade cénica com artifício, que é no fundo esse nosso dom de criar, de ser co-autores, na forma, dos textos que representamos.
Permitam-me do alto dos meus 86 anos deixar-lhes um conselho: aproveitem e aprendam rapidamente, porque não tem muito tempo já. Aprendam que quando um povo se sacrifica pelo seu país, essa gente, é digna do maior respeito... porque quem não consegue respeitar, jamais será merecedor de respeito!
 RUY DE CARVALHO"

Bom domingo

sábado, 25 de maio de 2013

O esplendor da direita…


Em tempo.
Nos tempos que correm em Portugal, as castas iluminadas  – de que fazem parte os banqueiros, gestores e economistas de topo, membros de conselhos de administração, governantes,  e afins -, que, todos juntos,  não devem ser mais que um por cento da população, ganharam o  hábito de chamar privilegiados à maior parte dos restantes 99 por cento.
Daqui, estranhamente, está a dar-se  uma inversão do sentido de privilegiado.
Hoje, chama-se privilegiado a alguém que tenha perdido o  emprego,  e esteja a receber subsídio.
Este mero facto é a ilustração grotesca de quão baixo e mesquinho descemos em Portugal…
A continuar assim, a breve trecho, serão "privilegiados" todos aqueles que não estiverem a morrer de fome…
Curiosamente, porém, nunca são estes que trazem o tema do privilégio para a praça pública. Os desempregados não atacam o privilégio de se ter um emprego; querem apenas conquistá-lo.
Mas um banqueiro como este Salgado, que tem poucas oportunidades de ficar desempregado, defensor da  liberalização dos despedimento em Portugal - a benefício, supostamente, dos desempregados – ainda tem o desplante de dizer o que diz…
Aliás, é vulgar nos jornais, facilmente encontramos senhores que podem determinar o valor das suas pensões ou aumentar-se legalmente a si mesmos, que acusam o cidadão comum de, com os seus “privilégios”, estar a colocar em risco a sobrevivência de Portugal.
A esses senhoritos aproveito para lembrar o que dizia o padre António Vieira: “se é preciso muito peixe miúdo para alimentar um peixe grande, somente um peixe grande bastaria para alimentar muitos pequenos.”
Chegados aqui em que é que ficamos?
Ficamos a pensar, o  que já não é pouco, - não sendo embora um “privilégio” - nos cerca de 500 000 desempregados que não têm direito a subsídio... 

Uma palavra para o Miguel

Na Figueira, a vida democrática tem existido com alternância de poder, e é por isso que  andas  por  cá a mostrar a mensagem que queres passar.
"O  Miguel  está aqui, anda a  ver tudo. E vai  tomar conta de tudo.
Comigo, o futuro da Figueira brilhará…
E  brilhará de todas as maneiras possíveis, até ao infinito."
Felicidades  Miguel.
A Figueira merece-te.
E tu mereces a Figueira.
Vai ser  difícil?
Vai…  Mas se calhar, mais uma vez,  estarei  errado...

A direita no seu esplendor...

"Nem todos tiveram a oportunidade de assistir ao debate, há uns dias, sobre uma proposta de resolução dos Verdes que recomendava ao Governo o acesso à Constituição (CRP) por todos os alunos e a inserção do ensino da mesma nos programas curriculares.
Naturalmente, caberia ao Governo a concretização da recomendação. Não se tratava de pedir a alunos de 15 anos que estudassem a lei das leis como a mesma é estudada numa disciplina de direito constitucional no curso de Direito.
O que estava, e bem, em causa era permitir que os estudantes concluíssem a sua escolaridade com uma capacidade de cidadania acrescida. Saberem o que é a CRP; conhecerem os seus princípios básicos, como o da igualdade; conhecerem os (seus) direitos e deveres fundamentais; perceberem o sistema político no qual estão integrados, desde logo pelo direito ao voto; nesse sentido, por exemplo, ser-lhes facultado o estudo dos órgãos de soberania e das respetivas competências fundamentais; enfim, isto.
Para surpresa de toda a esquerda, a direita levantou-se como um equinócio contra a proposta. Como se a CRP fosse esquerdista ou ideológica ou rígida e aleijasse menores.
Sendo a CRP naturalmente de todos e tendo a direita votado favoravelmente todas as revisões constitucionais, desde logo ao lado do PS, a argumentação no debate foi um embaraço.
Um Deputado do PSD explicou como, noutras disciplinas – como a de história – se ensina a evolução constitucional portuguesa desde 1822. Sim, dizia, os alunos sabem que depois houve a Carta de 1826 e – pasme-se – também estudaram a primeira Constituição republicana, a de “1933”. O Deputado, provavelmente escutado por jovens, não sabia que deu-se o caso de uma revolução republicana em 1910 e de uma consequente e primeira Constituição republicana, a de 1911. Parece que o republicanismo constitucional se iniciou, então, com uma Constituição fascista.
Dir-se-á que erros acontecem, mas os Deputados escolhidos para intervir devem ser os mais preparados na matéria em questão."

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Mais uma contrariedade para a Naval: terreno onde esteve durante décadas a sede da Associação Naval 1º de Maio foi penhorado e vai ser vendido em hasta pública

Para ler clicar em cima da imagem. Outros pormenores aqui.

aF211


"Houve corrupção no jogo entre Naval e Moreirense, disputado em 29 de Abril de 2011"…



Peço desculpa pela publicação consecutiva de posts pouco motivadores...
Mas,  entre a corrupção na futebol, a evolução da economia nacional e o decorrer da pré campanha autárquica na nossa cidade, estou com alguma dificuldade em encontrar razões para andar sorridente.
Valha-nos o tempo, que parece estar a aquecer e a consequente inflexão no peso total da indumentária feminina,  que o calor  costuma provocar... 

Ideologia territorial

Aos que insistem em achar que não apoiar a candidatura de Miguel Almeida é um preconceito ideológico e que defendê-la é pragmático, eu respondo: defender a candidatura de Miguel Almeida é fragilizar gravemente a coesão territorial do concelho da Figueira da Foz. 
Conscientemente, ou deliberadamente, para um figueirense haverá algo mais ideológico que isto?

E assim aconteceu...

“Em circunstâncias normais, o Presidente da República já devia ter mandado o Governo para as urtigas”. 
Quem o disse foi Freitas do Amaral, na Figueira da Foz.

daqui

Curiosidades marginais (I): Já sabem quem é o pai do Oásis?...


Pedro Pinto, um inventor português, natural de Leiria e, actualmente, a residir em Mafra, acha-se com direito à autoria original do «Oásis» da praia da Figueira.
A «bronca» deu-se na reunião Camarária do passado dia 15 de Setembro de 1999, quando Pedro Pinto questionou a actual vereação, ao afirmar ter entregue em 1996 na autarquia figueirense um projecto com o mesmo nome e localização. Segundo o inventor, no projecto entregue há três anos constava a «construção de um corredor perpendicular à praia e outro paralelo à marginal, este último com passagens inferiores aos passadiços que são usados pelos banhistas».
Os corredores seriam destinados ao transporte de turistas a camelo, para a praia e vice-versa, e passeios ao longo do areal. Este projecto, entregue em 1996, contemplava ainda «um lago com repuxo com cascata baixa, uma zona arborizada, bar, jardim tipo oásis com rio e lago pequeno  e uma possível discoteca /bar subterrânea». Uma fase posterior, contaria também com «um ou dois bares ao longo do corredor paralelo à marginal».
Sendo verdade que Pedro Pinto apresentou o projecto na Câmara em 1996, mas que o mesmo foi indeferido pelo facto do «areal da praia fazer parte dos designados espaços naturais, sendo também área da REN, de acordo com o estipulado no PU em vigor», pergunta um leigo: o que é que, entretanto, foi alterado para obviar estas dificuldades processuais e implementar a execução em tempo record do oásis figueirense?
Será por o actual projecto – o que foi realizado – ter eliminado os camelos?
Com animais típicos do Norte de África, ou sem animais típicos do Norte de África, a dúvida subsiste:
Quem é o verdadeiro pai do oásis?
É que, pelos vistos, afinal havia outro ?!..

Em tempo.
Crónica Marginal de  António Agostinho, 19 de Setembro de 1999, publicada no jornal Linha do Oeste                    

António Gil Cucu ganhou um prémio há um ano. Para todos estes obcecados que confundem coração, cabeça e estômago com a carteira, um estudante de Latim, ainda que internacionalmente reconhecido, nunca será um empreendedor, porque estas coisas da cultura não dão dinheiro, não têm mercado, não geram emprego. António Gil Cucu, com tantos defeitos, ainda pode vir a doutorar-se, que é meio caminho para que o mandem calar.

Há cerca de um ano, um jovem de 16 anos ganhou um concurso internacional de Latim, graças ao seu próprio esforço, à competência dos professores, ao acompanhamento dos pais e apesar do desinteresse do Ministério da Educação, talvez porque o dito concurso se relacionava com um assunto estranho ao referido ministério: a Educação.
Esta semana, outro jovem ganhou notoriedade por, na opinião de muitos, ser um exemplo de empreendedorismo e por, para cúmulo, ter conseguido calar Raquel Varela, uma doutorada que acumula, ainda, o defeito de ser de esquerda.
O caso de Martim Neves, o jovem empreendedor, tem sido aproveitado por uma certa direita muito marialva para reforçar a comunicação de algumas ideias. Por outro lado, alguma esquerda distraída criticou o tom doutoral da doutorada ou a falta de oportunidade da sua intervenção. Entre defesas e contra-ataques respigados aqui e ali, foi possível assinalar as seguintes atitudes/afirmações:
- Martim Neves é virtuoso, porque soube aproveitar uma oportunidade e ganhar dinheiro com isso, factores que dispensam qualquer reflexão ética, moral ou social;
- é a inveja que move os críticos de Martim Neves;
- Martim Neves é extraordinariamente inteligente, apesar de ser jovem, e deve ser preservado das críticas ou da obrigação de reflectir sobre as suas responsabilidades de empregador porque é jovem;
- Martim Neves, alegadamente, cria emprego, ao contrário de todos os inúteis que o criticam, o que é razão suficiente para retirar razão aos críticos;
- se o crítico de Martim Neves é funcionário público, incorre em três pecados capitais num mundo em que só o empreendedor é virtuoso: o funcionário público inveja o empreendedor, o funcionário público não cria emprego e o funcionário público é, por definição, preguiçoso;
- se o funcionário público for professor, qualquer defeito típico do funcionário público sofre um aumento exponencial, porque não há ninguém mais invejoso, infértil de empregos e preguiçoso do que o professor;
- Raquel Varela não tinha o direito de chamar a atenção de Martim Neves para as condições de trabalho dos operários, porque, muito provavelmente, ela própria poderia estar a vestir uma peça feita na Índia ou poderia estar a usar um computador montado na China;
- do ponto anterior, conclui-se que, a partir do momento em que, por distracção, inércia ou outra razão qualquer, tenhamos na nossa posse um objecto que resulte da exploração de trabalhadores, ficamos impedidos de ter uma opinião negativa sobre a exploração de trabalhadores;
- de qualquer modo, Raquel Varela, como esquerdista limitada, é incapaz de perceber que o empreendedor não tem de se preocupar com problemas laborais;
- Martim Neves comportou-se como Jesus entre os doutores, ao calar a doutorada Raquel Varela com o argumento de que é melhor ganhar um ordenado mínimo do que estar desempregado;
- do ponto anterior, deduz-se que a opinião do empreendedor sobre a vida de quem ganha o salário mínimo é muito mais importante do que a da própria pessoa que ganha o salário mínimo;
- à semelhança do que acontecia noutros tempos, a pessoa que receba o salário mínimo deve limitar-se a agradecer a oportunidade de receber o salário mínimo, porque há sempre a hipótese de estar pior;
- subentende-se, aliás, que quem ganha o salário mínimo, tal como quem não arranja emprego, só está como está porque não quer estar melhor.

As vergonhas que o Partido Socialista passa…

Que os rapazinhos das juventudes socialistas  não saibam quem é o Cónego Melo, dá para perceber... 
Pelo caminho que isto leva qualquer dia pensam que o Tratado de Tordesilhas foi assinado pelo Durão Barroso.
Que o Mesquita Machado, esse exemplar do empreendedorismo avant la lettre, queira fechar com chave de ouro a sua presidência da Câmara, também não é assim tão surpreendente... 
Afinal, parece que é mesmo como ele diz e foi assim que, ele, como tantos,  subiu na vida: "não tem qualquer tipo de significado a ideologia da pessoa”.

Em tempo.
"O patriotismo é o último refúgio de um canalha", Samuel Johnson.

Miguel Sousa Tavares